segunda-feira, 17 de abril de 2017

Em busca das relíquias

Saturno estava na beira do grande lago que se formava onde antes era a Cidade dos Deuses. Quando Ninmag apareceu nos céus, os sentimentos de Saturno estavam divididos, ele não sabia se ficava desesperado ou extasiado. Esses sentimentos não estavam dirigidos a Anu a quem se poderia supor que Saturno tivesse lealdade e companheirismo. A parceria era uma necessidade, uma ferramenta, uma situação tolerável, para os objetivos e sonhos que Saturno tinha. A tensão entre desespero e êxtase era acusado porque Saturno temia pelo seu couro. O porte e o poder de Ninmag o impressionou.

Com o arremate da luta, Saturno vê o reino e o poder de Anu afundar em um torvelinho. A sensação era a de perder o lar familiar, o de ser órfão, mas enquanto a Cidade dos Deuses era engolida pelo grande lago que se formava, muitos planos tomaram o lugar dos sentimentos. Nisto Saturno tinha muito em comum com Anu, sua personalidade violenta era apenas comparável com sua ganância. E Saturno queria tornar a sua Albion tão grande e tão gloriosa, senão maior, que a Cidade dos Deuses. Nestes sonhos mirabolantes ele via a necessidade de se resgatar a coroa, a espada e a armadura de Anu. Com isso em mãos, os outros Deuses se ajoelhariam diante dele e as outras colônias seriam suas vassalas.

Fazer planos é uma coisa, realizá-los é outra. Saturno conhecia o poder de Ninmag sobre as águas. A Deusa havia caído junto com Anu. E se seu poder submergiu junto dela ou haveria mais algum Deus ou Deusa que conhecesse o segredo, não era de conhecimento de Saturno. Ele teria que apelar a Deuses e Deusas mais velhos que pudessem orientá-lo. Por mais doloroso que fosse, Saturno teria de ir até Urânia, sua mãe. Não pela distância, não pela dificuldade, mas pela carga emocional e feridas que seriam revividas.

Por um capricho do Destino, Urânia foi buscar seu refúgio entre as sete colinas sagradas ao norte de Alba, onde os boatos contam que ela vivia como uma Lupina, uma família de Deuses menores. Para ir até lá, o único em quem Saturno poderia confiar era Cronos, seu filho bastardo e exilado. Pontus, seu irmão mais novo, inexperiente e irresponsável não se queixou ao ter de assumir a coroa. Saturno entrou na floresta e certamente deve ter nos notado, mas como Cronos não nos deu muita importância. Ele também sabia dos boatos de que ali habitava um Deus desconhecido, mas orgulhoso como era não se deu o trabalho de conhecê-lo.

As sete colinas sagradas era o último lugar onde os Deuses queriam estar. Ali existiam, perambulavam e habitavam diversos espíritos, entidades e divindades, locais e estrangeiras, com uma ligação muito física com a natureza e viviam de uma forma inaceitável para os padrões aristocráticos dos Deuses. Ver a altiva e antes poderosa Urânia, sua mãe, cercada de entes que faziam questão de se manifestar em formas tão revoltantemente carnais, não foi agradável. Ritos repugnantes viscerais, animais e selvagens ocorriam em diversas clareiras, e círculos marcados por pedras. Saturno sentiu que, em algum momento, ele teria que submeter estas entidades ou civilizá-las.

- Eu desejo falar com Urânia.

- Vinde adiante! Apresente-se! Mostre-se amistoso e visita-nos em paz e conforto, pois somos vosso igual.

- Não sou vosso igual, pois minha linhagem é pura e meu sangue das estrelas. Vós sois selvagens, eu sou civilizado. Vós sois Deuses menores.

- Menores? Quem é menor, nanico?

Um Deus em uma forma de um enorme urso negro aproxima-se de Saturno pronto para arrancar a cabeça dele.

- Basta Avvagdu! Este é Saturno, o meu filho amado. Diga-nos, grande Rei de Alba, o que deseja de nós?

- Salve Urânia, Rainha Excelsa do Firmamento, a Formosa Deusa Mãe…

- Basta! Nós não queremos ouvir mais estas fórmulas aristocráticas vazias e hipócritas. Diga-nos logo vosso desejo.

- Antes, nobre Urânia, saiba que Anu caiu.

- Aquele que almeja ser mais do que pode ser há de cair. Nós não estamos interessados em fofocas da corte e vós não vieste até aqui por compaixão a vosso rei. Diga-nos o vosso desejo.

