terça-feira, 21 de março de 2017

Heterogênese XI

Os homens cercam-se de divindades e leis, ou para justificarem tudo que ocorre em sua volta, ou seus atos contra o mundo e seu semelhante. Quando, na verdade, isso é produzido pela sua cabeça. Deus não existe a não ser pelo Homem, o Homem é deus de si próprio, idealizado em virtudes e condutas que, para o homem comum, seriam difíceis de serem realizadas todo dia. Portanto fica mais fácil e cômodo atribuir ao seu ente divino, tais características e então, omitir-se de tais condutas e virtudes.

O mesmo ocorre nos pesadelos, malefícios e seres demoníacos, os homens os fazem de acordo com as coisas que assustam ou são condenáveis, são formados dos vícios e dos pecados. Estes são os demônios do Homem, que no fundo é ele mesmo. É o seu desejo interior íntimo que não apaga, que desacata leis, que nega as virtudes e as condutas exemplares, que contradiz a deus. Ou seja, se um homem tem certas condutas e pratica certas virtudes, é um homem santo e justo, por graça divina. Se, pelo contrário, comete crimes, abusos e destruição, é um homem possesso e maléfico, por obra demoníaca. O homem não é responsável, nem possui vontade própria, senão por desejos dos deuses ou demônios, estes criados por sua própria projeção. Como se o homem fosse um simples fantoche vazio, a espera de uma mão para mover seu corpo e uma cabeça externa para pensar por ele.

Portanto não é estranho então o Homem construir sociedades, leis, autoridades e governos aos milhares, visto que não tem vontade própria ou direcionamento, delega aos outros o poder, a responsabilidade e a paternidade. Conseqüentemente, fica submisso e conformado às vontades dos governantes, suportando a carestia e a repressão institucionalizada por estes.

Embora o que faz a Nação é seu povo e este é composto de cada um e de todo homem, o povo ou parte dele é o primeiro a sofrer em nome da Nação ou do governo dela, já que estão intimamente ligados. Ser do Governo significa ser a Nação, ser todo o País, eles são os pais do povo, amantes e esposos da Nação. Cada vez mais o homem é castrado da vontade e da consciência, que são deixadas aos cuidados de instituições reacionárias, que são as melhores em castração e em servir de consciência alheia. Ainda bem que um dia o Homem se libertará ao perceber o ridículo da situação.

Não cabe a ninguém, senão à própria pessoa, descobrir o certo e o errado, baseado nas suas vivências, experiências e conclusões dela mesma. Esses são conselhos e considerações minhas, que cada um as avalie e de justiça a elas, visto que não sou conselheiro, nem sequer de mim mesmo.

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