“Confrontado com essa notícia, um sujeito racionalmente equilibrado dirá que a nova lei não é, em rigor, uma lei matrimonial. É uma expressão de selvageria, sancionando o abuso de crianças — ou, para não usar eufemismos, permitindo a violação pedófila para os grandes machos do Iraque, que temem sexualmente as mulheres adultas e por isso preferem caçar na escola primária. Mas o Ocidente chegou a um tal ponto de covardia moral e miséria intelectual que qualquer crítica sobre o Outro será sempre um "preconceito" — e, pior que isso, um crime”. [João Pereira Coutinho]
A notícia, no ocidente, de que no Iraque uma lei iria permitir o casamento a partir dos nove anos suscitou a reação esperada dos representantes da “nova” direita, dos arautos do conservadorismo, com um discurso reacionário, intolerante, preconceituoso e discriminador.
A pedofilia tornou-se uma das paranóias/neuroses do mundo contemporâneo. Na opinião deste escritor pagão que vos escreve, a violência física e sexual é crime, a idade deveria ser um agravante, não a base da lei.
Vamos separar o distúrbio sexual da questão de gênero, da identidade e preferência sexual. Confundir esses conceitos é um recurso baixo e covarde feito pelos defensores do conservadorismo. Ao aceitar o discurso e o apelo usando a condenação à pedofilia, concede-se poder e autoridade aos exponentes da direita e do conservadorismo. Ao dar razão ao discurso reacionário, se cede espaço para esses grupos invadirem nossos direitos e liberdades individuais, mas será tarde demais para tentar protestar.
Eu chamo a isso de um tipo de falácia do espantalho invertida. Ergue-se um espantalho, algo a que se apela para se propagar uma mensagem, deixando subentendido que, se o espantalho é algo que deve ser condenado e reprimido, então há uma regra, um padrão, uma “verdade absoluta”, a que se deve seguir, sem contestação, sem discussão, sem debate. Nós podemos concordar com conceitos universais, idéias que compartilhamos em comum, mas isso não significa que sejam idéias isentas de questionamento, discussão, debate e até de crítica.
Por exemplo, o conceito de que há uma faixa etária, um limite cronológico para que crianças e adolescentes saibam sobre sexo ou tenham sua sexualidade. Eu fico abismado com textos que praticamente idealizam a criança e adolescente como um ser assexuado, inocente e ingênuo. Em uma sociedade machista, patriarcal e sexista, as mídias de comunicação em massa exploram o sexo e a sexualidade da pior forma possível, levando a uma formação cada vez mais precoce da puberdade. O acesso à informação, sem filtro, sem educação sexual, de assuntos relativos ao sexo, fez com que garotas entre 14 a 16 anos começassem a ter experiências e relações sexuais [doenças venéreas, gravidez], inclusive com pessoas acima de sua faixa etária. Ou seja, há uma discriminação etária onde para algumas coisas o jovem é considerado apto e em outras não, portanto o limite é discutível e questionável.
Em termos mundiais, considera-se a idade de 18 anos o mínimo para que o casamento seja legítimo, mas a realidade social aponta para outras circunstâncias.
Nas leis civis, há o caso do jovem [homem/mulher] emancipado que, mediante sentença judicial, torna-se civil e penalmente responsável, podendo inclusive contrair matrimônio. Em muitas cidades do interior do Brasil, jovens “desonradas” são obrigadas a casarem-se. Pesquisando o oráculo virtual [google], pode-se ver que há casamento de crianças em países ditos civilizados e ocidentais. Eu encontrei casos na Grã-Bretanha, no Canadá, nos EUA. Ou seja, o casamento de “crianças” não é um fenômeno exclusivo de países subdesenvolvidos, ou de países muçulmanos, mas a Imprensa Ocidental fez a notícia com um evidente interesse sensacionalista, para ganhar audiência com a repulsa da opinião pública, eivada do moralismo cristão ocidental hipócrita.
Usa-se a notícia como um espantalho, que não reage, mas a repulsa direcionada ao “outro” nos faz esquecer-se do porque reagimos. Vemos no “outro” um reflexo daquilo que fazemos em privado e aquilo que pensamos ou desejamos no recôndito de nossas mentes. Se relações erótico-afetivas com jovens abaixo desse limite imposto e arbitrário não podem acontecer, então não deveria ter tantas figuras do alto escalão do Governo envolvidas com prostituição infantil. Se toda relação erótico-afetiva com jovens abaixo desse padrão arbitrário é pedofilia, muitos casais na Grã-Bretanha, Canadá e EUA devem ter o casamento anulado. Se uma religião deve ser abolida sob a acusação de patrocinar ou permitir a pedofilia, a Igreja Católica deveria ter encerrado suas atividades faz tempo.
Eu não creio que os articulistas que usaram a notícia para fazer o discurso reacionário tenha tido a preocupação de pesquisar ou de ver a realidade dos fatos. Um país é regulado por leis e o Iraque deve ter a autonomia e a soberania de legislar sobre seus cidadãos. Assim como no Brasil, no Iraque deve ter uma regulamentação civil para que um casamento produza efeitos legais e jurídicos. Recentemente, outros porta-vozes do conservadorismo, do reacionarismo, da concepção retrógada, como Malafaia, Bolsonaro e Feliciano, levantaram um espantalho contra a união homossexual, com quase os mesmos termos e argumentos que agora se ataca o Iraque. Na época, se alegou que se o Brasil permitisse o casamento homossexual em breve se permitiria o incesto, a zoofilia, a necrofilia e a pedofilia. A intenção, evidente, é o de causar terrorismo psicológico, para tornar mais fácil a disseminação das ideias retrógadas a respeito de sexo, gênero, identidade/opção sexual e relacionamento.
