terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Ensaio sobre a democracia

Caturo, em seu delírio racista, escreve:

"...em Democracia, o critério do poder é, não a superioridade física, militar, intelectual, mas sim a pertença ao Povo, não a uma parte específica do povo e sim a todo o Povo só por ser Povo, ou seja, tem-se direito de voto exclusivamente por se pertencer a uma Nação. Nada pode sugerir melhor o privilégio rácico/étnico/nacional do que isto... A partir daqui facilmente se entende que multiplicidade étnica dentro da mesma sociedade enfraquece a Democracia, uma vez que retira ao Povo autóctone parte do poder sobre a sua própria terra ao obrigar este povo a dividir este poder com alógenos. A Democracia só é portanto possível na medida em que a sociedade seja etnicamente homogénea...".

O Caturo deveria se informar melhor. Vamos a algumas definições:

"A democracia ateniense (no grego: δεμοκρατιk) foi uma forma de governo que surgiu na Grécia em meados do séc. V a.C. A experiência democrática ateniense dava-se em todo território da Ática de forma direta, contudo, envolvia pequena parcela da população. Tinham o direito de participar homens com terras, maiores de 19 anos e filhos de pai ateniense, e a partir de 451 a.C., aqueles que fossem filhos de pai e mãe atenienses. Escravos, mulheres e estrangeiros não poderiam participar nas instituições democráticas. Em geral, acredita-se que apenas 30% da população adulta de Atenas era elegível para participar do processo eleitoral. A liberdade e a igualdade constituíram a essência dessa democracia expressa através de três princípios básicos: isocracia, isonomia e isegoria". [Wikipédia]

Vamos analisar a palavra democracia:

"Na Grécia Antiga, o demo (em grego: δῆμος) era uma subdivisão da Ática, região da Grécia em torno de Atenas. Os demos já existiam, como meras subdivisões de terra nas áreas rurais, desde o século VI a.C., e mesmo antes, porém só adquiriram um significado mais importante depois das reformas de Clístenes, em 508 a.C.. Nestas reformas, o alistamento nas listas de cidadãos de cada demo passou a ser obrigatória para a obtenção da cidadania, que até então era obtida através da associação com uma fratria ou grupo familiar. Ao mesmo tempo, os demos foram criados na própria cidade de Atenas, onde não existiam anteriormente. No total, ao fim das reformas de Clístenes, a Ática estava dividida em 100 demos. A transformação dos demos em unidades fundamentais do Estado enfraqueceu os genos, grupos familiares aristocráticos que até então dominavam as fratrias". [Wikipédia]

Nem todos atenienses podiam fazer parte da democracia:

"Em Atenas eram considerados cidadãos homens livres (eleutheroí), maiores de 18 anos, filhos de pai ou mãe ateniense – após 451 a.C. deveriam ter pai e mãe ateniense –, e serem inscritos nos registros cívicos do demos. Tinham como direito a participação política, a propriedade da terra e a defesa do território cívico. Aos que não possuíam cidadania política, como mulheres e estrangeiros, esses direitos eram muitas vezes inacessíveis. Estima-se que cerca de 10% da população ateniense era composta por cidadãos, o que, para época, era considerado um número relativamente alto.

Mulheres

A mulher ateniense tinha como função principal gerar filhos e sua educação estava direcionada a se tornar mãe e esposa de cidadão. A mulher cidadã, apesar de sua exclusão da esfera política, participava ativamente da pólis em importantes funções cívicas no campo religioso, cruciais para o bem estar dos gregos.

Metecos

A partir do século IV a.C., tornou-se recorrente a vinda de metecos para Atenas por causa de sua vibrante vida intelectual. Além de nomes famosos como o filósofo Aristóteles, também foram para Atenas artesão, comerciantes e refugiados políticos. Mesmo estando presentes em inúmeras funções da pólis ateniense, os metecos eram expressamente proibidos de ocupar qualquer cargo político dentro da democracia ateniense.

Os metecos que residiam em Atenas tinham que pagar um imposto chamado metoikion, pago anualmente para a pólis. Os homens pagavam doze dracmas e as mulheres seis. Eles também deveriam servir no exército ateniense e tinham obrigações financeiras como qualquer outro cidadão. Os metecos mais ricos serviam na infantaria pesada dos hoplitas e os mais pobres na infantaria leve ou na frota naval. Nenhum meteco poderia fazer parte da cavalaria. Porém, nos tribunais atenienses deveriam ser representados por um cidadão que pudesse responder por ele". [Wikipédia]

Além desses "párias sociais", não podemos nos esquecer dos escravos:

"Na Ilíada, os escravos quase sempre são mulheres, tomadas como espólio em guerras, enquanto os homens eram libertados mediante o pagamento de resgate, ou mortos no campo de batalha. Na Odisseia os escravos também parecem ser, em sua maioria, mulheres. Estes escravos eram servos e, por vezes, concubinas". [Wikipédia]

E para não esquecer, os Helênicos atribuíam serem descendentes de Heleno, um Patriarca Mítico. Os Helênicos são compostos pela mistura de diversos povos/etnias: Pelasgos, Dórios, Éolos, Jônios e Aqueus. Como descendentes dos Povos Indo-Europeus, suas origens são semelhantes às dos Persas e são imigrantes.

A identidade dos Helênicos como Nação surgiu por volta de 1820, quando estes começaram a lutar pela independência contra o Império Otomano.

Caturo é ignorante em história, antropologia e política. Eu cito alguns trechos da apostila de política contemporânea disponível nos cursos do senado local:

"De modo geral, o unicameralismo é mais comum em países de área menor, menos populosos, de população mais homogênea, organizados de maneira unitária, nos quais a democracia encontra-se menos consolidada".

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