sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Sinais de uma civilização antiga

Por Anne Silva.

No Peru, uma fascinante descoberta, feita num sítio arqueológico ao norte da capital do país, Lima, revelou uma estrutura piramidal e um geoglifo de 62 metros, cuja visão só pode ser alcançada de um ângulo muito específico, no berço de uma das civilizações mais complexa das Américas, que floresceu na região do Vale de Supe entre 3.000 a.C. e 1.800 a.C: a civilização Caral.

Os novos achados foram feitos em Chupacigarro, um assentamento urbano a 1 km do Sítio Arqueológico de Caral, na região costeira do Peru, que foi o centro, há milhares de anos, de um dos maiores exemplos de urbanização pré-histórica na América Latina.

De acordo com o Ministério da Cultura peruano, o edifício piramidal descoberto ali, construído pela civilização Caral, estava "coberto por um pequeno conjunto de árvores secas e vegetação"; e, ao removê-los, foram revelados muros de pedra a formar "pelo menos três plataformas sobrepostas". Entre os muros, uma escadaria central guiava o acesso até o topo do edifício.

O centro urbano dessa antiga civilização é plano e tem cerca de 18 edifícios distribuídos em colinas ao redor de um espaço central maior. Essas estruturas variam entre espaços públicos e cerimoniais, e o Edifício Maior é a mais notável delas: ao redor dele, uma grande praça circular está "rebaixada com escadarias alinhadas e grandes monólitos, símbolos de poder e espiritualidade", diz a publicação da Zona Arqueológica de Caral.

O geoglifo encontrado ali, de 62,1 metros e comprimento e 30,3 metros de largura, pode ser visto apenas de um ponto elevado de Chupacigarro, e mostra uma cabeça de perfil, desenhada com pedras angulares.

O rosto, que tem as características do estilo pré-hispânico das civilizações ao norte do Peru, está voltado para o leste e tem a boca aberta. Os fios de cabelo parecem ter sido agitados pelo vento.

Fonte: https://revistaforum.com.br/cultura/2025/2/3/pirmide-geoglifo-de-62-metros-novos-achados-de-uma-das-civilizaes-mais-complexas-do-peru-173445.html

Comparação esdrúxula

Análise crítica do texto “Por que Porta dos Fundos é inocente e Claudia Leitte, intolerante?”

Por Rodrigo Toniol.
Professor de antropologia da UFRJ, é membro da Academia Brasileira de Ciências.

Citando os trechos mais importantes:

"Os argumentos jurídicos utilizados pela organização católica Centro Dom Bosco contra o canal Porta dos Fundos foram próximos àqueles agora empregados contra a cantora Claudia Leitte, acusada de intolerância religiosa. Se o vídeo do Porta dos Fundos que satiriza Cristo não foi considerado intolerância religiosa, por que Cláudia Leitte deveria ser condenada?

Tanto o vídeo do Porta dos Fundos quanto a atitude de Cláudia Leitte são moralmente questionáveis. Mas nem um nem o outro incitou a violência explícita ou impediu a prática da fé. Censurá-los seria autorizar o Judiciário a seguir por um caminho perigoso, capaz de abrir precedentes que, noutro momento, podem se voltar contra aqueles que agora denunciam."

Comparação esdrúxula. Típica de bolsonaristas.

Rodrigo sequer entendeu a razão e motivos do humorístico Porta dos Fundos.
Um antropólogo que desconhece história?

O humorístico Porta dos Fundos existe porque o Cristianismo (especialmente a ICAR) é um excelente produtor de atrasos. Nós ainda estamos discutindo sobre o direito ao aborto. Assistimos constantemente discurso de ódio contra a comunidade LGBT.

Então a sátira e o deboche contra as doutrinas e dogmas da Igreja são necessárias.
O que me leva a lembrar de um crime do Cristianismo. O aculturamento. O genocídio cultural. Inúmeras crenças foram apagadas pelo Cristianismo imposto. Rodrigo desconhece a Inquisição? As cruzadas?

Claudia Leitte fez sucesso com a letra da música. Agora que resolveu ser evangélica e adorar um único Deus, ela “altera” a letra. 
Não é apenas alinhar a letra da música para suas convicções. Trata-se de apagar outras crenças e outros Deuses… ou orixás, no caso.
Se o Rodrigo não consegue ver a diferença, eu sugiro que volte para a faculdade e refaça o curso.

Odeio ter votado em Trump

Desde que Donald Trump iniciou medidas para reduzir a presença de imigrantes nos EUA, muitos latinos que votaram nele passaram a demonstrar arrependimento. A mexicana Mayra Alejandra Luna publicou um vídeo no TikTok chorando ao descobrir que sua família poderia ser deportada.

“É uma loucura termos votado em Trump, confiamos nele, na sua palavra, no que ele nos prometeu aos latinos”, afirmou. “Odeio ter votado nele. Agora temo pela minha família e pelas famílias deles. Devemos nos unir e fazer algo a respeito.” O vídeo já ultrapassou 100 mil visualizações.

De acordo com o The Washington Post, Trump obteve 46% dos votos latinos, um recorde para um candidato republicano. Desde sua posse, em 20 de janeiro, ele implementou ordens executivas endurecendo a política migratória e intensificando a deportação de imigrantes.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/mexicana-chora-ao-saber-que-parentes-podem-ser-deportados-odeio-ter-votado-no-trump/

Nota: pouco depois da eleição do Inominável, não demorou para aparecer os arrependidos.
Dói lembrar. A loucura do Holocausto, do Nazismo, de Adolf Hitler, foram possíveis com a ação consciente (?) dos eleitores alemães. Fica a dica.

Mentes comunicantes


Era uma noite tranquila em Poneyville. As estrelas brilhavam intensamente no céu, iluminando o caminho que levava ao meu chalé, um pequeno refúgio cercado por árvores altas e flores coloridas. Eu, um bode recém-chegado à cidade, tinha uma nova vida cheia de amigos e aventuras, mas ainda me sentia um pouco deslocado. Com o coração leve, abri a porta do meu chalé e deixei a luz suave da lamparina iluminar o ambiente acolhedor.

Após um dia repleto de encontros e risadas, sentei-me à mesa, onde um livro antigo de magia repousava. Era um presente de Twilight Sparkle, que sabia da minha curiosidade pelo desconhecido. Folheando as páginas amareladas, encontrei feitiços que prometiam habilidades incríveis. Contudo, um pensamento persistente pairava sobre mim: existiria algum encantamento que me permitisse comunicar-me mentalmente com a Twilight? A ideia era fascinante, especialmente porque eu queria contar a ela como as coisas estavam indo na cidade e como eu me sentia em relação a tudo.

As horas passaram rapidamente enquanto eu mergulhava nas palavras mágicas. A mente vagava entre as instruções complexas e as ilustrações encantadoras, até que, cansado, eu fechei o livro e recostei a cabeça na mesa. Em poucos instantes, adormeci, sonhando com minhas três amigas: Rarity, Fluttershy e Twilight Sparkle. No meu sonho, estávamos todos juntos, voando sobre os campos floridos de Poneyville, rindo e compartilhando segredos.

Um barulho suave da rádio despertou-me na manhã seguinte. A melodia alegre e as vozes animadas eram como um chamado para o novo dia. Levantei-me, espreguicei-me e fui até a mesa onde o rádio estava ligado. A locutora anunciou uma corrida que aconteceria naquela manhã, um evento muito esperado na cidade. A emoção estava no ar, e eu mal podia esperar para participar. Ouvindo sobre as inscrições abertas, uma ideia se formou na minha mente: eu poderia não apenas participar, mas talvez até impressionar meus amigos.

Enquanto me preparava, um toque de curiosidade me levou a sair para dar uma volta. As ruas estavam começando a se encher de vida, e logo encontrei uma figura conhecida. Era a Rainbow Dash, a famosa corredora de Poneyville, conhecida por sua velocidade. Ela estava praticando alguns alongamentos em uma pequena clareira próxima à estrada.

— Olá, Rainbow Dash! — chamei, acenando com a pata.

Ela virou-se, com um sorriso confiante no rosto. — Ah, o bode que chegou à cidade! O que traz você até aqui?

— Estava pensando em participar da corrida hoje — respondi, sentindo um misto de entusiasmo e nervosismo.

— Uma corrida? Hmph! Você não tem medo de perder, não é? — Rainbow Dash disse, com um sorriso malicioso.

Ri, sem me deixar abalar. — Na verdade, estou mais animado para me divertir e fazer novos amigos.

— O espírito esportivo é admirável! — Rainbow Dash declarou. — Mas, a propósito, você está estudando magia, não é? Por que não usar isso a seu favor?

A sugestão dela acendeu uma luz na minha mente. Eu poderia usar um feitiço para me ajudar na corrida! Com um brilho de determinação nos olhos, agradeci a Rainbow Dash e me despedi. Voltei para casa e mergulhei novamente no livro de magia. Decidi que iria usar um feitiço que aumentava a velocidade por um curto período. Enquanto eu treinava a pronúncia das palavras mágicas, senti que estava finalmente no caminho certo.

Com o sol se elevando no céu, segui em direção ao local da corrida, onde os competidores já estavam se reunindo. O clima estava animado e eu, um bode determinado, sentia que a magia poderia me ajudar a brilhar. Afinal, o que poderia ser mais divertido do que correr com amigos e fazer novos?

Enquanto me preparava, pensei em como cada experiência em Poneyville me aproximava mais de quem eu queria ser. O dia prometia ser cheio de surpresas e amizades, e mal podia esperar para ver o que a corrida traria. Com um sorriso no rosto, olhei para a linha de partida e respirei fundo, pronto para entrar na ação e, quem sabe, realizar um pequeno truque mágico no caminho.

Criado, com edição, com o Toolbaz.
Arte gerada por IA.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Resistência na Argentina

Por Moisés Mendes.

A Argentina consegue o que o Brasil nunca tentou. Foram os movimentos ligados à população LGBTQIA+ que lideraram a grandiosa marcha contra as atitudes fascistas de Javier Milei nesse sábado em Buenos Aires.

Não foram os partidos, nem os sindicatos, tampouco os estudantes ou os piquetes. Foram as organizações que mobilizam gays, lésbicas, trans e todos os que desejam ser respeitados por suas diferenças em relação à imposição dos héteros da extrema direita.

Tanto que a mobilização de milhares de pessoas foi batizada como Marcha do Orgulho Antifascista e Antirracista. A palavra orgulho é associada mundialmente ao movimento LGBTQIA+. A caminhada saiu do Congresso e andou até a Praça de Maio. Foi uma marcha para muito além das questões identitárias.

Foi uma resposta às declarações de Javier Milei em Davos, no Fórum Econômico Mundial, de que também na Argentina as políticas de afirmação da população LGBTQIA+ devem ser sabotadas pelo próprio governo. Como começa a acontecer nos Estados Unidos. Mas o movimento ataca todas as ações caracterizadoras do fascismo do sujeito.

Até o jornal La Nación, de direita, reconheceu: “O protesto, em repúdio ao discurso de Javier Milei em Davos, foi convocado pela comunidade LGBTIQ+ e apoiado por representantes de direitos humanos, sindicatos e figuras políticas”.

