Mas a presença de mithril, metal muito procurado para fabricação de armas e armaduras.
A Guerra de Cotton foi uma curta, mas sangrenta, carnificina. Theodore, subestimando a capacidade estratégica e superioridade militar de Sir Reginald Fluffington, general leal ao império de Cignus, sofreu uma série de derrotas táticas. Seu exército, composto principalmente por soldados mal treinados e lideranças corruptas, foi rapidamente derrotado. A captura de Theodore, após a batalha de Cuteness, marcou o fim do conflito. Os anos de prisão, longe do luxo e poder, foram um período de profunda reflexão para ele. Ele testemunhou a miséria causada pela sua ambição cega.
Theodore puxa a memória, estragada por quase trinta anos de prisão. Onde e como isso se encaixava na revelação que ele lembra vagamente de ter recebido do Grande Fofo?
Quando a revelação fez com que ele se tornasse um fanático religioso, disposto a conquistar Plunderia inteira, senão o mundo? Por que uma entidade onipotente, onisciente e onipresente precisaria que ele o representasse? Por que uma entidade tão poderosa o faria tão fraco e suscetível à bichos de pelúcia?
Quase trinta anos. Ele lembra de ter ouvido os rumores, entre os presos, do fim da monarquia e o início da república.
Onde e como estariam seus pais?
Como explicar seu pesado passado para sua celebridade e dona da empresa, Rei Ayanami?
Como lidar com as constantes liberdades inconvenientes que Seraphina, sua prima, tinha com ele?
A xícara de café esfriava em suas mãos trêmulas. Do outro lado da mesa de mogno polido, Rei Ayanami– a dona da Willie Company e a razão pela qual meu coração batia como um tambor de guerra mal afinado – me observava com aqueles olhos vermelhos hipnóticos. Eu, Theodore Fluffybutt III, príncipe de Plunderia, mentor de uma guerra mal planejada e atualmente em liberdade condicional, empregado de nível júnior na divisão de… bem, vamos dizer da produção de “purê de maçã”, estava prestes a revelar meu passado gloriosamente desastroso.
Tudo começou com sua pergunta, tão inocente quanto uma maçã caramelizada: "Então, Theodore, ouvi dizer que você tem… experiência militar. Algo a ver com a Guerra de Cotton?"
Theodore engoliu em seco. A Guerra de Cotton. A lembrança o atingiu como um caminhão de maçãs caindo de um penhasco. Não a parte das maçãs, claro, mas o resto... Ele tinha imaginado algo grandioso, épico, um conflito que marcaria minha entrada para a história como um legítimo herdeiro do trono. A realidade? Foi mais parecido com um episódio daqueles reality shows de culinária, só que com mais sangue, menos confeitos e uma pitada de mithril.
Theodore começou a explicar, tentando manter um tom leve e casual (ignorando o fato de que meu passado implicava em incompetência militar e um potencial risco de segurança nacional): “Ah, a Guerra de Cotton… Bom, vamos dizer que foi… uma experiência de aprendizado.”
Rei Ayanami arqueou uma sobrancelha, seus olhos brilhando com expectativa. Eu continuei, inventando uma narrativa épica com pinceladas de verdade e muitas especulações.
“A ideia inicial era simples: controle do algodão. Uma demonstração de força. E, bem, tinha um bocado de mithril envolvido, que, como você sabe, é um metal bastante valioso. Então, Sir Reginald Fluffington, o General… ahem… extremamente competente do império de Cignus, entrou em cena. Ele tinha soldados hiper-treinados, estratégias impecáveis, e um penteado incrivelmente volumoso.” Ri nervosamente, esperando que ela visse o humor na minha descrição do inimigo.
“E… como foi a sua participação?” ela perguntou delicadamente.
"Bem," eu disse, enrubescendo, "digamos que minhas táticas… tiveram algumas… discrepâncias com a realidade. Meus soldados, digamos, não eram exatamente o exército de Esparta. Mais… um bando de coelhos em pânico com uniformes militares. E a corrupção… ah, a corrupção era tão galopante quanto um cavalo de corrida em um campo de morango."
Theodore contou sobre a Batalha da Cuteness, a batalha decisiva que selou o destino dele. Ele lembrou como, em meio ao caos, o glorioso plano de ataque estratégico se reduziu a um improviso desesperado envolvendo um ataque com catapultas de algodão doce (que, para surpresa geral, causaram danos significativos à moral das tropas inimigas). A captura dele, humilhante, aconteceu enquanto ele tentava se esconder em um arbusto de algodão, disfarçado com uma guirlanda de margaridas.
"E então, você foi capturado!" Rei Ayanami disse, rindo. Ela de fato achou graça na minha história desastrosa, o que me deixou aliviado.
"Sim," eu disse, "e depois disso… liberdade condicional, um emprego na Willie… e aqui estou eu, contando minha história de humilhação para a dona da Willie Company."
A atmosfera ficou um pouco tensa. Decidi arriscar, confessando o que havia me guardado por tanto tempo. Peguei minha mochila, retirei dela um pequeno pônei de pelúcia, um pouco desgastado e com um olho um tanto torto.
"Rei Ayanami," eu disse, minha voz quase inaudível, "esse aqui é o meu primeiro action figure…" Segurei o boneco, quase com reverência. "É uma representação sua, de quando eu era criança. A única coisa que eu consegui manter até hoje..."
A Rei Ayanami pegou o boneco, examinando-o com atenção. Não demonstrou repugnância pela pose erótica, quase explícita, do boneco. Um sorriso de canto de boca, inicialmente sutil, cresceu em seu rosto.
"Ele é… adorável," disse ela, sua voz suave. "Você sempre foi um cara peculiar, Theodore. Desde o dia que entrou aqui, você... capturou a minha atenção."
Ela colocou o boneco cuidadosamente de lado. Aí, ela fez algo inesperado. Ela se inclinou, sua face se aproximando da minha. Seus olhos vermelhos, tão brilhantes como os pixels de um monitor de alta definição, prenderam os olhos dele.
"Sabe, Theodore," ela sussurrou, "eu poderia te dar companhia melhor do que um boneco de action figure."
E então, ela o beijou. Um beijo doce como uma maçã caramelizada, tão inesperado quanto um ataque de mithril com algodão doce. A Guerra de Cotton, para surpresa dele, tinha sido apenas o subterfúgio para uma batalha muito mais doce e satisfatória.
Criado com Toolbaz. Com edição.
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