- Nobre Urânia, ainda que tenha se afastado de vossa família, deveis saber que deve ter começado a corrida para o trono. O que eu desejo é recuperar as relíquias de Anu e clamar pelo trono.

- Tolo! Nós saímos da corte e vós quem ignora que o trono é concedido ao Deus que é consagrado como consorte pela Deusa Mãe! Ah, raça das estrelas! Por vossas origens vós vos considerais tão superiores, tão altivos! Esqueceram-se até das Leis do Universo! Vos custará caro tanta arrogância e presunção! Vossas conquistas serão vossas sentenças.

- Eu não temo o Destino! Eu vos imploro que me diga como reaver as relíquias de Anu.

- Apenas quem conhece o mistério das águas poderia do grande lago trazer à superfície o tesouro de Anu. Deveis procurar Ninmag.

- Nobre Urânia, Ninmag, a Senhora das Águas caiu com Anu.

- Isso é lastimável. Vós tereis ou que encontrar o báculo de Ninmag ou aprender a domar as águas com a Senhora dos Mares. Procureis pela Pithon, no santuário além da Hélade, a colônia de nosso irmão, Urano.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Heterogênese XII

Este é o Livro da Compreensão, melhor que o Livro do Esplendor, por que não ofusca ninguém. Melhor que o Livro da Criação, porque o criador é o Homem. Melhor que a Sagrada Bíblia, este Livro da Compreensão é a alma da Sagrada Crítica. Como o nome diz, o sagrado encontra-se em criticar, inclusive este texto e os dogmas de fé de toda religião. Por valorizar o Homem, sua mente, sua vontade, venerar sua alma, capaz de criar deuses, este livro deve encontrar uma boa receptividade e benção do raciocínio e da criatividade humana. Não determina os fins, oferece os meios. Continue cada leitor, em sua vida, a acrescentar e melhorar essa sabedoria, adicionando algo mais em si, por si, em seu nome, honra e glória, caro leitor.

Eu louvo o Universo e todas as formas de vida, da mais simples a mais complexa. Soube por bem o Universo fazer suas partículas construírem os seres e fazê-los evoluir. Quanto maior era seu grau de evolução, mais distintos eram, como a segunda obra de um artista que supera a anterior. Usando outras combinações, formando outros órgãos, acrescentando elementos aos poucos nas criaturas, a partir da mais elementar.enquanto mais distintos eram, mais frágil e arriscada era a vida dos seres, que logo precisavam unir-se os pares diferentes, para tornarem-se fortes e darem continuidade à espécie.

Os seres que, começavam a organizar grupos, também demonstravam um acréscimo de inteligência, para saberem como e de que forma poderiam sobreviver. Então, de tão distintos, logo seriam separados em macho e fêmea, seriam tão inteligentes, que sabiam que eram iguais e indispensáveis para unirem-se e gerar filhotes.

Então, os seres mais evoluídos iniciaram sua colonização pela terra, resultados das melhores obras do Universo, mais inteligentes e completamente distintos, a ponto que era impossível confundir o macho com a fêmea. Tão inteligentes, que pelo menos um dominaria a terra, pela inteligência e engenhosidade, não pela força. Todos os felinos, os répteis, os pássaros, os peixes, os símios, contavam com tribos formadas pelos seus descendentes mais evoluídos, capazes de raciocinar, produzir, armar-se e construir suas cidades.

Das tribos símias, originou-se a raça humana, que veio a dominar a terra sobre as outras. Embora não fossem os mais inteligentes e fortes, foram os únicos a sobreviver dentre as raças inteligentes, poucas outras sobreviveram. As raças que houveram, o Homem as aniquilou, mas é provável que ainda existam escondidas, em algum local do planeta. Isso foi há tanto tempo, que nem temos conta. Só são achados os restos mortais de homens pré-históricos, nenhum outro de outra raça evoluída. Ou os homens antigos, propositalmente, ocultaram a existência dessas raças, cujos sinais estão presentes nas imagens divinas; ou estas outras raças inteligentes souberam como ocultar os seus mortos e as suas existências.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Apostolado profano VI

