quarta-feira, 22 de julho de 2015

A Deusa Tríplice na Wicca

John Halstead divulgou no Patheos, na coluna de Paganismo, em sua página “The Allergic Pagan” [O Pagão Alérgico], vários textos abordando um tema que é bastante comum entre pagãos e bruxos modernos, que é o conceito da Deusa Tríplice.
John explica a origem do conceito da Deusa Tríplice, vinda de Robert Graves. Eu tive a felicidade de ler “A Deusa Branca” de Robert Graves e quando falamos em mitopoética e mitos antigos, as Deusas possuem aspectos tríplices, quíntuplos e nônuplos.
A confusão aumenta mais ao incluirmos os conceitos diânicos, com uma Deusa, que está mais para o Monismo que para uma inversão do Monoteísmo Abraãmico; Deusa que frequentemente é descrita como a Deusa de Mil Nomes, um reflexo da Teosofia de Dion Fortune. Curiosamente a base desse conceito é uma leitura superficial e tendenciosa da obra “O Asno de Ouro” de Apuleio, que por sinal endereça tal elogio para Isis e não para Diana.
Quando Gardner estruturou a religião Wicca, seu foco era uma Deusa cujo atributo está vinculado ao Amor, Morte e Renascimento, não com o conceito de Dama, Mãe e Anciã, como pagãos e bruxos modernos costumam falar da Deusa. Este é exatamente o conceito que tem origem em Robert Graves, muito embora sua obra “A Deusa Branca” não trate disto.
Na Era Contemporânea, o Paganismo Moderno tem demonstrado uma supremacia das Religiões da Deusa, do Sagrado Feminino e do Dianismo. Quando o Paganismo Moderno tornou-se conhecido do público, cresceu e apareceu junto com a Contracultura e se transformou em um fenômeno de consumo de massa pela influência da cultura americana. As vertentes do Dianismo e das Religiões da Deusa e do Sagrado Feminino surgiram nesse momento e tem crescido pelo seu apelo popular. Muitos vigaristas, farsantes e impostores fizeram fama e público ao divulgar conceitos e ideias debaixo do rótulo de Wicca, o consumismo tratou de corroborar estes absurdos. Os caros diletos e eventuais leitores sabem o quanto eu penei para tentar acabar com essa farsa.
Nenhum tipo de espiritualidade, crença ou religião deve servir para atender nossas vaidades. O que não faltam são opções no mercado sendo vendidas como se fossem produtos e o público consome com voracidade. O Paganismo Moderno sofre por permitir isso e pela completa falta de estudo por parte do curioso, simpatizante ou praticante. O Paganismo Moderno deve começar a estimular seu povo por mais seriedade. O pagão moderno deve estudar história, antropologia, etnografia, psicologia, mitologia e teologia.
Mesmo quando Robert Graves fala da Deusa Branca ou da Deusa Tríplice, quando lemos os mitos originais e os interpretamos dentro de um contexto, sempre há a presença de um Deus Consorte. Quando Robert Graves fala da Deusa Branca ele não se refere a uma etnia, mas à identidade da Deusa com a Morte. Que escândalo será quando eu falo que o Consorte da Deusa Branca é o Deus Negro, o Deus Touro. Sendo que eu também não me refiro a uma etnia, mas à identidade do Deus com o Campo.
Sem a presença do Deus, a Deusa não pode verter amor sobre o mundo. Sem a Deusa, o Deus não pode renascer. Sem a celebração do Hiero Gamos, cessa a existência, não existe o universo, não existe o mundo, não existe a humanidade. 

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