terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O fim da picada

Na Bahia, um padrasto foi detido por ter colocado diversas agulhas em seu enteado. A Polícia e a Imprensa Abutre denunciaram o caso como sendo um "ritual de magia negra", prato que os cristãos fundamentalistas comeram que se empapuçaram.
No Haiti, o cônsul George Samuel Antoine e o pastor Pat Robertson declararam que o terremoto foi um "castigo de Deus", por causa da "idolatria" e da bruxaria [Voudun] praticado pelos haitianos, embora o país seja considerado majoritáriamente católico.
A conexão entre estas notícias, aparentemente distintas, está no preconceitoe na intolerância contra os povos e as crenças oriundos da diáspora africana. Infelizmente, a calúnia e a difamação contra eles não é uma exclusividade dos Cristãos, mas também de alguns Pagãos que esposam ideais racistas.
Nós, Pagãos, que lutamos tanto contra o preconceito, a intolerância, a difamação, a calúnia, não podemos criticar os povos e as crenças oriundas da diáspora africana. Os afro-descendentes tem o mesmo direito que os euro-descendentes de resgatar suas crenças e raízes.
As práticas dessas crenças podem desagradar, em especial a alguns Pagãos que encampam o Direito dos Animais, mas as crenças antigas que existiam, tanto na Europa quanto no Mediterrâneo, também sacrificavam animais. Até mesmo na Época Clássica, quando Gregos e Romanos se consideravam mais "cultos" e "civilizados" do que os bárbaros.
Não cabe aos Pagãos ensejarem esse discurso arrogante do "culto" contra o "selvagem", pois colocaríamos em risco as legítimas crenças dos povos aborígenes. Não cabe aos Pagãos "autorizar" ou "permitir" as práticas e crenças dos afro-descendentes, pois colocariamos em risco nossa luta pela liberdade religiosa. Não cabe aos Pagãos denegrir tais práticas e crenças por motivos raciais, pois há apenas uma espécie: a humana.
As crenças oriundas da diáspora africana devem ser respeitadas, estudadas e compreendidas. Quem as critica, colocando-se comodamente na posição de "civilizado", de "culto", de "superior", se escondendo em um falso senso de "estirpe", não conhece e nem compreende o conceito das Gens das religiões antigas.

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