Esse texto é um ensaio sobre nossas origens e conterá
algumas conclusões analíticas e críticas em relação a algumas alegações sobre
raça e dieta.
Eu começo a apontar essa definição dada pelo Wikipédia:
“Os zoólogos geralmente consideram a raça um sinónimo das
subespécies, caracterizada pela comprovada existência de linhagens distintas
dentro das espécies, portanto, para a delimitação de subespécies ou raças a
diferenciação genética é uma condição essencial, ainda que não suficiente. Na
espécie Homo sapiens - a espécie humana - a variabilidade genética representa 3
a 5% da variabilidade total, nos sub-grupos continentais, o que caracteriza,
definitivamente, a ausência de diferenciação genética. Portanto, inexistem
raças humanas do ponto de vista biológico. No ‘Código Internacional de
Nomenclatura Zoológica’, não existe nenhuma norma para considerar categorias
sistemáticas abaixo da subespécie”.
Os defensores da separação da espécie humana em raças
geralmente se apoiam no conceito de haplogrupo, no que eu cito a definição do
Wikipédia:
“No estudo da evolução molecular, um haplogrupo é um grupo
grande de haplótipos, que são séries de alelos em lugares específicos de um
cromossomo herdado de um único progenitor, proveniente de um único ancestral
comum com mutação de polimorfismo de nucleotídeo único”.
O sentido de diferenciação de indivíduos conforme a raça tem
origem na criação de animais, mais comumente conhecido como pedigree, conforme
a definição do Wikipédia:
“Raças puras ou puros-sangue são nomes dados a raças de
animais obtidas através do processo de seleção artificial, e que têm sua árvore
genealógica conhecida e certificada.
Animais de raça pura são prole de dois animais da mesma raça
com genealogia certificada em documento (pedigree) emitido por órgão
especializado, e cuja árvore genealógica pode ser traçada através de inúmeras
gerações até a base ou fundação genética da raça em questão[...]”.
Para quem apresenta o conceito de “estirpe”, no sentido de
que uma determinada etnia humana possui uma distinção genética que a torna
melhor ou superior às demais [a base do racismo], alegando a existência desse “único
progenitor” [algo que eu analisei no texto “Progenitores Lendários”], omite ou
ignora o problema da endogamia, no que eu ressalto esse trecho do Wikipédia:
“Pouco menos de 10% das sociedades do mundo são organizados
em demos, ou comunidades de aldeias que tendem a ser endógamas. O sistema de
endogamia mais famoso do mundo é a organização de castas da Índia, que conta
com cerca de duas mil castas e subcastas entre as quais o casamento costumava
ser formalmente proibido (sob o pretexto de que o contato com castas inferiores
poluiria ritualmente os membros das castas superiores).
Outro exemplo histórico clássico de endogamia é o da Casa de
Habsburgo, da Áustria. Com uma série de casamentos estratégicos, essa casa
expandiu seu poder a muitos outros reinos da Europa e, como diversas outras
famílias reais, não desejava que suas posses fossem diluídas em outros núcleos
da nobreza.
Para isso, promoveu casamentos entre parentes, e à medida
que as gerações passavam, seus atributos físicos e psicológicos começaram a
mudar, levando ao surgimento de fisionomias disformes (como prognatismo
mandibular), bem como de retardo nas habilidades motoras e cognitivas, fraqueza
muscular, recorrência de vômito, doenças mentais, diarreia, edemas e
impotência. O alto índice de mortalidade infantil e dificuldade de gerar
descendentes culminaram na decadência da dinastia”.
A endogamia é sinônimo
de endocruzamento, conforme pode ser visto no verbete da Wikipédia:
“Endocruzamento é o acasalamento de indivíduos que são
geneticamente próximos. O endocruzamento resulta no aumento da zigosidade, que
pode aumentar as hipóteses dos descendentes serem afetados por genes recessivos
ou problemas de má-formação física. Isto geralmente conduz a uma redução da
aptidão de uma população, que é chamada de depressão de consanguinidade”.
