O comércio torce as maõs, imaginando o lucro por causa da febre do natal e do ano novo.
Por toda a cidade, enfeites... cristãos? Não, pagãos!
Mas os brasileiros não conhecem a história, não conhecem suas raízes.
Conforme o "natal" vai chegando, receberemos de familiares, parentes e amigos as mesmas mensagens de "feliz natal", mesmo eles sabendo que nós somos pagãos!
Eu espero, por favor, mensagens de Feliz Saturnália, Feliz dia do Sol Invicto, Feliz dia de Mithra, Feliz dia de Dioniso, Feliz Solsticio de Verão, Feliz Litha.
Sobre o real significado deste dia, vale a pena citar o Caturo:
A celebração ocidental do Natal deriva, pelo menos em boa parte, da antiga Saturnália, festa ritual que se iniciava a 17 de Dezembro e se realizava em honra de Saturno, Deus da Idade do Ouro e das Colheitas. Tudo indica que a Saturnália marcava o fim das colheitas; e como era ainda cedo demais para voltar a semear, o doce ócio daí resultante dava lugar ao mais augusto dos festejos.
Para o acervo das tradições natalícias veio mais tarde o contributo do culto ao Sol Invencível, ou Sol Invictus, e da adoração de Mitra.
«Io Saturnália!», era o grito dos antigos foliões durante o convívio pautado pela fraternidade geral e pela opulenta abundância de vitualhas, cenário de grandes comezainas, grandes bebedeiras e, não raramente, notáveis orgias. As casas eram decoradas com grinaldas de louro e as pessoas visitavam-se entre si, trocando prendas tais como velas de cera e bonecos de barro (os «sigilaria»).
Andar na rua, ao cair da tarde, e ver as lojas todas abertas, com imensa gente atafulhada em embrulhos de papel faíscante, e apreciar o fausto das iluminações natalícias, somando tudo isto ao aroma e nevoeiro das castanhas assadas, é dos maiores prazeres que se pode ter nesta vida, e faz desta época a melhor do ano, sobretudo porque no próprio lar brilha a mágica árvore de Natal, tão simples e inalteravelmente pura, presença de todos os anos, que, vinda de tempos remotos, transcende as eras, porque não precisa de morrer. Elemento festivo de raiz germânica, é símbolo de vida, de eixo do mundo, e as suas luzes representam elo ou pelo menos memória das luzes do Alto. A árvore escolhida costuma ser o pinheiro, pelo mesmo motivo que o azevinho e o visco estão também associados à quadra natalícia - porque, permanecendo verdes todo o ano, constituem símbolo de eternidade.
No fim de cada ano os povos do norte dirigiam aos seus Deuses uma série de pedidos pendurando os objectos que consideravam mais valiosos nos pinheiros cobertos de neve. Escudos, armaduras e martelos eram os diferentes ornamentos utilizados na decoração da árvore. A luz reflectida através do metal exposto dava aos bosques um ar luminoso muito semelhante ao das árvores de natal. Mudam-se ideias e modos de vida, tanto a nível individual como colectivo, mas permanece essa referência central luminosa que vem das origens.
Estreitamente ligada à abundância, estava, em temos antigos, a fraternidade. Julgo que, no pensamento antigo, a plenitude é como um estado de excelência universal, em que tudo representa vida: fertilidade e amor estão assim intimamente interligados, dado que representam, quer uma quer outra, e sobretudo em conjunto, uma manifestação privilegiada de vitalidade.
A curiosidade, a guisa de comentário deste pagão, é que, por via do aculturamento colonial imposto, celebramos uma festa típica de boas vindas... para o inverno! Em pleno início de verão! E dá-lhe ceia de natal cheia de produtos... importados! Alimentos doces, gordurosos, costumes trazidos pelos nossos avós que vieram da Europa que, nesta época, começa o inverno e isto tem uma tradição e raízes em crenças que antecedem em milênios ao Cristianismo. Pelos Deuses, vamos dar um pouco de valor ao Brasil e demos as boas vindas ao verão com uma ceia repleta de frutas.
Feliz Litha!
PS: Neste ano, o solstício de verão foi brindado com um eclipse lunar. Coincidências não existem.
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