Os cristãos [católicos e evangélicos] são criaturas divertidas. Frequentemente sustentam opiniões fortemente influenciadas pela doutrina. A questão do aborto, por exemplo. Eu encontrei essas "perguntas", como se os cristãos estivessem realmente interessados nas respostas ou em algum debate. Não se engane, caro dileto e eventual leitor. Os cristãos não estão querendo saber de respostas [estas são fornecidas por suas instituições religiosas] nem estão interessados em debater questões. Todo discurso, texto, artigo ou pesquisa "científica" que divulgam serve com o único propósito de afirmar suas posições arrogantes, arbitrárias e prepotentes.
Vamos às perguntas, com respostas dadas por este vosso humilde escritor:
- Do que deveríamos chamar aquele que ainda não nasceu e está no útero?
Depende. Se o senhor se dispusesse a ter um conhecimento, ainda que básico, sobre embriologia, saberia que existem diversas fases.
- Se aquela entidade é um ser vivente, não é uma vida?
Uma bactéria também é um ser vivente. O senhor por acaso deixaria de tomar antibióticos?
- Se você é um ser humano e surgiu primeiramente como uma simples célula, como pode aquele óvulo fertilizado ser algo diferente de um ser humano, como pode não ser você?
Um câncer também surge de uma simples célula. Então remover o câncer seria suicídio?
- Não é mais correto dizer que você era um embrião, em vez de dizer que simplesmente veio de um embrião?
Não, pois um embrião não é uma pessoa, a menos que o senhor tenha sérios problemas psicológicos.
- Então quando é que um ser humano passa a ter o direito de viver?
Pergunta capciosa, vindo de uma instituição que matou centenas de pessoas adultas inocentes. De acordo com a medicina e a neurologia um “ser humano” tem “direito de viver” a partir da presença de sinais sinápticos.
- Devemos dizer que o tamanho de um ser humano é o que importa?
Tamanho não importa, desde que seja um ser humano, uma pessoa, o que um embrião não é.
- Por que um feto é pequeno demais para merecer nossa proteção?
Por que um feto deve merecer mais nossa proteção do que as crianças carentes?
- Pessoas grandes valem mais do que pessoas pequenas?
O valor de uma pessoa é sua humanidade, um embrião não é uma pessoa.
- Homens são mais humanos do que mulheres ou vice-versa?
Humanos são humanos. Inclusive as mulheres vítimas de estupro. Os defensores pró-vida deveriam pensar nisso.
- Um jogador de basquete grandão tem mais direito à vida do que um pequenino jóquei?
São várias perguntas sobre “pessoas pequenas”. Seria isto um ato falho de uma instituição que acoberta pedófilos?
- Uma vida num útero não pode ser levada em conta simplesmente porque você não pode segurá-la em seus braços, ou colocá-la em suas mãos, ou vê-la em uma tela?
Repetido. Vide pergunta #1
- Desenvolvimento intelectual e capacidade mental deveriam se tornar a medida de nossa dignidade?
Não, mas a presença de sinais sinápticos e cérebro ajudam muito a distinguir um ser humano de um vegetal.
- Seres humanos com três anos de idade valem menos que outros de trinta anos de idade?
A idade é irrelevante, mas primeiro devemos ter certeza de que é um ser humano, uma pessoa. Um embrião não é uma pessoa.
- Um feto vale menos do que um ser humano formado porque não pode falar, contar ou ter consciência própria?
Definição errada. A questão não é de “valor”, mas se é um ser humano.
- Um bebê brincando no berço tem de sorrir, ou acenar com a mão, ou recitar o alfabeto antes de merecer mais um dia de vida?
Centenas de pessoas adultas não mereceram sequer um dia a mais de vida simplesmente por ter uma crença diferente da imposta pela Igreja.
- Se uma expressão de acuidade mental básica é necessária para se ter o direito de ser um membro da comunidade humana, o que deveríamos fazer com pessoas em estado de coma, pessoas muito idosas, ou a mamãe de cinquenta anos com Alzheimer?
Situações diferentes, questões diferentes. Nos casos citados, falamos de pessoas, seres humanos que, por circunstâncias diversas, tiveram diminuição ou perda da capacidade cognitiva. Em um embrião este sistema ainda está em formação, portanto incabível a comparação.
- E o que dizer de todos nós quando dormimos?
Se o senhor não sabe a diferença entre uma pessoa que dorme e um embrião, um feto, não é de se admirar que o senhor defenda quimeras.
- Deveríamos negar o direito de viver de um feto apenas pelo lugar onde vive?
