sexta-feira, 31 de julho de 2020

A aclamação popular

Recentemente tivemos três eventos que receberam a atenção do mundo inteiro, a saber, o casamento do príncipe William, a beatificação de Karol Vojtila [Papa João Paulo II] e a morte de Osama Bin Laden.
Autoridades públicas, seculares e clericais, buscam a aclamação popular a todo custo. O prestígio e a influência deles são medidos pela quantidade de atenção recebida da opinião pública.
Para países que tem regime republicano, ver a mobilização e o dinheiro gasto para o casamento principesco soa como um escândalo, um desperdício, mas a corrupção e o tráfico de influência nestes países não são escândalos e desperdícios menores.
Para quem não é Católico e quem não é Cristão, a beatificação de um homem é igualmente incompreensível, mas as inúmeras seitas e cultos a personalidade que existem nesse meio não são menos incompreensíveis.
Para quem defende os direitos humanos - e não há exceções - e a soberania dos povos, é inaceitável a ação dos EUA que culminou com a morte de Osama Bin Laden, mas estes seriam os primeiros a defender uma reforma no código penal depois de serem ou terem alguém da família vítima da sanha dos criminosos.
Para todos os envolvidos, a festa foi mais do que justificada. O evento, a cerimônia, a ação, especialmente a violenta, a que atua por vingança, uma execução institucional feita em nome da justiça, serve como um consolo, uma catarse, onde o bode expiatório acaba pagando por nossos erros.
O casamento será bom para quem casou e isto eu atesto. Pena que pouco ou nada se falou, ao se transformar o casamento principesco em espetáculo midiático, no amor e nas relações. Nós demos um passo importante, quando o STF reconheceu a união civil homossexual. Haverá resistências e polêmicas, como foi anteriormente quando se legalizou o divórcio e a fertilização artificial. Sempre de grupos Cristãos e isso é um fato, não um preconceito e discriminação da minha parte.
A execução de um ser humano, por vingança, em nome da justiça, nunca será uma solução. Pouco depois da morte de Osama Bin Laden, diversos muçulmanos o aclamaram como um mártir. Ou seja, morre um home, nasce um messias com milhares de seguidores sequiosos para seguirem seus passos, seu exemplo, sua missão. O que se espera, do Estado, é que este aja com celeridade e rigor, contra a ação criminosa, contra o criminoso, dentro da lei.
Quanto a aclamar um homem de beato, felizmente isso é problema dos Católicos, mas eu devo lembrá-los que a população também clamou pela crucificação de vosso Cristo.
Que os Deuses me livrem da aclamação popular.
Texto resgatado com Wayback Machine.
Publicado originalmente em 06/05/2011.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Páscoa sangrenta

Sydney (Austrália), 25 abr (2011) (EFE).- Uma caçada anual em uma comunidade rural da Nova Zelândia abateu, em sua 20ª edição, 22.904 "coelhos da Páscoa" apesar das críticas dos defensores dos animais, informou nesta segunda-feira a imprensa local.
A "Grande Caçada do Coelho de Páscoa" é um evento organizado a cada ano para ajudar os granjeiros da região de Otago, sul da Nova Zelândia, a combater a praga de roedores que arrasa com suas pastagens.
A denominada Brigada Beis Manada de Lobos, que matou 1.664 coelhos, venceu outras 46 equipes que participaram desta disputa realizada entre sexta-feira e sábado passado, publicou o jornal "Otago Daily Times".
O capitão da Brigada, Jason Gerken, disse que os 12 membros de sua equipe trabalharam durante "24 horas seguidas" em uma espécie de operação militar para poder ganhar esta competição dotada de 3.500 dólares neozelandeses (1.926 euros).
A caçada recebeu as críticas do porta-voz do grupo protecionista Safe, Hans Kriek, segundo o qual, o evento incita a crueldade já que muitos dos caçadores não têm experiência e participam deste tipo de massacres em um "ambiente festivo".
Os coelhos foram introduzidos na Nova Zelândia a partir de 1830 como alimento e para fins esportivos, mas com o transcurso dos anos se transformaram em uma praga.
Os fazendeiros gastam cerca de US$ 50 mil anuais no controle de pragas, um investimento que inclui a compra de armas e munição, assim como veneno e armadilhas.
Fonte: G1 (original perdido).
Nota: Os coelhos se tornaram uma praga porque os colonizadores trouxeram o animal para a Nova Zelândia. Foi o ser humano, como sempre, que causou o desequilíbrio no ambiente.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Descoberto plano de Golpe de Estado

