OLÍMPIA ANTIGA, Grécia, 9 Mai (Reuters) - Sacerdotisas em túnicas prestaram reverência sob sol forte no local de origem dos antigos Jogos Olímpicos, nesta quarta-feira, no ensaio final para o acendimento da tocha que irá arder durante a Olimpíada de Londres.
Longe do drama político que domina a endividada Grécia, turistas e moradores se reuniram nas ruínas do templo dórico da deusa Hera para ver a atriz grega Ino Menegaki se inclinar solenemente para acender a tocha com um espelho côncavo.
A chama servirá de "reserva" caso alguma nuvem impeça o acendimento na cerimônia oficial da quinta-feira. A meteorologia prevê, no entanto, que o evento será abençoado pelo mesmo céu abundante.
Pela primeira vez, sacerdotes homens dançaram ao som de um tambor em meio às ruínas do templo, em vez de se limitarem à coreografia no estádio adjacente, segundo os organizadores.
Com os braços erguidos, Menegaki, interpretando a suma-sacerdotisa, evocou o deus Apolo numa oração, antes de se ajoelhar para acender a tocha em poucos segundos, usando o reflexo da luz do sol no espelho curvo.
Nas rampas do estádio adjacente, onde os gregos competiam nos Jogos da antiguidade, sacerdotisas faziam uma dança inspirada nas ninfas mitológicas, enquanto os homens apresentavam uma versão de uma antiga dança guerreira - só que sem armas.
Para muitos espectadores gregos, foi um momento emotivo, evocando o passado glorioso de uma nação hoje afundada numa grave crise política e econômica, com risco de falência nacional e exclusão da zona do euro.
"Enquanto eu assistia à cerimônia, fiquei pensado que a Grécia já foi uma grande potência, e desde então passou por muitas dificuldades, mas como país sempre conseguiu permanecer à tona", disse o grego Vangelis Vanezis, de 35 anos, que vive em Londres. "E então isso me fez pensar que talvez esta crise seja algo que vem e vai, e que vamos superar."
O ensaio terminou com a suma-sacerdotisa entregando a chama e um ramo de oliveira ao primeiro carregador da tocha, Spyros Gianniotis, um nadador grego nascido na Grã-Bretanha, atual campeão mundial da prova dos 10 quilômetros em águas abertas.
Na quinta-feira, Gianniotis vai correr com a chama até o monumento onde está sepultado o coração do fundador do movimento olímpico moderno, Pierre de Coubertin, e depois entregará a tocha a Alexander Loukos, um britânico de origem grega.
A chama então percorrerá 2.900 quilômetros através de 40 cidades gregas, inclusive algumas remotas perto da fronteira com a Turquia e em pequenas ilhas, passando pelas mãos de 490 pessoas.Ela também visitará cinco sítios arqueológicos durante sua jornada de oito dias pelo país, antes de ser levada de avião para a Grã-Bretanha, onde continuará viajando até o dia 27 de julho, quando acontece a cerimônia de abertura dos Jogos, em Londres.
Autor: Deepa Babington
Fonte: G1 Mundo
Nota: Enfim, a devida homenagem e reconhecimento aos reais construtores da civilização.
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