domingo, 29 de novembro de 2020

STJ faz justiça

Com voto favorável do quinto e último ministro, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) autorizou nesta terça-feira, pela primeira vez na história do tribunal, um casamento civil entre duas pessoas do mesmo sexo.
O julgamento, iniciado na quinta-feira da semana passada, foi concluído na tarde desta terça. Por 4 votos favoráveis a 1, os ministros da 4ª Turma rejeitaram decisão anterior do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e entenderam que o casal de mulheres autoras da ação pode se habilitar para o casamento --de forma mais simples, que elas podem se casar no civil.
Ao ser interrompido na semana passada por um pedido de vista, o julgamento estava 4 a 0. O ministro Raul Araújo, um dos quatro primeiros votos favoráveis, mudou seu voto nesta terça sob o argumento de que a constitucionalidade da questão deveria ser debatida pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O último ministro a se pronunciar, Marco Buzzi, autor do pedido de vista, votou a favor do casamento. "Não existe um único argumento jurídico contrário à união entre casais do mesmo sexo. Trata-se unicamente de restrições ideológicas e discriminatórias, o que não mais se admite no moderno Estado de direito."
O caso em questão é o de duas gaúchas, juntas há 5 anos. Antes da decisão do STF de maio deste ano que chancelou as uniões homoafetivas, as duas ingressaram com uma ação na Justiça gaúcha pedindo a habilitação para o casamento, o que foi negado em 1ª e 2ª instâncias.
As autoras da ação assistiram ao julgamento no tribunal e saíram emocionadas.
A decisão desta terça segue a linha do entendimento de maio do STF, mas vai além. Apesar de não ser "vinculante", ou seja, não obriga juízes e tribunais estaduais a seguirem a mesma linha, a decisão passa a representar a jurisprudência do STJ e uma orientação importante para magistrados.
Essa chancela do STJ pode diminuir o número de decisões desencontradas pelo país. Como o STF não se posicionou especificamente sobre o casamento --e, sim, sobre a união estável-- e como não há lei específica no país, juízes vêm divergindo sobre a aplicação do casamento para casais do mesmo sexo.

REAÇÃO NEGATIVA

Desde a semana passada, circulam pelas redes sociais apelos de lideranças religiosas contrárias à autorização para casais do mesmo sexo.
O pastor Silas Malafaia, do Rio de Janeiro, lançou campanha na internet em que repudiava a ideia do casamento homoafetivo e orientava os fiéis a enviar e-mails aos ministros do STJ protestando contra a eventual decisão.

DECISÕES DESENCONTRADAS

Após o STF reconhecer as uniões homoafetivas em maio, e na ausência de legislação específica, juízes têm dado decisões desencontradas sobre o casamento civil.
Antes, os casais pediam a declaração de união estável e só depois tentavam converter para o casamento, com base no artigo da Constituição, que obriga a facilitar a conversão. No casamento, as pessoas mudam de estado civil, enquanto na união estável não há essa mudança.
Apesar da decisão de hoje do STJ, nos últimos meses, decisões nas Justiças estaduais autorizaram o casamento direto de homossexuais, nos moldes do heterossexual. Outros foram negados.
Fonte: Jornal Floripa (original perdido).
Texto resgatado com Wayback Machine.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Tudo pela popularidade

