A Antiguidade tinha diversos povos, cada qual com seus
Deuses e mitos. Cada cultura tinha seus ritos, templos e sacerdócios. Na Era
Moderna, estudiosos e historiadores da religião como Joseph Campbell e Mircea
Eliade notaram que havia sinais, símbolos e ideias em comum entre povos tão
distintos e tão distantes, geográfica ou cronologicamente. A questão parece ser
simples, mas ainda não há uma explicação cientifica de como tantos povos tinham
mitos tão semelhantes entre si. A teoria é de que estes mitos tinham a mesma
origem, ou ocultavam o mesmo mistério, eram metáforas e analogias de uma antiga
sabedoria.
Um dos temas em comum refere-se aos mitos de criação. Os
antigos Egípcios, os antigos Sumérios, os antigos Babilônios, os antigos Gregos
e os antigos Romanos tinham mitos de criação muito semelhantes entre si.
Em comum, os mitos dizem que o universo começou a partir de
um estado de total entropia ou de total nulidade, definido como Vácuo,
Escuridão ou simplesmente Caos. Este estado, evento, circunstância, continha em
si todas as condições para o surgimento de tudo que existe, algo bem próximo do
que a Ciência chama de Big Bang.
Este estado inicial é indistinto, indiferente, desprovido de
consciência ou identidade própria, o que se aproxima do conceito de Mônada, se
não fosse seu estado de total entropia, enquanto a harmonia é o estado da
Mônada.
Dentro do Caos, surgiram os Deuses Primordiais, brotaram por
vontade própria assim que tiveram consciência de suas presenças, existências e
consciências. Os Deuses Primordiais são as forças e potências que geraram todo
o universo e as demais gerações de Deuses. Geralmente os Deuses da Segunda
Geração lutam contra um ou mais dos Deuses Primordiais e os Deuses da Segunda
Geração são destronados pelos Deuses da Terceira Geração. Os Deuses da Terceira
Geração dão origem ao mundo e ao ser humano, organizam a civilização e a
cultura, concedem ao ser humano o Conhecimento e ensinaram ao ser humano todas
as habilidades.
O primordial aqui é ressaltar que, embora todos os povos
concedam o titulo de Deusa Mãe a uma de suas Deusas, isto não significa que
estas Deusas sejam uma única Deusa ou que tenha existido uma antiga religião da
Deusa, nos moldes das religiões monoteístas abraãmicas. O titulo de Deusa Mãe
era dada a uma Deusa como um honorífico. Estas inúmeras Deusas Mães tinham
características, personalidades, identidades, ritos, templos e sacerdócios
totalmente diferentes e eram filhas ou netas de Deuses.
Os mitos de criação demonstram que a união de um Deus e uma
Deusa é algo primordial para a existência de tudo mais. Nenhum Deus ou Deusa
pode ser considerado anterior ou percussor dos demais. Todos os Deuses e Deusas
foram gerados pela união sexual entre Deuses e Deusas. Mesmo o nascimento de Dioniso
e Atena tem mitos que precedem.
Ainda que existam mitos como o do Divino Andrógino e dos
Gêmeos Divinos, estes são mitos e mistérios que estão inseridos dentro de um
contexto mítico maior. Nenhum Deus ou Deusa, da geração Primordial ou da
Segunda Geração possuem atributos hermafroditas, este é um mito que aparece na
Terceira Geração e mesmo assim na forma da verdadeira natureza humana original
enquanto ser divino, gerado/a pelos
Deuses e Deusas.
O conceito de uma Deusa criadora e transgênero é um mito
moderno, construído pelo ser humano, em busca de uma espiritualidade, uma
religiosidade e uma crença que satisfaça suas necessidades egoístas. As Religiões
Antigas mantiveram por milênios os mitos, os ritos e os mistérios de cada um
dos Deuses, mesmo aqueles que acabaram assimilando ou sendo identificados com os
Deuses de outros povos.
A degradação começou quando o homem se assoberbou, se colocou
no centro do mundo, se arrogou autossuficiência e usurpou o trono dos Deuses.
Reis instituíram cultos a seus nomes, impérios se apropriaram de ritos e cultos
de povos dominados, permitiram a entrada de religiões e cultos estranhos às suas
origens, governantes corruptos estimularam o sincretismo popular.
Nós que somos pagãos modernos e sabemos o quando devemos aos
nossos ancestrais, devemos recuperar os valores e princípios das religiões
antigas. Nós devemos evitar essa religiosidade de conveniência, essa
espiritualidade sintética, essa crença artificial, inventada e vendida para
satisfazer a vaidade humana. Nosso serviço é para nossos ancestrais e Deuses.
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