Um dos assuntos favoritos deste blog: sexo.
Mas por que logo um texto sobre sexo, titio Bode?
Bom, eu não suporto a confusão conceitual e mental que fazem pagãos, bruxos e wiccanos quando abordam o tema "sexo ritual".
E porque vem a calhar, haja visto a polêmica e discussão sobre a legitimidade dos protestos da Femen pelo mundo. Protestos que, por sinal, são duramente criticados por...feministas. Unicamente porque os protestos da Femen usam a nudez feminina como ferramenta. E também porque a nudez feminina, mesmo na Femen, tem interessantes nuances de conceitos e concepções.
E o que amor, relacionamento e sexo tem a ver com o livro "O Mito da Monogonia" e o filme "Qualquer Gato Viralata". E o que isto tem a ver com "Manifesto Onigâmico".
E o que isto tem a ver com essa cultura construida em cima dos valores judaico-cristãos, sexualmente recalcada, reprimida e oprimida. E o que isto tem a ver com a Musa Nana Odara e o sonho deste pagão em um mundo onde todos tenham o direito e a liberdade de amar quem quiser, quantos quiser.
Mas vamos pelas beiradas. Que o assunto é quente. Falar sobre sexo, amor e relacionamento causa comoção, indignação, críticas e comentários inflamados. E o prato do dia é Femen.
Existem movimentos feministas desde o século XVIII [desculpem se a informação não é precisa] e desde então existem várias vertentes, como em toda atividade que envolve posições políticas e ideológicas de muitas pessoas. E apareceu a Femen. Neo-feminismo. Argh. Detesto essa mania de inserir um prefixo antes de uma palavra, como "Neopaganismo". Paganismo é paganismo. Nossos ancestrais exerciam suas crenças conforme a época, sem se preocuparem com rótulos. Feminismo é feminismo. Mulheres [e homens] lutam por diversos meios por uma sociedade mais inclusiva e igualitária.
Femen conseguiu exposição e importância no mundo e entre militâncias e protestos através do simples ato de se exporem sem roupa nas manifestações. Objeta-se que isto não é protestar contra a sociedade patriarcal, sexista e machista, mas reforça a idéia de que o corpo [especialmente o feminino] é um objeto e que a nudez [especialmente a feminina] é exploração sexual.
Seria, se as meninas do Femen fossem coelhinhas da Playboy. Ou uma figurante em comercial de cerveja.
A nudez das meninas do Femen sai do status quo exatamente porque elas se despem por escolha e decisão própria, elas demonstram que são donas de seus corpos e da forma como elas usam, em prol dos ideais feministas. Daí meu espanto e curiosidade ao ler que, na concepção da Femen, é idiotice ver o corpo feminino com sensualidade. Uma incoerência e contradição. Oh, bem, nada é perfeito.
Uma das bandeiras do Paganismo é a ressacralização do desejo, do prazer e do corpo. Faz parte da natureza das espécies, especialmente as mamíferas, que a fêmea exerça sobre o macho o efeito da atração sexual, por suas formas, por sua sensualidade. Isso é biologia básica, o que me leva ao livro e ao filme.
No filme "Qualquer gato...", o personagem-professor solta uma definição que soa como machismo, a de que a fêmea tem que ser recatada e monogâmica para que o macho [man]tenha interesse. Não é o que demonstra o livro "O Mito da Monogamia". Espécies supostamente "monogâmicas" demonstraram [man]ter escandalosos casos extra-conjugais, extamanete para garantir o êxito da espécie [e a diversidade sexual, entre outras coisas...]. Biologia básica, professor, fêmeas tem uma prole melhor [maior, mais saudavel, mais resistente] porque pula a cerca. Apenas o ser humano cria fronteiras, tabus e proibições nos seus relacionamentos e na sua vida sexual. O que me leva ao "Manifesto Onigâmico".
Um livro pequeno e de fácil leitura, obra de Mauro Bartolomeu, mas com um conteúdo explosivo, para não dizer perigoso e subversivo, para o status quo e nossa sociedade [patriarcal, sexista, machista] cheia de frustrações, recalques, opressão e repressão sexual. A proposta do autor é a da coletividade de relacionamentos, contada através de um conto-ficção, pela interação de um humano com um alienígena. Os pesquisadores de X1S concordam com as idéias do movimento da Contracultura [década de 60, século XX]. O que me leva ao meu sonho por um mundo onde todos tem o direito de amar quem quiser, quantos quiser. No Brasil, a Suma-Sacerdotisa seria Nana Odara.
Mas titio Bode, o que isto tem a ver com os lírios do campo?
Simples, Jovem Gafanhoto. A beleza de um jardim é diretamente proporcional à quantidade de abelhas que a polinizam. Diversas abelhas. Polinizando diversas flores.
Podíamos ser como os lírios, mas preferimos ser cardos...