O Jorge Ferraz [acena] queixa-se quando acontece [com frequência] de um cristão/católico/protestante o criticar. Isso para este pagão que vos escreve não é novidade, não há consenso entre os cristãos. Mas nós, pagãos brasileiros, também não temos muito que comemorar. Estima-se que nossa comunidade preze pela diversidade, pela informação e pelo diálogo democrático, certo? Errado.
Em 2006 eu fui expulso da Abrawicca depois de uma campanha difamatória contra mim, volta e meia ainda me acusam de fazer apologia à pedofilia.
Em 2007 eu fui expulso da Sociedade Wicca por ter tido a ousadia de criticar sua opinião em favor da auto-iniciação.
Em 2011 eu fui convidado a participar do Jornal do Bruxo - PE e não deu outra. Eu me retirei dessa comunidade depois de ter aturado demais o besteirol divulgado por lá.
O primeiro atrito foi quando incluíram a sub-cultura vampyrica como parte da comunidade pagã.
O segundo atrito foi quando eu critiquei o texto de Og Sperle.
O terceiro e derradeiro atrito foi quando eu critiquei um texto de Ricardo Draco.
Eu anteriormente escrevi um artigo refutando-o em meu Editorial.
Sobre estas dificuldades, reaproveito meus comentários, retirados deste grupo:
Pena que a comunidade pagã ou pessoas despreparadas não sabem conviver com críticas.
Eu vivo de acordo com valores, princípios, honestidade e sinceridade. Pena que tem pagão que prefere dar audiência a pequenos príncipes e seus cultos à personalidade.
"União" não pode nem deve significar unificação ou homogeneização. Por falta de contestação aconteceram as Cruzadas, a Inquisição, as Ditaduras. Se alguém tem algo a dizer, argumente o texto, não ataque o autor. Apenas pessoas imbuídas da ideologia totalitária e fascista denigrem um autor para censura-lo, por medo de perder seu poder e influência sobre a comunidade. Ninguém precisa gostar de mim e não espero por aplausos nem reconhecimento público - meu serviço é aos Deuses, não para atender às minhas agendas pessoais. Pena que nem toda pessoa que diz ser pagão faz o mesmo.
E reaproveito minha resposta ao contato do Douglas:
Como eu disse anteriormente, Douglas, eu prezo pelos fatos, não por agendas ou objetivos pessoais. Eu considero ofensivo um texto que afirme que a bruxaria seja apenas a que tem base "européia". Eu considero discriminatório um autor de textos que ataque a Wicca e a Bruxaria Tradicional em prol de propagandear seus próprios delírios. Eu considero intolerante um autor que afirme que BT seja apenas as creças pré-cristãs ou que tenha origem na "tradição íbero-celta" [esta definição, por si só, é uma contradição]. Eu não posso compactuar com um texto e um autor que divulga mentiras, baboseiras e inverdades pela internet e ainda seja aplaudido, adulado e incensado por pagãos e bruxos. Se os grupos e a comunidade pagã brasileira não se dá conta dos farsantes e vigaristas que estão por aí [enxovalhando com conceitos e ideais pessoais, unicamente em busca de controle e poder] e censura ou bane quem tenta combater essa impostura, então o melhor que eu faço é dizer um belo "foda-se" para a comunidade pagã brasileira. Continuem a brincar de ser pagão. Continuem sendo iludidos por pseudo-gurus, pseudo-sacerdotes, pseudo-bruxos, pseudo-acadêmicos. Me incluam fora dessa.
Texto resgatado com Wayback Machine.

domingo, 22 de novembro de 2020

O Totalitarismo Religioso em ação

ROMA (Reuters) - Um grupo de ativistas católicos que defendem que mulheres sejam ordenadas padres tentou entregar uma petição ao Vaticano nesta segunda-feira, mas foi impedido de entrar na Praça São Pedro. Alguns deles foram detidos pela polícia.
Testemunhas afirmaram que policiais italianos à paisana detiveram o grupo de cerca de 15 manifestantes, formado por diversas mulheres vestidas com roupas de padres, e confiscaram uma faixa na qual se lia 'Deus está convocando mulheres para ser padres'.
O grupo, liderado pelo padre católico norte-americano Roy Bourgeois, do estado da Geórgia, queria deixar a petição assinada por cerca de 15 mil pessoas na entrada do Vaticano.
'O escândalo de exigir silêncio sobre a questão da ordenação de mulheres reflete a arrogância absoluta da hierarquia (da Igreja Católica Romana) e o seu trágico fracasso em aceitar as mulheres como iguais em dignidade aos olhos de Deus,' disse Erin Hanna, diretora-executiva da Conferência da Ordenação de Mulheres, com sede nos EUA.
Em uma outra carta aberta às autoridades do Vaticano, Bourgeois disse: 'Se o chamado para ser padre é um dom e vem de Deus, como podemos, como homens, dizer que nosso chamado de Deus é autêntico, mas o chamado de Deus às mulheres não?'
Bourgeois e Hanna foram colocados em carros de polícia na entrada da Praça São Pedro e levados a uma delegacia próxima.
O Vaticano afirma que as mulheres não podem ser ordenadas padres porque Jesus Cristo escolheu apenas homens como apóstolos.
Fonte: G1 Mundo (original perdido).
As Blas lembram que mesmo nos "evangelhos" autorizados pela Igreja as mulheres tem uma função ativa semelhante senão igual aos homens. E o Fauno lembra que os "evangelhos" são o conjunto de obra mais forjada, compilada, adulterada, censurada, interpolada dos escritos sagrados.
Texto resgatado com Wayback Machine.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Temos apenas 40 anos

