A cidade fortaleza para onde me levaram era magnífica, sombria e tão receptiva quanto uma cripta, toda em granito negro. Tinha algo nela que me parecia ser familiar, como se já estivesse estado ali, como já pertencesse há muito tempo a este lugar.
Disseram-me que o nome era Ogiel, capital do reino de Gamaliel, cuja reinante não era outra que a minha adorada deusa da Lua Negra, Lilith. É óbvio que devia me sentir à vontade, pois estava bem próximo de minha venerada rainha. Quantas coisas que passaram na minha cabeça para agradá-la e impressioná-la! Eu desejei inclusive lutar, mesmo sem treino, contra o Império das Luzes, pela bandeira dela. Mas me reservaram, infelizmente, a escrever o que foi omitido no Apocalipse.
Tendo o Cordeiro terminado sua obra, foi descansar um instante no trono que lhe custou tanto conquistar. Lamentou durante alguns instantes, os extremos a que teve de chegar, mas era necessário, para que finalmente o Reino de Deus prevalecesse sobre as forças das Trevas malignas, para salvar a Terra.
O falso profeta balançava feito pingente na ponta de uma corda. A Besta foi lançada aos Infernos, onde ficaria encarcerada junto com o Dragão de Sete Cabeças e Dez Chifres. Tudo estava finalmente tranqüilo e a construção da Nova Jerusalém terminada, estava instalado o Paraíso na Terra, sinal da vitória de Deus Pai Todo Poderoso, conhecido aqui como o Espírito das Luzes. Agora a Terra pertencia aos eleitos de Deus, os justos e os santos, junto com os humildes.
Foi quando lhe ocorreu um raciocínio assustador. Como havia utilizado todos os recursos de que dispunha, estaria vulnerável aos contra-ataques das forças malignas, pelo menos durante algum tempo. Tranqüilizou-se, ao pensar que seus súditos acudiriam ao primeiro sinal de invasão. Neste momento, a massa dos eleitos era um imenso exército, mais que necessário para se garantir a segurança.
Foi dada então, ao que foi denominado de falso profeta, uma tarefa, já que se mostrava tão ansioso a ajudar sua rainha de alguma forma. Levaram-no até próximo dos portões da Nova Jerusalém, vestido de camponês, querendo terras para plantar.
O camponês entrou na Nova Jerusalém com a semente da verdade, mas a verdade que é trazida pela iluminação da mente pelo Fogo Negro. É como se costuma dizer: o melhor método de ruir um Império é fazendo-o de dentro para fora.
Dirigindo-se a uma praça pública, começou a gentilmente plantar as sementes. Ninguém o parou ou protestou, pois sua aparência era inocente, assim como suas ações. Da mesma forma que entrou, saiu, dizendo que ia trazer água potável, de fonte conhecida por ter trazido grandes revelações, porém jamais retornou.
O Cordeiro, um certo dia, após ter acabado todos os seus afazeres, que foram tomadas todas as decisões que precisava, foi passear pela sua bela cidade. Foi quando notou o crescimento de uma bela árvore, já com flores abundantes, prestes a se transformarem em frutos. As flores pareciam-se com orquídeas, só que tinham mais pétalas, de bordas recortadas em dentes, com um tom de cores, variando do azul, ao violeta, ao negro. O perfume que exalavam era sensacional, faziam com que, quem cheirasse, sentisse se elevar, o pensamento funcionar mais intensamente. Até mesmo o Cordeiro não pode resistir aos efeitos, dos quais, num momento, pôde vislumbrar os primeiros momentos da criação. Pôde lembrar que, foi por uma árvore e seu fruto tentador, que todo pecado começou. Neste exato instante, o Cordeiro, esquecendo-se de sua condição, começou a atacar e depredar a árvore indefesa. Todos que ali estavam olhavam abismados, mas nada comentavam, com medo do que lhes podia acontecer.
Porém, como era uma árvore do fruto do Fogo Negro, cresceu mais forte e resistente,no dia seguinte. O Cordeiro temendo o que poderia acontecer, cercou a árvore com grades e guardas, para que ninguém dela se aproximasse. O Cordeiro logo perdia aquela tranquilidade e serenidade que deveria caracterizá-lo.
Tomado de pânico, que ainda assim poderia haver quem comesse do fruto proibido, decretou lei marcial, ninguém podia ficar nas ruas depois das 19 horas. Além de serem proibidas quaisquer reuniões, públicas ou privadas, para evitar que houvesse tramas contra o Cordeiro.
Mesmo sem o fruto, todos os justos perceberam que seu redentor, o Cordeiro, não era exatamente a pessoa que dizia ser. Descontentamento geral leva a protestos e seus respectivos choques com os anjos. O povo todo já estava disposto a rebelar-se por completo, contra o Cordeiro, de qualquer forma.
Quando tudo parecia desfavorável aos revoltosos, surge avançando, em direção das muralhas da Nova Jerusalém, o exército das Trevas, que foi recebido pelo povo nas portas que estes abriram. Foi aí que o Império das Luzes sentiu a força real das Trevas, apanhou feio e não tinha mais nada a fazer, senão render-se. O Cordeiro sofreu o escárnio público, depois que todos viram sua verdadeira face, antes de ser abandonado, sem condenação, pois não era preciso.
Todos os arcanjos não puderam conter os arquidemônios. Não sem o apoio dos que foram o povo eleito, agora somados às legiões das Trevas. O Espírito das Luzes, para que seus colaboradores não sofressem, capitulou, baixou a bandeira nos pés do Espírito das Trevas. Todo o Império das Luzes deixou de existir, junto com a renúncia do Espírito das Luzes.
Tomando a administração de todos os planetas, sóis e galáxias, o Espírito das Trevas permitiu que seu irmão lhe auxiliasse, fornecendo luz e energia necessária para alguns tipos de vida de certos planetas, como a Terra, que não podiam viver sem luz.
Tornou o Espírito das Trevas a falar com seu Pai, o Universo. Pois cometera, de certa forma, os mesmos erros que seu irmão, o Espírito das Luzes, esperando um perdão de seu Pai.
O Universo sorriu e suas partículas coroaram o Espírito das Trevas. A euforia tomou conta das criaturas, de qualquer nível existencial, sem se importarem se eram notívagas ou diurnas.
Tenha isto nas mãos, como um guia básico para que aprenda definitivamente que deve tomar cuidado com as aparências superficiais, evitar ser dominado pela força e pela estupidez religiosa. Nunca se pode, efetivamente, falar contra algo que não se conhece ou se experimentou.
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