domingo, 20 de março de 2022

O papel da mulher

Embora perdido no tempo e pouco conhecido, o período do matriarcado é caracterizado, em linhas gerais, pela liberdade (promiscuidade?) sexual – haja vista a figura do filho amante – e pelo politeísmo, em que deuses e deusas conviviam harmoniosamente. Como não se conheciam os mecanismos da fecundação, a mulher dominava a cena, ficando o homem em segundo plano.
O monoteísmo e o patriarcado são caracterizados por uma generalizada repressão sexual e exclusão da mulher. As religiões controlam o comportamento das pessoas e provocam uma repulsa sexual que se transforma em sintomas neuróticos. A psicanálise revolucionou o objetivo da sexualidade, introduzindo o princípio do prazer, em substituição ao primado da reprodução, favorecendo a liberação feminina e sua visibilidade na sociedade.[pulsional][link morto]
Como é facilmente (ou não) observável, esse monoteísmo é uma limitação, uma restrição à vida e ao progresso, uma degeneração espiritual.
Um tal monoteísmo, de obstrução, de coerção e de exclusão, que desde seu surgimento prega a submissão da mulher, jamais poderia ser aceito pelo sexo feminino. Os maiores e mais conhecidos seguidores desse monoteísmo absurdo sempre depreciaram a imagem feminina, sempre inferiorizaram a mulher. Todos sabemos das atrocidades monoteístas ao longo da História e sua nefasta influência nos dias de hoje, por meio de seus dogmas espúrios aceitáveis pelas mentes fracas e temerárias. E a fraqueza podemos ver em seu Deus moribundo, agonizante, deprimente, em seu culto de dor e sofrimento desnecessários, um culto escravagista, um culto de pseudo-vítimas do mundo e do destino e de menosprezo às forças femininas da vida.
Pelo que precede, podemos ver que a mulher, por muito tempo, foi considerada pela religião monoteísta como um ser inferior e, até mesmo como o próprio mal. É fácil constatar isso quando estudamos o passado dessa religião e suas barbaridades para conquistar poder, domínio sobre as massas e riqueza. Se não bastasse sua forçada condição inferior, a mulher também era vista como a consorte do Diabo.
Mas, nos dias de hoje, não há mais o porquê de ser cristita. As mulheres, que tanto querem igualdade (e com razão), não precisam ser cristãs, não precisam se submeter ao patriarcalismo hipócrita que se infiltra em todos os aspectos da sociedade. Elas podem ser livres, seguir uma religião ou filosofia mais condizente com a liberdade de expressão, com o respeito ao feminino, com o respeito à natureza e com o sagrado dentro de cada uma delas. Podem, sem medo de repressão, adotarem uma vida psicomentalmente mais saudável, prazerosa, alegre, sem as idéias de pecado, impureza, condenação e sofrimento, sem os recalques causados pelo monoteísmo patriarcal e seus dogmas perniciosos disfarçados de santos.
Contudo, apenas as mulheres fortes e obstinadas conseguem mudar seus paradigmas psicomentais e se emancipar. Senso comum, comportamento de rebanho, debilidade e a moral de escravo são coisas para as massas, como tem sido há milênios.[Adriano Camargo Monteiro]
A mulher está em um dilema e uma encruzilhada. mais do que nunca, ela tem em suas mãos a oportunidade de definir sua identidade, conforme seus próprios termos, com ou sem religião. Ela pode adotar uma postura feminista, porém sem abrir mão de sua feminilidade; ela pode adotar o ateísmo, sem deixar de lado sua intuição; ela pode adotar o Dianismo, sem deixar de lado o Deus. Mas, sobretudo, ela pode escrever seu papel, ela pode escolher ser a ingênua romântica Julieta ou dar um pé na bunda de Romeu; ela pode escolher ser a carente Gioconda ou dar o troco no Don Juan; ela pode escolher ser a reprimida Jeanette ou dar cartão vermelho no Casanova; ela pode ser a fútil Patricinha ou dar um basta na ditadura modista do Mauricinho; ela pode ser a pecadora perseguida pelas religiões monoteístas ou assumir sua identidade como reflexo da Deusa.
Ousem! Escrevam! Sejam!
Repostado. Texto originalmente publicado em 08/06/2008, resgatado com o Wayback Machine.

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