Autor: Raven Grimassi.
O Crânio é um símbolo de sabedoria e conhecimento guardado. Nos mistérios internos dos ensinamentos o crânio é um símbolo da natureza interna despojada de sua origem através do processo de Iniciação nos grandes Mistérios do Ocultismo. Ele também é um símbolo da morte, seja a morte da carne ou a morte do ego/ de si mesmo. Esta é uma razão pela qual o crânio aparece nas cerimônias de iniciação na Antiga Religião. Aqui, ele é um lembrete de que a antiga personalidade estava morrendo para uma nova consciência. O crânio, particularmente quando mostrado com os ossos cruzados, também é um símbolo do Deus em antigas religiões Pagãs. Os ossos cruzados abaixo do crânio são símbolos do Deus Sacrificado, e um sinal da ressurreição da morte. Na Bruxaria, o crânio algumas vezes é mostrado colocado na frente de um caldeirão. Nesta posição ele simboliza o renascimento através dos poderes da transformação associada com o caldeirão. Na Bruxaria Italiana o crânio também representa a culminação do conhecimento ancestral.
Na magia e no misticismo, o crânio é uma ligação para os espíritos dos mundos Sobrenaturais através de sua associação com a morte. Ele também é um receptáculo para a energia psíquica e, por esta razão, normalmente é colocado próximo dos instrumentos de adivinhação como a bola de cristal e o espelho mágico. Uma vez que os magos se tornaram mais sofisticados, o simbolismo do crânio evoluiu na arte da frenologia. Esta arte foi popularizada no século XVIII pelo Dr. Franz Joseph Gall, que teorizou que as faculdades do cérebro poderiam ser determinadas a partir da forma do crânio.
Autores: Evan John Jones e Doreen Valiente.
O crânio é um dos instrumentos com associações mais antigas e conhecidas sob várias formas de pensamento e trabalho ocultos, embora na tradição da Arte não seja objeto tão comum, principalmente por, suspeito, estar ligado ao roubo e à profanação de sepulturas, satanismo, vodu, etc. Talvez o uso do crânio em rituais seja visto como algo demoníaco em conseqüência do pensamento cristão em relação a qualquer prática mágica contrária à palavra de Deus, bem como por estar ligado ao Demônio e ao lado obscuro da natureza humana.
Ao mesmo tempo, dentro da igreja cristã houve e ainda existe o reconhecimento de que os restos mortais pertencentes a determinadas pessoas_ os santos_ possuem certos poderes. Estes em geral envolvem cura, e, conseqüentemente, eram tratados como relíquias sagradas. Conservadas em tumbas magníficas, tornaram-se foco de peregrinações. Acredita-se que estas relíquias, quando acompanhadas de preces, formam, para os crentes, um elo com o espírito do santo na esperança de obter alguma graça sob a forma de milagre. Da mesma maneira, o crânio, nos rituais, agia como foco de moradia para um espírito. Havia somente esse tipo de contato em nível pessoal para o grupo ou coven e restrito somente àquele grupo.
No passado, várias culturas criaram alguma mitologia sobre crânio ou ossos como instrumentos de culto. Historicamente falando, no caso do pensamento europeu, essas idéias basicamente originam-se no culto celta às cabeças. Para os celtas, a cabeça era a fonte de poder espiritual e força de vida do homem. Com ela, o poder do homem morto era transferido para quem o tivesse matado e trabalharia a seu favor. Ao segurá-la, a coragem e a bravura do guerreiro morto poderiam ser invocadas para agir como defesa contra qualquer forma de perigo sobrenatural.
Ao decorar a casa, paliçada, estaca do portão ou os portais do templo com crânios ou cabeças cortadas tanto dos inimigos do clã como dos guerreiros da tribo, a mensagem era: esse local ou área está defendido pelas almas unidas desses guerreiros mortos. A crença de que existe uma relação entre a alma da pessoa morta e a cabeça fazia com que o crânio de um antigo sacerdote ou xamã servisse freqüentemente como foco no ritual de invocação da alma de um homem morto, habitante do outro mundo. Como na vida era reconhecida como moradia do poder espiritual da pessoa viva, na morte tornava-se a casa vazia do mesmo espírito. Por meio do ritual, aquele espírito podia ser chamado para aquele objeto reconhecível a fim de ajudar e proteger os membros vivos da família, grupo ou clã do morto.
