quinta-feira, 22 de julho de 2021

Humanidade

Esse texto é um ensaio sobre nossas origens e conterá algumas conclusões analíticas e críticas em relação a algumas alegações sobre raça e dieta.

Eu começo a apontar essa definição dada pelo Wikipédia:

“Os zoólogos geralmente consideram a raça um sinónimo das subespécies, caracterizada pela comprovada existência de linhagens distintas dentro das espécies, portanto, para a delimitação de subespécies ou raças a diferenciação genética é uma condição essencial, ainda que não suficiente. Na espécie Homo sapiens - a espécie humana - a variabilidade genética representa 3 a 5% da variabilidade total, nos sub-grupos continentais, o que caracteriza, definitivamente, a ausência de diferenciação genética. Portanto, inexistem raças humanas do ponto de vista biológico. No ‘Código Internacional de Nomenclatura Zoológica’, não existe nenhuma norma para considerar categorias sistemáticas abaixo da subespécie”.

Os defensores da separação da espécie humana em raças geralmente se apoiam no conceito de haplogrupo, no que eu cito a definição do Wikipédia:

“No estudo da evolução molecular, um haplogrupo é um grupo grande de haplótipos, que são séries de alelos em lugares específicos de um cromossomo herdado de um único progenitor, proveniente de um único ancestral comum com mutação de polimorfismo de nucleotídeo único”.

O sentido de diferenciação de indivíduos conforme a raça tem origem na criação de animais, mais comumente conhecido como pedigree, conforme a definição do Wikipédia:

“Raças puras ou puros-sangue são nomes dados a raças de animais obtidas através do processo de seleção artificial, e que têm sua árvore genealógica conhecida e certificada.

Animais de raça pura são prole de dois animais da mesma raça com genealogia certificada em documento (pedigree) emitido por órgão especializado, e cuja árvore genealógica pode ser traçada através de inúmeras gerações até a base ou fundação genética da raça em questão[...]”.

Para quem apresenta o conceito de “estirpe”, no sentido de que uma determinada etnia humana possui uma distinção genética que a torna melhor ou superior às demais [a base do racismo], alegando a existência desse “único progenitor” [algo que eu analisei no texto “Progenitores Lendários”], omite ou ignora o problema da endogamia, no que eu ressalto esse trecho do Wikipédia:

“Pouco menos de 10% das sociedades do mundo são organizados em demos, ou comunidades de aldeias que tendem a ser endógamas. O sistema de endogamia mais famoso do mundo é a organização de castas da Índia, que conta com cerca de duas mil castas e subcastas entre as quais o casamento costumava ser formalmente proibido (sob o pretexto de que o contato com castas inferiores poluiria ritualmente os membros das castas superiores).

Outro exemplo histórico clássico de endogamia é o da Casa de Habsburgo, da Áustria. Com uma série de casamentos estratégicos, essa casa expandiu seu poder a muitos outros reinos da Europa e, como diversas outras famílias reais, não desejava que suas posses fossem diluídas em outros núcleos da nobreza.

Para isso, promoveu casamentos entre parentes, e à medida que as gerações passavam, seus atributos físicos e psicológicos começaram a mudar, levando ao surgimento de fisionomias disformes (como prognatismo mandibular), bem como de retardo nas habilidades motoras e cognitivas, fraqueza muscular, recorrência de vômito, doenças mentais, diarreia, edemas e impotência. O alto índice de mortalidade infantil e dificuldade de gerar descendentes culminaram na decadência da dinastia”.

 A endogamia é sinônimo de endocruzamento, conforme pode ser visto no verbete da Wikipédia:

“Endocruzamento é o acasalamento de indivíduos que são geneticamente próximos. O endocruzamento resulta no aumento da zigosidade, que pode aumentar as hipóteses dos descendentes serem afetados por genes recessivos ou problemas de má-formação física. Isto geralmente conduz a uma redução da aptidão de uma população, que é chamada de depressão de consanguinidade”.