A notícia, no ocidente, de que no Iraque uma lei iria permitir o casamento a partir dos nove anos suscitou a reação esperada dos representantes da “nova” direita, dos arautos do conservadorismo, com um discurso reacionário, intolerante, preconceituoso e discriminador.
A pedofilia tornou-se uma das paranóias/neuroses do mundo contemporâneo. Na opinião deste escritor pagão que vos escreve, a violência física e sexual é crime, a idade deveria ser um agravante, não a base da lei.
Vamos separar o distúrbio sexual da questão de gênero, da identidade e preferência sexual. Confundir esses conceitos é um recurso baixo e covarde feito pelos defensores do conservadorismo. Ao aceitar o discurso e o apelo usando a condenação à pedofilia, concede-se poder e autoridade aos exponentes da direita e do conservadorismo. Ao dar razão ao discurso reacionário, se cede espaço para esses grupos invadirem nossos direitos e liberdades individuais, mas será tarde demais para tentar protestar.
Eu chamo a isso de um tipo de falácia do espantalho invertida. Ergue-se um espantalho, algo a que se apela para se propagar uma mensagem, deixando subentendido que, se o espantalho é algo que deve ser condenado e reprimido, então há uma regra, um padrão, uma “verdade absoluta”, a que se deve seguir, sem contestação, sem discussão, sem debate. Nós podemos concordar com conceitos universais, idéias que compartilhamos em comum, mas isso não significa que sejam idéias isentas de questionamento, discussão, debate e até de crítica.
Por exemplo, o conceito de que há uma faixa etária, um limite cronológico para que crianças e adolescentes saibam sobre sexo ou tenham sua sexualidade. Eu fico abismado com textos que praticamente idealizam a criança e adolescente como um ser assexuado, inocente e ingênuo. Em uma sociedade machista, patriarcal e sexista, as mídias de comunicação em massa exploram o sexo e a sexualidade da pior forma possível, levando a uma formação cada vez mais precoce da puberdade. O acesso à informação, sem filtro, sem educação sexual, de assuntos relativos ao sexo, fez com que garotas entre 14 a 16 anos começassem a ter experiências e relações sexuais [doenças venéreas, gravidez], inclusive com pessoas acima de sua faixa etária. Ou seja, há uma discriminação etária onde para algumas coisas o jovem é considerado apto e em outras não, portanto o limite é discutível e questionável.
Em termos mundiais, considera-se a idade de 18 anos o mínimo para que o casamento seja legítimo, mas a realidade social aponta para outras circunstâncias.
Nas leis civis, há o caso do jovem [homem/mulher] emancipado que, mediante sentença judicial, torna-se civil e penalmente responsável, podendo inclusive contrair matrimônio. Em muitas cidades do interior do Brasil, jovens “desonradas” são obrigadas a casarem-se. Pesquisando o oráculo virtual [google], pode-se ver que há casamento de crianças em países ditos civilizados e ocidentais. Eu encontrei casos na Grã-Bretanha, no Canadá, nos EUA. Ou seja, o casamento de “crianças” não é um fenômeno exclusivo de países subdesenvolvidos, ou de países muçulmanos, mas a Imprensa Ocidental fez a notícia com um evidente interesse sensacionalista, para ganhar audiência com a repulsa da opinião pública, eivada do moralismo cristão ocidental hipócrita.
Usa-se a notícia como um espantalho, que não reage, mas a repulsa direcionada ao “outro” nos faz esquecer-se do porque reagimos. Vemos no “outro” um reflexo daquilo que fazemos em privado e aquilo que pensamos ou desejamos no recôndito de nossas mentes. Se relações erótico-afetivas com jovens abaixo desse limite imposto e arbitrário não podem acontecer, então não deveria ter tantas figuras do alto escalão do Governo envolvidas com prostituição infantil. Se toda relação erótico-afetiva com jovens abaixo desse padrão arbitrário é pedofilia, muitos casais na Grã-Bretanha, Canadá e EUA devem ter o casamento anulado. Se uma religião deve ser abolida sob a acusação de patrocinar ou permitir a pedofilia, a Igreja Católica deveria ter encerrado suas atividades faz tempo.
Eu não creio que os articulistas que usaram a notícia para fazer o discurso reacionário tenha tido a preocupação de pesquisar ou de ver a realidade dos fatos. Um país é regulado por leis e o Iraque deve ter a autonomia e a soberania de legislar sobre seus cidadãos. Assim como no Brasil, no Iraque deve ter uma regulamentação civil para que um casamento produza efeitos legais e jurídicos. Recentemente, outros porta-vozes do conservadorismo, do reacionarismo, da concepção retrógada, como Malafaia, Bolsonaro e Feliciano, levantaram um espantalho contra a união homossexual, com quase os mesmos termos e argumentos que agora se ataca o Iraque. Na época, se alegou que se o Brasil permitisse o casamento homossexual em breve se permitiria o incesto, a zoofilia, a necrofilia e a pedofilia. A intenção, evidente, é o de causar terrorismo psicológico, para tornar mais fácil a disseminação das ideias retrógadas a respeito de sexo, gênero, identidade/opção sexual e relacionamento.
Um comentário:
Quero agradecer pelo comentário sobre o Marreta. Na verdade, andei sofrendo umas ameaças, que, na verdade, ainda não sei se concretizarão. Talvez tenham sido blefes, dizendo de processos contra o blog etc, mas fiquei bem assustado.
De qualquer forma, resolvi voltar, pegando um pouco mais leve, evitando assuntos mais controversos. Isso já está fazendo 4 meses. Vou esperar.
O que aconteceu com o paganismo e tattoo? Entrei lá e a página sumiu.
Abraços.
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