Não é de hoje, mas desde a Idade Moderna, a Igreja e seus acólitos tem feito um verdadeiro revisionismo histórico para explicar, justificar, encobrir ou negar os inúmeros crimes cometidos em nome do Deus Cristão.
O exemplo mais recente foi a reação contra o filme "Ágora" onde se conta [nos moldes da sétima arte, ou seja, não espere exatidão histórica] a história de Hipátia e de seu assassinato e a destruição do Serapeu de Alexandria e de sua biblioteca.
Vejamos a reação [traduzida no blog Sentir com a Igreja]:
"Acabei de ver o novo filme Ágora , que é uma recontagem da história de Hipátia, a brilhante mulher filósofa de Alexandria que foi morta, supostamente, por uma multidão de "cristãos", no ano 415."
"[...]de fato Hipátia foi uma filósofa e de fato foi morta por uma multidão em 415, mas praticamente tudo o mais sobre a história que Gibbon, Sagan e Amenabar dizem é falso.
A biblioteca de Alexandria foi queimada até o chão, não por uma turba cristã no século V, mas pelas tropas de Júlio César, cerca de quarenta anos antes de Jesus nascer."
FATO HISTÓRICO:
"Esta teoria está hoje abandonada. Na altura em que César mandou incendiar os navios do porto, terão ardido simplesmente mercadorias, armazéns, e pacotes de livros que estavam no cais para serem transportados para Roma.
A Biblioteca e o Museu terão sido realmente incendiados, juntamente com o Bruquion, em 273 da era cristã, na época do imperador Aureliano, durante a guerra com a princesa Zenóbia. Depois deste acontecimento, a biblioteca foi reconstruída num Museu mais uma vez renovado.
Em 642 d.C., data em que os árabes ocuparam a cidade, não é possível dizer se a Biblioteca e o Museu ainda existiam na sua forma clássica. Pensa-se que terá sido nesta época que os livros da biblioteca terão sido destruídos."[1]
"Um templo ao deus Serápis, chamado Sarapião, foi construído no local da antiga biblioteca (e pode ter havido alguns pergaminhos nele no século V), e foi este edifício que foi destruído por um grupo de cristãos enfurecidos na época de Hipátia, em resposta às contaminações pagãs de casas de culto cristão."
FATO HISTÓRICO:
"O reinado de Teodósio marca o auge de um processo de transformação do Cristianismo, que efetivamente se torna a religião oficial do estado. Em 391, atendendo pedido do então Patriarca de Alexandria, Teófilo, ele autorizou a destruição do Templo de Serápis[...]"[2]
"Em 391 d.C., o famoso templo de Serápis (ornamentado com mármores, ouro e alabastro de primeira qualidade) que também possuía uma biblioteca, foi destruído a mando do Patriarca cristão Teófilo que dirigiu um ataque aos templos pagãos. Todo o bairro onde se situava o templo, Rhaotis, foi então incendiado."[1]
Ou seja, o templo de Serápis e demais templos pagãos estavam em seu lugar de origem. Os templos invasores e estrangeiros eram os dos cristãos.
"Não só havia cristãos nas aulas de Hipátia, não só havia bispos cristãos entre seu círculo de amigos, mas havia também teólogos cristãos - Agostinho, Ambrósio e Orígenes, só para citar os mais proeminentes - e eles eram entusiastas defensores do neo-platonismo."
Fontes, por favor? A existência de "amigos cristãos" não explica nem desculpa a violência. Aliás, onde estavam estes "amigos"? Cristãos são amigos da onça. Curiosamente os cristãos chegam a negar que o neoplatonismo influenciou a filosofia doutrinária da Igreja, quando os lembro que o neoplatonismo era pagão. O que me faz lembrar da constante atenção seletiva com que os cristãos que aqui comentam, sempre se valendo de autores, livros e textos escandalosamente pró-Igreja.
Caros diletos e eventuais leitores, lamento, mas este blog e seu autor dará preferência a autores, livros e textos, se não pró-pagão, ao menos que sejam pró-verdade.
Fontes:
[1]: Instituição de Educação de Lisboa
[2]: Wikipédia
Texto resgatado com Wayback Machine.
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