sábado, 7 de janeiro de 2017

Apostolado profano III

Essas estão aqui feitas, quase tão perfeitas de um momento raro dessa minha vida miserável, desse mundo medíocre.

Foi pela ocasião de um noivado de casamento marcado de famílias aparentadas de mim e me vi então intimado a comparecer para que fosse eu o orador da celebração.
Cada qual parente do noivo e da noiva receberam seu quinhão do dote tendo em troca dado essas tais mercadorias que se dão a recém-casados.
Vendo-me tão afundado nesse suborno das consciências, necessário para que se perdoe o excesso de confiança entre os noivos e que por uma instituição, se lhes permitam desfrutar desses direitos matrimoniais, então recém-adquiridos, chego a uma idéia tal que vai encantá-los também.
No que me chegou a parte de receber meu quinhão, reservei-me um instante da noiva em lugar afastado e creio eu que ambos ficamos igualmente satisfeitos com o que nos demos e trocamos pela festa, roubando a dor primeira do noivo, que terá sua pequena e mesquinha vez de devorar estas carnes em precedência a mim. Só espero que minha parte não a tenha feito tão feliz que venha a sentir falta, mesmo em companhia de seu noivo e eu tenha de ensiná-la porque a fiz tão sacra neste momento profano a essas instituições da consciência.
Dessa noite guardo essas máximas que trocamos nos poucos minutos de descanso que nos dispusemos a nos oferecer tanto e tão caro desejo.
No que me resta em observação secundária, só lhes é dado saber que é nesses momentos em que se alcança sabedoria sublime e plena, de mente aberta e fluida. Não será muito surpreendente se viermos a aprender mais com nossa amante, uma mulher distante em ocasiões normais, por horas afinco, embora tenhamos a pretensão de sermos os mestres de uma ciência tão deliciosa e envolvente.

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