O Reino dos Seres do Inferno: Naraka/gati/Jigokudõ.
O Inferno dos budistas é tão ruim quanto o que estamos habituados a ouvir nas religiões cristãs. São experiências muito intensas que sofremos na forma física como humanos: fome, sede e dor.
É o mais baixo e desprezível reino. As descrições falam de planícies e montanhas de ferro em fogo, atravessadas por rios de metais em fusão. O calor é sufocante o céu está sempre em brasa e ali todos sofrem diversos tipos de torturas. Pelo que dizem os textos, o sofrimento desses mundos é verdadeiramente inconcebível para nós.
No inferno frio, a paisagem é apenas neve, gelo e desolação. O frio é tão intenso que só se avista neve e gelo. Nesses infernos recaem os seres violentos que não aceitam a ponderação e o acordo. Seja como for que se manifestem, o verdadeiro obstáculo que permanece é a intensa raiva que eles experienciam. Só transcendendo este fator que será possível limpar seu karma e avançar para o próximo reino do Samsara.
O Reino dos Espíritos/Fantasmas Famintos: Preta-gati/Gakidõ.
O reino dos espíritos famintos tem como característica principal uma grande ânsia, que parece nunca ser satisfeita.
Este reino não suporta prazeres viscerais ou sensações reconfortantes. Em vez disso, a paisagem é um vazio de qualquer nutrição; nenhum alimento ou bebida, e nenhuma roupa ou calor e frio. Suas figuras representam os seus vícios ao invés das necessidades mundanas e seu estado necessário para transcender é o desapego.
O Reino Animal: Tiryagyoni-gati/Chikushōdō.
O reino animal lida com a sobrevivência e brutalidade, mas também contém certas regalias que os seres de luz ou os seres humanos não seriam capazes de desfrutar, como voar como uma ave ou nadar como um peixe, e toda a multiplicidade de outras maravilhas que a primavera do mundo animal contém. Este reino é dominado pelo torpor e pela falta de iniciativa, pela ausência de sentido de humor e de inteligência criativa. Sua condição é considerada inferior por não possuírem a liberdade para decidir que tipo de comportamento deve ser adotado em cada situação específica.
Na visão tradicional Budista, esse reino é um pouco mais áspero. Os nascidos no reino dos animais são vistos como pagadores pelos pecados do passado e dentro deste dogma, se pode transgredir e ser jogado de volta para os reinos anteriores mesmo pensando que os tinham ‘concluído’. O pagamento normalmente vem com o nascimento, por exemplo, como gado vivendo uma vida esgotante puxando carrinhos, sendo chicoteado e em geral, são maltratados. Como animais funcionam principalmente por instinto, eles são incapazes de gerar um bom karma e podem ficar presos neste ciclo por centenas de milhares de anos terrestres. É daí também que a visão vegetariana do Budismo vem – a compreensão de que há uma alma ali, um ser – foi espalhado por Buda em forma de protesto à matança prevalecente e os sacrifícios populares de animais. Sua única esperança é de que um ser humano pode mostrar-lhes amor e compaixão como um animal de estimação, ajudando-os a sentir o início da próxima fase; o humano.
O Reino dos Seres Humanos: Manusya-gati/Nindō.
O reino humano, embora não seja o ‘maior’ reino, é o mais cobiçado, é aqui que se têm mais probabilidade de alcançar a iluminação. Tendo quantidades iguais de sofrimento e de felicidade, o ser humano atinge o equilíbrio e o incentivo necessário para tentar sair do atoleiro do karma. Com a aptidão dos animais e com o aspecto negativo do desejo, nós temos dentro de nós mesmos os ingredientes para reconhecer o ciclo de samsara e pará-lo em suas trilhas para o bem. Como todos os arquetípicos da psique humana, o ser humano é um perfeito Ying Yang, a bondade e a maldade, com a luz e a sombra em medições iguais.