Isso recai na “depressão de consanguinidade”, conforme pode
ser visto no Wikipédia:
“Depressão por endogamia é quando uma determinada população
sofre algum tipo de redução (impacto em seu fitness biológico), pois há um
aumento na chance de alelos recessivos deletérios se propagarem, conforme a
imagem ao lado. Outro fator que pode acontecer é a sobredominância de alelos
heterozigóticos, levando uma redução no fitness de alelos homozigóticos vindos
dessa população gerada por endocruzamento, mesmo não sendo deletérios, podem
prejudicar a população. Esse quadro pode ser qualificado pela diminuição de
indivíduos sobreviventes ao parto, e às condições de vida no meio, que levam em
conta competição intra e interespecífica, resistência imunológica e vários
outros fatores”.
A priori, quando se fala nos diferentes indivíduos humanos,
eu devo ressaltar esse trecho tirado do Wikipédia:
“A definição de raças humanas é principalmente uma
classificação de ordem social, onde a cor da pele e origem social ganham
sentidos, valores e significados distintos. As diferenças mais comuns
referem-se à cor de pele, tipo de cabelo, conformação facial e cranial,
ancestralidade e, em algumas culturas, genética. O conceito de raça humana não
se confunde com o de subespécie e com o de variedade, aplicados a outros seres
vivos que não o homem. Por seu caráter controverso (seu impacto na identidade
social e política), o conceito de raça é questionado por alguns estudiosos como
constructo social; entre os biológos, é um conceito com certo descrédito por
não se conformar a normas taxonômicas aceites.
Algumas vezes utiliza-se o termo raça para identificar um
grupo cultural ou étnico-lingüístico, sem quaisquer relações com um padrão
biológico. Nesse caso pode-se preferir o uso de termos como população, etnia,
ou mesmo cultura”.
Quando se pensa na construção [social] do termo raça e
etnia, eu cito esse trecho do Wikipédia:
“Raças e etnias são uma construção social, que são
inventadas e manipuladas, dependendo dos interesses de determinada sociedade.
Exemplo disso é que a quantidade de raças humanas existentes varia no decorrer
do tempo. Até meados do século XX, os europeus eram divididos em diferentes
sub-raças: nórdicos predominando no Norte, alpinos no Centro e mediterrâneos
mais ao Sul”.
[corte]
“Classificações raciais são frequentemente feitas com base
em características físicas escolhidas arbitrariamente, como cor da pele e
textura do cabelo”.
Por definição cientificamente comprovada, todos nós
pertencemos à mesma espécie: Homo Sapiens. Nossa “linha evolutiva”, conforme as
eras, pode ser descrita assim:
Plioceno: Hominidae, Arthipitecus, Australopithecus;
Pleistoceno: Homo Habilis, Homo Erectus, Neandertal, Homo Sapiens.
As outras espécies das quais nós somos parcialmente
aparentadas são o orangotango, o gorila e o chimpanzé.
O chimpanzé é o parente mais próximo, do qual se pode
ressaltar sobre seus hábitos alimentares, conforme esse trecho tirado do
Wikipédia:
“Os chimpanzés possuem uma alimentação bem variada, sendo as
frutas o principal alimento de sua dieta, porém também consomem folhas, flores,
sementes e insetos, como formigas, cupins e larvas. Em certas ocasiões também
se alimentam de carne, variando de pequenos antílopes a outras espécies de
primatas, como o Colobus”.
Portanto o verbete do Wikipédia em português que alega, no
verbete sobre a História do Vegetarianismo:
“O Homem pré-histórico era principalmente vegetariano e, se
comprimirmos toda a evolução da humanidade na vida de uma pessoa de 70 anos, o
consumo de carne só aparece nos últimos nove dias. Donna Hart, professora de
antropologia na Universidade de Missouri, e Robert W. Sussman, professor de
antropologia e ciência ambiental na Universidade de Washington, argumentam, no
livro Man the Hunted, vencedor do W.W. Howells Award em 2006, que os nossos
antepassados eram presas de outros animais, e não predadores, e que a
necessidade de escaparem a estes animais maiores e mais ferozes incentivou a
capacidade intelectual e a linguagem.