Isso recai na “depressão de consanguinidade”, conforme pode ser visto no Wikipédia:

“Depressão por endogamia é quando uma determinada população sofre algum tipo de redução (impacto em seu fitness biológico), pois há um aumento na chance de alelos recessivos deletérios se propagarem, conforme a imagem ao lado. Outro fator que pode acontecer é a sobredominância de alelos heterozigóticos, levando uma redução no fitness de alelos homozigóticos vindos dessa população gerada por endocruzamento, mesmo não sendo deletérios, podem prejudicar a população. Esse quadro pode ser qualificado pela diminuição de indivíduos sobreviventes ao parto, e às condições de vida no meio, que levam em conta competição intra e interespecífica, resistência imunológica e vários outros fatores”.

A priori, quando se fala nos diferentes indivíduos humanos, eu devo ressaltar esse trecho tirado do Wikipédia:

“A definição de raças humanas é principalmente uma classificação de ordem social, onde a cor da pele e origem social ganham sentidos, valores e significados distintos. As diferenças mais comuns referem-se à cor de pele, tipo de cabelo, conformação facial e cranial, ancestralidade e, em algumas culturas, genética. O conceito de raça humana não se confunde com o de subespécie e com o de variedade, aplicados a outros seres vivos que não o homem. Por seu caráter controverso (seu impacto na identidade social e política), o conceito de raça é questionado por alguns estudiosos como constructo social; entre os biológos, é um conceito com certo descrédito por não se conformar a normas taxonômicas aceites.

Algumas vezes utiliza-se o termo raça para identificar um grupo cultural ou étnico-lingüístico, sem quaisquer relações com um padrão biológico. Nesse caso pode-se preferir o uso de termos como população, etnia, ou mesmo cultura”.

Quando se pensa na construção [social] do termo raça e etnia, eu cito esse trecho do Wikipédia:

“Raças e etnias são uma construção social, que são inventadas e manipuladas, dependendo dos interesses de determinada sociedade. Exemplo disso é que a quantidade de raças humanas existentes varia no decorrer do tempo. Até meados do século XX, os europeus eram divididos em diferentes sub-raças: nórdicos predominando no Norte, alpinos no Centro e mediterrâneos mais ao Sul”.

[corte]

“Classificações raciais são frequentemente feitas com base em características físicas escolhidas arbitrariamente, como cor da pele e textura do cabelo”.

Por definição cientificamente comprovada, todos nós pertencemos à mesma espécie: Homo Sapiens. Nossa “linha evolutiva”, conforme as eras, pode ser descrita assim:

Plioceno: Hominidae, Arthipitecus, Australopithecus;

Pleistoceno: Homo Habilis, Homo Erectus, Neandertal, Homo Sapiens.

As outras espécies das quais nós somos parcialmente aparentadas são o orangotango, o gorila e o chimpanzé.

O chimpanzé é o parente mais próximo, do qual se pode ressaltar sobre seus hábitos alimentares, conforme esse trecho tirado do Wikipédia:

“Os chimpanzés possuem uma alimentação bem variada, sendo as frutas o principal alimento de sua dieta, porém também consomem folhas, flores, sementes e insetos, como formigas, cupins e larvas. Em certas ocasiões também se alimentam de carne, variando de pequenos antílopes a outras espécies de primatas, como o Colobus”.

Portanto o verbete do Wikipédia em português que alega, no verbete sobre a História do Vegetarianismo:

“O Homem pré-histórico era principalmente vegetariano e, se comprimirmos toda a evolução da humanidade na vida de uma pessoa de 70 anos, o consumo de carne só aparece nos últimos nove dias. Donna Hart, professora de antropologia na Universidade de Missouri, e Robert W. Sussman, professor de antropologia e ciência ambiental na Universidade de Washington, argumentam, no livro Man the Hunted, vencedor do W.W. Howells Award em 2006, que os nossos antepassados eram presas de outros animais, e não predadores, e que a necessidade de escaparem a estes animais maiores e mais ferozes incentivou a capacidade intelectual e a linguagem.