Uma previsão catastrófica do planeta Terra para os próximos 40 anos foi divulgada nesta segunda-feira (17/10/2011) por especialistas da área de clima e saúde reunidos em uma conferência em Londres, no Reino Unido.
Segundo os pesquisadores, recursos naturais da Terra como comida, água e florestas, estão se esgotando em uma velocidade alarmante, causando fome, conflitos sociais, além da extinção de espécies.
Nos próximos anos, o aumento da fome devido à escassez de alimentos causará desnutrição, assim como a falta de água vai deteriorar a higiene pessoal. Foi citado ainda que a poluição deve enfraquecer o sistema imunológico dos humanos e a grande migração de pessoas fugindo de conflitos deverá propagar doenças infecciosas.
Tony McMichael, especialista em saúde da população da Universidade Nacional Australiana, afirmou que em 2050, somente a região denominada África Subsaariana seria responsável por aumentar em 70 milhões o número de mortes.
Outro ponto citado se refere ao aumento dos casos de malária entre 2025 e 2050 devido às alterações climáticas, que tornaria propícia a reprodução do mosquito transmissor da doença [da malária]
"A mudança climática vai enfraquecer progressivamente o mecanismo de suporte de vida da Terra", disse McMichael.

Aumento populacional

De acordo com os especialistas, o aumento da população (estimada em 10 bilhões em 2050) vai pressionar ainda mais os recursos globais. Outra questão citada são os efeitos nos países ricos, principalmente nos da Europa.
"O excesso de consumo das nações ricas produziu uma dívida ecológica financeira. O maior risco para a saúde humana é devido ao aumento no uso de combustíveis fósseis, que poderão elevar o risco de doenças do coração, além de câncer", afirmou Ian Roberts, professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
Além disso, o Velho Continente estaria sob risco de ondas de calor, enchentes e mais doenças infecciosas para a região norte, disse Sari Kovats, uma das autoras do capítulo sobre a Europa no quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que será lançado entre 2013-2014.

Espécies em risco

De acordo com o Paul Pearce-Kelly, curador-sênior da Sociedade Zoológica de Londres, cerca de 37% das 6 mil espécies de anfíbios do mundo podem desaparecer até 2100. Os especialistas afirmam que na história do planeta ocorreram cinco extinções em massa, entretanto, atualmente a taxa de extinção é 10 mil vezes mais rápida do que em qualquer outro período registrado.
"Estamos perdendo três espécies por hora e isso antes dos principais efeitos da mudança do clima", disse Hugh Montgomery, diretor do Instituto para Saúde Humana e Performance da University College London.
Fonte: G1 Mundo (original perdido).
Texto resgatado com Wayback Machine.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Proibido brincar

No Brasil, no dia 12 de outubro celebra-se uma santa católica e o dia das crianças. Um cristão chato vai querer saber o que eu vou comemorar, uma vez que não sou católico e abomino datas comerciais. Neste dia, eu comemoro meu aniversário de casamento. Mas enquanto isso, longe da Terra em Transe, onde os zumbis consumidores devem estar fazendo filas para comprar brinquedos aos seus bibelôs, no Vietnã, a coisa está feia.