Em sinal do ambiente conspiratório em que vivia o serviço de inteligência militar durante a ditadura (1964-85), a Aeronáutica alertou as Forças Armadas, em 1980, sobre um suposto plano da Igreja Católica de São Paulo para "a derrubada do governo", se necessário "com um confronto armado", para criar um Estado religioso independente do Vaticano.
O suposto plano, encarado como "uma crise de grandes proporções", recorreria a várias táticas, dentre as quais "facilitar ao máximo a penetração do pessoal gay nas funções governamentais", para conseguir "informação dentro dessas áreas, corrupção e adesão".
Outras manobras seriam "o relaxamento do ensino público" e o "desvio das atenções das autoridades civis e militares", por meio de "festividades, inaugurações, assembleias públicas".
Para os militares, parte do plano consistiria em "denunciar as deficiências sociais atuais", de modo a aumentar "a insatisfação" das pessoas.
A igreja, diz o relatório, iria recrutar nordestinos e 12.000 coreanos, que estavam sendo na "recolhidos" na região central de São Paulo por kombis e levados para lugar desconhecido.
Depois de quatro dias, aqueles que não conseguissem um emprego seriam levados para outras igrejas ou para um local conhecido como "Cidade dos Velhinhos", na região de Itaquera (zona leste de São Paulo), onde receberiam "treinamento" por quatro meses.
Outro objetivo do plano seria "fomentar, através das artes, a confusão entre arte e imoralidade, incentivando nos jovens o maior uso do sexo livre e todo o tipo de coisas que atendem [atentem] aos bons costumes".

FIM DO SIGILO

O relatório confidencial, de dez páginas, foi produzido em outubro de 1980, no governo de João Figueiredo, pelo quartel-general do 4º Comar (Comando Aéreo Regional) da Aeronáutica, em São Paulo, e distribuído para o Exército e o SNI (Serviço Nacional de Informações).
O documento foi liberado à consulta nesta semana à Folha pelo Arquivo Nacional, vinculado ao Ministério da Justiça, em meio a 50 mil documentos sigilosos entregues pela Aeronáutica em 2010 a pedido do Ministério Público Militar. 
O trecho que cita o suposto líder do plano foi tarjado, na cópia entregue à Folha, mas é possível concluir, pelo contexto, ser o então cardeal-acerbispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, um opositor do regime, que denunciou torturas e desaparecimento de presos políticos.
Fonte: Fenapef (original perdido).
Texto resgatado com Wayback Machine.

domingo, 19 de julho de 2020

Se conselho fosse bom...

Anteriormente eu escrevi um conto sobre a ilusão de poder e de autoridade que uma pessoa tem ao receber um diploma, título e certificado em "A face de Aletheia". Também eu divulguei um texto sobre a perigosa idéia de uma  Igreja de Bruxaria e Wicca do Brasil em "Resistência ao arrebanhamento". E divulguei um edital em "Editorial de esclarecimento" no qual equiparei a existência de um "conselho" para bruxas com a invenção de uma "igreja" para bruxas. Mas não falei o que é, nem quem são os envolvidos em tal "conselho".
Na definição de seus organizadores:
"O Conselho é uma Instituição que objetiva a fraternidade entre grupos que buscam interação, cooperação e conservação das crenças anteriores ao cristianismo na Europa.
Suas bases são o paganismo, o politeísmo, a ancestralidade, a conservação e resgate de tradições européias."
Tudo isso seria bom, se fosse esse o objetivo. Entretanto, tentar discutir ou dialogar com os "conselheiros" e seu séquito é tão produtivo quanto tentar discutir e dialogar com padres/pastores e crentes.
Ficou evidente, para mim, que não é este o objetivo de tal "conselho".
De acordo com o dicionárioweb: conselho - opinião, parecer sobre o que convém fazer; aviso, advertência: não levar os conselhos em conta; assembléia de pessoas que deliberam sobre certos assuntos.
Na página do CREMESP define-se a missão do conselho como "atuar com excelência, em benefício da sociedade, na supervisão da ética profissional médica, por meio de ações regulamentadoras, educacionais, fiscalizadoras, judicantes, cartoriais e políticas."
Na página do CRP SP define-se a finalidade do conselho como "de orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de psicólogo".
Ao ler o blog de tal "conselho", fica evidente que este é o intuito - o de impingir a visão e a crença de seus idealizadores, tal como virá a acontecer se o projeto de uma "igreja" para bruxas tiver êxito.
Os idealizadores deste "conselho", os "iluminados" que alegam ter o verdadeiro conhecimento e sabedoria são:
Ricardo Draco, que eu anteriormente demonstrei não saber coisa alguma de crenças pré-cristãs européias.
Tânia Gori: proprietária da "Casa de Bruxa", que de tradicional nada possui.
Senhora Telucama: a mais escandalosa e vergonhosa fraude que existe no meio pagão.
Wagner Perico: alega ser sacerdote da "tradição de bruxaria germânica", igualmente envolvido com a Abrawicca e a farsa da IBWB. Uma contradição, afinal os Germânicos, povo de onde supostamente origina sua tradição, não faz parte do povo íbero-celta o que, segundo o Ricardo, é a única origem da Bruxaria Tradicional.
Rowena Arnehoy Seneween: segue o druidismo, paganismo moderno ou neopaganismo, que é uma forma de reconstrucionismo cultural.
Nick Morcego e Alessio Coruja: completos desconhecidos, provavelmente servos dos grandes idealizadores.
Com pessoas deste porte e currículo, com a completa falta de conhecimento histórico, antropológico e mitológico sobre a Bruxaria, observando a mesma citação distorcida e tendenciosa de textos acadêmicos que se encontra entre cristãos fundamentalistas, observando o raciocínio circular contido no blog, observando um evidente complexo de superioridade e transtorno narcisista de seu(s) autor(es), fica evidente qual a intenção deste "conselho".
Fica, então, mais um ditado para os "conselheiros" e seu séquito: "ab inope nunquam spectes" (Ninguém dá o que não tem).
Texto resgatado com Wayback Machine.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Procissão atéia vetada