A Igreja negou o direito de viver de centenas de pessoas adultas apenas pela crença que tinham. O “direito de viver” é garantido a uma pessoa, um ser humano. Um embrião não é uma pessoa.
- O meio onde vivemos pode nos dar ou retirar algum valor da nossa vida?
Diversas premissas misturadas. A vida de um ser humano tem valor independente do meio em que vive. Um embrião não é uma pessoa. O ventre não é um “meio”, no sentido de ambiente, mas um invólucro.
- Valemos menos do lado de dentro do que do lado de fora do útero?
O útero é um involucro. Seu conteúdo é um embrião. Um embrião não é uma pessoa.
- Podemos simplesmente ser mortos quando estamos nadando debaixo d’água?
Isso pode acontecer por diversas razões. Ainda assim, estamos falando de pessoas. Um embrião não é uma pessoa.
- O lugar onde estamos determina quem somos e o quanto vale nossa vida?
Somos o que somos e isso não é determinado pelo lugar onde estamos, mas é necessário ser um “lugar”, não um invólucro e é necessário ser uma pessoa. O útero é um invólucro, não um “lugar”. Um embrião não é uma pessoa.
- Então uma travessia de vinte centímetros no momento do parto nos torna humanos?
Não, a presença de sinais sinápticos nos torna humanos, segundo a medicina.
- Essa mudança de cenário transforma “coisas” em pessoas?
Não dá pra transformar um embrião, um feto, em pessoa, a partir da concepção.
- O amor é condicionado pela localização?
O amor é incondicional. A Igreja devia saber disso ao invés de condenar a homossexualidade.
- Deveríamos reservar a dignidade humana apenas para aqueles que não são dependentes de outros?
A dignidade humana está vinculada a um ser humano. Um embrião não é uma pessoa, um ser humano.
- Apenas merecemos viver quando podemos viver por conta própria?
Todas as pessoas, seres humanos, merecem viver, até mesmo aqueles que professam crenças diferentes da Igreja. Um embrião não é uma pessoa.
- Um feto de quatro meses é inferior a um ser humano porque precisa de sua mãe para viver?
Definição errada. A questão não é de inferioridade ou superioridade, mas se ali se encontra um ser humano.
- Uma criança de quatro meses é inferior a um ser humano quando ainda precisa de sua mãe para viver?
Definição errada. A idade é irrelevante, desde que estejamos lidando com seres humanos, pessoas. Um embrião não é uma pessoa.
- E se você precisar de uma diálise, ou insulina, ou um aparelho respiratório, tornou-se um ser humano inferior ou sua vida perdeu dignidade?
Diversas premissas misturadas. Nos casos citados, falamos de pessoas, seres humanos que, por circunstâncias diversas, tiveram seu metabolismo prejudicado. Em um embrião este sistema ainda está em formação, portanto incabível a comparação.
- A dignidade é fruto do pleno funcionamento das nossas capacidades vitais?
A dignidade pertence ao ser humano, pessoa. Um embrião não é uma pessoa.
- A independência é um pré-requisito para nos identificar como seres humanos?
Não, a presença de sinais sinápticos é um pré-requisito para nos considerarmos seres humanos.
- Somos valiosos apenas quando podemos pensar, realizar tarefas, ou fazer as coisas por conta própria?
O valor de uma pessoa, um ser humano, independe de sua capacidade cognitiva. Um embrião ainda não possui sequer sistema nervoso central ou cérebro, portanto, incapaz de qualquer cognição.
- Se a vida de um feto é vida humana, o que justifica arrancá-la fora?
O problema está no “se”. A Igreja quer que seja. Mas a biologia, a embriologia e a medicina dizem outra coisa. Crença não deve servir de base de argumento.
- Seria justo tirar a vida de seu filho no aniversário de um ano porque ele veio à vida por meio de circunstâncias tristes e trágicas?
Não foi Javé quem mandou passar a fio de espada mulheres e crianças [1 Samuel 22:19, Josué 6:21, Juízes 21:10, 2 Reis 8:12] ? Um filho é bem diferente de um embrião.
- Você jogaria sua filhinha de um ano e seis meses no meio dos carros em tráfego porque ela tornou nossa vida difícil?
Você acataria as ordens de uma instituição que acoberta pedófilos?
- Uma criança de três anos de idade merece morrer porque pensamos que merecemos uma escolha?
Uma criança é um ser humano. Um embrião não é uma pessoa. Uma grávida tem o direito e o médico tem o dever de proceder ao aborto nos casos definidos por lei.