Uma das coisas que achamos difícil compreender hoje em dia é que a morte não fosse barreira entre os mundos, como é agora. Com as palavras "descanse em paz", o que estamos querendo dizer ou pedir é que a alma da pessoa permaneça em seu mundo e não atravesse para o nosso, embora para os celtas os mundos físico e psíquico estivessem interligados nesse plano. Em vez da luz e das trevas, havia um reino obscuro através do qual determinadas pessoas podiam atravessar a separação entre o mundo dos vivos e o dos mortos, trazendo informação, enquanto os mortos podiam contatar os vivos com os mesmos objetivos em mente. Dessa forma, passado e futuro podiam ser trazidos para o presente. Ao reconhecer isto, considera-se possível para a alma atravessar do outro mundo para este, o material, sob a forma de guardião ou espírito profético.
Ao reconhecer a possibilidade de contato com o bem vindo do além, não podemos nos esquecer de que o mal possui o mesmo poder. Portanto, é necessária proteção sobrenatural contra o mal sobrenatural. O culto ao crânio deveria crescer para se equiparar às necessidades espirituais de qualquer época.Acredito que tenhamos nos afastado desses conceitos e idéias, tendendo a considerá-las fantasia e superstição primitivas. Mas o fato de termos agido dessa maneira não significa que não haja verdade nisso tudo. Muitas pessoas acreditam na imortalidade da alma, embora, ao mesmo tempo, neguem a existência de fantasmas. A idéia de que um "fantasma" é o eco de acontecimentos passados constitui uma das teorias atuais mais comentadas. Isto ignora o reconhecimento de que, se existe alma imortal dentro de uma pessoa, essa alma deve ter o poder de retornar a um determinado local de alguma forma importante para ela em existência passada.
Neste sentido, o crânio dentro do círculo é o reconhecimento desse fato. Além disso, os ritos e rituais ligados ao crânio não são, de forma alguma, tentativa de chamar os mortos por encantamentos ou para prender aquela alma ou espírito para servir ao grupo. Qualquer contato feito com o outro lado será na base de vontade e desejo mútuo de ambos os mundos, dentro do contexto das práticas e rituais da arte.
O fato de haver determinada utilidade no crânio em determinados aspectos da prática da Arte não justifica a profanação em nome da fé. Os grupos podem e realizam rituais sem ele. Alguns nunca sequer pensaram em ter um. Quanto a isso, se houver a possibilidade e o grupo desejar obter um crânio por meios legais de fornecimento a escolas de medicina, não há razão para não fazê-lo. Mas não podemos esquecer que um grupo que usa um crânio está aberto a todos os tipos de carga.
Um dos primeiros rituais é o de limpeza [eu diria consagração] do crânio realizado com e em nome dos quatro elementos: terra, ar fogo e água. Por trás desse ato está o reconhecimento de que o crânio deve ser limpo de todas as suas ligações passadas. Num sentido oculto, o crânio não está sendo usado como meio de chamar de volta a alma que o habitou, mas como meio de atrair o fantasma de uma pessoa com ligações com a feitiçaria. Nesse sentido, o crânio age como uma chave para o reconhecimento de que, por um lado, o grupo está trabalhando dentro da estrutura reconhecível de "O Crânio dentro dos ritos". Por outro, os membros do grupo estão se abrindo para um contato sobre o rio do esquecimento.
Com esse objetivo, a pergunta é exatamente o que está sendo contatado ou o que está vindo. Será uma pessoa que morreu há muito tempo e que espera o renascimento ou um aspecto do Deus Cornudo, se manifestando enquanto pessoa? Esta é mais uma pergunta sem resposta. Creio que, na maioria das vezes, se trata do fantasma, espírito ou alma de alguém que já morreu e pertenceu à Fé.