O mesmo La Nación informou: “A marcha ocorreu uma semana após o discurso do presidente, quando ele associou a homossexualidade à pedofilia e atacou o feminismo; e também depois que foi anunciado que o governo apresentará um projeto para eliminar a figura do feminicídio, a identidade não binária e a cota de emprego para trans”.

É a mídia conservadora reconhecendo a força e a politização dos contingentes atingidos pelas ameaças do fascista.

O jornal Clarín deu na capa: “Após os comentários do presidente em Davos, diversas organizações ligadas a questões de gênero e diversidade se mobilizaram no centro de Buenos Aires. Partidos políticos, sindicatos, organizações de direitos humanos, artistas e outras celebridades aderiram”.

Fica claro que a marcha foi uma iniciativa do que o jornal define como “organizações ligadas às questões de gênero”, e que os políticos de esquerda do peronismo e do kirchnerismo e as organizações sociais foram agregadas à ideia.

Esta foi a mensagem da Assembleia Antifascista LGBTQIA+ para convocar a grande mobilização:

“A resposta à violência econômica, perseguição política e repressão sexual pelo governo de Javier Milei tem as cores da nossa comunidade. Juntos e em aliança por todo o país, articulando todas as nossas diferenças. Precisamos uns dos outros agora. Espalhe a palavra, organize-se, participe!”.

Os argentinos finalmente explicitaram que o movimento nacional contra a homofobia e a transfobia foi politizado.

E aí uma pergunta inevitável se apresenta aos brasileiros: é possível que tal engajamento se reproduzas também aqui? Ou isso é coisa de argentino?

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/mais-uma-licao-dos-argentinos-a-politizacao-antifascista-do-movimento-lgbtqia-por-moises-mendes/

Tábuas de maldição

Por John Monteiro.

Durante uma escavação em Orléans, na França, arqueólogos fizeram uma descoberta surpreendente ao encontrar tábuas de maldição em uma necrópole que data de 2 mil anos. O local foi identificado sob um hospital do século 18, e o Serviço Arqueológico de Orléans lidera a análise de tais artefatos.

Localizada a 120 quilômetros de Paris, a necrópole revelou mais de 60 túmulos, e as peculiaridades dos sepultamentos intrigaram os pesquisadores. Somente homens foram encontrados, sem sinais de cremação, o que sugere, talvez, um grupo profissional específico.

Essas tábuas, usadas para comunicação com os deuses, foram inscritas e enterradas nos túmulos. Entre as 21 peças encontradas, uma se destacou por estar escrita em gaulês, além do latim habitual.

As tábuas serviam para expressar maldições a divindades, ao solicitar uma justiça divina e, após a inscrição, eram afixadas no chão ou em túmulos.

As inscrições latinas e gaulesas foram localizadas em torno de um homem no túmulo F2199, junto de moedas e de um vaso quebrado. A conservação das peças é feita com técnicas avançadas para evitar a corrosão.

Pierre-Yves Lambert, linguista do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, destaca a relevância do texto em gaulês, pois, embora tal idioma celta seja antigo, a presença dele na tábua é um achado raro e valioso.

Para analisar as inscrições, os pesquisadores utilizaram a técnica RTI, que amplia a visualização de superfícies detalhadas, o que facilitou o entendimento do conteúdo sem danificar as peças frágeis.

A investigação do sítio arqueológico encerrou-se ao final de janeiro, mas as análises prosseguem nos laboratórios. A descoberta lança luz sobre as práticas culturais e linguísticas antigas, ao reforçar a complexidade da história romana na região.

Dessa maneira, as tábuas, especialmente a escrita em gaulês, representam uma peça única no quebra-cabeça do passado europeu.

Fonte: https://escolaeducacao.com.br/misterio-de-2-mil-anos-tabuas-de-maldicao-romanas-sao-reveladas-por-arqueologos/

A história de um símbolo

Com que frequência você pensa sobre o Império Romano? Elon Musk afirma que pensa nisso todos os dias. Considerando suas frequentes referências à antiguidade romana em entrevistas e posts na rede social X (antigo Twitter), da qual é o proprietário, acho que podemos acreditar nele.

Desde expor suas opiniões sobre a queda do Império Romano até expressar seu desejo de ver um "Sulla moderno", as opiniões de Musk sobre a Roma antiga exigem nossa atenção.

Sulla, a propósito, foi o notório ditador do século I a.C. que mandou assassinar centenas de seus oponentes políticos.

No último dia 20 de janeiro, no comício que marcou a posse de Donald Trump para seu segundo mandato, Musk cumprimentou a multidão: “Eu só quero dizer obrigado, por fazer isso acontecer. Obrigado”. Então colocou a mão direita sobre o coração e estendeu o braço, com o cotovelo reto, em um ângulo de aproximadamente 45 graus, com a palma da mão estendida e voltada para baixo. Em seguida, virou-se para o público atrás do palco e repetiu o mesmo gesto, de forma enfática.

Muitos que viram a cena foram rápidos em afirmar que Musk estava fazendo uma saudação da Alemanha nazista - inclusive o chanceler alemão Olaf Scholz, que fez duras críticas públicas ao gesto.

Mas a História ensina que esse gesto com o braço esticado - apesar de comumente vinculado a Adolf Hitler - foi popularizado pela primeira vez mesmo pelo líder fascista italiano Benito Mussolini, que governou a Itália como ditador entre 1922 e 1943, integrando, ao lado da Alemanha e do Japão, o “Eixo” contra o qual lutaram os aliados, liderados pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, nos anos finais da Segunda Guerra Mundial.

Os apoiadores de Musk na mídia social - especialmente no X - apontaram para o entusiasmo de Musk pela Roma antiga. Eles insistiram que não se tratava de um gesto fascista, mas de uma “saudação romana”. Vários postaram cenas de saudações vistas na série de TV Roma, veiculada entre 2005 e 2007 pela HBO, como uma prova de sua alegação.

Mas qual é a diferença, se é que existe alguma, entre uma saudação romana e uma fascista?

Nenhuma evidência de Roma
Aqueles de nós que pesquisam e ensinam a antiguidade romana, como eu faço, dirão que não há evidências de que tenha existido algo como uma “saudação romana” na antiguidade.

Martin Winkler, em seu estudo sobre a história do gesto, sugere que a saudação romana é uma invenção moderna. Por exemplo, em um dos mais completos monumentos iconográficos do militarismo e imperialismo romanos, a Coluna de Trajano (construída em Roma em 113 d.C. com os despojos das guerras dacianas no que hoje é a Europa Oriental), não há um único gesto semelhante à saudação romana. Também não temos nenhuma estátua de imperadores ou comandantes romanos realizando o gesto.

O mais próximo que chegamos de uma saudação romana são representações de uma palma da mão levantada, com o cotovelo dobrado, em um sinal de saudação - um pouco como um aceno moderno. Nada disso se aproxima remotamente da variedade de braço reto do tipo realizado por Musk.

Foi durante o período da Revolução Francesa que o gesto foi inventado por republicanos revolucionários que enquadravam sua política como um renascimento da república romana. O melhor exemplo dessa invenção classicista é a pintura de Jacques-Louis David de 1784, The Oath of the Horatii (O juramento dos Horatii), que mostra os três irmãos Horatii patriotas fazendo um juramento para defender a república contra um ataque da cidade rival de Alba no início da história romana.

Exemplos posteriores incluem uma escultura de 1921 de François-Léon Siccard no Panthéon de Paris. Essa escultura, The National Convention, é especialmente interessante porque a saudação romana ainda tem seu significado republicano francês, embora a escultura seja posterior à adoção da saudação pelos fascistas italianos em dois anos.

Seguindo o exemplo francês, a saudação foi adotada por outras repúblicas, incluindo, em certos contextos, os EUA, do final do século XIX até o início da década de 1940.

De fato, quando uma versão inicial do atual juramento de lealdade americano foi introduzida em 1892 na Feira Mundial de Chicago, sua recitação foi acompanhada pela “Bellamy salute” - uma forma semelhante do gesto.

A jornada da saudação romana para se tornar inextricavelmente associada à política de extrema direita começou quando um movimento liderado pelo poeta e nacionalista italiano Gabriele D'Annunzio ocupou a cidade de Rijeka, na época iugoslava, em 1919. Rijeka, chamada Fiume em italiano, é uma cidade na costa adriática da Croácia que tinha uma grande população italiana na época. Portanto, os nacionalistas italianos a consideravam legitimamente italiana.

D'Annunzio, juntamente com um exército de veteranos italianos da Primeira Guerra Mundial, ocupou a cidade em 1919 para estabelecer o que eles chamaram de “Regência de Carnaro”, que durou até o ano seguinte. Durante a curta vida dessa cidade-estado, D'Annunzio estabeleceu vários símbolos e gestos que, segundo ele, eram derivados da Roma antiga: o grito de guerra, supostamente de origem romana, “alalà” e a “saudação romana”.

Antes da ocupação de Rijeka, D'Annunzio estava profundamente imerso nos mundos da Grécia e da Roma antigas. Ele escreveu vários poemas e peças inspirados na antiguidade greco-romana e, supostamente, também escreveu o roteiro de Cabiria, um filme mudo de 1914 ambientado na Roma antiga na época da Segunda Guerra Púnica (contra Cartago, que durou de 218 a 201 a.C.).

Há várias cenas em que vemos a saudação que reapareceria em Rijeka cinco anos depois. No desenvolvimento do simbolismo fascista, a vida imitava a arte.

Logo depois disso, quando Benito Mussolini fundou o movimento fascista italiano em 1919, ele adotou a saudação de D'Annunzio.

Embora os elementos modernistas e classicistas do próprio movimento fascista estivessem em tensão entre si, grande parte do simbolismo clássico da Regência de Carnaro foi adotada pelo fascismo de Mussolini.

Winkler sugere que D'Annunzio se inspirou em Júlio César, enquanto Mussolini se inspirou em D'Annunzio. O fascismo de Mussolini, que se transformou em um partido político, entrou no governo em outubro de 1922, após a agora infame Marcha sobre Roma. Três anos depois, em 1925, Mussolini já havia se estabelecido como ditador da Itália.

Mais ou menos na mesma época da Marcha sobre Roma, o crescente Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães na Alemanha começou a usar a saudação. Em 1926, ela era obrigatória para os membros. Desde então, a saudação foi irreversivelmente associada ao nacionalismo de extrema direita e adotada por movimentos neonazistas em todo o mundo.

Conclusão: poucos se lembram que as origens da saudação remontam os anos de Revolução Francesa no século XVIII. E menos ainda - incluindo, aparentemente, o próprio Elon Musk, que ela não tem nada a ver com a Roma Antiga, e sim com a Itália fascista de Benito Mussolini.

Fonte: https://theconversation.com/a-saudacao-romana-de-elon-musk-e-sim-um-gesto-de-inspiracao-fascista-e-a-historia-explica-por-que-248195

Nota: essa piedosa fraude (mentira) é sustentada pelo Caturo, aquele português pagão esquisito. Uma fraude sempre será uma fraude.

O encanto da amizade


Após dias explorando Poneyville, cada esquina se tornava mais familiar e cheia de novas possibilidades. Como um bode que acabara de se mudar para esta encantadora cidade, eu ainda estava me adaptando, mas as experiências que tive até agora me deixaram animado. Minha nova amizade com Rarity e Fluttershy havia trazido um brilho especial à minha vida.