Eu estava à toa, passeando pela praça central da cidade, junto a tantos outros humanos e pobres diabos, tentando sobreviver. Entretido, em pensar nas soluções dos tantos problemas que nos atingem todo dia. Nesses momentos, o nível de irritabilidade chega a ser neurótico, todos à sua volta parecem-se com formas anormais de humanóides. Num estado emocional destes, os poucos momentos que dispomos nos valem muito, não devem ser interrompidos ou perturbados, por qualquer motivo que seja.
Mas foi o que aconteceu, meu precioso tempo foi interrompido por um vulto, que ficava na minha frente a murmurar sons sem nexo. Neste momento, os demais sentidos estão todos anestesiados. Somente após meus nervos se acalmarem, é que eu pude visualizar e ouvir melhor, quem me detinha e com que propósito.
Pelo que falava, não parecia ser mais do que um dos milhares de crentes que povoam o centro da cidade, a querer converter as pessoas para a fé, pregando o evangelho. Mas visualmente era algo muito diferente, era uma magnífica mulher, na flor da beleza madura, morena, alta, esguia, com volumes perfeitos, tudo nos lugares certos e curvas harmônicas Uma mulher, como nunca eu havia visto na minha longa existência, um exemplar único, que mostra bem como tais criaturas são abençoadas pela natureza.
Pensei no desperdício, que a loucura na fé nesse deus retardado fez, ao privar do mundo da convivência com essa beleza. Uma injustiça, usar tais e tão fartos atributos em algo tão estéril e irracional. Logo decidi que devia fazer algo para recuperá-la a vida normal, eu tinha esse dever com o mundo e iria convertê-la de volta aos prazeres materiais.
Mas eu era um pobre diabo, enfeitiçado pela beleza dessa mulher. Como vergonha e sinceridade não são exatamente minhas qualidades, comecei a fingir de pecador arrependido, caindo de joelhos diante desta, clamando pela misericórdia divina:

-Oh, Senhor! Foi Tu, meu Deus, que enviaste este anjo para que eu pudesse me arrepender de meus pecados! Quão grande é Tua misericórdia, Senhor, mostrando sua magnificência para este pobre servo pecador! Amém! Aleluia!

-Calma, bom homem! Não sou um anjo de Deus, apenas uma servidora do Nosso Senhor, Todo Poderoso. Se o cavalheiro quiser, posso receber sua confissão e absolvê-lo em nome de Deus Pai Todo Poderoso, pois a misericórdia do Senhor é grande e a piedade, imensa. O seu arrependimento será ouvido por Ele, com certeza.


Abracei suas perfeitas e roliças pernas, encostando o lado do meu rosto no seu colo, sentindo o cheiro suave que seu sexo desprendia, imitando uma pessoa tomada por um grande fervor e arrependimento.

-Não me iluda. Eu sei que Deus Pai a mandou por misteriosos desígnios, para que eu pudesse expurgar todos os meus pecados, pagando penitência,fazendo oferendas e cultos ao grande e louvável Deus! Permita-me, anjo, quero me arrepender!

-Amigo, irmão, está muito emocionado! Eu sei que seu arrependimento é grande, mas tente se controlar, por favor!

Meu abraço já lhe causava arrepios e suores, que em sua inocência, não conseguia explicá-los e controlá-los. Não era o suficiente ainda, ela estar confusa e indecisa se evitava meu abraço, ou se o acolhia como forma de meu arrependimento. Eu queria mais, queria corrompê-la, abracei-a fortemente, levando seu colo de encontro ao meu nariz e minha boca, onde minha língua lasciva já se contorcia, querendo beber desta fonte. Minhas mãos, também inquietas, começaram a lhe entrar pelo tecido de sua saia, percorrendo lentamente a penugem que cobria sua pele, até chegar em suas coxas, bunda e calcinha, que iam sendo apalpados e explorados sofregamente.
A coitada, mais confusa e maravilhada pelas carícias que recebia, não conseguia mais me refutar. Visivelmente sentindo que lhe começava a aparecer o desejo e a excitação, ela pediu-me respeitosamente que parasse.


-Tome esse endereço. Lá eu o esperarei, para que se possa confessar melhor. Aqui na praça existem muitos curiosos e demônios, que fariam você cair em tentação novamente. Lá na igreja, estaremos seguros e mais perto de Deus.