Ainda acrescentaram que é óbvio que os hominídeos não
caçaram a grande escala antes do advento do fogo controlado e que não possuem a
anatomia e fisiologia próprias para serem comedores de carne. Segundo os
autores, o crescimento do cérebro ocorreu muito antes de a carne vermelha fazer
regularmente parte da dieta do Homem”.
Está incorreto, como podemos ver nos trechos citados da
própria Wikipédia. Esse trecho sequer consta no mesmo verbete em inglês. Eu
registrei minha crítica na plataforma:
“Criticando esse verbete do Wikipédia.
‘O Homem pré-histórico era principalmente vegetariano e, se
comprimirmos toda a evolução da humanidade na vida de uma pessoa de 70 anos, o
consumo de carne só aparece nos últimos nove dias’.
Essa afirmação provêm de Colin Spencer, um conhecido
ativista vegano, portanto, a afirmação é tendenciosa.
‘Donna Hart, professora de antropologia na Universidade de
Missouri, e Robert W. Sussman, professor de antropologia e ciência ambiental na
Universidade de Washington, argumentam, no livro Man the Hunted, vencedor do
W.W. Howells Award em 2006, que os nossos antepassados eram presas de outros
animais, e não predadores, e que a necessidade de escaparem a estes animais
maiores e mais ferozes incentivou a capacidade intelectual e a linguagem.
Ainda acrescentaram que é óbvio que os hominídeos não
caçaram a grande escala antes do advento do fogo controlado e que não possuem a
anatomia e fisiologia próprias para serem comedores de carne. Segundo os
autores, o crescimento do cérebro ocorreu muito antes de a carne vermelha fazer
regularmente parte da dieta do Homem’.
Esse verbete sequer aparece no Wikipédia em inglês. Os
autores citados são antropólogos, não são especialistas em arqueologia,
paleontologia ou evolução humana. Dentre as espécies primatas conhecidas
atualmente, existem aquelas que consomem carne. Nossos antepassados eram
distintos dos primatas daquela época, somente um estudo paleontológico sobre os
hábitos alimentares de nossos antepassados pode esclarecer esse assunto”.
Se fosse para nós “imitarmos” os nossos parentes primatas no
quesito da alimentação, deveríamos também imitá-los no quesito da reprodução,
conforme eu cito esse trecho do Wikipédia:
“Os chimpanzés machos podem fazer pares com fêmeas, mas a
promiscuidade é comum na espécie. Há casos em que a fêmea copulou 50 vezes com
quatorze machos diferentes em um só dia. Estes animais tem orgasmos e
vocalizações específicas de cópula”.
A teoria mais aceita é a de que os primeiros Homo Sapiens
migraram a partir da África. Outras formas de hominídeos que possivelmente existiram,
ou encontravam-se extintos, ou foram dominados/assimilados/absorvidos pelo Homo
Sapiens, como no caso do Neandertal, com quem os Homos Sapiens copularam. As
demais etnias que conhecemos hoje ou são todas descendentes dos Homos
Sapiens ou são descendentes da miscigenação com outros hominídeos. Um desses
descendentes são os povos indo-europeus, que são um grupo de diversas tribos
que possuíam em comum somente a língua, a religião e o território de origem.
Esses povos migraram da sua região original para outras regiões, entre estas, o
continente europeu e, conforme os grupo e a região ocupada, desenvolveram as culturas
dos povos europeus, juntamente com outros povos nativos que foram dominados/assimilados/absorvidos.
Conforme a história nos mostra, a Europa foi fortemente influenciada
e modificada pelo domínio de Roma, posteriormente pelos Godos, Francos,
Germânicos e outros. Resumindo, os atuais habitantes da Europa são descendentes
de povos de diversas origens, de diversas etnias, tal como os brasileiros.
Portanto todos nós somos miscigenados e descendentes de imigrantes.
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