Naquela manhã ensolarada, decidi que era hora de capturar a lembrança daquele momento especial que vivemos juntos. As duas adoráveis ponies estavam radiantes, e quando pedi uma foto, elas concordaram com sorrisos calorosos. Rarity fez questão de ajustar minha pelagem com seu toque elegante, enquanto Fluttershy, sempre gentil, sugeriu que nos posicionássemos em um local florido.

Depois de algumas risadas e poses, finalmente tiramos a foto. Ao olhar para a imagem, percebi como aquelas amizades estavam se tornando preciosas para mim. Foi então que, antes de nos despedirmos, trocamos números de telefone. Um gesto simples, mas que me deixou esperançoso de que nossa conexão continuaria a crescer.

Com a foto bem guardada em minha mochila, decidi explorar um pouco mais a cidade. Após algumas voltas pelas ruas coloridas, avistei uma placa que dizia “Livraria de Poneyville”. Meu coração pulou de alegria. Como amante da leitura e da escrita, sempre procurei um lugar onde pudesse me perder entre as páginas de livros novos e velhos.

Assim que entrei na livraria, fui recebido por uma atmosfera acolhedora. O cheiro de papel e tinta misturado com o aroma do chá que estava sendo preparado na área de leitura me deixou nostálgico. Cada prateleira estava repleta de histórias, mas uma seção em particular chamou minha atenção: “Magia e Aventura”.

Com um brilho nos olhos, peguei um livro intitulado "Segredos da Magia dos Unicórnios". O título era intrigante, e enquanto folheava as páginas, uma ideia começou a brotar em minha mente: escrever minha própria história de aventura, talvez envolvendo minhas novas amizades em Poneyville. Mal podia esperar para me aprofundar no assunto.

Enquanto eu me perdia nas páginas, uma voz suave me interrompeu. “Posso te ajudar com algo?” Levantei a cabeça e me deparei com uma unicornio de pelagem lilás e cabelos rosa. Reconheci-a imediatamente: era Twilight Sparkle, a famosa princesa e estudiosa da magia.

“Oi! Eu sou um bode que acaba de me mudar para Poneyville. Estou aqui explorando a livraria e encontrei este livro fascinante sobre magia,” respondi, mostrando-lhe a capa do livro.

Twilight sorriu, seus olhos brilhando com entusiasmo. “Ah, você escolheu um ótimo livro! Magia é uma das minhas especialidades. Você já teve a chance de experimentar algum feitiço?”

Eu ri um pouco nervoso. “Não, na verdade, eu sou mais de ler sobre isso do que praticar.”

Ela se aproximou, observando o livro com atenção. “Se você quiser, posso te mostrar alguns feitiços básicos. É sempre bom ter uma nova perspectiva.”

A empolgação tomou conta de mim. “Sério? Eu adoraria!”

Durante os próximos minutos, Twilight me ensinou algumas coisas simples, como o feitiço de levitação. Foi um desafio, mas também incrivelmente divertido. Sentir a magia fluir através de mim, mesmo que por breves momentos, me fez sentir parte do mundo mágico que cercava Poneyville.

Após nossa pequena aula, conversamos sobre livros e aventuras. Twilight revelou que adorava escrever também e que muitas vezes se inspirava nas suas próprias experiências. A conexão que desenvolvemos foi instantânea, e prometi a mim mesmo que continuaria a explorar tanto a magia quanto as palavras.

Quando a tarde começou a se transformar em crepúsculo, percebi que era hora de voltar para casa. A livraria estava se esvaziando, e eu ainda tinha muito a processar. Enquanto me despedia de Twilight, meu coração estava cheio de gratidão pelas novas amizades e aventuras que estavam se desdobrando em minha vida.

Na volta, olhei para a foto de Rarity e Fluttershy, e então para o livro sobre magia que eu segurava com firmeza. Eu sabia que Poneyville estava se tornando um lar para mim, e estava ansioso para as novas histórias que ainda iriam surgir.

Criado com Toolbaz.
Arte gerada por IA.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Santo Ofício Digital

O salão paroquial da Igreja Nossa Senhora de Fátima, em Vacaria (RS), tornou-se o centro de uma polêmica após receber, no dia 11 de janeiro, um evento organizado pelo terreiro de umbanda Ogum Megê e Oxum. O espaço havia sido alugado para a comemoração do terceiro aniversário do terreiro, mas imagens divulgadas nas redes sociais mostraram a realização de rituais religiosos durante a celebração, o que causou revolta entre os católicos da cidade. A repercussão gerou críticas dentro da comunidade e levou o pároco, frei Protásio Ferronato, a se manifestar publicamente sobre o caso.

Segundo o frei, em publicação no Instagram da paróquia, o acordo para o aluguel do salão previa que o evento teria caráter apenas social, sem a realização de cerimônias religiosas. Em carta aberta, ele afirmou que a paróquia buscou evitar acusações de intolerância ao permitir o uso do espaço, mas que o combinado não foi respeitado. O documento, assinado também pelo bispo da Diocese de Vacaria, reforça que a igreja não se tornou um terreiro de umbanda, rebatendo críticas recebidas após a divulgação das imagens.

Por outro lado, Pai Rodrigo de Ogum Megê e sua esposa, Marcele, enfatizaram que o espaço foi alugado legalmente, com contrato e pagamento registrados, e que sempre agiram com transparência e respeito. O casal também se manifestou sobre um vídeo publicado no YouTube que criticava a festa de Exu e Pombagira realizada no salão paroquial.

Rodrigo e Marcele falaram sobre as acusações de um youtuber que, segundo eles, distorceu informações, usou imagens e vídeos sem autorização e incitou o ódio nos comentários. O casal também destacou o trabalho social do terreiro e afirmou já ter tomado medidas legais, incluindo um boletim de ocorrência, buscando retratação e a remoção do vídeo.

O vídeo foi publicado por Tiago Bruno de Almeida Prado, dono do canal Católicos de Verdade, que possui mais de 476 mil inscritos no YouTube. Rapidamente, recortes do vídeo foram compartilhados em páginas no Instagram e TikTok, gerando diversos comentários. "O espaço da Igreja precisa ser exorcizado", comentou um homem. Uma mulher escreveu: "Não só a fumaça de Satanás entrou na Igreja, agora entrou o próprio." Outra afirmou: "Dói na alma essa falta de respeito com a Santa Igreja."

Algumas pessoas também chegaram a relacionar as enchentes no Rio Grande do Sul com a presença de religiões de matriz africana. "É por isso que eles sofrem. Não aprenderam ainda com aquela tragédia", escreveu um seguidor da página de Tiago. Outro ainda disse: "Tinha que ser daqui do Rio Grande do Sul, e é por isso que está acontecendo tanta desgraça aqui"; uma seguidora afirmou: "Tá explicado porque o RS sofreu aquela calamidade." Também houve quem escreveu em tom de profecia apocalíptica: "O Brasil será castigado. Teremos um terrível castigo de Deus. Se preparem!"

Procurado pela reportagem, Tiago Bruno de Almeida Prado disse que o vídeo é de um canal jornalístico católico, em que há a intenção de cobrar o bispo e o padre por uma postura que, segundo ele, seria diferente do que é indicado no código de direito canônico e do catecismo da Igreja. "É um vídeo estritamente técnico sobre Igreja Católica Apostólica Romana". Tiago ainda questiona o Frei "será que o padre foi tolerante ou intolerante com a doutrina da Igreja?". Segundo o youtuber, as regras da Instituição não foram respeitas. Sobre a nota da paróquia, Tiago argumenta que quando seu canal é citado hava "informações inverídicas", mas, não menciona quais seriam. Questionado sobre os comentários de intolerância religiosa que foram feitos em seu vídeo, ele nega que tenha estimulado o comportamento de seus seguidores e se defende: "Em nenhum momento do vídeo eu faltei com respeito ou estimulei comentários, meu vídeo foi baseado na doutrina da Igreja Católica, sobre um fato ocorrido no salão paroquial, qualquer outro assunto que não esse que foi tratado eu não tenho nada a responder, pois como irei responder por algo que eu não disse e não estimulei."

O pároco da Igreja Nossa Senhora de Fátima, frei Protásio Ferronato, conversou com o UOL e reforçou que a decisão de alugar o salão paroquial foi tomada com base no princípio da fraternidade e do diálogo inter-religioso, mas esclareceu que cerimônias religiosas de outras tradições não podem ser realizadas no espaço da Igreja Católica. Para o frei, não houve má-fé por parte da liderança do terreiro Ogum Megê e Oxum, mas apenas uma "falta de clareza na comunicação".

"Reafirmamos o caminho da amizade social, da fraternidade universal, caminho do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, no respeito à diversidade", afirmou o frei. No entanto, ele destacou que, por não se tratar de uma relação ecumênica, e sim inter-religiosa, "o culto religioso não poderá ser realizado no espaço da Igreja Católica."

Sobre a repercussão do caso e as críticas recebidas, frei Protásio reconheceu que há comentários que podem contribuir para aprimorar o uso do salão paroquial, mas lamentou a hostilidade de certos grupos que, segundo ele, ignoraram qualquer possibilidade de diálogo. "O que é lamentável é o fato de que essas pessoas, de forma sumária, sem chance alguma de esclarecer o fato e como que num único ato, julgam, condenam, expõem ao ódio e abominam as pessoas e a paróquia como instituição", disse.

Para ele, essa postura reflete um fenômeno social mais amplo, o conservadorismo radical: "Grupos, no melhor estilo farisaico, estão sempre prontos, com pedras nas mãos, desejando eliminar e sentindo prazer em atacar todos aqueles que não pensam como eles."

Por fim, o pároco destacou a necessidade de estabelecer critérios mais claros para o uso do salão paroquial, considerando que sua construção foi financiada por diversas pessoas da comunidade. "Mais do que definir quem pode ou não pode usar o salão, é necessário estabelecer critérios sobre o caráter do evento, o que condiz e o que não condiz com um salão paroquial", explicou.

Ele também sugeriu que a Diocese elabore um regimento oficial para auxiliar na administração desses espaços. O frei mencionou ainda que recebeu apoio do bispo diocesano Dom Silvio Guterres Dutra e do secretariado pastoral da Província dos Frades Menores Capuchinhos do Rio Grande do Sul, que manifestaram solidariedade diante das críticas direcionadas à paróquia.

O UOL também conversou com Rodrigo Dallagnol, 33, o Pai Rodrigo, sacerdote de umbanda há 11 anos e líder do terreiro Ogum Megê e Oxum, que, por meio de uma nota, reforçou que o terreiro alugou o salão paroquial de forma legítima, com autorização prévia da paróquia, e que a festa de Exu realizada no dia 11 de janeiro foi uma celebração dos três anos do terreiro, não um rito religioso.

Ele afirma que, desde o primeiro contato, informou à paróquia que se tratava de uma festa de umbanda com a presença de Exus e Pombagiras, incluindo o uso de tambores. "Após o primeiro contato, foi nos informado que iriam verificar com os responsáveis pela paróquia se iriam autorizar um evento de umbanda no local", disse. A confirmação da autorização teria sido recebida com alegria pelos membros do terreiro, pois demonstrava "respeito pelas mais diversas maneiras de expressar a fé."

