Cada quadrante não é apenas representado por um elemento vital para a constituição das coisas materiais desse mundo, mas também são controlados pelos Guardiões em suas Torres de Vigia.
Nos tempos da Babilônia, tais Torres existiam fisicamente e eram habitadas por um rei sacerdote que, nas épocas certas, criavam uma ponte entre este mundo e o astral. Cada Torre correspondia a um elemento: água, terra, fogo ou ar; cada Torre se ligava a constelações que os Caldeus separaram em signos zodiacais, em quatro grupos de três signos cada, regidos por tais elementos.
Nos tempos da Grécia, a natureza foi separada em quatro grupos de fenômenos que se combinavam binariamente para formar a matéria: seco e úmido, quente e frio. Cada elemento dos quadrantes reúne em si estes fenômenos: seco e quente = fogo, seco e frio = ar, úmido e quente = terra, úmido e frio = água. Cada Guardião reúne em si tais atributos e são por estes elementos simbolizados.
Nos tempos modernos, se descobriu que a matéria é formada por quatro partículas básicas: leptons, mesons, barions e quarks. Depois, se descobriu que a vida orgânica é formada pela ligação de quatro ácidos desoxirribunocleicos: adenina , timina , guanina , citosina.
Na cerimônia Wica, ao se evocar os quadrantes e seus Guardiões não se está evocando apenas os elementos da natureza, mas ativando a construção da matéria e da vida. Como cada quadrante é uma expressão da realidade mais imediata, a posição destes no círculo cerimonial depende da manifestação destes elementos naturais no local.
No original, que veio da Grã-Bretanha, o norte é consagrado ao elemento terra; o leste é consagrado ao elemento ar; o sul é consagrado ao elemento fogo e o oeste é consagrado ao elemento água porque esta era a posição que cada Guardião resguarda para formar este local.
Para um pagão ou wiccano brasileiro, o elemento água se posiciona dominantemente a leste; o elemento ar se posiciona dominantemente no sul; o elemento terra se posiciona dominantemente no oeste e elemento fogo se posiciona dominantemente no norte.
A pergunta mais pertinente vindo de um curioso é: se a posição dos quadrantes dependem da manifestação da natureza local, os pagãos e wiccanos brasileiros não deviam invocar um Deus e uma Deusa mais identificado com a natureza de nosso país?
A resposta mais óbvia é não. Os Deuses e Deusas dos aborígenes que vivem no Brasil pertencem a um conjunto religioso diferente, com mitos e cerimônias diferentes. Não basta que os Deuses e Deusas possuam símbolos ou manifestações parecidas, a base de toda religião e cerimônia é o mito.
A Wica é uma estrutura precisa e definida de práticas de uma forma de Paganismo originado da Europa. Com isso, não se procura desentronizar os Deuses e Deusas locais, ou em europeizar os credos locais, mas em celebrar nossa ligação com o sagrado, através da natureza, com um Deus e uma Deusa específica. Uma vez que os praticantes de Paganismo e Wica no Brasil são descendentes de Europeus, nossa adoração e ancestralidade está com o Deus e a Deusa da Wica.
Embora a estrutura do credo dos aborígenes brasileiros utilize da natureza para adorar os Deuses e Deusas de seus ancestrais, usar desses nomes ou de qualquer outro nome de Deuses e Deusas, de outras estruturas de credo, é inconveniente, devido à incompatibilidade cultural e mítica entre esses Deuses e Deusas.
A Wica é uma religião flexível, aberta e humana. Mas possui mitos, cerimônias, Guardiões e Deuses específicos, ainda que, na prática, a liturgia pareça moldável.
Evoe, Guardiões das Torres!
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