sábado, 1 de setembro de 2012

Alimentando a alma

Duro, dificil, trabalhoso. A transformação, o crescimento, a "evolução" do indivíduo, em sua personalidade, individualidade e espiritualidade custa muito esforço, nem sempre reconhecido e recompensado.
Não obstante, Joãozinho, continuamos. Por que se procura acrescentar sofrimento ao viver tão sofrido? Não o sei. Sofrer pelas coisas certas, realizar nosso propósito, preencher nosso destino. Será?
Vivemos em um momento onde o culto ao corpo [hedonismo?] pode resultar em anorexia e bulimia. Vivemos em um momento onde se discute apaixonadamente se um feto é uma pessoa ou não.
Discutimos apaixonadamente os direitos da pessoa sobre seu corpo, sua identidade e preferência sexual, seus modelos de vida erótico-afetivos. Sem chegar a lugar algum ou sem ter uma resposta.
Discutimos sobre a [im]propriedade das manifestações da Femen em um país onde há uma excessiva sensualidade [carnaval, pornografia, alpinistas sociais] que trabalha em prol da soberania do patriarcado e do machismo, sem reconhecer a beleza sagrada e divina da nudez feminina.
Discutimos a liberdade religiosa ao mesmo tempo que tentamos censurá-la, confundimos Estado laico com restrição à crença.
Discutimos a melhor forma de alimentar nosso organismo, sugerindo receitas mirabolantes e milagrosas, quando não perigosas ou motivadas por motivos outros que não os nutricionais.
Então como temos nos identificado? Como temos dado nosso apoio ou atenção? Qual a função ou lugar de nossa senxualidade e sensualidade? Que tipo de dieta religiosa temos seguido?
Somos o que somos ou nos definimos por aquilo que gostamos ou odiamos?
Houve um tempo em que eu me definia e lutava por aquilo que eu queria combater. E nada realizei.
Fatos e evidências existem por si só, mas não como nós a interpretamos. A interpretação dos fatos e evidências continuam a ser subjetivas, não são científicas, não são racionais. Para o desespero dos ateus.
Eu não estou criticando, eu estou desvelando um fato. Eu passei por esta fase. A fase de acabar com a figura paternal. A busca incessante, obcecada, por liberdade e independência, pela afirmação de minha personalidade e individualidade. E notei que eu era [e sempre fui] livre. A atenção e ódio que devotava a idéias, intituições, circunstâncias apenas tornavam-as mais fortes.
Eu vejo por um lado os cristãos tentando reprimir nos outros aquilo que estes mesmo não se permitem. Por outro lado, eu tenho visto os ateus se tornando cada vez mais neuróticos em sua santa cruzada contra a religião. Quem está ganhando? Ninguém. Quem está perdendo? Todos.
Tentamos, desesperadamente, trazer para nossas convicções e visões de mundo mais pessoas. Como fica o direito do outro de seguir suas opções? Como fica o direito do outro de discordar de nossas visões, sejam conservadoras ou liberais? Ao invés de construir, dar o exemplo, tentamos denegrir e destruir os concorrrentes.
Ao invés de cuidar da vida do outro devíamos cuidar primeiramente da nossa. Em seguida, olhar pela coletividade. Só é cristão, católico ou protestante, quem quer. Só é ateu, cético ou agnóstico, quem quer. Só é pagão, tradicional ou popular, quem quer. Só é wiccano ou wilkano quem quer. Só se é ovelha ou lobo como se quiser. Só se é vigarista ou otário quem quer. Só se é guru ou seguidor quem quer.
Velhos hábitos custam morrer e cobram caro quando tentamos nos desvencilhar deles.
Ser o nosso real Self, eis o maior desafio, a maior tarefa, a que poucos se arriscam. Eu me arrisco...por que eu quero. Eu não vou mais me definir pelo que eu gosto ou odeio. Isso são acessórios. Eu vou me definir pelo meu Self, alimentando-o pela honra aos ancestrais e pela reverência aos Deuses.

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