O sacerdote repudia as reações negativas e os comentários de intolerância religiosa gerados por postagens que considerou tendenciosas. Ele reforça que todas as cláusulas contratuais foram cumpridas e, em sua opinião, "em momento algum houve desrespeito a outras religiões."

Pai explica que a expressão "noite de magia" no convite se referia a um momento de celebração e não a ritos religiosos. "Nos entristece muito as declarações de ódio e intolerância religiosa que surgiram em decorrência de postagens tendenciosas sobre a festa." Por fim, reafirma que o terreiro continuará seguindo os princípios da umbanda: "Caridade, Humildade e Fé, levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá!"

Fonte: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2025/02/03/salao-paroquial-no-rs-recebe-festa-de-exu-e-revolta-fieis-sera-castigado.htm

Nota: em um país de mentalidade medieval, alguma dúvida de que o Santo Ofício, a Inquisição, permanece ativa, de forma digital?

O Manual da Boa Cafetina

Por Alex Solnik.

“Todo homem bem sucedido precisa de uma boa cafetina”.

“Todo homem bem sucedido precisa de uma segunda mulher, não necessariamente sempre a mesma segunda mulher”.

“Uma segunda mulher jovem, atraente, discreta, carinhosa e que jamais se apaixone pelo homem bem sucedido”.

“Quando um homem pode ser chamado de homem bem sucedido, sua mulher já está velha e sem apetite, enquanto ele continua insaciável”.

“A cafetina é o caminho mais seguro para o homem bem sucedido endurecer, mas sem perder a ternura jamais”.

“A cafetinagem é a segunda profissão mais antiga do mundo”.

“A cafetina une o útil ao agradável”.

“O homem bem sucedido é sempre alvo de ameaças, não é seguro sair de casa para ir à caça; a caça é que tem que vir à sua casa”. 

“A mulher do homem bem sucedido tem que ser a melhor amiga da cafetina do seu marido”.

 “A mulher do homem bem sucedido sabe que a cafetina do seu marido é sua melhor aliada”.

“A missão da cafetina é manter o homem bem sucedido em dia com seu apetite sexual”.

“Um homem que não satisfaz seu apetite sexual nunca será um homem bem sucedido”.

“O homem bem sucedido não usa cafetão, só cafetina”.

“A cafetina faz a ponte entre um milionário recluso e solitário e a garota atraente que já cansou de ralar no balcão da lanchonete”.

“O homem bem sucedido não tem hora para sentir vontade de abater uma lebre, por isso a cafetina tem que ter uma agenda com diversas opções de horários e plantão 24 horas”.

“O homem bem sucedido troca de mulher, troca de amante, mas não troca de cafetina”.

“A cafetinagem é uma profissão chique, elegante, discreta e silenciosa”.

“A boa cafetina não ouve, não vê, não fala”.

“O estresse é o maior inimigo do homem bem sucedido; a cafetina é o maior remédio contra o estresse”.

“O bom traficante é o que traz o bagulho na hora; a boa cafetina é a que traz a garota na hora”.

“A boa cafetina não é a que tem o maior estoque, mas a melhor seleção”.

 “Apresentar a sua maior estrela a dois homens bem sucedidos é o melhor caminho para uma grande encrenca”.

“Diamantes são os melhores amigos da cafetina”.

“A cafetina tem que ser simpática, mas não atraente”.

“A cafetina tem que conhecer pintores, óperas, escritores e tudo que diga respeito a cultura, história e geografia”.

“Ninguém estuda para ser cafetina”.

“Ninguém confia numa cafetina com menos de 40 anos”.

“Os segredos da cafetina devem morrer com ela”.

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/o-manual-da-boa-cafetina

Nota: nos dias de hoje, em que um homem normal corre o risco de ser preso só por olhar uma mulher com algum interesse, esse conto do Alex é uma heresia.

Trump veta transição

A Casa Branca emitiu nesta terça-feira (28) um decreto de Donald Trump que acaba com o financiamento governamental para cirurgias de transição de gênero em menores, tanto químicas quanto cirúrgicas, e promete se opor a elas por todos os meios legais possíveis.

“Em todo o país, profissionais médicos mutilam e esterilizam um número cada vez maior de crianças influenciáveis”, afirma a ordem executiva. “Essa tendência perigosa será uma mancha na história de nossa nação e precisa acabar”, acrescenta.

Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/trump-assina-decreto-para-restringir-procedimentos-de-transi%C3%A7%C3%A3o-de-g%C3%AAnero-em-menores/ar-AA1y1HWV

Na prática, a ordem corta o envio de recursos federais que garantiam assistência médica para procedimentos de afirmação de gênero para qualquer pessoa com menos de 19 anos.

"É política dos Estados Unidos não financiar, patrocinar, promover, auxiliar ou apoiar a chamada 'transição' de uma criança de um sexo para outro, e aplicará rigorosamente todas as leis que proíbam ou limitem esses procedimentos destrutivos e que alteram a vida", diz a ordem.

Essa é mais uma medida de Trump que impacta diretamente a população trans dos Estados Unidos.

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/01/28/trump-assina-ordem-para-restringir-transicoes-de-genero-para-menores-de-19-anos.ghtml

O lar é onde está o coração


Era um dia ensolarado em Poneyville, e eu, o bode recém-chegado, estava animado para participar do desfile anual de flores organizado pela Rarity. Com a cidade em plena atividade, eu havia me dedicado a criar vários vasos com lindas flores coloridas. As plantas que escolhi foram cuidadosamente selecionadas: tulipas vermelhas, girassóis amarelos e violetas lilás que refletiam a alegria e a beleza da primavera.

Enquanto me dirigia para a Praça Central, onde o desfile aconteceria, sentia a brisa fresca da manhã acariciar meu rosto e o cheiro doce das flores preenchia o ar. A cada passo, meu coração pulsava com a expectativa de ver Rarity, a talentosa designer de moda que havia me ajudado a me sentir bem-vindo em Poneyville.

Quando cheguei à praça, vi Rarity dando os toques finais em sua exibição. Suas criações eram deslumbrantes, e a maneira como ela trabalhava era pura arte. Decidi que era o momento perfeito para me aproximar e apresentar as minhas flores. “Olá, Rarity!” eu disse, com um sorriso tímido. “Preparei alguns vasos com flores para o desfile. Espero que goste!”

Rarity olhou para os meus vasos e seus olhos brilharam com admiração. “Oh, querido bode! Essas flores são simplesmente maravilhosas! Você realmente tem um talento especial para isso. Posso incluir algumas em meu estande?”

Agradeci a ela, sentindo uma onda de alegria. Era gratificante ver que meu trabalho duro estava sendo reconhecido. Após ajudarmos a organizar os vasos, eu me lembrei de que precisava aproveitar a nova vida em Poneyville não só trabalhando, mas também socializando. Olhando para Rarity, uma ideia surgiu: “Rarity, que tal almoçarmos juntos depois do desfile? Gostaria de te conhecer melhor e conversar sobre o que podemos fazer juntos na cidade.”

Ela sorriu, e seu olhar se iluminou. “Adoraria, querido! Podemos ir ao Café da Maçã, ouvi dizer que eles têm os melhores bolos de maçã da região.”

O desfile começou, e as flores que levei brilharam sob a luz do sol. A multidão estava animada, e a música ecoava enquanto as ponies desfilavam em trajes coloridos. Meu coração estava cheio de felicidade, não só por ver as minhas flores serem admiradas, mas também pela companhia de Rarity.

Após o desfile, seguimos para o café, onde a atmosfera era acolhedora e animada. O cheiro de maçãs assadas invadia o ar, e Rarity fez questão de pedir dois pedaços de bolo. “Você vai adorar isso!” ela exclamou. Enquanto esperávamos, começamos a conversar sobre nossos interesses e sonhos. Eu compartilhei com ela como havia sonhado em criar um jardim na minha nova casa e como esperava que Poneyville se tornasse um lugar onde pudesse fazer amigos de verdade.

Enquanto isso, no canto do café, uma outra personagem chamou minha atenção. Era Fluttershy, a doce e tímida pegaso que sempre cuidava dos animais. Eu a conhecia de vista, mas ainda não tinha tido a chance de conversar com ela. Quando Rarity notou minha curiosidade, disse: “Por que não a convidamos para se juntar a nós? Fluttershy é uma ótima companhia!”

Com um pouco de hesitação, decidi fazer isso. Levantei-me e fui até Fluttershy. “Oi, Fluttershy! Eu sou o bode novo em Poneyville. Estava me perguntando se você gostaria de se juntar a nós para o almoço.”

Ela olhou para mim com um sorriso tímido. “Ah, oi! Claro, adoraria.” Ao voltar para a mesa, senti que havia dado um passo importante na minha nova vida.

A conversa fluiu naturalmente entre nós três. Rarity falava sobre suas criações, enquanto eu e Fluttershy compartilhávamos nossas experiências sobre a vida em Poneyville. Descobri que ela tinha um amor profundo pelos animais e que, assim como eu, estava em busca de novos amigos e aventuras.

No final do almoço, enquanto saboreávamos o último pedaço de bolo, percebi que minha vida em Poneyville estava apenas começando. Já havia feito duas novas amigas e, com certeza, havia mais aventuras pela frente. A vida não se resumia apenas em estudar e trabalhar, mas também em construir relacionamentos e descobrir o que o mundo tinha a oferecer.

Com um sorriso no rosto, pensei: “Esse é apenas o começo.” Afinal, Poneyville não era apenas uma nova casa, mas também um novo lar para o meu coração.

Criado com Toolbaz.
Arte gerada por IA.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Jesus na goiabeira

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) deve ser a próxima presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal. A informação foi divulgada pelo g1 e surge em meio às articulações para a definição das lideranças das comissões e bancadas no Congresso Nacional.

A possível nomeação de Damares para a CDH levanta questionamentos, dada sua trajetória e polêmicas ao longo da carreira política. Em 2020, a Procuradoria-Geral da República (PGR) chegou a abrir uma investigação sobre a participação da então ministra em um suposto movimento para impedir que uma menina de 10 anos, vítima de estupro, tivesse acesso ao aborto legal. O caso foi arquivado posteriormente.

Já em 2023, o Ministério Público Federal (MPF) moveu uma ação civil pública pedindo que a senadora e a União indenizassem a população do Marajó, no Pará, em R$ 5 milhões. O processo foi motivado por declarações feitas por Damares em um culto evangélico durante a campanha eleitoral de 2022, quando mencionou supostos abusos sexuais e torturas contra crianças na região, informações que se provaram falsas.

Com sua possível nomeação para a Comissão de Direitos Humanos, Damares assumirá um papel estratégico na análise de pautas sociais e poderá utilizar o cargo para fortalecer a agenda defendida por sua base política. A confirmação oficial da nova presidência da comissão deve ocorrer na próxima semana, selando mais um capítulo das articulações no Congresso Nacional.

Fonte, citado parcialmente: https://www.brasil247.com/regionais/brasilia/ex-ministra-damares-deve-assumir-a-presidencia-da-comissao-de-direitos-humanos-do-senado

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) foi confirmada, neste sábado (1), como presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado. O anúncio foi feito pelo líder do Republicanos e ocorre em meio à definição das lideranças das comissões e bancadas no Congresso Nacional.

