quarta-feira, 20 de abril de 2016

A fera que grita

Maldito seja o Por Que e todos seus semelhantes.
Quando a Vontade cessa e evoca Por Que, a Vontade se detém e nada faz.
Quando o Poder pergunta Por Que, diminui o Poder.
Há na razão uma mentira, pois há um fator infinito e desconhecido, todas as palavras deles são sábios desvios.
Basta de Por Que, seja ele condenado!
Por Que é um cão, juntando-se, faz tanto barulho quanto uma alcateia.
Ouça a Vontade, que coisa alguma o detenha.
Faça a Vontade, ali não há dúvida.
Onde não há dúvida, reside o Poder.
O Poder executa a Vontade, sem perguntar.
Questões são como animais de estimação.
O homem as cria e apega-se a elas.
Subserviente, a questão cativa o cuidado de seu mestre e traz aos pés de seu senhor o corpo morto da presa da questão.
O homem vê o cadáver entregue e acredita ali haver uma resposta, mas o que jaz é o Conhecimento.
Basta! Deixe o Conhecimento viver, não mande suas dúvidas cercarem e mata-lo.
O Conhecimento está naquilo que pulsa, não no objeto inanimado.
Homem, levante o véu da matéria que este é o disfarce de Maya, enfrente o labirinto com o fio da Vontade e encontre o corpo da Verdade montada sobre o Touro.
A Verdade está nua e copula com o Touro, aqui não há lugar para Por Que.
O lugar do Por Que é no cemitério, pilhando os ossos dos antigos sábios mortos.
Não há coisa alguma no deserto, exceto esterilidade.
Naquilo que não tem vida, habita a mentira.
Homem, se queres entrar na Verdade, torna-te Dionísio, seja a Besta e deixe Babalon consumir suas dúvidas.
[Recriação livre a partir de um trecho do Liber Al Vel legis]
[Publicado no extinto Sociedade Zvezda]

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