Chamada oficialmente de “procissão atéia”, a manifestação levaria às ruas faixas com dizeres como "Congregação da Cruel Inquisição", "Irmandade da Santa Pedofilia" e "Confraria do Papa do Santo Latrocínio" com o objetivo de "derrubar a hipocrisia social e moral que representa a Semana Santa Católica".
Os organizadores disseram que irão acatar a decisão judicial, mas acrescentaram que convocariam uma manifestação similar em outra data simbólica para o Catolicismo.
Eles também prometem realizar um grande evento no próximo mês de agosto durante a visita do Papa Bento 16 a Madri.
Por outro lado, a associação anti-aborto Faz-te ouvir anunciou que analisa o material de divulgação da procissão ateia para saber se é possível abrir um processo, alegando incitação ao ódio.

Chamas

Os organizadores da “procissão ateia” anunciaram com cartazes pelo centro da capital espanhola a hora e percurso do evento, convocado para passar diante de igrejas e ao lado de procissões católicas.
Os cartazes traziam imagens do papa e ilustrações sacras alteradas. Também foram distribuídos folhetos com a frase "a única igreja que se ilumina é a que arde (em chamas)".
O presidente da Associação Madrilenha de Ateus e Livres Pensadores, Luis Veja, disse à BBC Brasil que a proposta da manifestação era "mexer com a ideologia e a consciência católica".
"Queremos uma procissão sim, porque a palavra procissão não é exclusiva do Catolicismo. E vamos continuar combatendo a hipocrisia e o fundamentalismo", afirmou.
As críticas dos laicos se concentram especialmente na intervenção do Vaticano em assuntos políticos como a liberdade religiosa, leis de aborto e casamento gay, além dos escândalos de pedofilia dentro da igreja.
Entre os críticos ao protesto estava o prefeito de Madri, Alberto Ruiz Gallardón, que disse ser contra "provocações contra a fé".
No entanto, ele disse que a prefeitura que "não se considera competente para autorizar ou recusar a celebração desta procissão" e recomendou uma decisão judicial sobre o caso.
Fonte: BBC (original perdido).
Texto resgatado com Wayback Machine.

sábado, 11 de julho de 2020

Vandalismo no museu

Um museu francês foi reaberto nesta terça-feira (19/09/2011), sob forte esquema de segurança, após ter tido duas obras de arte polêmicas vandalizadas no domingo passado por militantes católicos.
A direção e funcionários do centro de arte contemporânea Collection Lambert, na cidade de Avignon, no sul da França, receberam ameaças de morte se o museu fosse reaberto e solicitaram proteção policial.
Os visitantes têm suas bolsas e pertences revistados antes de entrar na exposição. A direção do museu decidiu reapresentar as obras vandalizadas no estado em que foram deixadas após o ataque.
A obra que suscitou grandes protestos de movimentos católicos considerados integristas e foi vandalizada com golpes de martelo e objetos cortantes é a fotografia "Immersion Piss Christ", do artista americano Andrés Serrano.
A imagem mostra um crucifixo mergulhado em um copo de urina do fotógrafo, contendo ainda sangue. Ela integra a exposição "Eu Acredito em Milagres", em cartaz até o dia 8 de maio.
O grupo que atacou essa obra, na data simbólica do Domingo de Ramos, vandalizou ainda uma outra fotografia do artista, Irmã Jeanne Myriam, que mostra uma mulher grávida vestida de freira.
O ataque contra as duas obras, classificado por alguns de 'atentado cultural', chocou representantes da área das artes, políticos na França e também muitos franceses, que denunciam um 'ato de regressão preocupante, com o retorno de valores da Idade Média'.

