O mundo dos Deuses se manifesta na espiritualidade e na sexualidade. Os celestiais aparecem na espiritualidade, os terrenos na sexualidade.
A espiritualidade concebe e acalenta. Ela é feminina e por isso a chamamos de Mater Coelestis, a Mãe Celestial. A sexualidade gera e cria. Ela é masculina e por isso a chamamos de Phallos, o Pai Terreno.
A sexualidade do homem é mais terrena, a da mulher é mais espiritual.
A espiritualidade do homem é mais celeste, ela visa ao maior.
A espiritualidade da mulher é mais terrena, visa ao menos.
Mentirosa e demoníaca é a espiritualidade do homem, que visa o menor.
Mentirosa e demoníaca é a espiritualidade da mulher, que visa ao maior.
Cada uma deve ir para o seu lugar.
Homem e mulher tornam-se demônio um para o outro quando não separam seus caminhos espirituais, pois a natureza da criatura é a diferenciação.
A sexualidade do homem vai para o terreno, a sexualidade da mulher vai para o espiritual. O homem e a mulher tornam-se demônio um para o outro quando não separam sua sexualidade.
O homem conhecerá o menor, a mulher o maior.
O ser humano deve distinguir-se da espiritualidade e da sexualidade. Que chame a espiritualidade de Mãe e a coloque entre o céu e a terra. Que chame a sexualidade de Phallos e o coloque entre si mesmo e a terra, pois a Mãe e o Phallos são demônios supra-humanos que revelam o mundo dos Deuses. São mais eficientes para nós que os Deuses porque têm maior afinidade com a nossa natureza. Se não vos diferenciardes da sexualidade e da espiritualidade e não as considerardes como entidades acima de vós, sucumbireis a elas como qualidades do Pleroma. A espiritualidade e a sexualidade não são qualidades vossas, não são coisas que possuis e abrangeis, mas elas vos possuem e vos abrangem, pois são demônios poderosos, formas de manifestação dos Deuses e por isso coisas que vos ultrapassam e subsistentes em si. Ninguém tem uma espiritualidade para si ou uma sexualidade para si, mas está sob a lei da espiritualidade e da sexualidade. Por isso ninguém escapa desses demônios e como coisa e perigo comuns, como peso comum, que a vida impôs. E assim a vida também é para vós coisa e perigo comuns, como também os Deuses e, em primeiro lugar, o terrível Abraxas.
O ser humano é fraco, por isso é indispensável a comunidade, se a comunidade não estiver sob o signo da Mãe, estará sob o signo de Phallos. Nenhuma comunidade é sofrimento e doença. Comunidade é em cada um desmembramento e dissolução.
A diferenciação leva á vida solitária. A vida solitária se opõe à comunidade. Mas por causa da fraqueza das pessoas em relação aos Deuses e demônios e à sua lei insuperável, a comunidade é necessária. Por isso tende tanta comunidade quanto for preciso, não por causa das pessoas, mas por causa dos Deuses. Os Deuses vos obrigam à comunidade. O tanto que vos obrigam, o tanto de comunidade é preciso haver, mais do que isso vem do mal.
Na comunidade cada um se subordina ao outro, para que a comunidade se mantenha, pois vós precisais dela.
Na vida solitária cada um se sobrepõe ao outro, a fim de que cada qual se encontre e evite a escravidão.
Na comunidade deve vigorar a renuncia, na vida solitária, a prodigalidade.
A comunidade é profundeza, a vida solitária é elevação.
A medida justa na comunidade purifica e conserva.
A medida justa na vida solitária purifica e aumenta.
A comunidade nos dá calor, a vida solitária nos dá luz.
Liber Novus pg. 465 a 467 – Carl Gustav Jung.
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