Outro dia um colega de profissão me perguntou quem é Exú? E justificou a pergunta dizendo que queria saber o que ele significa e se é alguma coisa negativa, porque outro colega o tinha chamado por este nome, como se fosse uma ofensa ou xingamento.
-Sim, você é um Exú! Esta foi a primeira coisa que disse a ele na explicação que dei sobre Exú. Ele arregalou os olhos surpreso, e ficou sem compreender. Logo justifiquei minha explicação, com base na opinião que tenho, sobre a relação que há entre esta divindade do panteão africano e o profissional das comunicações, mais precisamente o Jornalista.
Contei ao meu colega que Exu é o ego de cada ser, o orixá em essência mais próximo ao homem, e como o ser humano ele não é totalmente bom nem totalmente mau, é como nós um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.
Além do sexo, magia, união, poder e transformação Exú, assim como alguns jornalistas, domina também a comunicação, ele fala todas as línguas e permite, ou não, que haja conversação entre o orum (céu) e o aiyê (terra), e também entre os homens e os orixás.
Exú é o dono da primazia, é dele o direito de ser louvado e de receber culto, antes dos demais orixás. Ele tem a prioridade sempre. E assim como Exú tem seus privilégios relacionados à liturgia do culto ao qual está inserido, nós jornalistas temos, de certo modo, prioridade no acesso a determinados elementos que garantem a força vital do nosso culto ao jornalismo/comunicação, que neste caso são as informações.
As informações na maioria das vezes chegam aos jornalistas primeiro, e cabe ao profissional passar a diante, ou não. Claro que isso implica uma série de fatores éticos e morais que podem resultar em ódio amor, afetos e desafetos, uniões e separações e até mesmo paz e guerras. Ai a história do formador de opinião se entrelaça com a de Exú.
Cursos e especializações proporcionam também o domínio do jornalista sobre várias normas e convenções que garantem aos homens uma boa comunicação. Cabe ao profissional dar o melhor de si para prestar melhor serviço a sua comunidade, e procurar sempre fazer o que é correto e ético de acordo com os códigos de conduta da profissão.
Agora enquanto ao sexo, magia, união, poder e transformação fica difícil qualquer um dominar, se não Exú. Mas com certeza é bem mais fácil para aqueles jornalistas que creem, agradam e agradecem a Exú da maneira devida, para que ele seja em nossas vidas a manifestação do amor, da sorte, da riqueza, da prosperidade e do bem viver.
Logo, ser chamado de Exú não é ruim, muito pelo contrário , é bom e muito bom, independente de ser jornalista ou não. Mas se for, isso seria quase uma redundância pois estamos mais próximos de Exú do que podemos imaginar.
Autor: Leonardo Barbosa, um Exú jornalista.
Fonte: Jornal GGN
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