Damares afirmou à GloboNews que pretende direcionar os trabalhos do colegiado para o debate sobre direitos da infância e defesa dos idosos. A ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos durante o governo Bolsonaro assume um posto que, tradicionalmente, analisa projetos relacionados a temas sociais.

Fonte, citado parcialmente: https://www.brasil247.com/brasil/damares-alves-e-confirmada-como-presidente-da-comissao-de-direitos-humanos-do-senado

Nota: todo mundo cantando. Fuma, fuma, fuma, folha de bananeira...

Gineco não quis atender trans

Um ginecologista de Pau, no sudoeste da França, foi proibido de exercer por um mês por se recusar a atender uma paciente transgênero, conforme foi confirmado nesta quinta-feira (30) pelo Conselho Regional de Medicina, em uma informação publicada pelo jornal La République des Pyrénées.

A decisão da câmara disciplinar do Conselho Regional de Medicina, datada de 16 de janeiro, estabelece uma sanção de seis meses de suspensão, sendo cinco meses com suspensão condicional, que entrará em vigor em março. O médico ainda pode recorrer da decisão.

Em agosto de 2023, a paciente, que estava em um processo de transição há três anos, procurou o consultório do ginecologista após marcar uma consulta online, relatando dores no peito. O médico então se recusou a atendê-la.

No dia seguinte, o companheiro da paciente deixou um comentário negativo na página do Google do médico, que respondeu dizendo que atendia "mulheres de verdade" e que não tinha "competência" para atender "homens, mesmo que se barbeiem e venham dizer à minha secretária que se tornaram mulheres". "Vocês têm serviços especializados e muito competentes para atender homens como vocês. Agradeço por informar às pessoas trans de não virem jamais me consultar", disse o ginecologista.

Associações de luta contra a discriminação expressaram indignação com a resposta, o que levou o médico a se desculpar com a comunidade, "ofendida por palavras que eu provavelmente não deveria ter dito".

Discriminação

O Conselho Regional de Medicina, entretanto, sancionou o médico, lembrando que, de acordo com o Código de Saúde Pública, "nenhuma pessoa pode ser alvo de discriminação no acesso à prevenção ou aos cuidados de saúde", e considerou que suas palavras não eram "simples falhas", mas apresentavam "um caráter discriminatório em relação às pessoas em transição de gênero".

Uma investigação criminal foi aberta após o registro de duas queixas pelas associações francesas SOS Homofobia e SOS Transfobia, e foi concluída, conforme informou nesta quinta-feira o Ministério Público de Pau, que agora deve "decidir sobre as possíveis consequências penais" para o médico.

Para Edouard Martial, advogado da paciente que teve atendimento recusado, a sanção "corresponde exatamente ao que esperávamos, nem mais, nem menos. Nós pedimos uma sanção, e sua importância é irrelevante, desde que seja reconhecido que ele cometeu uma infração disciplinar", afirmou o advogado.

Fonte: https://www.rfi.fr/br/fran%C3%A7a/20250130-ginecologista-%C3%A9-sancionado-na-fran%C3%A7a-por-se-recusar-a-atender-paciente-trans

Nota: eu tenho que consultar o doutor House. Ou saber a opinião do Azarão. O ginecologista trabalha em Pau. Recusou atender uma mulher trans. Piada ou notícia do Sensacionalista? No lugar dele, eu correria o risco de ser denunciado por assédio sexual. 🤭😏

Vibrador de presente

A atriz Claudia Raia se envolveu numa nova polêmica e está sendo criticada nas redes. Dessa vez, a artista afirmou que presenteou sua filha, Sophia, com um vibrador logo após seu aniversário de 12 anos. A declaração foi dada em uma entrevista.

“Os vibradores são brinquedos com prescrição médica, não é mais invenção”, afirmou a atriz ao programa “Goucha”, de Portugal. Ela diz que tem um total de 17 brinquedos sexuais em casa e que o presente foi dado à filha para que ela possa descobrir “do que gosta”.

“Quando a Sophia fez 12 anos, eu dei um vibrador para ela e falei: ‘Vá se investigar. Vá saber do que que você gosta’”, prosseguiu. A declaração foi dada cinco meses após ela revelar que conversa sobre masturbação com o filho, Enzo.

Fonte, citado parcialmente: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/claudia-raia-diz-que-deu-vibrador-a-filha-no-aniversario-de-12-anos-e-e-detonada-nas-redes/

Nota: nós ainda estamos no século XVIII. Onde falar de sexo é tabu. Onde a criança e o adolescente são romanticamente idealizados como inocentes, ingênuos e assexuados.

Pés (cascos?) no chão


Depois de uma longa viagem, finalmente cheguei a Poneyville, um lugar que parecia saído de um conto de fadas. As casas coloridas, os campos verdes e o céu azul estavam além do que eu havia imaginado. Como um bode curioso e destemido, estava ansioso para começar essa nova aventura. Havia decidido que era hora de explorar, mas primeiro, precisava de um lar.

Encontrei um pequeno chalé à beira de um lago cristalino. As janelas eram amplas, permitindo que a luz do sol entrasse, e o som da água batendo suavemente nas pedras criava uma atmosfera tranquila. Mas, ah, a mobília! Mover-me para uma nova casa era uma coisa, mas transformá-la em um lar era um verdadeiro desafio.

As primeiras semanas foram repletas de surpresas. Eu passei horas procurando móveis e utensílios em Poneyville. Não tinha ideia de que as lojas locais eram tão encantadoras, cada uma oferecendo algo único. Uma loja especializada em móveis feitos de madeira de árvores mágicas chamou minha atenção. Eu me apaixonei por uma mesa de jantar que parecia brilhar à luz do dia. Comprei-a, claro, mesmo que meu orçamento estivesse apertado.

O próximo desafio foi encontrar uma cama. Uma cama confortável era essencial para garantir boas noites de sono depois de longos dias de aventuras. Encontrei uma loja que vendia camas acolchoadas e não resisti a uma que parecia ter sido feita sob medida para um bode como eu. Finalmente, meu chalé estava começando a parecer um lar.

Com a casa mobiliada, comecei a pensar em como ocupar meu tempo. Não queria ser apenas um bode à deriva; eu tinha ambições. Decidi que iria estudar e trabalhar. Poneyville era conhecida por suas oportunidades e, quem sabe, eu poderia me tornar um especialista em algo que realmente amasse.

Me inscrevi em uma escola local para aprender sobre jardinagem, pois sempre tive um amor pelas plantas e flores. O curso prometia ensinar sobre a magia da natureza, algo que eu achava fascinante. Além disso, comecei a procurar um trabalho que me permitisse explorar Poneyville e me conectar com os habitantes locais.

Foi então que, em um dia ensolarado, enquanto caminhava pelo centro da cidade, conheci uma personagem que mudaria a trajetória da minha aventura. Ela era uma pônei de pelagem azul claro com uma crina cheia de cores vivas: uma verdadeira artista. Seu nome era Rarity. Ela estava organizando um desfile de moda para mostrar as últimas criações da boutique dela e, ao ver meu olhar curioso, me convidou para ajudar.

"Olá, senhor bode! Você tem um olhar atento. Que tal dar uma mãozinha no desfile? Precisamos de um ajudante para organizar as peças!" disse Rarity, com um sorriso encantador.

Eu não poderia acreditar na minha sorte. Ajudar Rarity seria uma experiência incrível e, além disso, era uma maneira de me integrar na comunidade. "Claro! Adoraria ajudar!", respondi, cheio de entusiasmo.

Os dias seguintes foram repletos de trabalho árduo, mas também de risos e aprendizados. Rarity era uma perfeccionista, mas também tinha um coração enorme. Durante os ensaios, ela me ensinou sobre a importância da criatividade e como cada peça de roupa poderia contar uma história. Ao final do dia, eu estava exausto, mas a alegria de fazer parte de algo tão especial superava qualquer cansaço.

Além disso, Rarity me apresentou a outros pôneis da cidade, e logo eu estava cercado por novos amigos. Eu me sentia verdadeiramente acolhido em Poneyville, onde cada dia trazia novas experiências e oportunidades.

À medida que me adaptava à vida em Poneyville, percebi que cada pequeno desafio, desde mobiliar meu lar até fazer novas amizades, estava moldando minha jornada. A vida de um bode na cidade dos pôneis era cheia de surpresas, e eu mal podia esperar para descobrir o que mais o futuro me reservava.

Assim, minha aventura estava apenas começando. Com Rarity e os outros ao meu lado, eu sabia que esta nova vida em Poneyville seria tudo o que eu sempre sonhei e mais.

Criado com Toolbaz.
Arte gerada por IA.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Sentiu no bolso

Por Zé Barbosa Junior.

O empresário da fé Silas Malafaia, conhecido por seu apoio ao governo Bolsonaro, postou um vídeo esta semana totalmente desesperado e exasperado por conta da política de imigração e possível deportação de milhares de brasileiros por parte do governo Trump. Malafaia resgata versículos bíblicos sobre o “cuidado com os estrangeiros” e tantos outros com um único objetivo: pedir ao presidente dos EUA que “pegue leve” com os brasileiros “trabalhadores”. Com o mesmo discurso carregado de vira-latismo, chama os Estados Unidos de “América” e tenta resgatar a formação protestante do país norte-americano para basear sua crítica.

Recentemente Malafaia criticou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por suas declarações sobre brasileiros em situação ilegal nos Estados Unidos. Eduardo afirmou que esses imigrantes são "uma vergonha" para o país, justificando a falta de reciprocidade dos EUA na isenção de vistos para turistas brasileiros. Malafaia rebateu, afirmando que a maioria desses imigrantes são trabalhadores que buscam melhores condições de vida, fugindo do desemprego no Brasil. Ele sugeriu que Eduardo "ajudaria muito mais ao governo do seu pai parando de falar asneira" e que "poderia ter ficado de boca fechada na questão dos imigrantes ilegais brasileiros".

Essa divergência expõe uma contradição na postura de Malafaia em relação às políticas de imigração. Em 2017, o pastor defendeu a posse de Donald Trump, criticando a mídia por sua postura "esquerdopata" e apoiando as políticas conservadoras do então presidente americano, incluindo suas medidas restritivas contra imigrantes. Antes ainda, em 2015, Malafaia foi um dos mais ardorosos críticos dos refugiados sírios que chegavam ao Brasil, vociferando em todo tempo contra uma “ameaça islâmica” chegando ao país.

Essa mudança de postura levanta questionamentos sobre a coerência de Malafaia em relação às políticas de imigração e seu alinhamento político. Enquanto anteriormente apoiava medidas restritivas, agora defende brasileiros que buscam melhores oportunidades no exterior, mesmo que de forma ilegal. Essa incoerência pode ser vista como uma tentativa de alinhar-se às narrativas que mais lhe convêm em diferentes contextos, colocando em xeque a consistência de suas posições políticas e ideológicas.

Principalmente por um motivo que muitos têm apontado: a perda de dízimos em dólar, já que os imigrantes brasileiros ilegais nos EUA estão com medo de ir às igrejas, pelo risco de serem presos. E isto é um golpe fatal para Malafaia, que tem estendido suas garras religiosas para a terra de Trump e vê seu império mais uma vez ameaçado. Nada de novo na história. Malafaia só pensa em dinheiro, e “pensar em dólar” é algo que se torna cada vez mais difícil.

