Uma atéia em missão de paz. É assim que Rebecca Goldstein, doutora em filosofia pela Universidade de Princeton e pesquisadora na área de psicologia em Harvard (EUA), se posiciona nas discussões, sempre acaloradas, entre ateus e religiosos.
Em seu novo livro, 36 Argumentos Para a Existência de Deus (Companhia das Letras, tradução de George Schlesinger, 536 páginas, 59 reais), Rebecca faz uma crítica ao radicalismo de ambos os lados. E um convite à conciliação. "Ateus têm que deixar o pedantismo de lado e parar de dizer como os religiosos devem pensar", diz ao site de VEJA. "E religiosos têm que parar de pensar que ateus são imorais e não sabem a diferença entre o bem e o mal."
Mistura de romance, ensaio filosófico e divulgação científica, 36 Argumentos... é uma saborosa provocação - para crentes e descrentes - dividida em duas partes. Na primeira, conta a história do "ateu com alma" Cass Seltzer, um psicólogo subitamente famoso por causa de um livro em que refuta... 36 argumentos sobre a existência de Deus. Ao final da aventura de Seltzer, que inclui experiências transcendentais, um apêndice reúne os 36 argumentos e os desmonta, um a um, com base em razões da biologia, astronomia, geologia, matemática, filosofia...
A tensão entre a parte ficcional e os argumentos científicos faz de 36 Argumentos... uma divertida cilada para fanáticos de ambos os lados. "Incluí os aspectos emocionais da discussão filosófica no formato de romance para servir de contraste ao apêndice", diz Rebecca. "Ao final de tudo, uma nova visão pode emergir do encontro entre esses dois lados antagônicos."
Fonte: Veja (original perdido).
Entretanto, com um pouco de contradição, a autora afirma não acreditar nesse Deus mas diz que gosta da definição de Deus como "a natureza", vinda do filósofo holandês Spinoza. Para ele, Deus e a natureza – o próprio universo – são a mesma coisa e aceita experiências transcendentais.
Ter experiências transcendentais para a autora é como ser um 'ateu com alma'. Ela parece admitir que existe algo além do que é comprovável, mas que a ciência não pode explicar.
é algo que o mundo secular não consegue traduzir ainda. Mas isso é porque o idioma religioso está pronto. A humanidade está há milênios exercitando essa linguagem. Já a tradução secular dessas experiências ainda está sendo desenvolvida.
Goldstein admite que isso é mistério para ela "para explicar por que somos capazes de experimentar essas coisas grandiosas. é uma área misteriosa. Contudo, não acho que isso coloque o ateísmo em contradição".
Respondendo a questão sobre o que difere uma experiência transcendental entre um ateu e um religioso ela fala sobre uma 'personalidade filosófica'.
"Quando estamos lidando com questões que estão além de uma resposta definitiva, como a existência de Deus, então nossa 'personalidade filosófica entra em cena".
A autora conclui dizendo que acredita que haja um meio termo entre a posição dos ateus e dos religiosos. Segundo ela, quando tanto os ateus quanto os religiosos cessarem suas tentativas de impor a verdade uns para os outros, elas poderão ver que o modo como enxergam o mundo é muito semelhante.
Fonte: Christian Post (original perdido).
Texto resgatado com Wayback Machine.
Postado originalmente em 14/08/2011.
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