Despediu-se com um sorriso e um aperto de mão. Permaneci alguns momentos, ainda de joelhos, tentando imaginar de que forma eu a envolveria em meus braços, para despertar-lhe o desejo natural e inalienável que todo ser tem.
Não tive sossego no resto do dia e muito menos de noite, tentando planejar cada detalhe da minha confissão, que eu utilizaria para converter esta delícia, ao mundo das perversões.
No belo dia marcado para nosso encontro, era difícil disfarçar o nervosismo e a excitação. Tinha de me controlar ou senão meu disfarce de pecador arrependido cairia, mais o disfarce de gente, imediatamente ela veria, pelos cornos e cauda, que eu sou um demônio.
Entrar numa igreja, para nós não é mais um empecilho, graças ao trabalho de conscientização no Inferno e a decadência no Paraíso. Ela estava no confessionário, esperando-me, com seu hábito sagrado e uma bíblia. Nada disso me amedrontava mais, nem significava algo para mim. Ela estava mais bela e atraente, naquela túnica sagrada e ar angelical.

-Aqui estou eu, meu anjo, para confessar meus pecados!

-Sente-se aqui perto de mim. Quero ouvir bem seus pecados.

-Minha adorada. O meu pecado é desejar possuir carnalmente uma servidora de Deus. Quero meter com ela mil vezes, anjo da minha vida. Seu corpo é o motivo do meu pecado, a tentação é grande e não consigo conter-me. Por favor, ajude-me!

-O que dizes, blasfemador, herege? Cometeu o sacrilégio de desejar possuir carnalmente esta serva de Deus, na casa do Senhor, diante do altar? Deveras pagar uma penitência muito alta! Venha! O altar nos espera para começarmos a rezar pela sua absolvição!


Dito isso, ela me arrastou até perto do altar e sentamos juntos nos bancos centrais da frente. Foi quando ela abriu a toga e deixou claro, ao pegar meu instrumento sagrado, qual era sua intenção e minha penitência.
Os frescores de seus corpos e seus detalhes íntimos eram tão perfeitos quanto minha imaginação demoníaca adivinhava. Meus cornos se contorciam de prazer, ao pensarem o quanto deveria ser delicioso, descarregar parte do meu ser e energia, num jato, dentro daquela deliciosa gruta.
Iniciei o interlúdio, pondo-me atrás dela, para executar minha posição predileta: enquanto eu a penetrava-lhe atrás, uma de minhas mãos ocupava-se de um de seus seios volumosos, enquanto que a outra lhe excitava a úmida, macia e felpuda flor. Ela tremia de prazer e sua xana já começava a escorrer aquele líquido precioso e perfumado de fêmea. A cadência aumentava e nossos corpos uniam-se, mais e mais. Até o valioso instante de plena excitação, quando nos derramamos em um orgasmo delicioso e duradouro.
Mal eu saí de trás e ela se pôs a sugar-me, oferecendo sua flor para minha língua. Isso nós fizemos até que ela, já excitada, gozou em meu rosto, recebendo o mesmo, naquela garganta gulosa, de minha parte. Ficamos excitados mais ainda, ela, sem deixar-me chances de tomar a iniciativa, ela já se posicionara com suas ancas próximas ao meu ventre, iniciando a introdução do meu cetro naquele portão das delícias, que era sua flor.
A excitação que nos tomava, começou a nos transfigurar, eu pude ver sua auréola e asas de pomba branca e acho que ela pode ver meus chifres, minha cauda espetada e minhas asas de morcego. Mas ela não desengatou, pelo contrário, começou a mover-se mais excitada e lasciva por sobre meu cetro.
As chamas que compõem meu ser não aguentaram tamanha excitação. Comecei a ser consumido, minhas chamas subiram, como uma coluna sólida, em direção a sua flor, que também já gozava de sua luz líquida sobre mim. Tivemos o tipo de orgasmo raro e único no universo, que só é possível quando há cópula entre os espíritos, este orgasmo é mais completo e recompensador que existe.
Depois que nos separamos, nunca mais a vi. Talvez ela esteja em outra praça, tentando salvar mais uma alma pelos métodos que lhe ensinei.
Gostaria de encontrá-la, principalmente quando descobri que a igreja onde fizemos nosso culto profano foi demolida, pois já tinha sido dessacralizada e abandonada já a muito tempo, de forma que, nenhum de nós cometeu um sacrilégio, nem profanado um lugar sagrado com nossos ritos sexuais.
Eu vou, constantemente, à praça central da cidade, na esperança de encontrá-la, mas só encontro outras mulheres crentes, que também mereceram ter essa lição, mas nenhuma se comparou a esta. Por isso, mulheres, prestem atenção! Se querem sua felicidade, ela está em plena realização dos desejos. Para tanto, é necessário achar um comedor capaz o suficiente, nem mais, nem menos. Só há um jeito de acharem seu comedor ideal: é desfrutando!