Mamom sofre um revés e seus profetas estão sofrendo.

Fonte: https://revistaforum.com.br/opiniao/2025/1/31/entendendo-chilique-de-malafaia-com-trump-por-pastor-ze-barbosa-jr-173313.html

Ao arremedo da lei

Um movimento crescente de igrejas evangélicas tem ganhado destaque nas escolas públicas e privadas de São Paulo, com a prática de “mini cultos” durante os intervalos das aulas. Crianças e adolescentes têm se reunido para participações em leituras bíblicas e louvores, inclusive em unidades de ensino não religiosas. O fenômeno já ocorre em colégios de pelo menos 19 estados do Brasil, segundo informações do UOL.

A prática gerou discussões em torno da liberdade religiosa e do papel do Estado nas escolas. A Constituição Brasileira, em seu artigo 19, veda que escolas administradas pelo governo incentivem cultos religiosos, salvo em casos de interesse público.

Professor Marcondes Rodrigues, da rede estadual de Paudalho (PE), destacou que o movimento é liderado por organizações evangélicas e neopentecostais, que utilizam o intervalo escolar para realizar cultos. “Isso incomoda alunos e familiares que não compartilham da mesma fé. A escola pública deve ser um espaço marcado pela diversidade”, pontuou.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/escolas-de-sao-paulo-comecam-a-ter-cultos-evangelicos-nos-intervalos/

Nota: a escola (pública ou particular) que quiser incluir um intervalo para leitura da Bíblia e cultos evangélicos, deve incluir o mesmo tempo para outras crenças. Eu pago para ver uma escola incluindo nesse intervalo um espaço para o Paganismo Moderno, a Wicca e até o satanismo não teísta.

Revolução Conservadora

Por Fernando Nogueira da Costa.

A chamada “revolução conservadora”, iniciada a partir dos anos 1980, marcada pela ascensão do neoliberalismo, foi uma reação contra o avanço da história? Parece-se ter sido reacionária por se colocar contra a queda da desigualdade ocorrida desde a I Guerra Mundial.

No entanto, ela não foi contra a história, porque foi consequência de uma série de crises econômicas, sociais e políticas emergente nas décadas anteriores. Ela trouxe transformações no paradigma econômico global ao ser abandonado, em grande parte, os pressupostos do keynesianismo em favor de políticas de livre-mercado. Pior para a esquerda, captou os sentimentos de ambição individualista de ascensão social.

As principais causas desse movimento em direção à direita podem ser lembradas. Primeiro, a simultaneidade de inflação alta e crescimento econômico estagnado, nos anos 1970, contrariou o registro econométrico da Curva de Phillips – quando a taxa de desemprego é alta, a taxa de inflação é baixa, e vice-versa. Colocou em dúvida a eficácia das políticas keynesianas, desde os anos 30 até então dominante no pensamento econômico. Essa crise expôs limitações no modelo de regulação estatal da economia.

Os aumentos abruptos dos preços do petróleo, feitos pelo cartel da OPEP, em 1973 e 1979, impactaram os custos de produção e geraram inflação global. Aprofundou a percepção de o modelo de Estado intervencionista ser incapaz de lidar com crises externas.

A reciclagem dos petrodólares com endividamento dos países para equilíbrio do balanço de pagamentos levou à crise da dívida externa nos anos 80s. Em todos os países, o aumento do gasto público financiado por dívida pública crescente começou a ser visto como insustentável e levou à busca de alternativas de modo a priorizar a redução do papel do Estado.

A ascensão de ideias econômicas conservadoras pró livre-mercado se aproveitou da crítica ao keynesianismo. Economistas como Friedrich Hayek da Escola Austríaca e Milton Friedman da Escola Monetarista criticavam o intervencionismo estatal por gerar ineficiências, distorções nas alocações de mercado e crises inflacionárias.

O monetarismo, com uma orquestração midiática arquitetada, ganhou destaque e pregava – aliás, até hoje – o controle da inflação deveria ser a prioridade das políticas econômicas. Apoderou-se da política monetária do Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos), com o choque de juros, em 1979, provocando a citada crise da dívida externa no Terceiro Mundo.

Grassou a ideologia do livre mercado. As teorias neoliberais enfatizaram a eficiência alocativa dos mercados e defenderam políticas de desregulamentação, privatização e redução do Estado.

Em paralelo, ocorreram as mudanças políticas para governos conservadores. A eleição de líderes como Margaret Thatcher no Reino Unido (1979) e Ronald Reagan nos EUA (1981) simbolizou o início da implementação prática do neoliberalismo. Ambos defendiam um Estado mínimo, liberalização econômica e desregulação dos mercados.

Era uma reação das elites contra o Estado de bem-estar social. Nos países desenvolvidos, as críticas era ele provocar os gastos sociais elevados e os impostos altos. Ambos inibiam o crescimento econômico e a competitividade.

A liberalização financeira surge com a crise do sistema de Bretton Woods, O colapso do sistema de câmbio fixo e o abandono do padrão-ouro nos anos 1970 levaram à desregulamentação das finanças globais. A globalização dos mercados financeiros se acelerou, facilitando fluxos de capital, mas também criando inovações financeiras como derivativos para lidar com o câmbio flutuante.

Cresceram as pressões por desregulamentação. As economias avançadas buscaram liberalizar o sistema financeiro para aumentar a competitividade e atrair investimentos. As instituições financeiras multilaterais condicionaram seus empréstimos ao encerramento do período de “repressão financeira” como os controles de juros e capital dos bancos e o crédito direcionado para setores prioritários. No Brasil, houve a privatização dos bancos estaduais.

A abertura comercial e a globalização permitiram a ascensão dos países asiáticos. Economias emergentes na Ásia (como Japão, Coreia do Sul e mais adiante a China) começaram a competir diretamente com indústrias ocidentais, levando à desindustrialização ocidental. O ocidente busca maior eficiência por meio da liberalização e terceirização, isto é, expansão dos serviços urbanos e tecnológicos.

A urbanização crescente e a revolução tecnológica deslocaram o eixo da economia para os setores de tecnologia, finanças e serviços, em detrimento da indústria pesada.

Houve a erosão do protecionismo. Acordos comerciais e organizações como o GATT (mais tarde substituído pela OMC) promoveram a liberalização do comércio internacional e levou ao declínio do protecionismo em favor de mercados internos.

Entre as transformações estruturais no capitalismo ocidental, destacou-se a desindustrialização. Nos países ocidentais, a transferência de indústrias para países com mão de obra mais barata acelerou o processo de desindustrialização e a ascensão de economias de serviços urbanos. Essa reestruturação enfraqueceu sindicatos e as bases políticas do keynesianismo.

No fim dos 80s e início dos 90s, alterou-se o contexto ideológico e geopolítico com a crise do socialismo realmente existente. A percepção de falhas nos modelos econômicos socialistas e a crise econômica em países como a URSS e outros do bloco socialista enfraqueceram alternativas ao capitalismo liberal.

Enfim, houve o triunfo ideológico do Ocidente com o colapso do bloco soviético e a consolidação da hegemonia do neoliberalismo como ideologia dominante. Foi reforçada pela “doutrina do fim da história” de Francis Fukuyama. Ledo engano…

Portanto, a revolução conservadora dos anos 1980 gerou profundas mudanças globais, entre as quais, a redução do papel do Estado nas economias, privatizações em massa, crescimento da desigualdade social e concentração de riqueza, vulnerabilidades econômicas associadas à desregulação financeira e crises cíclicas. Esse movimento, no entanto, também gerou resistências e críticas.

Levaram à busca por novos paradigmas híbridos nas décadas seguintes, como o social-desenvolvimentismo em economias emergentes e os debates contemporâneos sobre o papel do Estado em crises como a de 2008 e a pandemia de COVID-19.

Diante da revolução conservadora, as vitórias eleitorais da extrema-direita neofascista a partir da propagação das redes de ódios ainda requerem um enfrentamento político com ações coletivas à altura do desafio. A esquerda necessita rever seus conceitos tornados anacrônicos perante esse novo quadro.

Segundo Thomas Piketty, em seu livro “Uma Breve História da Igualdade”, se a revolução da Era Reaganiana-Thatcherista teve tamanha influência a partir dos anos 1980, não foi apenas por ter se beneficiado de um largo apoio por parte das classes dominantes e de uma poderosa rede de influência por meio da mídia, dos think tanks e de financiamentos políticos, apesar desses fatores terem evidentemente contribuído. “Foi também devido às fraquezas da coalizão igualitária sem conseguir se apoiar em uma narrativa alternativa e em uma mobilização popular suficientemente forte em torno do Estado social e do imposto progressivo”.

Piketty acredita “o ponto mais importante nesse estágio é tentar reconstruir tal narrativa e mostrar como o Estado social e o imposto progressivo constituem de fato uma transformação sistemática do capitalismo. Com uma lógica levada às últimas consequências, essas instituições representam uma etapa fundamental para uma nova forma de socialismo democrático, descentralizado e autogestionário, ecológico e diversificado, permitindo estruturar um outro mundo, mais emancipador e igualitário diante o atual”.

Historicamente, o movimento comunista se formou em torno de uma plataforma diferente com a propriedade estatal dos meios de produção e o planejamento centralizado. Fracassou e nunca foi de fato substituída por uma plataforma alternativa. Com despeito, criticam os reformistas defensores do Estado social e sobretudo o imposto progressivo como formas “frouxas” de socialismo, incapazes de contestar a profunda lógica do capitalismo.

Os marxistas dogmáticos são céticos diante de uma reforma capaz de se contentar com a redução das desigualdades produzidas pelo sistema capitalista sem mudar as relações de produção. Temem, por isso, “o risco de anestesiar a marcha dos trabalhadores rumo à Revolução proletária”. Quem não deve, não teme…

Fonte: https://jornalggn.com.br/artigos/revolucao-conservadora-por-fernando-nogueira-da-costa/

O Bode em Poneyville


Em uma manhã ensolarada, os campos de Poneyville estavam floridos e cheios de vida. Entre as flores e árvores, um bode chamado Bodo, com uma pelagem branca como a neve e chifres curvos que lembravam a lua crescente, acabara de se mudar para a cidade. Seu olhar era curioso e, apesar de sua aparência robusta, havia uma ternura em seu olhar que cativava todos que o conheciam. Ele vestia uma pequena gravata borboleta vermelha, que lhe conferia um ar sofisticado, além de um pequeno chapéu de palha que ele usava de lado.

Bodo estava ansioso e nervoso ao mesmo tempo. Ele havia deixado para trás a sua antiga vida nas montanhas e se mudado para Poneyville em busca de novas aventuras e amizades. Enquanto caminhava pela rua principal, observou as casinhas coloridas e os pôneis que se cumprimentavam com alegria. "Espero que me aceitem", pensou Bodo, enquanto seu coração batia mais forte.

Foi então que ele avistou uma pônei de crina rosa e brilhante, chamada Pinkie Pie, que estava organizando uma festa em um dos parques da cidade. Com sua energia contagiante e sorriso largo, Pinkie se aproximou de Bodo, reparando em sua aparência peculiar.