Hanói, 12 out (EFE).- As autoridades do Vietnã proibiram a entrada de qualquer tipo de brinquedo sexual no país e ordenaram a destruição dos que já existem, indicou a imprensa local nesta quarta-feira.
O Departamento de Alfândega vietnamita assinalou que esses objetos vão ser confiscados aos passageiros em sua entrada no país e só serão devolvidos em sua partida.
A decisão acontece semanas depois de um agente da alfândega ter encontrado dezenas de brinquedos sexuais em uma mala que, segundo o dono, eram para uso próprio e presentes para amigos.
No Vietnã, a legislação proíbe expressamente a importação desse tipo de objeto, mas não diz nada sobre posse ou consumo próprio.
Em 2009, o Governo proibiu as 'atividades culturais que promovam formas de vida dissolutas ou contra a tradição'.
Fonte: G1 Mundo (original perdido).

Assim não, companheiros!
Texto resgatado com Wayback Machine.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

E tem gente que diz que não funciona

PARIS, 11 Out 2011 (AFP) -Um programa adotado em seis estados indianos que concentrou campanhas de promoção do sexo seguro em alguns grupos específicos da população conseguiu prevenir cem mil infecções por HIV, vírus causador da Aids, em cinco anos, segundo estimativas publicadas esta terça-feira na revista The Lancet.
O projeto chamado Avahan foi lançado em 2003 nos estados de Andhra Pradesh, Karnataka, Maharashtra, Tamil Nadu, Manipur e Nagaland, usando doações maciças da Fundação Bill e Melinda Gates.
Estes estados, que juntos têm uma população de 300 milhões de pessoas, tinham as maiores prevalências de infecções pelo vírus da imunodeficiência humana adquirida (HIV) da Índia naquela época.
A meta do Avahan foi implementar a prevenção entre prostitutas e seus clientes, homossexuais, usuários de drogas injetáveis e motoristas de caminhão para impedir que o HIV saltasse dos grupos de alto risco para a população em geral.
A tática incluiu o aconselhamento da prática de sexo seguro individual, a distribuição gratuita de preservativos, a substituição de agulhas usadas por esterilizadas, a implantação de clínicas para tratar doenças sexualmente transmissíveis e o trabalho de assistência dentro das comunidades.
"No total, calculamos que 100.178 infecções por HIV tenham sido evitadas na população entre 2003 e 2008 como resultado do projeto Avahan", destacou o estudo.
As estimativas provêm da prevalência do HIV em distritos importantes dos seis estados onde o projeto foi implantado.
Em geral, a estratégia direcionada - ao contrário do esforço pulverizado, disseminado na população - foi um sucesso e serviu de lição para os outros países, afirmaram.
A prevenção tem sofrido um declínio nos últimos anos, devido ao sucesso dos medicamentos antirretrovirais, que tratam a infecção, mas não a curam.
Mas especialistas alertam que as drogas sozinhas não são suficientes para fazer a pandemia global recuar. À medida que as taxas de infecção aumentam, sobem também os gastos com os remédios, uma vez que os medicamentos precisam ser ingeridos diariamente para o resto da vida.
O projeto Avahan foi lançado em uma época em que a Índia vivia o temor de que 25 milhões de pessoas pudessem ser infectadas pelo HIV em 2010.
Estas projeções acabaram sendo drasticamente reduzidas. Segundo estimativas, em 2009, o país tinha 2,4 milhões de pessoas vivendo com HIV.
O projeto Avahan recebeu doações da fundação Gates no valor de 258 milhões de dólares entre 2003 e 2008.
Fonte: G1 Mundo (original perdido).
Texto resgatado com Wayback Machine.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Cadê a Liberdade Religiosa que estava aqui?