'Atentado'

O ministro da cultura francês, Frédéric Mitterrand, reconhece que as imagens 'podem chocar algumas pessoas', mas afirma que o ato de vandalismo representa 'um atentado ao princípio da liberdade de criação e de expressão previsto na lei'.
'É a volta da Inquisição, se considerarmos as fotografias de fogueiras que recebemos com uma mensagem dizendo que isso é apenas o início', diz o diretor da Collection Lambert, Éric Mézil.
Representantes do museu afirmam sofrer inúmeras ameaças telefônicas e já ter recebido mais de 30 mil e-mails de 'integristas religiosos'.
A fotografia Piss Christ já havia sido exposta duas vezes na França sem provocar protestos. A primeira foi em 2007, também em Avignon, e no Centro Georges Pompidou, em Paris, em 2008.
Os atuais protestos são liderados pelo Instituto Civitas, que organizou uma passeata no sábado passado em Avignon com cerca de mil pessoas.
Militantes do partido de extrema direita Front National também participaram da passeata em Avignon.
O Instituto Civitas afirma ser 'um movimento católico que visa restaurar uma França católica e orientar as decisões políticas e sociais de acordo com uma visão católica'.
Uma parte da hierarquia católica, como o bispo de Avignon, Jean-Pierre Cattenoz, também protestou contra a apresentação das fotografias e pediu sua retirada.
'O presidente Nicolas Sarkozy disse recentemente em um discurso que a França precisa assumir sua herança cristã. De tanto assoprar nas brasas, atiça-se o fogo', diz o diretor do museu.
Fonte: G1 (original perdido).
Nota: Enquanto isso, os Cristão protesta contra a falta de "liberdade de expressão" quando são os Muçulmanos que atacam artes que ofendem sua crença. Basta de hipocrisia.
Texto resgatado com Wayback Machine.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Como se mata uma cultura e um povo

Londres, 28 mar (2011) (EFE).- A tribo indígena Enawenê-nawê começou seu ritual de pesca anual com o temor de que as cerca de 80 represas projetadas para o rio Juruena, no Mato Grosso, destruam os peixes dos quais dependem para subsistência, indica a organização não-governamental Survival.
O ritual Yakwa é reconhecido pelo Ministério da Cultura como parte do legado cultural do Brasil, mas no ano passado, pela primeira vez, não pôde ser realizado porque a tribo praticamente não encontrou peixes devido às obras no rio.
Os índios Enawenê-nawê se viram assim expostos a uma catastrófica escassez de alimentos. A empresa construtora das represas - destinadas a armazenar água para usinas hidrelétricas - teve de comprar 3 mil quilos de peixes para a manutenção da psicultura local.
Algumas das represas projetadas são financiadas pelo Grupo André Maggi, um dos maiores produtores de soja do mundo, pertencente ao senador Blairo Maggi.
Durante o ritual Yakwa, os índios passam vários meses na floresta, construindo complicadas represas de madeira nos rios para capturar os peixes, antes de levá-los de canoa a suas aldeias.
Esse ritual faz parte da cultura espiritual da tribo, além de ser essencial para a subsistência dos índios locais, já que os Enawenê-nawê não comem outros tipo de carne.
A tribo dirigiu uma carta à ONU em que dizem: "Não queremos que as represas sujem nossas águas, matem nossos peixes, nem que nossas terras sejam invadidas".
A tribo não deu autorização para a construção das polêmicas represas e realizou manifestações de protesto.
"É irônico que um ritual como o de Yakwa, reconhecido como parte do legado cultural do Brasil, possa deixar de existir muito em breve. Toda uma forma de vida corre perigo, a dos Enawenê-nawê", advertiu o diretor da Survival, Stephen Corry.[G1](original perdido).

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Ah, se falsidade matasse

A actualidade da mensagem cristã foi, esta tarde, sublinhada pelo Cardeal Patriarca de Lisboa. Na sua segunda Catequese Quaresmal, dedicada à escuta da palavra de Deus, D. José Policarpo disse que a Bíblia não é uma palavra do passado.

“Se o cristianismo fosse só “uma religião do Livro”, o esforço da Igreja limitar-se-ia a analisar o texto para ver o que Deus disse ao seu Povo, nas diversas etapas da sua história. Mas nós acreditamos que a Palavra de Deus é actual, Ele continua a ser um Deus em diálogo com o seu Povo, a conduzi-lo pela sua Palavra em cada momento e circunstância da história. Se acreditamos que Deus continua a falar-nos, a atitude da Igreja tem de ser outra: a da escuta, coração aberto para escutar agora o que Deus diz à Igreja, que é o seu Povo”, disse.

Há o risco dos cristãos entenderem de forma errada a palavra de Deus se esse esforço for feito fora da igreja. O alerta foi lançado pelo Cardeal Patriarca.
Fonte: Rádio Renascença (original perdido).

Comentário da casa: Se o Cristianismo é mais do que uma "religião de livro", a Igreja não deveria recorrer à leitura da bíblia para embasar suas posições doutrinárias e dogmáticas a respeito da homossexualidade, do aborto, do sacerdócio das mulheres, do uso de métodos anticoncepcionais, da endemia do HIV ou da suposta autoridade da Igreja.
PS: Mude a Igreja ou mude-se dela.
Texto resgatado com Wayback Machine.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Nossa Senhora do Arouche

Prolegômenos.

Narrador diante do palco, cortinas fechadas.

