Após a leitura do livro “Rootwork”, de Kefron Primeiro, eu tive uma pequena janela da imensa contribuição espiritual da cultura africana para as Américas. Em todos os países onde os africanos vieram, como escravos, para as colônias espanholas, portuguesas, inglesas e francesas, ali surgiram as diversas religiões da Diáspora Africana.
No Brasil, as mais conhecidas são a Umbanda e o Candomblé, mas pouco se fala do Tambor de Mina, a versão brasileira do Voudun, no Maranhão. Até o momento eu não encontrei um estudo sério sobre a Quimbanda. Eu tive uma única referência com o Culto de Ifá.
Entre nossos irmãos da América Latina, as religiões aborígenes se misturaram com as religiões da Diáspora Africana, resultando em um caldeirão de expressões religiosas colorida e sincrética. Esse padrão pode ser visto na América Central, no Caribe e também na Terra do Tio Sam.
O livro de Kefron Primeiro fala especificamente do Hoodoo, que no Brasil é chamado de Pajelança, presente na Juremeira e nas práticas de mestres raizeiros. Poucos são os livros que ousam ser tão explicitos nas crenças e práticas populares. Mas Kefron não trata de outros temas, ferramentas e práticas inerentes ao Hoodoo, porque certamente causaria um grande reboliço na Comunidade Pagã, infectada com o provincianismo, com a dúbia moralidade cristã.
Olhando o oráculo virtual [Google] eu encontrei uma informação interessante e curiosa na Santeria, que é a Abóbada Espiritual. Essa informação é importante porque mostra a importância do culto aos mortos, algo que curiosamente é ignorado, omitido, negligenciado pelas celebridades pagãs. Como eu não tenho rabo preso nem medo da patrulha bruxesca, eu vou traduzir e transcrever uma página sobre essa prática.
A atenção aos Eguns ou defuntos ocupa um papel importante na Santeria. Fazer oferendas e homenagens aos finados constitui uma parte essencial desta religião.
Existem diferentes maneiras de cumprir com o culto aos antepassados, mas o recurso mais conhecido é a abóbda espiritual, feita de uma mesa com uma toalha branca e vasos cheios de água. Cada vaso representa um determinado defunto ou espírito de devoção da pessoa. Também podem Ter fotos relacionadas com os ancestrais.
O objetivo fundamental da abóbada espiritual é pôr em prática uma máxima importante para quem participa da Santeria: “Iku lobi ocha” que se traduz como: “o morto pariu o santo”, frase que expressa a necessidade de cumprir sempre com a reverência aos Eguns.
A abóbada espiritual constitui em um receptaculo para que os espiritos presentes na vida da pessoa não criem nenhum tipo de pertubação ou molestia causados pela falta de atenção. Igualmente serve para que as pessoas possam desenvolver ou aperfeiçoar suas inclinações espirituais.
Quando se monta a abóbada espiritual se busca concentrar a energia dos Eguns que são parte de nosso quadro espiritual e a dos nossos antepassados. A abóbada serve como receptáculo desta energia e, portanto, constitui o lugar aonde se vai conversar com diversos espíritos, cujos poderes podem ser invocados por quem montou a abobada, por interesse p´roprio ou de outras pessoas. Deve se entender que possuir [uma abóbada espiritual] é começar um processo de interação com nossos antepassados e nosso quadro espirituall. É Ter um aponte de comunicação que nos permitirá fortalecer nossos vinculos com eles.
Original: Que es la boveda espiritual. [link morto]
As páginas e praticantes de Santeria, entretanto, deixam bem claro que é necessário ter a devida preparação e consagração, dentro da Santeria, ou da tradição na qual este Culto aos Ancestrais está codificado. Isso não é elitismo, não é preconceito nem tem a pretensão de proibir suas práticas. Apenas é o respeito e humildade que toda pessoa deve ter ao querer entrar e fazer parte de uma religião, crença ou caminho espiritual.
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