No final do ano, é comum fazermos listas sobre melhores e piores momentos dos últimos 12 meses. Neste texto, convido os leitores a refletirem sobre quem foi o “bolsonarista de 2024”. Os candidatos são pessoas anônimas, alçadas à “fama” após colocar em prática seu bolsonarismo, ou seja, dirigir insultos a qualquer minoria odiada pela extrema direita, como homossexuais, mulheres, negros ou esquerdistas.
O primeiro nome dessa “seleta” lista é Jaqueline Santos Ludovico – a “homofóbica da padaria” –, flagrada insultando e agredindo fisicamente um casal de homossexuais. No repertório de xingamentos, clássicos do léxico bolsonarista: “mimimi”, “eu sou de família tradicional” e “os valores estão sendo invertidos”. Como toda cidadã de bem respeitável, a “homofóbica da padaria” tem em seu currículo acusações de extorsão e ameaças.
Em sequência está Michele Dias Abreu, influencer cristã, que se tornou conhecida nacionalmente por publicar um vídeo, em suas redes sociais, que associava as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul à ira divina (devido à grande presença de terreiros de “macumba” no estado).
Ainda na linha religiosa, um casal evangélico, proprietário do Jurgen Feld Ateliê, viralizou na internet após declarar que não faz convites para uniões homoafetivas. Com a repercussão negativa do caso, os proprietários da empresa publicaram um vídeo, se dizendo vítimas de “heterofobia”.
Também podemos citar Israel Leal Bandeira Neto – o “assediador do elevador” –, que ficou famoso após apalpar as partes íntimas de uma mulher, sem consentimento, enquanto ela deixava o elevador de um edifício comercial em Fortaleza. Em seguida, ele fugiu rapidamente para o estacionamento, entrando no carro às pressas. Como não poderia deixar de ser, após a enorme repercussão de sua atitude, que rendeu até demissão do emprego, o “assediador do elevador” argumentou ter “problemas psiquiátricos”.
Representando o viés “liberal na economia”, o candidato a bolsonarista do ano é Tallis Gomes, conhecido por suas falas contrárias a contratação de esquerdistas no ambiente corporativo e à atuação de mulheres como CEO (o que lhe valeu a demissão do cargo de presidente do conselho de administração da empresa G4 Educação).
Como candidato póstumo, temos Francisco Wanderley Luiz, o “Tiu França”, mártir bolsonarista, que se explodiu em nome da pátria, próximo ao edifício-sede do STF, lutando bravamente contra a ditadura comunista do PT.
Por fim, mas não menos importante, está Maria Cristina de Lurdes Rocha, presa por injúria racial, após xingar um segurança de “macaco”, na ocasião em que havia deixado uma coroa de flores fúnebres em frente à residência do presidente Lula. Como apontou matéria da Fórum, Maria Cristina comemorou a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, já levou taco de beisebol para um ato na Avenida Paulista e nunca trabalhou, pois, por ser filha de militar, recebe pensão mensal desde 2009 que, atualmente, está na casa de R$ 14,5 brutos. Currículo típico do “cidadão de bem”.
Colocados os candidatos a bolsonarista do ano, numa disputa que promete ser acirrada, cabe ao leitor escolher quem será o agraciado da vez, que fará parte de uma lista seleta, que conta com figuras importantes, como o Patriota do Caminhão, os adoradores de pneus, os indivíduos que comemoraram a falsa prisão de Alexandre de Moraes, os patriotas que acamparam em frente a quartéis e os manifestantes de 8 de janeiro.
Enfim, no tocante à vergonha alheia, o bolsonarismo não decepciona nunca.
Fonte: https://revistaforum.com.br/opiniao/2024/12/23/quem-bolsonarista-do-ano-171456.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário