Prolegômenos.
Narrador diante do palco, cortinas fechadas.
Minhas saudações a vós que aqui estão. Minha gratidão eu lhes dou também, pois se deram o trabalho de sair do conforto de seus lares, enfrentarem as agruras do trânsito, estoicamente esperando sua vez na fila, resignados inclusive a pagar a este barqueiro cego para levá-los por este atentado chamado teatro.
Concedam-me a condescendência de vos entreter dentro de meus escassos recursos, pois não sou de Brundísio nem de Stratford Avon, se eu evocar as Musas Elas hão de cuspir em mim. Mas eis-me aqui, diante de vós, contando com vossa concupiscência e cumplicidade em não me delatarem. Existe uma lista enorme de pessoas e instituições interessadas no meu sumiço, se me permitem o eufemismo.
O que vos tenho a apresentar é uma heresia, uma blasfêmia, um sacrilégio. Mas foi assim que aconteceu, eu sou testemunha, podem confiar em minhas palavras. Isto poderia ter acontecido em qualquer lugar, mas foi aqui mesmo, no Arouche, na cidade da garoa de São Paulo. Isto poderia ter acontecido com qualquer pessoa aqui presente, religiosa ou descrente, famosa ou desconhecida, então chorem e riam, pois todos nós somos atores nesse grande palco da vida.
Oh, sim, nós encenamos. Aqui nesta peça os atores são profissionais, alguma mente insana escreveu este roteiro e atrás desta cortina existem inúmeros outros profissionais do teatro que não são nem conhecidos, nem amados e nem invejados pelas pessoas. Mas deem uma boa olhada ao lado. Rostos empertigados, roupas alinhadas, comportamento comedido. Daqui de onde eu olho, eu vejo personagens e máscaras. Cada um aqui presente constrói sua figura e escreve seu roteiro na tragicomédia da vida.
A cortina fecha para todos, algum dia. Então vamos comemorar! Orquestra, música! Que entrem os malabares! Vamos nos alegrar, vamos dançar! Levantem de suas poltronas! Vamos todos aplaudir! Que entre ela, nossa personagem principal e protagonista. Ela ou ele? Ou seria terceiro? Pouco importa! Debaixo de seu divino manto púrpura, todos são bem vindos! Venham de onde vierem, venham como quiserem, venham como desejarem ser! Aplausos para ela, a Nossa Senhora do Arouche!
Primeiro Ato – Anunciação.
Cenário – Avenida Paulista.
Personagens: Beatriz e Ivete.
B: – Ai, Ivete, eu estou esgotada. Quanto tempo falta para o carnaval?
I: – Olha, não falta muito, amiga. Você tem planos?
B: – Eu tenho. Passagem para o Rio e ingressos para o Desfile de Carnaval na Gávea.
I: – Nossa! Está podendo, hein, amiga? Vai com seu marido?
B: – Não, eu vou sozinha.
I: – O marido vai deixar?
B: – Deixando ou não, eu vou. O Brasil já proclamou a alforria da escravidão.
I: – Ele vai chiar.
B: – Ele não vai saber. O que os olhos não veem, o chifre não sente.
Beatriz caminha pelo tablado enquanto o cenário muda para a Gávea, para dentro do salão de festa, para dentro da farra de carnaval.
Personagens: Beatriz e Anjo.
B: – Alô, Ivete? Cara, você precisa dar um jeito e vir para cá! A festa mal começou e está bombando! Tem muito homem aqui! Eu estou me sentindo a Cleópatra aqui!
A: – Mas o que vejo? Uma anunciação? Oh, meu Deus, me perdoe, mas esta deve ser a Escolhida.
B: – Alô, Ivete? Desculpe, eu tenho que desligar. Tem um anjo me xavecando. Aham, um anjo. Como ele é? Olha, se ele for anjo, eu vou fazer diabruras com ele. Depois te conto. Beijos, beijos.
A: – Nada tema, mulher, pois Deus está contigo.
