segunda-feira, 1 de maio de 2023

Cultura e moral

Ulysses Ferraz escreveu no jornal GGN o artigo com o título "A cultura nem sempre tem razão".

Mal começo, pois falamos de duas instâncias: cultura e razão. Eu espero não estar sendo redundante por dizer que aquilo que se conceitua como razão é produzido pela cultura.

Continuando a leitura, eu detector a possível preocupação dele. O relativismo cultural. Mais especificamente as questões morais.

Eu realmente tenho que ser redundante e apontar que as questões morais são assim definidas e endereçadas pela cultura produzida por uma determinada sociedade, incrustada em um determinado espaço-tempo.

Paradoxalmente ele diz que o relativismo cultural é ruim porque, mediante essa postura, não se pode criticar hábitos e costumes. Então ele está pressupondo que existe um modelo fixo e universal para que algo seja considerado correto. Ainda que esse modelo e padrão sejam igualmente produtos de uma cultura.

A cultura não é a palavra final em termos de moralidade, portanto, torna-se incabível tomar uma visão, um produto desta, como sendo um modelo fixo e universal.

Exatamente por não ser possível estabelecer um modelo é que existe a possibilidade de se criticar os hábitos e costumes de uma cultura. Mas isso não concede nem pode servir de base para eleger um modelo. Hábitos e costumes não são objetos industrializados, feitos conforme um molde.
Os países europeus praticaram genocídio e aculturamento de diversos povos na colonização tendo como base que seus padrões morais eram os ideais e os corretos.

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