“Hoje, em Istambul, a Marcha do Orgulho, que se tentou realizar, foi alvo de uma intervenção ilegal por parte das forças de segurança. Mais de cinquenta pessoas — entre elas colegas nossos que são membros natos de nossa Assembleia — foram submetidas a tortura e maus-tratos”, declarou o Centro de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados, em publicação na rede X.
No sábado (28), jornalistas da agência AFP registraram prisões de manifestantes perto do distrito central de Ortaköy, uma das regiões onde grupos tentavam se reunir para dar início à marcha.
Por muitos anos, a Parada do Orgulho de Istambul foi uma das maiores celebrações LGBTQ+ da região, reunindo milhares de pessoas no centro da cidade. Mas, desde 2015, qualquer tentativa de realizar o evento é barrada pelo governo, hoje comandado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan — no poder desde 2003, primeiro como primeiro-ministro e, depois, como chefe de Estado.
Erdogan lidera a Turquia com um discurso ultraconservador, aliado a um partido islâmico moderado, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), que domina a política turca há mais de duas décadas.
Para o governo, manifestações do movimento LGBTQ+ são vistas como ameaça aos “valores morais” e à “estrutura da família”.
Neste ano, o governador de Istambul, Davut Gül, aliado direto de Erdogan, reforçou a proibição: “Esses chamados, que minam a paz social, a estrutura familiar e os valores morais, são proibidos”, escreveu na rede X, na véspera da marcha.
Praça Taksim cercada e manifestantes perseguidos
A Praça Taksim — ponto histórico de manifestações e protestos na maior cidade do país — amanheceu bloqueada pela polícia no sábado. Vídeos que circulam nas redes mostram pequenos grupos tentando driblar o cerco. Em um deles, uma manifestante corre para escapar da prisão enquanto grita: “Nós não desistimos, viemos, acreditamos, estamos aqui”, acompanhada de outras pessoas.
Apesar de a homossexualidade não ser crime na Turquia, a homofobia é generalizada — e chega até o discurso oficial do governo. Erdogan, por exemplo, costuma se referir a pessoas LGBTQ+ como “pervertidos” e acusa o movimento de atacar os “valores da família turca”.
Enquanto isso, Budapeste desafia proibição
A repressão em Istambul contrasta com o que aconteceu na Hungria. Neste sábado, em Budapeste, cerca de 200 mil pessoas foram às ruas na Parada do Orgulho, desafiando a tentativa do governo ultraconservador de Viktor Orbán de proibir o evento. Foi o maior público já registrado na história da marcha na capital húngara.
Fonte: https://revistaforum.com.br/lgbt/2025/6/29/policia-turca-prende-mais-de-50-pessoas-antes-de-parada-do-orgulho-proibida-em-istambul-182427.html
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