B: – Olha, essa paradinha de anjo é legal, mas não exagera, oquei? Vamos dançar que a farra está apenas começando.
A: – Mas, mulher, eu sou um mensageiro de Deus! Você, dentre tantas, foi a Escolhida por Deus!
B: – Cara, essa paradinha está ficando sinistra. Eu não curto ménage à trois, sacou? O seu amiguinho, se quiser uma mulher, vai ter que ir à luta.
A: – Você se recusa a fazer a vontade de Deus?
B: – No momento eu quero é fazer a minha vontade, pode ser ou está difícil?
As personagens somem no meio da multidão. O cenário muda para um hospital. Beatriz está deitada em um leito enquanto espera o diagnóstico do médico.
Personagens: Beatriz e Médico.
M: – Senhora Beatriz da Conceição?
B: – Aqui, doutor, sou eu mesma.
M: – Não se preocupe que seu estado não é grave, mas é grávido. Meus parabéns, a senhora está no quinto mês de gestação.
B: – Como assim, doutor? Eu? Grávida? Impossível. Eu e meu marido trabalhamos tanto que mal temos tempo para isso.
M: – Dona Beatriz, a senhora é religiosa?
B: – Não, não senhor, muito pelo contrário.
M: – Então a senhora está grávida, a menos que comece a acreditar no Espírito Santo.
B: – Ai, meu Deus. Eu estou fodida.
M: – De novo? Sim, porque se a senhora não acredita em Deus, a senhora está grávida porque foi fodida.
B: – Está gozando com a minha cara?
M: – Oh, não, senhora. Mas alguém gozou. Dentro da senhora, para ser mais específico.
B: – Hahaha. Corte essas piadinhas machistas, doutor. Escute e entenda bem minha situação, doutor. Eu não estou grávida. Eu não posso estar grávida. Use seus dedos mágicos e tire isso de mim.
M: – Se a senhora tivesse tomado as devidas precauções, nenhum dedo mágico precisaria trabalhar na senhora.
B: – Hahaha. O senhor deve ser um sucesso com as mulheres. Tire. Agora.
M: – Infelizmente eu não posso, senhora. Não há qualquer circunstância que indique o procedimento abortivo.
B: – Será que cinquinho mil fazem aparecer uma circunstância?
M: – Dona Beatriz, aqui é um hospital, não um açougue.
Segundo Ato – Estréia.
Cenário: Centro Obstétrico.
Personagens: Beatriz e Obstetra.
O: – Bom dia, senhora Beatriz. Por suas dilatações, está na hora do seu bebê nascer. Eu vou aplicar a anestesia periodontal.
B: – Põe logo a porra desse caralho! Enfia!
O: – Se a senhora quiser, nós podemos colocar uma divisória para a senhora não ver o parto.
B: – Eu quero ver. Vai que vocês trocam meu bebê? Eu só não quero sentir dor.
O: – Dona Beatriz, faz parte da vida sentir dor. Sofrer ou ficar traumatizado são opções pessoais.
B: – Porra, mas você vai me anestesiar com essa injeção ou com essa conversa para boi dormir?
O: Calma, dona Beatriz, a anestesia vai fazer efeito em breve. Enquanto isso, a senhora deve considerar que todos, em algum momento em suas vidas, têm uma experiência espiritual.
B: – Calma o caralho. Quando você for dar a luz, você me diz como é. Quem não tem útero, não tem opinião. Você está aqui para fazer meu bebê nascer, não para viajar na maionese esotérica.
O: – Pronto! Viu só? Você estava tão concentrada em reclamar que nem percebeu que seu bebê nasceu. Opa. Dona Beatriz, o seu bebê precisa de uma cirurgia de adequação.
B: – Cirurgia de adequação? Como assim?
O: – O seu bebê nasceu em uma condição que não é possível definir o sexo dele ou dela. A senhora deu a luz a uma pessoa intersexual. Eu vou fazer um pequeno corte e vou adequar seu bebê.
