Introdução
Palo, uma das quatro principais religiões de origem africana ainda praticada em Cuba, juntamente com Santeria, Abakuá e Arará, desenvolveu entre seus praticantes uma forma de necromancia chamada Nganga, ainda encontrada em várias partes do oeste da África Central.[1]
Esta religião tem um forte componente ancestral e tradicional, é uma religião iniciática e sacerdotal. Usa de cânticos, danças, desenhos [firmas] e oferendas para os mais variados fins. Tem um sistema oracular, chamado chomolongo ou diloggun ou ibbo, cada uma das 16 posições das conchas [ou búzios] são chamadas de oddu, grosseiramente chamado de adivinhação quando o correto é divinação.
A Regra de Palo
Os cultos de origem do Congo, ou provenientes da cultura banto, também chamados de cultos paleros, tem sua origem da região subsaariana da África, sendo os cultos mais antigos de Cuba, pois chegaram ao país com os primeiros carregamentos de escravos provindos do Congo.
A Regra do Palo se fundamenta no caldeirão que contém o "nfumbe o nkise"
(morto) e no poder mágico das árvores do monte, donde vem o qualificativo de "palero", ainda que empreguem os poderes mágicos de outros elementos da natureza como pedras, terras, animais, etc. O "caldeirão de palos" está regido por um poder sobrenatural no qual se concentra toda a força do bruxo.
Esta religião tem um forte componente espiritual e nela faz-se culto permanente aos antepassados.
A Regra de Palo tem três vertentes principais: Palo Mayombe, Palo Monte, Palo Kimbisa e Palo Briyumba. Estas vertentes encontram-se desenvolvidas na região ocidental do país ainda que em outras regiões algumas vertentes sejam mais importantes.
O Palo tem características próprias que a fazem uma religião independente nas quais se podem encontrar soluções aos problemas da vida prática e espiritual, por mais graves que estes problemas possam ser, sempre e quando o fundamento responde e se façam total e corretamente as obras [oferendas] indicadas.
As prendas
O resguardo é qualquer tipo de objeto preparado pelo "palero" para proteção e benefício de uma pessoa.
O fundamento é uma prenda maior, feita com o caldeirão, também chamado de "nganga o nkise". Estas prendas em geral são feitas de barro ou ferro, ainda que inicialmente fossem constituídas por um envoltório de saco que contem a carga magica dominada pelo Padre [Tata] ou Madre [Yayi].
Cada caldeirão é preparado segundo o tratado do santo ou "mpungo" que conterá e se encarregará do mesmo ainda que o poder do caldeirão reside no "nfumbe".
O fundamento deve ser colocado em um lugar separado da casa, ou pelo menos que tenha privacidade. A prenda deve receber a atenção necessária de seu dono que poderá consultar, realizar cerimonias e trabalhos, celebrar festas e dará "de comer" em cada aniversário que é o ritual principal de fechamento.
As prendas podem ser herdadas quando morre seu dono, se estas desejem ficar com algum afilhado ou parente. Neste caso a prenda será objeto de veneração e atenção deste herdeiro. Do contrário, há de se perguntar a quem a prenda quer ir, para que isto se cumpra.
Receber um fundamento é um compromisso muito sério para o qual deve se preparar.[2]
Árvores Sagradas
O nome "palo" provém da palavra "pau", ou seja, os troncos de árvores sagradas são o material principal na religião Palo, utilizadas nas prendas e nos fundamentos [assentamentos]. Estes troncos tem diversas listas, conforme a tradição, mas usualmente são chamados de palo amargo, palo vence batalla, palo jina, palo namo, palo dulce, palo hueso, palo jabon, palo guasimo, palo muerto, palo aceituno, palo ramon, palo una de gato, palo gayaba, palo pino, palo amansa guapo, palo jobovan palo canpeche, palo ojancho, palo guaramo, palo guama, palo cocuyo, palo espuelade gallo, palo santo, palo camito, palo tocino, palo mulato, palo torcido, palo negro, palo bomba, palo caballero, palo cambia voz, palo cajá, palo clavo, palo jeringa, palo diablo, palo malambo, palo moro, palo manga sayas, palo ven a mi, palo justicia, palo cambia rubra, palo abre caminho, palo espanta muerto, palo espanta policia.[3]
Os Deuses
Chamados de Nkisis são: Burufinda, Lucero [diversos], Tiembla Tierra , Siete Rayos, Madre de Agua, Mama Chola, Zarabanda, Pata En Llaga, Centella Ndoki.[4]
Chamados de Mpungos são: Lucero Mundo, Sarabanda son Briyumba, Sobayende/Cobayende, Gurunfinda, Tiembla Tierra, Siete Rayos Punto Firme, Madre de Agua, Chola Unwemwe, Centella Ndoke, Cubre Monte, Cabo de
Guerra.[5]
No livro Palo Mayombe, de Carlos Galdiano Montenegro, os Deuses são: El Cristo Negro, Los Espiritus Intranquilos, Santisima Muerte, San Simon, El Cristo Rey, Madre de la Luna, Madre de Agua, Santisima Pedra de Iman, Francisco de los Siete Rayos, Mama Chola.
Conclusão e bibliografia
Por suas práticas e origens, esta religião pode ser considerada uma "religião de bruxos", uma das poucas que ainda se mantém intacta, não se tornou um produto de massa, como infelizmente ocorre com muitas práticas e crenças.
[1] The Book on Palo, Baba Raul Canizares, pg 2.
[2] Trabajando com la Nganga, pg 4 – 9.
[3] Lista baseada no livro Palo Mayombe, de Carlos Galdiano Montenegro, pg 104 – 113.
[4] Lista baseada no livro El Libro de Palo, pg 28 – 63.
[5] Lista baseada no livro Tratado de Nfunbe, de Tata Nkisy Malongo, pg 42 – 43.
Um comentário:
Gostaria de conhecer
Mais.
O que eu li e vi
Me eterecei muito.
Postar um comentário