domingo, 15 de abril de 2012

Os esqueletos no armário

Alguns dias atrás eu conversava com minha amada e adorada sacerdotisa em como recentemente eu tenho visto as pessoas levantarem as bandeiras acima das razões.
As notícias estão rondando quanto a não punição [o que é bem diferente de legalizar] do aborto em caso de anencefalia. Da mesma forma que a questão quanto ao reconhecimento dos direitos constitucionais da população LGBT e a reação de grupos fundamentalistas cristãos. Existe a questão da criminalização da homofobia, que resvala na liberdade de expressão e opinião, na liberdade religiosa. Nestes dois casos eu vejo uma repetição desse comportamento de levantar bandeiras acima da razão.
Recentemente o cidadão brasileiro, cristão ou não, descansou no feriado da Sexta Santa, uma festa religiosa que inconvenientemente lembra que nosso Estado está longe de ser laico e que isto não será conquistado retirando os crucifixos das repartições públicas. Mas a militância dos ateus, curiosamente, está colocando esta bandeira acima da razão. As campanhas dos ateus são engraçadas, divertidas, humoradas. Menos quando cometem o "pecado" da redução, da generalização, quando pressupõem que as falhas cometidas pela Igreja são falhas cometidas por todas as religiões.
Na atenção seletiva dos ateus, apenas aquilo que é "racional", "lógico", "comprovado científicamente", "sustentado por evidências" é bom, é certo. Tudo que vem da Ciência, da Razão, da Lógica só pode ser algo "civilizado" e [como nossos vizinhos cristãos] tudo que discorde deve ser banido, censurado, destruído. Religião é sinônimo de superstição, de ignorância, de atraso, de intolerância, de preconceito, de incultura.
Como nossos vizinhos cristãos, apregoam que a humanidade teria um futuro melhor se fosse regido pela ciência.
Eu vou pular as evidências históricas que mostram que tudo aquilo que conhecemos de básico de matemática, geometria, engenharia, química e tecnologia foi invenção dos povos antigos [babilônios, persas, gregos, romanos...pagãos!] e vou pular que tudo aquilo que conhecemos como "cultura" em nossos dias, como artes, poesia e música, existe desde nossos primórdios graças à inspiração das Musas e vou lembrar aos meus vizinhos ateus que a Ciência também tem seus esqueletos no armário.
A história da ciência tem cenas nada recomendáveis ao público. E eu nem estou falando do incômodo vínculo de cientistas com o III Reich, ou da existência de tecnologia militar, como a bomba atômica, esse produto científico que permite a evaporação, erradicação e esterilização instantânea de milhares de pessoas. Eu estou falando de fraudes, de obscurantismo, de intimidação aos moldes da Máfia.
Qual seriam as possibilidades de futuro em nosso mundo sem a religião, regido pela ciência? Eu tenho algumas idéias. Poderíamos ter algo como "Admirável Mundo Novo", descrito por Aldous Huxley, ou então algo como "1984", descrito por Orson Welles, ou então algo como "Fuga de New York", ou "Mad Max", para algumas referências cinéfilas.
Que os Deuses nos livrem dessa utopia asséptica. Nós somos humanos, não vulcanianos.

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