— Olá, você deve ser o novo bode em Poneyville! — exclamou Pinkie, pulando animadamente em torno dele. — Eu sou a Pinkie Pie e adoro fazer festas! Você deve vir para a festa que estou organizando! Vai ser incrível!

Bodo sorriu, sentindo-se mais à vontade. Ele sempre gostou de festas e de conhecer novas pessoas. O convite de Pinkie Pie parecia a oportunidade perfeita para fazer amigos.

— Obrigado, Pinkie! Eu adoraria ir! — respondeu ele, sua voz profunda e suave ecoando no ar.

Naquela tarde, o parque estava repleto de balões coloridos, músicas alegres e mesas decoradas com uma variedade de bolos e doces. Bodo observava, encantado, enquanto os pôneis dançavam e se divertiam. Ele não tinha certeza se seria aceito, mas a atmosfera alegre e acolhedora o encorajava.

Pinkie Pie, sempre atenta, notou que Bodo estava um pouco afastado. Sem hesitar, correu até ele, segurando um prato cheio de cupcakes.

— Venha, Bodo! Temos que celebrar sua chegada! — disse ela, puxando-o para o centro da festa. — Aqui, experimente este cupcake de morango! É o meu favorito!

Bodo aceitou o cupcake, um sabor delicioso explodindo em sua boca. À medida que o tempo passava, ele começou a relaxar, rindo e se divertindo com os pôneis. Eles jogaram jogos, dançaram e até criaram um desafio de quem conseguia fazer a melhor careta. Bodo, com seu jeito desajeitado, conseguiu fazer todos rirem com suas caretas hilárias.

Conforme a festa continuava, Bodo percebeu que não só estava se divertindo, mas também estava fazendo novos amigos. Cada pônei tinha uma história interessante, e Bodo estava ansioso para ouvi-las. Ele compartilhou suas aventuras nas montanhas, contando sobre as estrelas e como era incrível ver o pôr do sol sobre as colinas.

Quando a festa começou a chegar ao fim, Pinkie Pie subiu em uma pequena caixa para se dirigir a todos.

— Obrigada a todos por virem! E um agradecimento especial ao nosso novo amigo, Bodo! — ela disse, gesticulando para ele. — Você trouxe tanta alegria para a nossa festa! Espero que você se sinta em casa aqui em Poneyville!

Os aplausos ecoaram, e Bodo sentiu seu coração se encher de felicidade. Ele percebeu que, apesar de suas inseguranças, havia encontrado um lugar onde se sentia aceito e amado.

— Eu também agradeço! — gritou Bodo, com um sorriso enorme. — Esta foi a melhor festa que já participei! Estou muito feliz por estar aqui!

Os pôneis começaram a se reunir ao redor dele, fazendo perguntas e contando mais sobre suas vidas na cidade. A noite estava apenas começando, e a nova aventura de Bodo em Poneyville prometia ser repleta de amizade, risadas e descobertas.

E assim, Bodo, o bode que se mudou para Poneyville, deu o primeiro passo em uma jornada cheia de novos laços, desafios e, acima de tudo, um sentimento de pertencimento. Ele sabia que, com amigos como Pinkie Pie ao seu lado, cada dia seria uma nova aventura.

Criado com Toolbaz.
Arte gerada por IA.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Educação deportada

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu nesta quarta-feira (30) assinar uma ordem executiva para eliminar incentivos federais para disciplinas que abordam raça, gênero e diversidade nas escolas. De acordo com o chefe da Casa Branca, esse tipo de ensino faz parte de uma agenda de “doutrinação” em ideologias “antiamericanas”.

Pelo texto aprovado, essas disciplinas comprometem “os próprios fundamentos da identidade pessoal e da unidade familiar". O documento ainda menciona a imposição de ideias "subversivas, prejudiciais e falsas" às crianças norte-americanas.

A ordem determina que, em até 90 dias, seja elaborado um plano de trabalho para interromper a "doutrinação" apontada nas escolas. A reformulação será aplicada à educação infanto-juvenil, abrangendo crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos.

Fonte: https://www.brasil247.com/mundo/com-trump-eua-encerram-programas-de-educacao-racial-e-de-genero-nas-escolas

Nota: o pessoal reacionário, de direita, conservador, fundamentalista cristão e bolsonarista está aplaudindo. Trump realizou o sonho do projeto da "escola sem partido".

Deus(es) no tribunal

Matéria original por Larissa Almeida.
Título por conta da casa.

Uma audiência pública organizada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) reuniu, nesta segunda-feira (27), instituições da sociedade civil, especialistas em cultura e direitos humanos, além do público em geral, para discutir sobre proteção às religiões de matrizes africanas. O ato foi convocado após a polêmica envolvendo a cantora Claudia Leitte, que fez uma mudança na letra da música ‘Caranguejo’ e trocou Iemanjá por Yeshua. A alteração ofendeu integrantes das religiões afro-brasileiras e foi alvo do tom de protesto nos discursos apresentado pelos oradores.

A abertura da audiência ficou a cargo de Samuel Vida, coordenador do Programa Direito e Relações Raciais da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que iniciou a discussão destacando a importância de desassociar o racismo de pessoas más ou como uma prática resultante de uma condição patológica. “O racismo não é isso. É um fenômeno muito mais complexo que precisa ser levado a sério”, disse.

“É um fenômeno que se expressa em âmbitos difusos, transversais, generalizados em todas as dimensões das relações sociais. [...] Que chega a se inscrever no âmbito do espaço microssocial mais importante, que é a família. O fenômeno se desdobra, portanto, em todo o tecido social, atinge as instituições, organiza e preside o funcionamento das instituições estatais”, completou.

Samuel Vida pontuou que a polêmica envolvendo a cantora não se trata de um episódio isolado, mas também não é um problema que mereça ‘reprimenda particular’. Deu ênfase ainda ao objetivo da audiência.

“Se trata de uma oportunidade de avançar na compreensão da profundidade do racismo e da necessidade de respostas que sejam estruturadas numa outra chave, que sejam pensadas como deslocamentos capazes de produzir novos modos civilizatórios para o país, novas matrizes para as relações sociais, novos processos de interação em um ambiente que sempre foi, é e será marcado pela diversidade: a sociedade”, frisou o especialista.

Entre os representantes de instituições inscritos para discursar no púlpito, o líder quilombola Jurandir Pacífico, filho de Mãe Bernadete Pacífico, assassinada brutalmente em agosto de 2023, foi o primeiro a citar diretamente a polêmica envolvendo Claudia Leitte. Ele chegou a trocar nome de Deus pelo de Oxalá em uma música gospel para efeito de comparação.

“Se eu chegar na igreja com a seguinte música: ‘Toda a terra celebra a Ti, no cântico de júbilo, posto é o Deus criador’ e mudar ‘Toda a terra celebra a Ti, no cântico de júbilo, Oxalá, o criador’, o pastor vai gostar? Se ponha no lugar do irmão. É um mandamento bíblico: ‘amai o próximo’. Por que não respeita o próximo? Respeite o povo de santo e o de axé”, pediu Jurandir.

A ialorixá Jaciara Ribeiro, que é ativista cultural e militante da luta contra a intolerância religiosa no Brasil, disse que o movimento por conta da troca da letra da música não é pessoal ou isolado. Ela é uma das autoras da denúncia e disse que viu na troca um ato de perpetuação da violência. “Trocar uma palavra que representa um orixá é falar do que acontece nas nossas comunidades com os ladrões de terreiro e apagamento de memória”, declarou.

“Isso deixa nosso povo doente, porque o racismo e a intolerância religiosa matam. Digo isso não só por viver a experiência da morte de Mãe Gilda, mas porque conheço terreiros que perdem a autoestima. Eu conheço crianças que não conseguem mais ir para a escola e levar como lanche a comida do terreiro, porque se a professora é evangélica, ela quer satanizar até o alimento. [...] Eu tenho certeza de que Iemanjá não está satisfeita”, concluiu.

Denise da Silva, representante do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), lembrou que o apagamento do nome de orixás tem sincronismo histórico com o processo de apagamento da memória de negros africanos que, em diáspora, foram proibidos de serem chamados por nomes que remetessem ao continente de origem e de professar a fé que acreditavam.

“Existe uma história das nações africanas antes de elas serem invadidas e degradadas pelo imperialismo, pela colonização e escravização dos povos, e essa história a gente não conhece. Faz parte dessa memória o nome, [...] que é aquilo que nos identifica e, relacionado com a religião de matriz africana, os nomes são as línguas dos cânticos cantados, são os nomes dos orixás. Isso deve ser preservado”, enfatizou Denise.

A advogada Alzemeri Martins, que integra o Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR), pediu ao público presente na audiência que visse Claudia Leitte como alguém que tem a própria fé. “A religião de Claudia Leitte tem preceitos. Isso faz parte da crença dela. Os preceitos da religião dizem que ela só tem um Deus, que ela não pode amar outro Deus ou ter outro Deus”, ressaltou.

“Por causa disso, ela não tem como cantar outros deuses. [...] Além disso, considerem que é uma ação civil. Não estamos falando que é uma música milenar, que pode ser protegida como patrimônio, estamos falando de uma questão de autoria. O que eu quero pedir aos senhores, por favor, é que deixem ela cantar ao Deus dela”, apelou.

O pedido da advogada causou alvoroço no auditório do Ministério Público. Um burburinho generalizado tomou conta do espaço e lideranças de religiões afro-brasileiras não esconderam a insatisfação. Foi possível ouvir, de longe, uma mãe de santo reclamar “Eu vivi para ouvir uma coisa dessa”. Por sua vez, o advogado Hédio Silva Jr., que representa o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), sugeriu que a cantora migrasse para o gênero gospel. Antes de dar seguimento à audiência, a maioria das pessoas se levantou para cantar uma música em homenagem a Iemanjá.

O padre Lázaro Muniz, coordenador da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso (Caedi), compareceu à audiência pública e chamou atenção para a necessidade de defesa da pluralidade religiosa. “A proteção e a honra de cada segmento religioso, em especial nesta audiência que trata das religiões de matrizes africanas, precisam ser de fato valorizadas, respeitadas e cuidadas. Não podemos sair por aí vilipendiando as religiões ou trocando, tirando ou negando aquilo que é conteúdo do processo religioso do outro”, falou.

Já o pastor Bruno Almeida, que é reverendo do Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs (CEBIC), traçou o panorama do racismo religioso ao longo da história, que foi usado para legitimar a escravização de pessoas. Essa época, contudo, não tem mais vez, conforme pregou.

“Não há espaços para atos de violência. Legitimar o discurso de uma canção que tem a letra trocada é um absurdo. Ao trocar essa letra, você está legitimando um discurso racista, que é contra a tradição do povo, e isso não condiz com o verdadeiro Evangelho do Cristo. Isso é um contra-testemunho do Evangelho do Senhor Jesus. Logo, enquanto cristãos e cristãs, precisamos denunciar isso”, finalizou.

Fonte: https://www.correio24horas.com.br/minha-bahia/deus-x-oxala-e-tom-de-protesto-como-foi-a-audiencia-publica-sobre-a-polemica-de-claudia-leitte-0125

Nota pessoal. Se a Cláudia Leitte acredita em um único Deus, por que fez uma música para Yemanjá?