Minhas saudações a vós que aqui estão. Minha gratidão eu lhes dou também, pois se deram o trabalho de sair do conforto de seus lares, enfrentarem as agruras do trânsito, estoicamente esperando sua vez na fila, resignados inclusive a pagar a este barqueiro cego para levá-los por este atentado chamado teatro.

Concedam-me a condescendência de vos entreter dentro de meus escassos recursos, pois não sou de Brundísio nem de Stratford Avon, se eu evocar as Musas Elas hão de cuspir em mim. Mas eis-me aqui, diante de vós, contando com vossa concupiscência e cumplicidade em não me delatarem. Existe uma lista enorme de pessoas e instituições interessadas no meu sumiço, se me permitem o eufemismo.

O que vos tenho a apresentar é uma heresia, uma blasfêmia, um sacrilégio. Mas foi assim que aconteceu, eu sou testemunha, podem confiar em minhas palavras. Isto poderia ter acontecido em qualquer lugar, mas foi aqui mesmo, no Arouche, na cidade da garoa de São Paulo. Isto poderia ter acontecido com qualquer pessoa aqui presente, religiosa ou descrente, famosa ou desconhecida, então chorem e riam, pois todos nós somos atores nesse grande palco da vida.

Oh, sim, nós encenamos. Aqui nesta peça os atores são profissionais, alguma mente insana escreveu este roteiro e atrás desta cortina existem inúmeros outros profissionais do teatro que não são nem conhecidos, nem amados e nem invejados pelas pessoas. Mas deem uma boa olhada ao lado. Rostos empertigados, roupas alinhadas, comportamento comedido. Daqui de onde eu olho, eu vejo personagens e máscaras. Cada um aqui presente constrói sua figura e escreve seu roteiro na tragicomédia da vida.

A cortina fecha para todos, algum dia. Então vamos comemorar! Orquestra, música! Que entrem os malabares! Vamos nos alegrar, vamos dançar! Levantem de suas poltronas! Vamos todos aplaudir! Que entre ela, nossa personagem principal e protagonista. Ela ou ele? Ou seria terceiro? Pouco importa! Debaixo de seu divino manto púrpura, todos são bem vindos! Venham de onde vierem, venham como quiserem, venham como desejarem ser! Aplausos para ela, a Nossa Senhora do Arouche!

Primeiro Ato – Anunciação.

Cenário – Avenida Paulista.

Personagens: Beatriz e Ivete.

B: – Ai, Ivete, eu estou esgotada. Quanto tempo falta para o carnaval?

I: – Olha, não falta muito, amiga. Você tem planos?

B: – Eu tenho. Passagem para o Rio e ingressos para o Desfile de Carnaval na Gávea.

I: – Nossa! Está podendo, hein, amiga? Vai com seu marido?

B: – Não, eu vou sozinha.

I: – O marido vai deixar?

B: – Deixando ou não, eu vou. O Brasil já proclamou a alforria da escravidão.

I: – Ele vai chiar.

B: – Ele não vai saber. O que os olhos não veem, o chifre não sente.

Beatriz caminha pelo tablado enquanto o cenário muda para a Gávea, para dentro do salão de festa, para dentro da farra de carnaval.

Personagens: Beatriz e Anjo.

B: – Alô, Ivete? Cara, você precisa dar um jeito e vir para cá! A festa mal começou e está bombando! Tem muito homem aqui! Eu estou me sentindo a Cleópatra aqui!

A: – Mas o que vejo? Uma anunciação? Oh, meu Deus, me perdoe, mas esta deve ser a Escolhida.

B: – Alô, Ivete? Desculpe, eu tenho que desligar. Tem um anjo me xavecando. Aham, um anjo. Como ele é? Olha, se ele for anjo, eu vou fazer diabruras com ele. Depois te conto. Beijos, beijos.

A: – Nada tema, mulher, pois Deus está contigo.

B: – Olha, essa paradinha de anjo é legal, mas não exagera, oquei? Vamos dançar que a farra está apenas começando.

A: – Mas, mulher, eu sou um mensageiro de Deus! Você, dentre tantas, foi a Escolhida por Deus!

B: – Cara, essa paradinha está ficando sinistra. Eu não curto ménage à trois, sacou? O seu amiguinho, se quiser uma mulher, vai ter que ir à luta.

A: – Você se recusa a fazer a vontade de Deus?

B: – No momento eu quero é fazer a minha vontade, pode ser ou está difícil?

As personagens somem no meio da multidão. O cenário muda para um hospital. Beatriz está deitada em um leito enquanto espera o diagnóstico do médico.

Personagens: Beatriz e Médico.

M: – Senhora Beatriz da Conceição?

B: – Aqui, doutor, sou eu mesma.

M: – Não se preocupe que seu estado não é grave, mas é grávido. Meus parabéns, a senhora está no quinto mês de gestação.

B: – Como assim, doutor? Eu? Grávida? Impossível. Eu e meu marido trabalhamos tanto que mal temos tempo para isso.