B: – Nada disso! Pode parar! Quando eu pedi para cortarem, vocês não quiseram. Agora quem não quer sou eu. Meu bebê vai ficar como está.
O: – Dona Beatriz, pense no futuro que esta criança irá ter!
B: – Ele, ela terá o futuro que ele, ela irá construir.
O: – Dona Beatriz, pense no sofrimento que seu bebê vai passar por causa da Igreja.
B: – Foda-se a Igreja. Eu sou agnóstica. Além do que, “o sofrimento é opcional”, não é isso que dizem? Se Deus existe, meu bebê nasceu como filho, filha Dela.
No fundo do cenário, com o obstetra segurando na mão o bisturi, uma imagem do anjo segurando a mão de Abraão. Cenário gira, muda para uma festa de chá de bebê.
Personagens: Beatriz e Comadres.
C1: – Parabéns, Bia, seu bebê é lindo. Que nome vai dar a ele?
B: – Sim, meu bebê é lindo, mas meu bebê não é menino, nem menina. O nome dele, dela, eu ainda não escolhi.
C2: – Como assim, Bia? Só existe menino e menina. Você ainda está lesada pela anestesia?
B: – Está me chamando de mentirosa, sua baranga? Se vai ficar ofendendo meu bebê pode ir embora agora mesmo.
C1: – Sem drama, né, Bia? Isso nós aprendemos na escola. Ou se nasce menino ou se nasce menina. Ou você é uma daquelas feministas marxistas que querem impor uma ideologia de gênero.
B: – E quantas coisas que aprendemos na escola que tivemos que reaprender na faculdade? Quantas coisas que aprendemos de nossos pais, professores, padres, sábios que depois nós vimos que eram baseados em preconceitos, não em fatos? Vocês ainda engolem as farsas da Igreja e nem percebem que afirmar que existe apenas menino e menina é uma ideologia de gênero. Vocês me conhecem bem, eu sou anarquista e pragmática, eu não sou militante, mas eu vejo as coisas como elas são. Meu bebê é apenas um dentre muitos que nascem intersexuais. Isso não é visto porque muitos indivíduos intersexuais passam por cirurgias de adequação. Se não acreditam em mim, vejam por si mesmas.
As mulheres se aproximam do berço onde está o bebê. Quando Beatriz levanta o lençol que envolve o bebê, um halo espiritual ilumina todo o cenário, anjos pairam em volta tocando harpas e clarins. As comadres fazem um olhar espantado, diante da revelação.
Terceiro Ato – Missão
Cenário: Escola.
Personagens: Professora, Beatriz e NSA.
P: – Dona Beatriz, nós precisamos falar sobre sua filha.
B: – O que tem mei filhu?
P: – Hã… dona Beatriz, sua filha tem apresentado um comportamento estranho. Tem vezes que ela se veste como menino e age como menino. Isso confunde a cabeça das outras crianças.
NSA: – Pois nenhum des minhes amigus reclamam. Les confusus são les professeurs. Ilus só falam de histórias de grandes homens. Por acaso estes grandes homens nasceram por partenogênese? Então deveriam falar nas mulheres que os pariram. Por que les professeurs não falam coisa alguma sobre as grandes mulheres? Por que les professeurs não falam sobre les grans intersexuels da história? Nosotres existimos, mas les professeurs não contam.
P: – Viu só, dona Beatriz? Sua filha inventou essa linguagem esquisita, incompreensível e fica discursando na escola sobre o gênero ser algo culturalmente construído, não como destino ou fatalidade natural.
B: – Eu vejo an professeur despreparade. O que você acredita que é ser mulher foi aprendido, imitando sua mãe, vendo outras mulheres, sendo condicionada por parentes, familiares, conhecidos, professores. Você não aprendeu que há diferença entre sexo e gênero. Você nunca viu uma pessoa intersexual. Você nunca aprendeu que nós formamos nossa cultura e linguagem.
