Em várias cidades urbanizadas e cosmopolitas existe a bem-sucedida
franquia do Starbucks Coffe.
Seu logotipo nem
sempre foi como nós o conhecemos e de fato ele tem sofrido grandes mudanças
desde a sua criação em 1971. O primeiro logotipo conhecido do Starbucks
(1971-1987) é a imagem de uma sereia com duas caudas, inspirado por uma
ilustração de um livro norueguês do século XV. Inicialmente o Starbucks vendia
chá, grãos de café e especiarias.[ blckdmnds]
Mas esta não é todo o mistério que está oculto no logotipo
comercial. A ilustração que serviu de inspiração parar essa cafeteria que é uma
franquia multinacional vem do mito de Melusine [Melusina].
Melusina é uma
personagem da lenda e folclore europeus, um espírito feminino das águas doces
em rios e fontes sagradas.
Ela é geralmente
representada como uma mulher que é uma serpente ou peixe (ao estilo das
sereias), da cintura para baixo. Algumas vezes, é também representada com asas,
duas caudas ou ambos, e, por vezes, mencionada como sendo uma nixie.
Melusina é às vezes
utilizada como figura heráldica, tipicamente em brasões de armas no Sacro
Império Romano-Germânico e na Escandinávia, onde apóia cada cauda escamosa em
um dos braços. Ela pode aparecer coroada. O brasão de armas de Varsóvia
apresenta uma sereia (denominada syrenka em polonês) muito semelhante a uma
representação de Melusina, brandindo uma espada e escudo. Ela é o espírito das
águas do Vístula, que identificou para Boreslaus de Masovia, o sítio apropriado
para uma cidade em fins do século XIII.
A mais famosa versão
literária dos contos de Melusina, aquela de Jean d'Arras, compilada em cerca de
1382–1394 foi elaborada numa coletânea de "histórias inventadas"
pelas damas enquanto teciam.
O conto foi traduzido
para o alemão em 1456 por Thüring von Ringoltingen, a versão que tornou-se
popular como conto de fada. Foi posteriormente traduzido em inglês (cerca de
1500), e freqüentemente reimpresso tanto no século XV quanto no século XVI. Há
também uma versão em prosa chamada a Chronique de la princesse ('Crônica da
princesa').
Ela conta como Elynas,
o Rei de Albany (um eufemismo poético para a Escócia) saiu para caçar certo dia
e deparou-se com uma bela dama na floresta. Ela era Presina, mãe de Melusina.
Ele persuadiu-a a casar-se com ele, e ela só concordou sob a condição — pois
freqüentemente há uma condição dura e fatal vinculada a qualquer união entre
fada e mortal — de que ele não deveria entrar na alcova quando ela desse à luz
ou banhasse suas crianças. Ela deu à luz trigêmeas. Quando ele violou este
tabu, Presina deixou o reino com suas três filhas, e viajou para a ilha perdida
de Avalon.
As lendas de Melusina
estão especialmente ligadas às áreas setentrionais, mais célticas, da Gália e
dos Países Baixos. Sir Walter Scott narrou uma história de Melusina em
Minstrelsy of the Scottish Border (1802—1803), confiante que:
"o leitor
encontrará as fadas da Normandia ou Bretanha, adornadas com todo o esplendor da
descrição oriental. Também a fada Melusina, que casou-se com Guy de Lusignan,
Conde de Poitou, sob a condição de que ele nunca tentasse invadir sua
privacidade, pertence a essa última categoria. Ela deu ao conde muitos filhos,
e construiu para ele um magnífico castelo através de artes mágicas. Sua
harmonia não foi interrompida até que o marido xereta quebrasse as condições da
união, ocultando-se para espionar a mulher tomando seu banho encantado. Mal
Melusina descobriu o intruso indiscreto, transformou-se num dragão e partiu com
um grito de lamentação, e nunca foi mais foi vista por olhos mortais; ainda que,
mesmo nos dias de Brantôme, ainda se supunha que ela protegia seus
descendentes, e teria sido ouvida lamentando-se nas correntes de ar à roda das
torres do castelo de Lusignan, na noite antes que este fosse demolido."
Quando o conde
Siegfried das Ardenas comprou os direitos feudais sobre Luxemburgo em 1963, seu
nome estava ligado a versão local de Melusina. Em 1997, Luxemburgo emitiu um
selo postal comemorativo desta Melusina, que possuía basicamente os mesmos dons
mágicos que a ancestral dos Lusignan. A Melusina de Luxemburgo fez surgir o
castelo de Bock por mágica na manhã após o casamento dela. Pelos termos do
matrimônio, ela exigiu um dia de absoluta privacidade a cada semana.
Infelizmente, Sigefroid, como os luxemburgueses o chamam, "não conseguiu
resistir à tentação e num dos dias proibidos ele a espiou no banho e descobriu
que ela era uma sereia. Quando ele soltou um grito de surpresa, Melusina
percebeu-o e a banheira imediatamente afundou-se na rocha sólida, carregando-a
com ela. Melusina surge brevemente na superfície a cada sete anos como uma bela
mulher ou serpente, carregando uma pequena chave de ouro na boca. Quem quer que
tire a chave dela a libertará e poderá tomá-la como sua noiva. "
Melusina é um dos
espíritos das águas pré-cristãos que às vezes são responsabilizados pela troca
de crianças. A "Dama do Lago" que sumiu com o bebê Lancelot e o
criou, era desta espécie perigosa de ninfa das águas.
As três garotas —
Melusina, Melior e Palatina (ou Palestina)— cresceram em Avalon. Em seu
décimo-quinto aniversário, Melusina, a mais velha, perguntou por que elas
haviam sido levadas para Avalon. Ao ouvir sobre a promessa quebrada pelo pai,
Melusina jurou vingança. Ela e suas irmãs capturam Elynas e o trancafiam, com
suas riquezas, numa montanha. Presina se enraivece quando toma conhecimento do
que as garotas haviam feito e as pune por ter desrespeitado o pai. Melusina foi
condenada a tomar a forma de uma serpente da cintura para baixo, todo sábado.
Raymond de Poitou
encontrou Melusina numa floresta da França, e lhe propôs casamento. Da mesma
forma que sua mãe havia feito, ela estabeleceu uma condição, a de que ele nunca
deveria entrar no quarto dela aos sábados. Ele quebrou a promessa e a viu sob a
forma de uma meia-mulher, meia-serpente. Ela o perdoou. Somente quando, durante
uma discussão, ele a chamou de "serpente" em plena corte, é que ela
assumiu a forma de um dragão, deu-lhe dois anéis mágicos e se foi para nunca
mais voltar. [Wikipédia]
Assim como a casa
real dos Merovíngios tem um passado mítico pagão, a casa real de Lusignan,
entre muitas outras casas reais francesas, clamou o seu direito de nobreza por
sua descendência divina com estas antigas entidades pagãs. Assim como muitas
famílias nobres, a casa real de Lusignan instituiu a Ordem de Melusine para os
cavaleiros que lutassem nas Cruzadas. Não apenas na França, mas em toda a
Europa, famílias reais atribuíam suas linhagens a fadas, ninfas, sereias,
serpentes e dragões, algo que foi rapidamente suprimido e omitido quando estes
reinos e tronos se cristianizaram. Para a Igreja, não convinha que a Europa se
lembrasse de suas raízes e origens ou lembrar que anteriormente as linhagens
reais eram matrilineares, assim a Rainha Melisende e a Fada Melusina foram
banidas da história oficial.
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