O pastor Paul Ade, de Calgary, no Canadá, criou o Jesus Ween como alternativa ao Dia das Bruxas, o Halloween, que é comemorado no dia 31 de outubro. O evento também se grafa como JesusWeen e JesusWin (win em inglês é triunfar).
Ade criou o site www.jesusween.com que não deixa claro o seu objetivo, mas em entrevista ele disse que o Halloween, uma festa pagã, nada tem a ver com os cristãos. "Muitas pessoas afirmam que se sentem incomodadas nesse dia, e por isso criei uma alternativa."
O Jesusween está no Facebook, Twitter e em anúncio de ônibus de Calgary.
Ade propõe que na data os cristãos deem às crianças Bíblias e presentes que reforcem o ensinamento de que Cristo ressuscitou para salvar os pecadores. Blogs de gozação sugerem que também se presenteie as crianças com balinhas da marca Jesus Harvest.
No Brasil, o Halloween é combatido em duas frentes. Pela dos puristas culturais, que rechaçam a data de origem inglesa em favor do folclore brasileiro, com a criação do Dia do Saci Pererê, e pelos cristãos, principalmente pelos católicos, embora a Igreja Católica tenha absorvido muitos rituais pagãos.
A iniciativa de Ade, se obtiver adeptos, poderá ser um tiro pela culatra porque as crianças poderão associar JesusWeen às bruxas, fantasmas e monstros do além.
Fonte: Paulopes (original perdido).
Nota: Aos diletos e eventuais leitores, eu lembro que minhas críticas são contra o totalitarismo da Igreja.
Texto resgatado (parcialmente) com o Wayback Machine.

sábado, 7 de novembro de 2020

Os 7 pecados da Igreja Católica

Faz cerca de 140 anos que o número de católicos no Brasil segue ladeira abaixo. No século XIX, precisamente em 1872, o conglomerado de brasileiros que se assumia fiel à Igreja Católica beirava a totalidade da população, 99,7%. Durante os 100 anos seguintes, a cada década que se encerrava, aproximadamente 1% abandonava a religião. O índice dessa queda, atualmente, continua o mesmo. Mudou, porém, o fato de ele ocorrer a cada ano. Essa aceleração do declínio foi constatada pela pesquisa "Novo Mapa das Religiões", realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Faculdade Getulio Vargas.
Ao processar microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2003 e 2009, os estudiosos, capitaneados pelo economista Marcelo Neri, constataram que nesse intervalo de seis anos cerca de 6% da população deixou a religião romana – decresceu de 73,7% para 68,4%. O montante de fiéis que segue atualmente a doutrina preconizada pelo Vaticano é o mais baixo verificado no País.
E, pela primeira vez na história, em alguns Estados e capitais da maior nação católica do planeta, o número de adeptos da religião não chega nem à metade dos habitantes (leia quadro). Quais seriam, então, os deslizes patrocinadores da queda do status do catolicismo entre os brasileiros, como as estatísticas não se cansam de mostrar? ISTOÉ recorreu a um colegiado de profissionais da religião, gente que pensa a Igreja, para discorrer sobre os possíveis pecados da Santa Madre. Eis os sete principais confessados.

1 Romanização da Igreja

É cantada em prosa e verso, já há algum tempo, a rejeição dos fiéis contemporâneos a autoridades religiosas que impõem doutrinas e ritos. Imposição, obrigação e restrição são palavras proscritas em um cenário no qual cada vez mais as pessoas se habilitam a estar no comando do próprio destino. A Igreja Católica, no entanto, caminha na direção oposta. Vive um momento de reinstitucionalização de seus fiéis, de os disciplinar para que aprofundem a sua fé. Os bispos defendem um contato maior com os bens religiosos, como missas e novenas.
Esse processo preconizado pelo Vaticano é conhecido como romanização do catolicismo. "Bento XVI prefere uma Igreja menor e mais atuante em vez de uma maior sem atuação coerente e consistente", afirma o cientista da religião Jung Mo Sung, da Universidade Metodista do Estado de São Paulo (Umesp). "A estratégia fortalece o fervor de uma minoria praticante, mas traz uma consequência não intencional da perda de adesão de católicos difusos."
Esse efeito-rebote, somado à procura cada vez maior da população por curas e milagres que resolvam rapidamente seus problemas, tem levado esses católicos a migrar para outras denominações ou encorpar o grupo dos que fazem contato com o divino sem o intermédio de uma instituição. "A Igreja prefere que as pessoas que buscam soluções imediatas por meio de milagres não permaneçam nela", diz o teólogo jesuíta João Batista Libanio. Diminui-se o número de católicos, mas, por outro lado, aumenta-se o dos praticantes conscientes.