P: – Dona Beatriz, isso é um absurdo. Todo mundo sabe que só existe menino e menina. Todo mundo sabe que cada qual nasce assim. Isso que a senhora e sua filha dizem não passa de bobagem feminista marxista, querendo impor uma ideologia de gênero.
NSA: – Deixa para lá, mamis. This professeur somente irá superar a programação se elu ver por si mesme o que eu sou.
Beatriz faz com que a professora se aproxime de Nossa Senhora do Arouche. Elu abre seu manto púrpura e seu corpo inteiro emite uma luz. A professora tem uma revelação e cai de joelhos, tornando-se a primeira seguidora delu. Alguém filmou a epifania e publicou em um conhecido portal de vídeos. O sucesso foi tão estrondoso que chamou a atenção dos meios de comunicação tradicionais. Não demorou para que as emissoras de televisão iniciasse o linchamento midiático. Um dos muitos programas de auditórios de uma emissora conservadora convidou Nossa Senhora do Arouche para participar de seu programa.
Cenário: Estúdio de televisão.
Personagens: Apresentadora, Pastor, Padre, Psicólogo, Médico, Geneticista e NSA.
Ap: – Boa noite a todos os telespectadores do Programa Alpinista Social. Esta noite nós recebemos o Reverendo Salafrário, o Padre Papanjo, o Psicólogo Chicaneiro, o Médico Butcher, o Geneticista Paraguaio e aquela que tem se apresentado como Nossa Senhora do Arouche. Quem é ela? O que é ela? Fraude ou verdade? Saiba dos fatos e decida!
[Aplausos da platéia]
Ap: – Boa noite, Reverendo Salafrário e obrigada por estar aqui conosco.
RS: – Boa noite, Alpinista Social e agradeço o convite. Eu espero poder desmascarar essa fraude, esse agente do marxismo cultural, que quer destruir nosso país, nossas famílias e nossa fé em Deus.
Ap: – Boa noite, Padre Papanjo e obrigada por estar aqui conosco.
PP: – Boa noite, Alpinista Social e agradeço o convite. Hoje eu vou explicar aos telespectadores o que se esconde atrás dessa “ideologia de gênero” que estão querendo nos impor.
Ap: – Boa noite, Psicóloga Chicaneira e obrigada por estar aqui conosco.
PC: – Boa noite, Alpinista Social e agradeço o convite. Se você me permitir, no fim do programa eu gostaria de divulgar nosso trabalho cristão voltado para ajudar as pessoas homossexuais.
Ap: Será um prazer. Boa noite, Médico Butcher e obrigada por estar aqui conosco.
MB: – Boa noite, Alpinista Social e agradeço o convite. Eu trouxe laudos médicos que vão provar que não existem pessoas intersexuais.
Ap: – Sempre é bom ouvir um especialista. Boa noite, Geneticista Paraguaio e obrigada por estar aqui conosco.
GP: – Buenas noches, Alpinista Social e gracias por tu llamado. Aquí tengo pruebas de que todas las personas tienen sólo dos cromosomas sexuales, por lo que sólo dos géneros.
Ap: – O público irá querer saber, mas este programa também dará a chance para que essa garota que se apresenta como Nossa Senhora do Arouche possa expor seu lado. Boa noite, Nossa Senhora do Arouche e obrigada por estar aqui conosco.
NSA: – Boa noite, Alpinista Social e agradeço o convite. Eu vou avisando ao telespectador que, para cada suposto argumento e prova, eu tenho dez argumentos e provas.
RS: – Mentiras, falácias. Aqui nós temos dois profissionais da área médica, um psicólogo e dois homens de Deus que vão desmascarar essa fraude.
NSA: – Fraude que o senhor conhece bem. Como está o seu processo por estelionato, Salafrário? Ou o senhor prefere explicar para o telespectador o seu flagrante, gastando dinheiro de sua igreja, com três transexuais, em uma boate LGBT?
RS: – Isso são apenas calúnias. Isso será esclarecido no tribunal.
PP: – Esta é uma típica estratégia do marxismo cultural. Na falta de provas ou evidências, desvia o assunto para outra coisa. Mas o telespectador saberá combater essa perigosa imposição da ideologia de gênero.