Adendo humorístico.
O juiz pede a presença de Oxalá e Deus (Jeová) para que se pronunciem.
Oxalá aparece, muito gentil, sorrindo e distribuindo bençãos para todos.
Jeová não compareceu. Aparentemente (de acordo com páginas direcionadas a evanjegues) está ocupado queimando Los Angeles. Por causa da zombaria contra Ele. Enquanto fecha os olhos ao genocídio em Gaza.

Começou o Quarto Reich

Por Marcelo Hailer.

Na reta final de sua campanha à presidência da República, o então candidato Donald Trump disparou ataques contra a comunidade LGBT+ e, em específico, contra as pessoas transexuais, afirmando durante um comício no Madison Square Garden que iria "tirar a insanidade trans das escolas e manter os homens trans fora dos esportes femininos".

À época, muitos analistas afirmaram que as falas de Trump contra a comunidade LGBT+ dos EUA eram "bravatas" e que, possivelmente, não levaria tais ações adiante. Ledo engano. Em seu discurso de posse, ocorrido na segunda-feira (20), o novo presidente dos EUA voltou a disparar contra as pessoas trans:

"Esta semana também porei fim à política governamental de tentar incorporar socialmente a raça e o gênero em todos os aspectos da vida pública e privada. Vamos forjar uma sociedade que não enxergará duas cores e será baseada no mérito. Será política oficial dos EUA que existam apenas dois gêneros, masculino e feminino."

Algumas horas depois de seu discurso de posse e já instalado na Casa Branca, o presidente Donald Trump assinou uma série de Ordens Executivas (semelhantes às Medidas Provisórias do Brasil) e, com uma canetada, revogou todas as portarias pró-LGBT+ e de direitos humanos do governo de Joe Biden (2021-25), impondo medidas transfóbicas e racistas. São elas:

1 - Eliminação de programas de diversidade, equidade e inclusão no setor público.
2 - Fim da obrigatoriedade de treinamentos de diversidade em agências federais.
3 - Redefinição oficial de gênero baseada no sexo biológico.
4 - Proibição de financiamento federal para cuidados médicos de transição de gênero.
5 - Restrição ao uso de banheiros públicos conforme identidade de gênero.
6 - Cancelamento da obrigatoriedade de seguro-saúde cobrir contraceptivos.
7 - Redução de políticas de combate à discriminação no local de trabalho.
8 - Fim do financiamento para pesquisas sobre equidade racial.
9 - Revogação do reconhecimento de identidade de gênero não-binária em documentos oficiais.
10 - Cancelamento da proteção de direitos para estudantes LGBTQ+ em escolas públicas.

Ao todo, Donald Trump assinou 78 ordens executivas que impõem uma série de retrocessos em diversas áreas. No entanto, as mais obscurantistas foram reservadas para os direitos civis, diversidade, saúde e meio ambiente, contrariando protocolos internacionais e enfrentando provável resistência nos tribunais, uma vez que os estados americanos possuem autonomia e não são obrigados a seguir automaticamente as ordens executivas. Ainda assim, ao descontinuar todas as políticas pró-LGBT instituídas na gestão de Joe Biden, Trump deixa claro que fará do ódio uma das principais ferramentas de sua gestão, o que pode empoderar grupos extremistas no país.

Em entrevista exclusiva à Fórum, a pesquisadora e ativista LGBT Mariana Rodrigues, que vive nos EUA desde 2017, relata que a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais está enfrentando um “clima de terror e medo”.

“Desde a eleição, o clima está muito ruim. Há um clima de medo, de terror, muito tenso, principalmente entre os grupos mais brancos e de classe média, pois esse clima já estava presente antes entre os grupos racializados e a população mais pobre. No geral, o ambiente é bem tenso e negativo”, revela Mariana Rodrigues.

Mariana também relata que as organizações que trabalham com os direitos LGBT+ já previam um cenário como o que se desenha nos EUA com a nova gestão Trump, principalmente quando as pesquisas começaram a indicar a vitória do republicano sobre Kamala Harris, a candidata democrata.

“As organizações que já vinham trabalhando nesse tema estavam bem preparadas. Mas, de forma geral, há uma sensação de tensão, desespero e desalento muito fortes. As pessoas estão se perguntando ‘como chegamos até aqui?’, enquanto outros grupos já alertavam: ‘não está bom, será difícil, precisamos nos engajar’. É um clima muito ruim”, avalia a pesquisadora.

Atualmente, Mariana Rodrigues vive em Maryland, é casada com outra mulher e tem um filho. Ela já morou na Flórida e em Ohio. Hoje, cursa doutorado no Department of Women's, Gender and Sexuality Studies da Universidade Estadual de Ohio. Para ela, o maior impacto inicial das medidas de Trump contra a comunidade LGBT será simbólico, mas poderá desencadear maior violência e discriminação, especialmente contra pessoas trans.

“O impacto dessas revogações é muito mais simbólico do que prático. Mas isso não significa que o impacto simbólico seja irrelevante. Ter um presidente que revoga políticas e endossa discursos contra a diversidade e inclusão legitima a violência e a discriminação. Esse clima de contestação pode gerar insegurança e até mesmo violência em diversos níveis”, analisa.

Mariana também acredita que haverá um aumento de violência contra a comunidade LGBT nos EUA. “O impacto simbólico autoriza as pessoas a serem mais homofóbicas, transfóbicas e racistas. As pessoas se sentem legitimadas a engajar em violência — física, verbal, emocional, financeira e simbólica. Você tem um presidente cuja campanha foi pautada no discurso de ódio, na violação de direitos, no ataque à diversidade e inclusão. Isso cria um ambiente muito mais inseguro, violento e propício ao discurso de ódio, com impacto direto também em organizações privadas que podem se sentir legitimadas a excluir, violentar e discriminar.”

Por fim, questionada se os EUA se tornam um país mais perigoso para a comunidade LGBT com a nova gestão de Trump, Mariana é enfática: “O mundo se torna mais perigoso. As práticas que Trump está implementando afetam não só os Estados Unidos, mas têm repercussões globais”, conclui.

Fonte: https://revistaforum.com.br/global/2025/1/27/donald-trump-declara-guerra-s-lgbt-instaura-clima-de-medo-terror-172872.html

O Deus dos detalhes

Análise crítica do texto “Só Jesus e Iemanjá na causa”.
Por Eduardo Affonso.

Citando:

No Rio Grande do Sul, colocaram um Jesus afeminado, de fio dental, rebolando sensualmente, trepado numa árvore, num bloco de carnaval. Um representante da galera que diz defender a liberdade de expressão formalizou denúncia no Ministério Público Federal por vilipêndio (humilhação, ofensa) e racismo religioso.

— Não vamos aceitar que o cristianismo seja desrespeitado no país — bradou um parlamentar, como se os que não professam uma fé tivessem a obrigação de se comportar como os crentes, ou mesmo os crentes se portassem todos da mesma forma.

Na falta de jurisprudência que lhes faculte tostar hereges na fogueira, os inflamados defensores de que todos possam se expressar livremente nas redes sociais (sem interferência do Estado) querem que o Estado interfira na livre expressão de um grupo de foliões. Chegaram a pedir a cabeça de uma suposta professora cujo crime teria sido filmar e compartilhar a cena numa rede social (aquela mesma rede em que não querem censura...).

Enquanto isso, na Bahia, a cantora Claudia Leitte adaptou a letra de uma música, substituindo Iemanjá por Yeshua (equivalente a Jesus). O Ministério Público (sempre ele!) abriu inquérito sobre “os impactos de ações dessa natureza para a honra e dignidade dos povos de terreiros, bem como para a proteção do patrimônio histórico e cultural envolvido”. É a galera progressista —aquela que não vê problema em caracterizar Jesus Cristo como gay, comunista ou palestino — se encrespando com uma intertextualidade musical.

Claudia Leitte não desrespeitou ou atacou a fé de ninguém — só reafirmou a sua. Não mandou chutar a santa, não incitou ódio com um “chuta que é macumba”. A única intolerância nessa história é a de quem vê qualquer apropriação cultural como roubo. Isso num Estado laico, em que questões desse tipo só deveriam ser judicializadas se envolvessem danos concretos, físicos ou morais.

É nas teocracias que adorar outros deuses — ou ser irreverente à divindade oficial — configura crime. É nos regimes tacanhos que crenças pessoais viram dogmas — e se proíbem releituras como “Je vous salue, Marie” e se cria caso com obras-primas como “A última tentação de Cristo”.

Deixemos o Bloco da Laje tirar Jesus da cruz (epa babá, Jesus!) e Claudia Leitte louvar Yoshua (rogai por nós, Iemanjá, na véspera do seu dia). Deus não mora nesses detalhes.

Retomando.

Eduardo Affonso é, na definição dele mesmo, um isentão. Tipo Luciano Huck, que usa sapatênis, farialimer, apregoa o Livre Mercado e curtiu o deboche do Elon Musk diante das críticas ao seu gesto nazista.

O colunista (ou colonista, como diria o saudoso Paulo Amorim) deve achar que focinho de porco é tomada.

Que os talibãs cristãos reajam diante de um Jesus de tanga, com trejeitos homossexuais, era de se esperar. Essa é uma manifestação da homofobia latente nessa gente.
Cristo seria crucificado por quem diz segui-lo se reencarnasse nos dias de hoje, como mulher, negro, imigrante, homossexual ou transgênero.
O que é curioso é a hipocrisia. Afinal, o cristão é o que mais desrespeita e vilipendia, quando a crença professada ou expressa não configura um espelho de suas próprias crenças. Em pleno século XXI, ainda existe perseguição às crenças de matriz africana.
Bruxaria, Wicca e Paganismo Moderno?
Heresia. O Santo Ofício continua funcionando nas redes sociais.

Esse é o detalhe que escapou do isentão. Pessoas são perseguidas e mortas por causa que não são espelhos da crença majoritária.
Claudia Leitte fez sucesso com a música que tem Yemanjá. Trocou por Yeshua achando que a letra era de sua propriedade.

Diz a história do rock que The Doors foi constrangido a mudar a letra da música. Não mudou e foi expulso (banido) do show do Ed Sullivan.

Eu escrevi aqui em algum lugar. Se a crença atual da Cláudia Leitte é de adorar apenas um único Deus, ela não pode cantar mais esta música. Nem ser cantora de axé. Que se torne cantora gospel. A troca de nome, de letra de música, é um aceno que ela apóia a intolerância religiosa. Várias notícias mostram terreiros sendo invadidos e depredados.
Isso não é “apropriação cultural”, mas genocídio cultural.

Interessante que o autor cita duas obras primas do cinema. Censuradas pela Igreja.
O autor não lembra da gritaria dos cristãos fundamentalistas quando Viviani Beleboni desfilou como Cristo Crucificado para denunciar a violência que os cristãos cometem todo santo dia contra a comunidade LGBT?

Seja qual for este Deus, seus seguidores fazem muita questão destes detalhes. Um Deus que, segundo uma página direcionada aos evanjegues, está ocupado queimando Los Angeles, por causa da zombaria. Enquanto fecha os olhos para o genocídio em Gaza.

Mas seria demais querer que esse bolsonarista enrustido soubesse ver a diferença.