A condição humana, embora privilegiada no ciclo dos renascimentos, possui muitas vicissitudes, desilusões e sofrimentos intensos e variados. A humana é a primeira das existências dos reinos superiores, esse nível é o único dotado das condições necessárias para o progresso espiritual. Porém, estar no reino humano não garante esse progresso. O valor da vida humana é variável e apenas uns poucos se situam no patamar possível ao desenvolvimento espiritual. Renascer como humano, é quase um milagre, por isso não podemos nos dar ao luxo de não praticarmos. Dizem os sutras que a vida humana é considerada preciosa, quando não está sob o domínio das ações, atos e pensamentos.
Segundo o budismo, o reino humano é afetado por nossas decisões passadas e ainda é capaz de mudar facilmente o futuro com as nossas decisões presentes.
O Reino dos Semi-Deuses: Asura-gati/Ashuradō.
Os Asuras são Semideuses comprometidos com ciúmes e não são, ao contrário dos deuses gregos do Partenon, o bem e o mal. Estes semideuses parecem gostar de pensar que eles são divinos, mas, depois de ter transcendido o desejo do reino humano, ainda de alguma forma, têm o ego humano ainda firmemente enraizado. Eles são seres humanos em forma de Deus, mas ainda não são seres celestiais. E são totalmente bêbados pelo poder. O resultado de ações positivas realizadas com alguma inveja ou com um sentido de competição, condiciona o “nascer” no mundo dos semi-deuses.
É relatado que no mundo dos semi-deuses, existe uma árvore gigantesca cujos frutos só podem ser colhidos pelos deuses, que habitam um reino acima. Achando que os frutos da árvore deveriam ser seus, os semi-deuses sentem inveja dos deuses. Infelizmente para eles, o karma dos deuses é superior e os semi-deuses sofrem por não poderem se satisfazer com os frutos da tal árvore. Os semi-deuses vivem num estado muito alegre e feliz, mas como ainda possuem o sentimento da inveja e da competição não se espiritualizam porque estão imersos em facilidades e felicidades, deste modo, esgotado suas reservas karmicas renascem em outro reino – dizem os sutras.
O Reino Divino: Deva-gati/Tendō.
Recompensado com prazer ou felicidade intensa, eles reinam sobre os reinos celestiais e vive em esplendor, talvez ilusoriamente, já que tantas vezes eles esquecem o ponto principal de sua existência e desaparecem no nada, não tendo completado sua meta. Juntamente aos aspectos negativos dos Deuses, está o Orgulho. Enriquecido pela devoção mundana e à grandes e amáveis atos, eles também persistem em ver a distinção, tentando ser mais elevados que a criação.
Você pode imaginar os deuses como seres perfeitos que foram confiados com grande poder, mas ainda ainda estão lutando contra sua falta de humildade e compreensão de que não existem fronteiras entre nós. Eles ainda batalham para compreender seu mal-entendido sobre a ilusão de poder e a verdadeira lição que encontra-se dentro como uma ostra na areia. Os deuses do nível da forma e sem forma são seres que, como resultado de sua herança karmica, advinda de práticas espirituais avançadas, nascem em níveis de existência superiores e usufruem de experiências muito profundas, durante um período de tempo muito longo.
Não se trata do reino de Deus, descrito em outras religiões. No mundo sutil, eles ajudam os seres humanos em dificuldades, mas são benefícios condicionados, e não do tipo que produz libertação. Esse reino é o que os seres humanos buscam em seus sonhos. Vivemos almejando, trabalhando ou sonhando chegar lá.
Segundo os textos, karma extremamente positivo, combinado com quase nenhum karma negativo, condiciona o nascimento nesse reino. É importante ressaltar que todos os reinos, desde os mais miseráveis até os mais felizes, estão sob o controle do desejo. Os seres no nível sem forma não experimentam nenhum sofrimento e não possuem desejos. Existem em forma sutil e suas mentes tem acesso a absorção do espaço infinito, absorção da consciência infinita e absorção do nada, mas tendo esgotado seu karma positivo, podem renascer em outros níveis. Para que não haja mais renascimento, devem se transformar na sabedoria primordial, pois ainda se encontram presos a roda do samsara, como não tem o poder de permanecerem nesse estado “ad eternun” ainda sofrem com isso.
Fonte: https://www.oversodoinverso.com.br/os-seis-reinos-do-samsara/
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