M: – Dona Beatriz, a senhora é religiosa?

B: – Não, não senhor, muito pelo contrário.

M: – Então a senhora está grávida, a menos que comece a acreditar no Espírito Santo.

B: – Ai, meu Deus. Eu estou fodida.

M: – De novo? Sim, porque se a senhora não acredita em Deus, a senhora está grávida porque foi fodida.

B: – Está gozando com a minha cara?

M: – Oh, não, senhora. Mas alguém gozou. Dentro da senhora, para ser mais específico.

B: – Hahaha. Corte essas piadinhas machistas, doutor. Escute e entenda bem minha situação, doutor. Eu não estou grávida. Eu não posso estar grávida. Use seus dedos mágicos e tire isso de mim.

M: – Se a senhora tivesse tomado as devidas precauções, nenhum dedo mágico precisaria trabalhar na senhora.

B: – Hahaha. O senhor deve ser um sucesso com as mulheres. Tire. Agora.

M: – Infelizmente eu não posso, senhora. Não há qualquer circunstância que indique o procedimento abortivo.

B: – Será que cinquinho mil fazem aparecer uma circunstância?

M: – Dona Beatriz, aqui é um hospital, não um açougue.

Segundo Ato – Estréia.

Cenário: Centro Obstétrico.

Personagens: Beatriz e Obstetra.

O: – Bom dia, senhora Beatriz. Por suas dilatações, está na hora do seu bebê nascer. Eu vou aplicar a anestesia periodontal.

B: – Põe logo a porra desse caralho! Enfia!

O: – Se a senhora quiser, nós podemos colocar uma divisória para a senhora não ver o parto.

B: – Eu quero ver. Vai que vocês trocam meu bebê? Eu só não quero sentir dor.

O: – Dona Beatriz, faz parte da vida sentir dor. Sofrer ou ficar traumatizado são opções pessoais.

B: – Porra, mas você vai me anestesiar com essa injeção ou com essa conversa para boi dormir?

O: Calma, dona Beatriz, a anestesia vai fazer efeito em breve. Enquanto isso, a senhora deve considerar que todos, em algum momento em suas vidas, têm uma experiência espiritual.

B: – Calma o caralho. Quando você for dar a luz, você me diz como é. Quem não tem útero, não tem opinião. Você está aqui para fazer meu bebê nascer, não para viajar na maionese esotérica.

O: – Pronto! Viu só? Você estava tão concentrada em reclamar que nem percebeu que seu bebê nasceu. Opa. Dona Beatriz, o seu bebê precisa de uma cirurgia de adequação.

B: – Cirurgia de adequação? Como assim?

O: – O seu bebê nasceu em uma condição que não é possível definir o sexo dele ou dela. A senhora deu a luz a uma pessoa intersexual. Eu vou fazer um pequeno corte e vou adequar seu bebê.

B: – Nada disso! Pode parar! Quando eu pedi para cortarem, vocês não quiseram. Agora quem não quer sou eu. Meu bebê vai ficar como está.

O: – Dona Beatriz, pense no futuro que esta criança irá ter!

B: – Ele, ela terá o futuro que ele, ela irá construir.

O: – Dona Beatriz, pense no sofrimento que seu bebê vai passar por causa da Igreja.

B: – Foda-se a Igreja. Eu sou agnóstica. Além do que, “o sofrimento é opcional”, não é isso que dizem? Se Deus existe, meu bebê nasceu como filho, filha Dela.

No fundo do cenário, com o obstetra segurando na mão o bisturi, uma imagem do anjo segurando a mão de Abraão. Cenário gira, muda para uma festa de chá de bebê.

Personagens: Beatriz e Comadres.

C1: – Parabéns, Bia, seu bebê é lindo. Que nome vai dar a ele?

B: – Sim, meu bebê é lindo, mas meu bebê não é menino, nem menina. O nome dele, dela, eu ainda não escolhi.

C2: – Como assim, Bia? Só existe menino e menina. Você ainda está lesada pela anestesia?

B: – Está me chamando de mentirosa, sua baranga? Se vai ficar ofendendo meu bebê pode ir embora agora mesmo.

C1: – Sem drama, né, Bia? Isso nós aprendemos na escola. Ou se nasce menino ou se nasce menina. Ou você é uma daquelas feministas marxistas que querem impor uma ideologia de gênero.

B: – E quantas coisas que aprendemos na escola que tivemos que reaprender na faculdade? Quantas coisas que aprendemos de nossos pais, professores, padres, sábios que depois nós vimos que eram baseados em preconceitos, não em fatos? Vocês ainda engolem as farsas da Igreja e nem percebem que afirmar que existe apenas menino e menina é uma ideologia de gênero. Vocês me conhecem bem, eu sou anarquista e pragmática, eu não sou militante, mas eu vejo as coisas como elas são. Meu bebê é apenas um dentre muitos que nascem intersexuais. Isso não é visto porque muitos indivíduos intersexuais passam por cirurgias de adequação. Se não acreditam em mim, vejam por si mesmas.