Ainda acrescentaram que é óbvio que os hominídeos não caçaram a grande escala antes do advento do fogo controlado e que não possuem a anatomia e fisiologia próprias para serem comedores de carne. Segundo os autores, o crescimento do cérebro ocorreu muito antes de a carne vermelha fazer regularmente parte da dieta do Homem”.

Está incorreto, como podemos ver nos trechos citados da própria Wikipédia. Esse trecho sequer consta no mesmo verbete em inglês. Eu registrei minha crítica na plataforma:

“Criticando esse verbete do Wikipédia.

‘O Homem pré-histórico era principalmente vegetariano e, se comprimirmos toda a evolução da humanidade na vida de uma pessoa de 70 anos, o consumo de carne só aparece nos últimos nove dias’.

Essa afirmação provêm de Colin Spencer, um conhecido ativista vegano, portanto, a afirmação é tendenciosa.

‘Donna Hart, professora de antropologia na Universidade de Missouri, e Robert W. Sussman, professor de antropologia e ciência ambiental na Universidade de Washington, argumentam, no livro Man the Hunted, vencedor do W.W. Howells Award em 2006, que os nossos antepassados eram presas de outros animais, e não predadores, e que a necessidade de escaparem a estes animais maiores e mais ferozes incentivou a capacidade intelectual e a linguagem.

Ainda acrescentaram que é óbvio que os hominídeos não caçaram a grande escala antes do advento do fogo controlado e que não possuem a anatomia e fisiologia próprias para serem comedores de carne. Segundo os autores, o crescimento do cérebro ocorreu muito antes de a carne vermelha fazer regularmente parte da dieta do Homem’.

Esse verbete sequer aparece no Wikipédia em inglês. Os autores citados são antropólogos, não são especialistas em arqueologia, paleontologia ou evolução humana. Dentre as espécies primatas conhecidas atualmente, existem aquelas que consomem carne. Nossos antepassados eram distintos dos primatas daquela época, somente um estudo paleontológico sobre os hábitos alimentares de nossos antepassados pode esclarecer esse assunto”.

Se fosse para nós “imitarmos” os nossos parentes primatas no quesito da alimentação, deveríamos também imitá-los no quesito da reprodução, conforme eu cito esse trecho do Wikipédia:

“Os chimpanzés machos podem fazer pares com fêmeas, mas a promiscuidade é comum na espécie. Há casos em que a fêmea copulou 50 vezes com quatorze machos diferentes em um só dia. Estes animais tem orgasmos e vocalizações específicas de cópula”.

A teoria mais aceita é a de que os primeiros Homo Sapiens migraram a partir da África. Outras formas de hominídeos que possivelmente existiram, ou encontravam-se extintos, ou foram dominados/assimilados/absorvidos pelo Homo Sapiens, como no caso do Neandertal, com quem os Homos Sapiens copularam. As demais etnias que conhecemos hoje ou são todas descendentes dos Homos Sapiens ou são descendentes da miscigenação com outros hominídeos. Um desses descendentes são os povos indo-europeus, que são um grupo de diversas tribos que possuíam em comum somente a língua, a religião e o território de origem. Esses povos migraram da sua região original para outras regiões, entre estas, o continente europeu e, conforme os grupo e a região ocupada, desenvolveram as culturas dos povos europeus, juntamente com outros povos nativos que foram dominados/assimilados/absorvidos.

Conforme a história nos mostra, a Europa foi fortemente influenciada e modificada pelo domínio de Roma, posteriormente pelos Godos, Francos, Germânicos e outros. Resumindo, os atuais habitantes da Europa são descendentes de povos de diversas origens, de diversas etnias, tal como os brasileiros. Portanto todos nós somos miscigenados e descendentes de imigrantes.

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