O culto das fontes e dos cursos de água é comum a todo o mundo que sofreu influências culturais célticas. Sobrevive no nome de alguns rios e de ninfas minerais. Na mitologia céltica a mais importante Deusa da Terra era Ana-Dana, mãe dos Deuses. Mas, entre os Lusitanos, na sua fase mais primitiva, os Deuses confundiam-se com as forças da Natureza e com a capacidade procriadora. (...) São inúmeros os testemunhos da sacralidade das fontes mantidos através da tradição oral. Algumas vezes a explicação só surge muito recentemente. Uma brigada da Junta de Energia Nuclear trabalhando no concelho do Sabugal, verificou que a fonte santa tinha águas radioactivas, o que explicaria a sua eficácia. Na periferia da Guarda, na Senhora dos Remédios, ao fazerem a limpeza da canalização que conduzia a água para a fonte, encontraram em 1954 a cabeça de mármore de uma ninfa, que tive então oportunidade de estudar. Uma inscrição renascentista foi colocada na fonte dizendo: SALUS INFIRMORUM, confirmando a tradição salutífera. No tanque das Caldas do Cró, apareceram à volta de 1950 moedas romanas com a Deusa Salus.
O Deus Bormanicus, referido numa lápide de Caldas de Vizela, seria uma Divindade de águas termais. O mesmo poderia significar uma ara de Villas-Buenas, Salamanca, consagrada a Celioborcae. Celorico da Beira tem umas águas salutíferas, de onde talvez lhe provenha o nome dado por uma Celioborcae.
Turiaco também era uma Divindade lusitânica, aquática. Está citada numa ara de Santo Tirso. Segundo os investigadores L. Albertos e Palomar, o carácter desta Divindade permanece em hidrónimos em que entra o radical Tur. Este aparece com frequência por toda a Hispânia, segundo informa Blázquez. Na Beira Alta, perto de Vilar Formoso, conhecemos a ribeira de Turões, cuja raiz da palavra parece ser a mesma. A ara de Freixo de Numão, em linha recta situada a uns quarenta quilómetros da ribeira de Turões (Vilar Formoso), tem uma inscrição aos Lares Turolicis (atentar no radical de teónimo Tur), ao qual se acrescentou o nome de uma gens lusitana, como consta numa inscrição achada em Caldas de Lafões. O rio Tua poderá ter herdado a designação de uma Divindade hídrica."
Citado a partir de: "Os Lusitanos, Mito e Realidade", de Adriano Vasco Rodrigues.
Citado e coletado do blog: Gladius
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