Desde os tempos pré-históricos, tem havido o reconhecimento do elo mágico entre o caçador e sua vítima. Foram encontrados vários exemplos desse elo, desde as famosas pinturas rupestres da máscara de veado, do Deus coberto de hera ou do mago na Caverne des Trois Frères, em Arège, até as pilhas ritualísticas de ossos de animais escondidas no fundo das cavernas. Crescendo nesse conceito de harmonia mágica entre caça e caçador, passando por determinados rituais mágicos, o passo seguinte seria o reconhecimento gradual por parte do clã ou da tribo do animal envolvido: urso, bisão, veado ou qualquer outro. Entrelaçado com o conceito do ritual para uma caçada proveitosa veio o reconhecimento de que a fertilidade das espécies caçadas era de importância primordial. Se elas não procriassem, significaria a fome para a tribo. O tempo trouxe mudanças. Não havia mais rituais realizados no fundo das cavernas, mas ao ar livre, dentro do círculo. Como parte do ritual, a agora familiar estaca das Bruxas era montada como porta de acesso ao círculo. No lugar da estaca em forquilha que conhecemos, havia um mastro reto com um crânio do animal totêmico fincado na extremidade. Embora a vida tenha mudado da sobrevivência que dependia das caçadas para as atividades agrícola e pastoril, no ciclo da natureza e na fertilidade dos campos, o culto ao Deus Cornudo e a Deusa Grávida ainda tem garantindo o seu lugar. Nessa fé havia ainda o conceito do sacrifício animal como agradecimento aos deuses guardiões dos rebanhos e manadas e, acima de tudo, à Deusa Mãe da terra. Na verdade, parte do animal sacrificado era consagrada aos deuses e queimada no fogo sagrado. O resto era cozido e comido depois pelo grupo. Era festa sagrada, partilhada pelos deuses e pelo povo. O que tinha sido praticado dentro das cavernas era realizado agora ao ar livre, com envolvimento maior do grupo ou clã nos rituais. Mesmo que as circunstâncias e o estilo de vida tenham mudado, o conceito de fertilidade permanece o mesmo. mudando apenas na aparência externa. Em vez de boa caçada, orava-se por boa colheita.
À medida que o conceito da Deusa e dos Deuses Antigos tomava forma mais humana, a natureza do sacrifício também mudava.
Assim como a vida se tornava mais complexa e organizada, expandia-se a visão sobre os deuses. Em vez do sacrifício animal, surgia o conceito do mensageiro humano. Deuses e Deusa ganhando caráter mais humano podiam ser contatados por um ser humano, essa alma levando as preces e os pedidos da tribo. Desenvolvido paralelamente ao conceito de mensageiro dos deuses, e com o mesmo objetivo de força e bem-estar para a tribo, surgiu o sacrifício do Rei Divino, em que a força da tribo era fixada em uma pessoa não por direito de nascimento ou de herança, mas por seleção. Enquanto o rei fosse forte e vigoroso, assim seria a tribo. Sacrificado em seu apogeu, o rei tornava-se companheiro dos deuses pelo bem da tribo.
Posteriormente esse conceito foi modificado, e o sacrifício voltou mais uma vez a ser animal, com o que surgiu o conceito muito interessante de bode expiatório. O infeliz animal, portador de todos os males e pecados da comunidade, deveria levá-los diante dos deuses junto com a sua vida, como símbolo de expiação e pagamento para libertação - uma vida substituindo a do rei.
Com esse conceito da possibilidade de transferir doenças e pecados para um animal a ser sacrificado e, ao mesmo tempo como lembrança do sacrifício do Rei Divino, o Mestre [Sumo Sacerdote/ Magister] detém os poderes de um líder, e deve pagar um preço por esses poderes. Durante sete anos, pelas graças da Senhora [Suma Sacerdotisa/ Magistra], o Mestre lidera o coven. No final do sétimo ano, o preço dessa regra é transferido para o "Carneiro Real". A vida do carneiro é oferecida à Deusa, substituindo a do Mestre. As partes sagradas são oferecidas ao fogo sagrado, e as outras são utilizadas nas festas sagradas. A cabeça do carneiro sacrificado é queimada ao lado da "Ponte entre os Dois Mundos".
Autora da citação: Nádia Bertolazzi.
Fonte da citação: comunidade do Orkut "Sociedade Wicca".
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