quinta-feira, 25 de junho de 2020

Crônicas universitárias

Cerca de cinqüenta jovens invadiram a capela do campus Somosaguas para protestar contra a Igreja Católica. Segundo o arcebispo responsável pela igreja, o grupo era composto em sua maioria por mulheres. “Elas cercaram o altar e leram frases que segundo elas, eram de autores cristãos falando sobre mulheres. Além disso os manifestantes leram reivindicações e ações judiciais contra a igreja e seus ensinamentos, colocaram cartazes na porta e nos bancos".
O arcebispo contou também que as moças ficaram despidas da cintura pra cima e fizeram rimas contra a igreja e a fé cristã. Uma estudante de economia nesse momento rezava no local, conta que duas das meninas gritavam que eram homossexuais.
Um relatório publicado posteriormente elevou o número de manifestantes para 70. E concluiu que o “mau gosto e a depravação tinham sido instalados na Universidade Complutense”.
A igreja diz que tais atos são absolutamente condenáveis pois atacaram a liberdade de culto e profanaram um lugar sagrado. Se os que cometeram tais atos são batizados, levarão as sanções canônicas.
O reitor da Universidade emitiu um comunicado lamentando o ocorrido.[Portal da Universidade]

Era para ter sido uma manifestação estudantil, nada mais, nada menos. Mas quando isso envolve um território da Igreja Católica, podemos ter certeza que as reações e retaliações virão.
Tudo começou quando as Associações Estudantis "Contrapoder" e "RQTR" convocou os estudantes a participarem das "Jornadas Feministas de Teoria e Prática Crítica", que ocorreram entre 7 e 11 de março na Faculdade de Políticas e Sociologia da Complutense.
No programa estava previsto para o dia 10 a pauta "Atos Corporais Subversivos", incluindo uma performance às 13 h de "crossdressing" para "desconstruir a regulação dos corpos".
Então um grupo de 50 jovens invadiu a capela da Universidade de Complutense.
Protagonizaram uma ação direta, um ato reivindicativo contra o sistema patriarcal e o poder da Igreja, de acordo com uma das participantes.
Fizeram uma procissão com uma imagem do Papa com uma cruz gamada no peito.
"Encarnamos como virgens e ascendemos como putas", disse uma das participantes.
O grupo, formado principalmente por mulheres, entrou na pequena sala dizendo palavras de ordem: "Contra o Vaticano, poder clitoriano" ou "Menos rosários e mais 'bolas chinesas' [bolas chinesas, ou ben-wa é um brinquedo erótico-NB]". Duas se despiram da cintura para cima e se beijaram no altar. Outras mostraram a barriga, onde escreveram palavras como "sobrevivente", "padeira" ou "bisexual".[El Pais]

A reação, dos poderes seculares e eclesiásticos, foram imediatas e pesadas. "Profanação", clamam os padres; "vandalismo", clamam os burgueses. Não é de agora que a nudez é vista com escândalo, escárnio e medo, especialmente por causa e devido à doutrina cristã.
Tudo que os estudantes queriam é protestar contra a Igreja Católica, a instituição que mais propaga e divulga o machismo, o patriarcado, a misoginia e o sexismo. Para que o público tenha realmente a liberdade de escolha, de opção, é necessário ouvir outras opiniões e pensamentos, o que evidentemente a elite dominante não pode permitir.
O mundo tem que ouvir estes estudantes, o ser humano tem que saber que ele é o único dono de sua vida sexual-afetiva, ele tem o poder sobre o seu corpo, seu erotismo e sua reprodução.
No que consta a este pagão, a única blasfêmia foi a desferida contra os corpos destas sacerdotisas, que se macularam por se exporem em um ambiente tão impuro, a única profanação foi contra a liberdade de expressão e opinião, o único vandalismo foi contra a verdade dita pelos estudantes.
APOSTASIA JÁ!
Texto resgatado com Wayback Machine.
Originais perdidos.

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