A ordem de retirada de 381 livros sobre feminismo, racismo e Holocausto da biblioteca da Academia Naval dos EUA (confira a lista completa ao final da reportagem), foi determinada outra vez pelo governo Trump e simboliza o aprofundamento de uma “política” que silencia debates sobre justiça social e diversidade. A ação partiu do gabinete de Pete Hegseth, secretário do republicano, em um esforço sistemático para excluir das instituições militares qualquer referência a questões como equidade de gênero, racismo estrutural e memória histórica.
A lista de livros também inclui obras que abordam momentos cruciais da história e das lutas sociais nos Estados Unidos e no mundo. Foram banidos títulos sobre o Holocausto, a participação de afro-americanos na Segunda Guerra Mundial, a atuação política de mulheres negras no século XIX e o impacto do assassinato de Trayvon Martin.
Entre os autores silenciados está Maya Angelou, cuja autobiografia Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola também foi removida. Angelou foi uma das vozes mais influentes da literatura afro-americana e um símbolo da resistência pelos direitos civis.
Também há temas que o autoritarismo costuma tentar silenciar: corpos, vozes e histórias. Estão entre eles reflexões sobre sexualidade, a presença social das mulheres, a violência racial, além de análises sobre a Ku Klux Klan, a realidade das mulheres em regimes islâmicos e o olhar sobre a identidade e a diferença.
Na última sexta-feira, a Marinha revelou uma lista de livros removidos da biblioteca da Academia Naval, como parte de um esforço mais amplo do governo Trump para suprimir conteúdos considerados “ideológicos” em ambientes federais.
A ofensiva já atinge escolas públicas, plataformas institucionais, iniciativas educativas e agora avança sobre acervos militares. A seleção foi realizada a partir de buscas por palavras-chave na biblioteca Nimitz, o que levou à identificação de cerca de 900 títulos. Quase 400 foram eliminados.
Fontes do Departamento de Defesa, entrevistadas pela Associated Press, expressaram desconforto com a decisão. Entre as principais preocupações está o risco de que a remoção de conteúdos históricos comprometa a formação dos cadetes e apague contribuições importantes de militares pertencentes às minorias sociais.
“Um livro é uma arma carregada na casa ao lado. Quem sabe quem pode ser o alvo do homem culto?” - Fahrenheit 451
Fonte: https://revistaforum.com.br/global/2025/4/8/fahrenheit-451-trump-queima-381-livros-sobre-feminismo-racismo-holocausto-nos-eua-177058.html
Nota: "O Index Librorum Prohibitorum, em tradução livre o Índice dos Livros Proibidos era uma lista de publicações consideradas heréticas, anticlericais ou lascivas e proibidas pela Igreja Católica. A primeira versão do Index foi promulgada pelo Papa Paulo IV em 1559 e uma versão revista dessa foi autorizada pelo Concílio de Trento. A última edição do índice foi publicada em 1948 e o Index só foi abolido pela Igreja Católica em 1966 pelo Papa Paulo VI. Nessa lista estavam livros que iam contra os dogmas da Igreja e que continham conteúdo tido como impróprio.
Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Index_Librorum_Prohibitorum
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