2 Supermercado católico

Párocos têm relatado que seus templos estão existindo à imagem e semelhança de supermercados. Percebem que é cada vez maior o número de fiéis que procuram a igreja ocasionalmente, em busca de serviços religiosos como casamentos, missas de sétimo dia, batizados e bênçãos de lugares e objetos. Tratado como produto, o casamento, só para citar um dos "bens" católicos, se torna um evento alheio à doutrina. "Há casais que trazem o CD da novela que faz sucesso para tocar na cerimônia. Se você se nega, alguns inconformados batem boca com você, viram as costas e procuram quem o faça", conta o padre José João da Silva, da paróquia São José Operário, em Itaquera, na zona leste da cidade de São Paulo. "Vivemos uma igreja fast-food."
Nessa lógica de mercado, missa de sétimo dia tem se transformado em uma grande assembleia de gente que só foi ao templo por conta da ocasião e não está preocupada com o significado do ritual. Quanto aos batizados, explica o cônego Celso Pedro da Silva, da paróquia Santa Rita de Cássia, do Pari, zona norte de São Paulo, a Igreja supõe que quem quer que o filho se insira nela antes do uso da razão o faz porque dela faz parte e aceita suas regras. "O mesmo vale para a primeira comunhão, mas muitos pais não têm vínculos efetivos, nem foram casados na Igreja", diz ele. "Acredito que uma dificuldade do catolicismo seja saber que o povo católico não é evangelizado e, mesmo assim, se comportar na prática como se ele fosse", diz o cônego.
O padre João Carlos Almeida, teólogo e diretor da Faculdade Dehoniana (SP), foi vigário paroquial no Santuário São Judas Tadeu, na capital paulista, por três anos. E conta que passava quase o dia todo atendendo a confissões e abençoando automóveis. "Muita gente trazia seu carro recém-comprado para ser benzido e ia embora. Poucos rezavam ou participavam de uma missa", lembra. Com a oferta religiosa na vitrine, católicos assistem a seus fiéis se afastando dos vínculos espirituais.

3 Fuga de mulheres

Está lá no "Novo Mapa das Religiões". Entre as 25 denominações pesquisadas, apenas no catolicismo a mulher não constitui a maioria dos adeptos (leia quadro à pág. 70). Entre evangélicos, espíritas, religiões de matriz africana, oriental e asiática, elas superam os fiéis do sexo masculino. As católicas, porém, são cerca de 67,9%, enquanto os homens são 68,9%. Neri, o organizador do estudo da FGV, atribui o resultado, entre outras interpretações, ao fato de as alterações no estilo de vida feminino ocorridas nos últimos 30 anos não terem encontrado eco na doutrina católica, menos afeita a mudanças. De fato, seguem engessadas na Igreja, só para citar três tabus, as questões sobre os métodos contraceptivos, o divórcio e o aborto.
De acordo com o teólogo Jorge Cláudio Ribeiro, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), o catolicismo não gosta da mulher. "Ao que parece, elas, mal-amadas que são pela Igreja, estão se autorizando a não gostar da religião, a reagir", diz ele. Seu colega de PUC, o padre e psicólogo João Edénio dos Reis Valle, afirma não ter dúvida de que a questão de gênero pesa na constante diminuição do número de católicos no País. "Ela pesa em especial nas mulheres de classes mais instruídas e em melhor posição socioeconômica", afirma. "Essas não só percebem como discutem e não aceitam as posições da Igreja em relação a uma série de questões que as afetam." E conclui discorrendo sobre a não participação clerical feminina. "Elas reivindicam um papel novo e ativo na vida da instituição."