NSA: – Desviar do assunto é algo que o senhor conhece bem. Como está o seu processo por abuso sexual de menores, Papanjo? Ou o senhor prefere explicar por que afirmar que existem apenas dois gêneros não é uma ideologia de gênero?
PP: – Absurdo! Eu sou a vítima! Foi uma armação! Aqueles jovens sabiam muito bem o que faziam! Quanto aos gêneros, eu sou o representante do Vaticano e a opinião da Igreja é infalível!
PC: – Esse é um caso típico de projeção. Essa garota deve ter problemas para aceitar a Deus e a forma como Ele a criou, então ela tenta projetar nos outros seus próprios defeitos. Ela certamente teve algum trauma na infância e tenta compensar isso colocando esses homens de Deus no nível dela.
NSA: – Trauma de infância é algo que a senhora conhece bem. Quantas cirurgias e plásticas a senhora passou? Tudo para se adequar a um padrão de beleza idealizado pela sociedade. Você deve ter sofrido muito bullying na infância e na adolescência. Não é de estranhar que a senhora não veja qualquer problema ético ou moral em sua suposta terapia cristã para homossexuais. Sua licença de psicóloga não foi cassada?
PC: – Isso é cerceamento da liberdade de expressão, cerceamento da liberdade religiosa. Todos os procedimentos que eu fiz foram feitos por questões de saúde. Algo que meu instituto oferece para todas as pessoas que quiserem ter uma vida conforme o plano de Deus.
MB: – Saúde é algo que eu também me interesso. Eu sou médico formado há muitos anos e consultei muitos de meus colegas. Não há nenhum trabalho acadêmico, exame laboratorial ou caso clínico que fale sobre a existência de pessoas intersexuais. O que essa garota diz simplesmente não existe.
NSA: – Entretanto nós existimos, mas médicos como o senhor tem nos tratado como aberrações ou como portadores de uma patologia, nos conduzindo para cirurgias de redesignação sexual enquanto nós ainda éramos bebês. Ou o senhor quer explicar para o telespectador todos os procedimentos cirúrgicos ilegais e desnecessários que o senhor faz em sua clínica clandestina?
MB: – Não existe qualquer prova ou evidência disso! São apenas calúnias e difamações! Eu tenho centenas de clientes que podem atestar meu profissionalismo!
GP: – Jo conoco Butcher. Nosotros nos encontramos en un congreso de medicina, biologia e genética. Hablamos mucho sobre la incongruencia de hablar de personas intersexuales.
NSA: – Deve ter sido um encontro memorável, com centenas de médicos e geneticistas formados em faculdades de fundo de quintal. Ou o senhor prefere explicar ao telespectador porque seu diploma ainda não foi reconhecido ou averbado aqui no Brasil?
GP: – Eso és calúnia. Mi diploma ainda está em análise por questiones técnicas e burocráticas. La justicia será hecha.
Ap: – Nossa, mas que situação. Alô, produção, eu pensei que os convidados fossem pessoas íntegras acima de qualquer suspeita. Vocês estão querendo me queimar?
NSA: – Infelizmente, Alpinista Social, você está sendo manipulada para que seus patrões exponham sua ideologia conservadora, obsoleta e arcaica. Você não pode reclamar muito, afinal, você se tornou apresentadora exatamente por saber fazer o que o patrão manda. Você conquistou seu espaço na televisão porque transou com as pessoas certas, não que eu seja contra, mas você mantém uma fachada de moralista que não convence a pessoa alguma. Olha, eu deixo com sua produção todo o material que eu tenho para divulgarem aos poucos. Para esta noite, para provar que o que eu digo é verdade, tudo que eu tenho que fazer é mostrar ao telespectador todo meu brilho fabuloso.
Nossa Senhora do Arouche levanta da poltrona, abre seu manto púrpura e milhões de telespectadores automaticamente se tornam devotos da Santa.