As mulheres se aproximam do berço onde está o bebê. Quando Beatriz levanta o lençol que envolve o bebê, um halo espiritual ilumina todo o cenário, anjos pairam em volta tocando harpas e clarins. As comadres fazem um olhar espantado, diante da revelação.

Terceiro Ato – Missão

Cenário: Escola.

Personagens: Professora, Beatriz e NSA.

P: – Dona Beatriz, nós precisamos falar sobre sua filha.

B: – O que tem mei filhu?

P: – Hã… dona Beatriz, sua filha tem apresentado um comportamento estranho. Tem vezes que ela se veste como menino e age como menino. Isso confunde a cabeça das outras crianças.

NSA: – Pois nenhum des minhes amigus reclamam. Les confusus são les professeurs. Ilus só falam de histórias de grandes homens. Por acaso estes grandes homens nasceram por partenogênese? Então deveriam falar nas mulheres que os pariram. Por que les professeurs não falam coisa alguma sobre as grandes mulheres? Por que les professeurs não falam sobre les grans intersexuels da história? Nosotres existimos, mas les professeurs não contam.

P: – Viu só, dona Beatriz? Sua filha inventou essa linguagem esquisita, incompreensível e fica discursando na escola sobre o gênero ser algo culturalmente construído, não como destino ou fatalidade natural.

B: – Eu vejo an professeur despreparade. O que você acredita que é ser mulher foi aprendido, imitando sua mãe, vendo outras mulheres, sendo condicionada por parentes, familiares, conhecidos, professores. Você não aprendeu que há diferença entre sexo e gênero. Você nunca viu uma pessoa intersexual. Você nunca aprendeu que nós formamos nossa cultura e linguagem.

P: – Dona Beatriz, isso é um absurdo. Todo mundo sabe que só existe menino e menina. Todo mundo sabe que cada qual nasce assim. Isso que a senhora e sua filha dizem não passa de bobagem feminista marxista, querendo impor uma ideologia de gênero.

NSA: – Deixa para lá, mamis. This professeur somente irá superar a programação se elu ver por si mesme o que eu sou.

Beatriz faz com que a professora se aproxime de Nossa Senhora do Arouche. Elu abre seu manto púrpura e seu corpo inteiro emite uma luz. A professora tem uma revelação e cai de joelhos, tornando-se a primeira seguidora delu. Alguém filmou a epifania e publicou em um conhecido portal de vídeos. O sucesso foi tão estrondoso que chamou a atenção dos meios de comunicação tradicionais. Não demorou para que as emissoras de televisão iniciasse o linchamento midiático. Um dos muitos programas de auditórios de uma emissora conservadora convidou Nossa Senhora do Arouche para participar de seu programa.

Cenário: Estúdio de televisão.

Personagens: Apresentadora, Pastor, Padre, Psicólogo, Médico, Geneticista e NSA.

Ap: – Boa noite a todos os telespectadores do Programa Alpinista Social. Esta noite nós recebemos o Reverendo Salafrário, o Padre Papanjo, o Psicólogo Chicaneiro, o Médico Butcher, o Geneticista Paraguaio e aquela que tem se apresentado como Nossa Senhora do Arouche. Quem é ela? O que é ela? Fraude ou verdade? Saiba dos fatos e decida!

[Aplausos da platéia]

Ap: – Boa noite, Reverendo Salafrário e obrigada por estar aqui conosco.

RS: – Boa noite, Alpinista Social e agradeço o convite. Eu espero poder desmascarar essa fraude, esse agente do marxismo cultural, que quer destruir nosso país, nossas famílias e nossa fé em Deus.

Ap: – Boa noite, Padre Papanjo e obrigada por estar aqui conosco.

PP: – Boa noite, Alpinista Social e agradeço o convite. Hoje eu vou explicar aos telespectadores o que se esconde atrás dessa “ideologia de gênero” que estão querendo nos impor.

Ap: – Boa noite, Psicóloga Chicaneira e obrigada por estar aqui conosco.

PC: – Boa noite, Alpinista Social e agradeço o convite. Se você me permitir, no fim do programa eu gostaria de divulgar nosso trabalho cristão voltado para ajudar as pessoas homossexuais.

Ap: Será um prazer. Boa noite, Médico Butcher e obrigada por estar aqui conosco.

MB: – Boa noite, Alpinista Social e agradeço o convite. Eu trouxe laudos médicos que vão provar que não existem pessoas intersexuais.

Ap: – Sempre é bom ouvir um especialista. Boa noite, Geneticista Paraguaio e obrigada por estar aqui conosco.

GP: – Buenas noches, Alpinista Social e gracias por tu llamado. Aquí tengo pruebas de que todas las personas tienen sólo dos cromosomas sexuales, por lo que sólo dos géneros.