4 Escândalo de pedofilia

Em 2002, um grupo de mais de 500 pessoas levou à Justiça americana denúncias de abusos sexuais cometidos por sacerdotes e membros da arquidiocese de Boston, nos Estados Unidos. Esse escândalo foi a chama que fez arder uma fogueira de denúncias mundo afora, inclusive no Brasil. Na Irlanda, só para dar a dimensão do problema, a pedofilia acobertada por seis décadas pela hierarquia católica local foi tachada pela Anistia Internacional como o maior crime contra os direitos humanos já registrado na história daquele país. Para uma instituição que tem como bandeira a verdade sobre o mundo, ser atingida por problemas éticos que constituem crime representou um duro golpe. E a mazela dos escândalos de abuso sexual envolvendo crianças afastou muitos simpatizantes do catolicismo.
É o que defende o cientista da religião Sung. "O militante não terá sua fé abalada. Mas os que se sentiam católicos por uma afinidade de infância ou inspirados em alguma figura pública podem ter deixado de ser por causa desses fatos."
Para piorar, a Igreja não foi hábil na cicatrização da ferida. "Ela trabalhou a questão na base do segredo e do corporativismo. A lógica interna de uma instituição que se protege e não ventila o problema levou a ampliar o fenômeno, tornando-o uma sensação nos meios de comunicação", afirma a socióloga da religião Brenda Carranza, da PUC de Campinas. Só há pouco tempo Bento XVI decidiu ordenar que os bispos abrissem normativas internas contra padres suspeitos de ser pedófilos e informassem as autoridades civis. Em setembro, ao visitar sua terra natal, a Alemanha, que perdeu 180 mil adeptos no ano passado por conta dos abusos sexuais praticados por sacerdotes, disse: "Posso compreender que, em vista de tais informações, alguém diga: 'Esta já não é a minha Igreja.'"

5 Ausência de lideranças

Dom Hélder Câmara, arcebispo emérito de Olinda e Recife, falecido em 1999 aos 90 anos, foi quatro vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Grande defensor dos direitos humanos durante a ditadura militar brasileira, homem de vida simples que morava no quartinho de uma sacristia no Recife, ele foi um expoente internacional da Igreja Católica. Multidões se mobilizaram ao seu redor, no Brasil e na Europa, para ouvi-lo. Atualmente, porém, não há entre o colegiado católico nacional símbolos como dom Hélder, capaz de cooptar fiéis por meio do exemplo. "Numa sociedade moderna, em que a adesão à religião acontece por opção pessoal, é preciso que haja nomes admirados publicamente", diz Sung, da Umesp. As grandes figuras católicas da atualidade são os padres cantores.
Eles, porém, fazem eco entre os católicos militantes, explica Sung, mas não são referência para setores não atuantes do catolicismo. A Igreja deixou de ser representativa entre os brasileiros como algo a ser admirado há quase duas décadas. Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal emérito de São Paulo que lutou contra a tortura e os maus-tratos a presos políticos durante a ditadura, e uma dessas figuras que inspiraram muitos católicos, se aposentou em 1998. "Dom Paulo é uma personalidade que enfrentou um regime militar, criava afinidade entre o povo e a instituição", afirma o padre Libanio. Aos 90 anos, Arns vive recluso em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, enquanto sacerdotes empunham microfones para cantar e fazer coreografias de suas músicas no altar.

6 Comunicação centralizada

Há comunidades dentro do catolicismo que lançam mão de tecnologias para se relacionar com os jovens. Elas têm escancarado à Igreja, segundo a socióloga da religião Brenda, que não é mais possível seguir com a ideia de que o fiel se encontra na paróquia. Estabelecida em sua maioria em grandes centros urbanos, essa turma mais nova sofre com o impacto da mobilidade, do crescimento acelerado, do consumo exacerbado, enfim, elementos que a fazem estabelecer relação com a crença muitas vezes a distância. Para a professora da PUC, a noção de participação das novas gerações urbanas é pautada pela afinidade. O jovem busca uma instituição quando se identifica com ela, independentemente da proximidade física. "Mas a noção da Igreja de paróquia é territorial", diz Brenda. Para o padre Libanio, enxergar as demandas da população e repensar até onde a religião pode ir na direção delas é o caminho para o futuro do catolicismo. "Os fiéis querem aquilo que os satisfaz e têm buscado muito o mundo virtual", diz ele. "A Igreja Católica tem de repensar a sua estrutura paroquial."