- O que você merece agora?
Eu mereço um prêmio por aguentar perguntas tão imbecis.
- Quais são seus direitos como ser humano?
Leia a Constituição Federal Brasileira e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
- Você tinha esses mesmos direitos há cinco anos?
Incoerente. As leis são feitas para pessoas, seres humanos, não para embriões.
- E quando você era um adolescente e nem podia dirigir?
Incoerente. Faixa etária e leis de transito são questões discutíveis entre pessoas.
- E naquele tempo em que sua bicicleta tinha rodinhas de apoio?
Incoerente. Crianças usam rodinhas de apoio para aprender a usar bicicleta.
- Você era menos do que um ser plenamente humano quando brincava com terra?
Incoerente. Crianças brincam com várias coisas, mas são crianças, seres humanos, pessoas. Um embrião não é uma pessoa.
- E quando você usava babador?
Incoerente. Bebês babam porque não tem domínio de seu corpo. Mas não são embriões nem fetos..
- E quando ainda mamava?
Incoerente. Bebês são amamentados em toda espécie mamífera. Mas não são embriões nem fetos.
- E quando cortaram seu cordão umbilical?
Ato cirúrgico normal de um parto, caso o senhor não saiba. No parto, não se fala mais em “embrião”, nem em “feto”, mas em bebê.
- E quando você boiava no liquido amniótico e chutava aquela parede elástica?
Depende do estágio. Se “eu” não tinha sinais sinápticos, não havia um “eu”.
- E quando seu coração bateu pela primeira vez no monitor?
O senhor pode ter certeza de que eu não podia ver.
- E quando cresceram suas primeiras unhas?
Muitas coisas crescem e se desenvolvem em um embrião, um feto e nem por isso pode se afirmar que ali há um ser humano.
- E quando se desenvolveram suas primeiras células?
Ato normal da gestação. O problema é que, para a Igreja, existe um ser humano a partir da concepção. Um absurdo que não encontra respaldo na biologia, na embriologia e na medicina.
- Do que deveríamos chamar a criança no útero?
Depende da fase. O senhor devia se informar.
- Um feto?
Depende da fase. O senhor devia se informar.
- Um mistério?
Mistério é entender essa confusa mistura de doutrina e pseudo-ciência que fazem os defensores pró-vida.
- Um erro?
Erro é deixar uma instituição religiosa se imiscuir em assuntos médicos.
- Uma questão ideológica controversa?
Eu diria questão doutrinária, visto que a Igreja tenta impor sua doutrina.
- E se a ciência, as Escrituras e o consenso chamarem-na de pessoa?
Eu aceito com reservas as descobertas da ciência. Eu não aceito os ditames das Escrituras. O consenso é burro.
- E se um feto, o bebê desastrado, a criança inocente, o adolescente indisciplinado, o calouro universitário, a noiva maquiada, a mãe de primeira viagem, a mulher trabalhadora, a vovó orgulhosa, e o velho amigo esclerosado não diferirem em tipo, mas apenas em tempo?
Definição errada. A questão não é “tempo”, mas humanidade.
- Onde na evolução a humanidade começa e termina?
De acordo com a medicina e a neurologia, quando existe a presença de sinais sinápticos.
- Quando a vida passa a ter valor?
Incompleto. Não há uma definição do que se considera “vida”. Valor é algo que seres humanos atribuem a algo ou alguém.
- Quando começamos a valer alguma coisa?
Incoerente. Valor é algo que seres humanos atribuem a algo ou alguém.
- Quando os direitos humanos se tornam nossos direitos?
O próprio nome diz: direitos humanos. A presença de um ser humano, uma pessoa, é fundamental. Um embrião, um feto, não é uma pessoa.
- E se Dr. Seuss estiver certo e uma pessoa for uma pessoa, sem importar o tamanho que tenha?
Dr Seuss é um personagem fictício. Não é um médico. Definição erada. A questão não é tamanho e sim se há uma pessoa.
- Por que celebrar o direito de matar o que você foi um dia?
Não se trata de “celebração”, mas de um procedimento médico necessário, em casos definidos por lei. Ali o que há é um amontoado de células, um embrião, um feto, não é uma pessoa. Este amontoado de células tem tanto “direito de viver” quanto um tumor cancerígeno. Os cristãos celebram constantemente em suas missas a morte do Cristo e se escandalizam por procedimentos médicos necessários simplesmente por que cismaram de que um embrião é uma pessoa.
- Por que negar os direitos do pequenino que é o que você é?
Um embrião não é uma pessoa. Não tem direitos.
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