Ap: – O público irá querer saber, mas este programa também dará a chance para que essa garota que se apresenta como Nossa Senhora do Arouche possa expor seu lado. Boa noite, Nossa Senhora do Arouche e obrigada por estar aqui conosco.

NSA: – Boa noite, Alpinista Social e agradeço o convite. Eu vou avisando ao telespectador que, para cada suposto argumento e prova, eu tenho dez argumentos e provas.

RS: – Mentiras, falácias. Aqui nós temos dois profissionais da área médica, um psicólogo e dois homens de Deus que vão desmascarar essa fraude.

NSA: – Fraude que o senhor conhece bem. Como está o seu processo por estelionato, Salafrário? Ou o senhor prefere explicar para o telespectador o seu flagrante, gastando dinheiro de sua igreja, com três transexuais, em uma boate LGBT?

RS: – Isso são apenas calúnias. Isso será esclarecido no tribunal.

PP: – Esta é uma típica estratégia do marxismo cultural. Na falta de provas ou evidências, desvia o assunto para outra coisa. Mas o telespectador saberá combater essa perigosa imposição da ideologia de gênero.

NSA: – Desviar do assunto é algo que o senhor conhece bem. Como está o seu processo por abuso sexual de menores, Papanjo? Ou o senhor prefere explicar por que afirmar que existem apenas dois gêneros não é uma ideologia de gênero?

PP: – Absurdo! Eu sou a vítima! Foi uma armação! Aqueles jovens sabiam muito bem o que faziam! Quanto aos gêneros, eu sou o representante do Vaticano e a opinião da Igreja é infalível!

PC: – Esse é um caso típico de projeção. Essa garota deve ter problemas para aceitar a Deus e a forma como Ele a criou, então ela tenta projetar nos outros seus próprios defeitos. Ela certamente teve algum trauma na infância e tenta compensar isso colocando esses homens de Deus no nível dela.

NSA: – Trauma de infância é algo que a senhora conhece bem. Quantas cirurgias e plásticas a senhora passou? Tudo para se adequar a um padrão de beleza idealizado pela sociedade. Você deve ter sofrido muito bullying na infância e na adolescência. Não é de estranhar que a senhora não veja qualquer problema ético ou moral em sua suposta terapia cristã para homossexuais. Sua licença de psicóloga não foi cassada?

PC: – Isso é cerceamento da liberdade de expressão, cerceamento da liberdade religiosa. Todos os procedimentos que eu fiz foram feitos por questões de saúde. Algo que meu instituto oferece para todas as pessoas que quiserem ter uma vida conforme o plano de Deus.

MB: – Saúde é algo que eu também me interesso. Eu sou médico formado há muitos anos e consultei muitos de meus colegas. Não há nenhum trabalho acadêmico, exame laboratorial ou caso clínico que fale sobre a existência de pessoas intersexuais. O que essa garota diz simplesmente não existe.

NSA: – Entretanto nós existimos, mas médicos como o senhor tem nos tratado como aberrações ou como portadores de uma patologia, nos conduzindo para cirurgias de redesignação sexual enquanto nós ainda éramos bebês. Ou o senhor quer explicar para o telespectador todos os procedimentos cirúrgicos ilegais e desnecessários que o senhor faz em sua clínica clandestina?

MB: – Não existe qualquer prova ou evidência disso! São apenas calúnias e difamações! Eu tenho centenas de clientes que podem atestar meu profissionalismo!

GP: – Jo conoco Butcher. Nosotros nos encontramos en un congreso de medicina, biologia e genética. Hablamos mucho sobre la incongruencia de hablar de personas intersexuales.

NSA: – Deve ter sido um encontro memorável, com centenas de médicos e geneticistas formados em faculdades de fundo de quintal. Ou o senhor prefere explicar ao telespectador porque seu diploma ainda não foi reconhecido ou averbado aqui no Brasil?

GP: – Eso és calúnia. Mi diploma ainda está em análise por questiones técnicas e burocráticas. La justicia será hecha.

Ap: – Nossa, mas que situação. Alô, produção, eu pensei que os convidados fossem pessoas íntegras acima de qualquer suspeita. Vocês estão querendo me queimar?

NSA: – Infelizmente, Alpinista Social, você está sendo manipulada para que seus patrões exponham sua ideologia conservadora, obsoleta e arcaica. Você não pode reclamar muito, afinal, você se tornou apresentadora exatamente por saber fazer o que o patrão manda. Você conquistou seu espaço na televisão porque transou com as pessoas certas, não que eu seja contra, mas você mantém uma fachada de moralista que não convence a pessoa alguma. Olha, eu deixo com sua produção todo o material que eu tenho para divulgarem aos poucos. Para esta noite, para provar que o que eu digo é verdade, tudo que eu tenho que fazer é mostrar ao telespectador todo meu brilho fabuloso.

Nossa Senhora do Arouche levanta da poltrona, abre seu manto púrpura e milhões de telespectadores automaticamente se tornam devotos da Santa.