7 Perda de identidade social

Houve um tempo, em muitas cidades do interior do País principalmente, que frequentar uma igreja era condição obrigatória para quem quisesse engatar um relacionamento amoroso sério. Quantos garotos não foram riscados por potenciais sogras da lista de pretendentes pelo fato de não irem à missa? Assumir-se membro de uma entidade religiosa – católica, de preferência – conferia pertençer a um grupo social. Diante da pressão para uma definição religiosa, muita gente tendia a assumir a crença na qual havia sido batizado, mesmo que exercitasse também a sua fé em terreiros de umbanda ou centros espíritas. "Católico era o imenso guarda-chuva cultural e religioso que permitia o trânsito espiritual", diz Brenda Carranza, da PUC.
Com a disseminação do processo de secularização no campo religioso nacional, essa prática foi ficando obsoleta. A possibilidade de expressar a fé livre de preconceitos tem feito com que cada vez mais os brasileiros, quando submetidos a censos, assumam que não seguem os dogmas defendidos pela Santa Sé ou mesmo nenhum credo – daí o grupo dos sem-religião também estar em crescimento. O catolicismo, então, perdeu a status de produtor de identidade social.
Fonte: Istoé (original perdido).
Nota - E continua a campanha: Mude a Igreja ou Mude-se Dela.
Texto resgatado com Wayback Machine.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Dia Mundial da Blasfêmia

Hoje (30/11/2011) fazem exatamente 4 anos que o jornal dinamarquês Jyllands Posten publicou uma série de charges sacaneando o profeta Maomé e a religião muçulmana, que sucedeu uma série de ameaças por parte dos seguidores de Allah, não só com o habitual "queimar no mármore do inferno" mas também com ameaças físicas direcionadas aos diretores da publicação, jornalistas e onde mais os fanáticos achassem conveniente direcionar sua irrascibilidade. Embora o jornal tenha se retratado publicamente em 2006, como forma de protesto, as charges foram republicadas em 2008 por cinco jornais daquele país.
Vale a pena lembrar que a hipocrisia árabe foi tamanha que na semana anterior à referida data em 2005 vários jornais do oriente médio publicou uma charge ofensiva aos judeus, pondo Hitler e Anne Frank na cama, mas que foi convenientemente posta de lado e não chamou a atenção da grande mídia.
Por esse motivo esse dia foi convenientemente escolhido para celebrar a liberdade de opinião, de crítica e, porque não, de humor. Aparentemente só a religião goza desse status que confere essa injustificada imunidade contra críticas, uma vez que políticos, sociedade em geral, celebridades e tudo o mais podem muito bem ser livremente passar pelo mesmo sem dar ataques de violência. Quiçá levar tudo na boa. E mesmo aqueles que não gostarem de ter a imagem posta na roda estejam livres para levar os responsáveis à esfera legal, mas não para a esfera negra da violência física em nome da religião. Não é de se surpreender, já que religiosos só funcionam na base de represálias e ameaças.
Fonte: Caneca Orbital (original perdido).
Nota: Para as Blas e o Fauno [parodiando o "mestre" Miyagi], um Deus [ou Deusa] que é incapaz de rir ou de ter humor, não merece nossa confiança ou adoração.
Texto resgatado com Wayback Machine.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Como o Islã "promove" a mulher

A Justiça da Arábia Saudita sentenciou uma mulher a dez chibatadas por ela ter desrespeitado a lei do país que proíbe mulheres de dirigirem carros.
A mulher, identificada apenas como Shema, foi considerada culpada por dirigir na cidade de Jeddah em julho.
Um grupo de ativistas que faz campanha para que as mulheres tenham permissão para dirigir na Arábia Saudita, o Women2drive, informou que Shema já entrou com recurso.
Nos últimos meses várias mulheres saíram dirigindo por várias cidades sauditas para pressionar o governo a mudar a lei.
Outras duas mulheres devem ir a julgamento ainda neste ano devido a acusações parecidas, segundo correspondentes.
A sentença para Shema foi dada dois dias depois de o rei Abdullah ter anunciado que as mulheres vão poder votar pela primeira vez nas eleições municipais de 2015.
Abdullah disse ainda que elas vão poder ser nomeadas para o Conselho Shura, órgão consultado em temas importantes no país.
Fonte: G1 Mundo (original perdido).
Nota das Blas: Este é o mesmo país que "magnânimamente" vai permitir que as mulheres votem e sejam votadas....em 2015!
Nota do Fauno: Está na hora de arrumar o lojinha, brimos!
Texto resgatado com Wayback Machine.
Publicado originalmente em 27/09/2011.