domingo, 15 de dezembro de 2019

A liberação sexual no Islã

Sexo sempre foi um assunto delicado na cultura islâmica. Cercado de proibições, ainda é um tabu dos mais arraigados em países fechados como o Irã. As restrições, no entanto, são menores do que se imagina em boa parte do mundo árabe. Com a bênção de Alá, dá para fazer quase tudo na cama. Cansadas de serem rotuladas de submissas e do prejuízo que o desconhecimento traz para a qualidade de vida, muçulmanas com posições de destaque estão vindo a público com um recado importante: o prazer é um direito e um dever de homens e mulheres, com igualdade, descrito no "Alcorão", o livro sagrado dos muçulmanos. Qualquer coisa que se diga em contrário não tem fundamento. O grupo, ainda pequeno mas crescente, exerce pressão por mais abertura para falar de sexo. Elas conseguem porque, diferentemente de gerações anteriores, não baseiam suas opiniões na ideia de emancipação feminina ocidental. São praticantes da religião e usam os textos sagrados para levar sua mensagem. A maioria pede educação sexual para praticar o aprendizado dentro do casamento e nunca em uma relação homossexual. Tratase de uma revolução que pode mudar (ou adaptar) alguns costumes árabes.
Por baixo do longo niqab preto, no qual apenas os olhos estão descobertos, a conselheira conjugal Wedad Lootah, 45 anos, não parece ser uma mulher que foi ameaçada de morte devido ao seu livro "Top Secret: Sexual Guidance for Married Couples" (Ultrassecreto: Orientação Sexual para Casados). Lançada em janeiro, a obra é um sucesso. Conta casos registrados nos oito anos em que Wedad orienta casais no principal tribunal de Dubai. Criado para tentar evitar o divórcio, virou um espaço de terapia. Entre as histórias, estão a do oficial militar que descobriu a relação extraconjugal da parceira, a esposa que flagrou o marido vestido de mulher em um bar para homossexuais e a mulher que temia o sexo oral imaginando ser proibido pelos preceitos - não é. "Esses problemas acontecem todos os dias e não podem ser ignorados", diz a conselheira. "É a realidade na qual vivemos." No livro, Wedad enfatiza a importância do prazer sexual feminino. A desigualdade nesse quesito, afirma, existente em muitos casamentos, não pode mais ser aceita.

Publicado no Folha de Várzea Grande.
Texto resgatado com Wayback Machine.

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