sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A Linha do Sangue

A idéia da transmissão de uma linhagem como é visto dentro do Ofício é complexa. É uma transmissão no sentido original e tradicional e não simplesmente a trasmissão de costumes em um ambiente social. A transmissão em si mesma confere poder e memória enquanto se relaciona a uma consciência particular que remete à origem da criação. A linhagem repousa no sangue e a memória que é passada em virtude do sangue é da mesma ordem da sabedoria divina mantida por anjos e dadas às mulheres. Esta memória vem com um poder criativo que separa o sábio do mundano e do profano. Uma rebelião vem com o poder do sangue, não uma rebelião em premissas antinomiais - mas uma rebelião contra o profano e o vulgar. Está no sábio ir contra a pequena rebelião contra as idéias modernas de progresso. Ser o sujeito de uma transmissão autêntica do sangue maldito indica uma recepção desta potência. Esta recepção é de uma procedência profética que acelera a intuição onírica e memórias veladas em uma grande recordação de quem nós somos. Esta lembrança acelerada pelo sangue e linhagem repousa em princípios tradicionais, que é explicada de forma simples por Maimônides:
"A fundação de toda fundação e o pilar de toda sabedoria é saber que há Deus que criou todas as coisas. Todas as coisas do firmamento e da terra e do que há no meio disto veio a existir apenas pela verdade da existência de Deus".
É a memória do início que atiça naquele que recebeu a transmissão - e disto a conduta da maestria do Destino é liberada no mundo. Esta transmissão pode ocorrer pelo trabalho com uma tocha ardente, que indica a iniciação em um clan ou família de sangue compartilhado. Aqui as doutrinas da lei primordial são postas de lado para o sábio e o caminho pode ser abraçado com facilidade e o Destino ser dominado com eloquência. Para alguns o sangue acelera em um instante como o lampejar de um trovão dá a vida a uma alma e o renascer ao original é realizado como a pele do velho é deixado para trás assim que a jornada pelo mundo à busca da parentela. Com a terra e anjos, plantas e ventos como guias, o caminho é percorrido como o sangue flui no caminho e na alma.
A transmissão é como reascender uma vela feita do sangue do primeiro dragão e cera - este é o começo da sabedoria. Esta sabedoria desafia o dogma e a ordem cultivada da civilidade em favor da liberdade indômita da alma aceitando seu destino singular. O sábio vê na natureza o templo supremo - a casa de Deus, onde Ela se revela na mais úmida beleza. Ela é a memória do solo e Dela nasce toda a diversidade. Ela é a mãe da nimfa, planta, lobo e pássaro. Rainha das Rainhas que se une com o firmamento.
Hoje, na Noite da Candelária, Ela abre a porta para seus segredos e dá as boas vindas aos peregrinos em sua porta. Hoje os peregrinos no caminho sangrento do mistério pegará uma única vela de cera de abelha e na árvore mais velha na terra, os pedidos de agradecimento serão ditos em honra ao dragão do submundo e às mães cujos restos descansam na luz das terras sombrias.
Fonte: Speculum Celestae

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