sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Patrimônio tombado

Diversos objetos sacralizados, com valor histórico e cultural inestimável, roubados em 1912 de terreiros em Alagoas, podem finalmente ser tombados neste ano como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A coleção de 216 peças raras foi roubada durante o maior ataque na história do Brasil a religiões de matriz africana, ficando conhecido como “Quebra de Xangô”.

Os objetos, que foram roubados mas não destruídos, incluem instrumentos musicais, indumentárias, estatuetas e insígnias, representando um conjunto ímpar de materiais resgatados. O ataque ocorreu na madrugada de 2 de fevereiro de 1912, atingindo cerca de 70 casas de religiões de matriz africana em Maceió e cidades vizinhas.

De acordo com pesquisadores, a Liga dos Republicanos Combatentes foi responsável pelo ataque, perpetrando terror com invasões, vandalismo, espancamentos, ameaças e roubo de objetos sagrados. Os agressores expuseram os objetos como símbolo de vitória, representando a comprovação do crime, e afirmavam que o ataque era uma resposta à proteção governamental dos terreiros.

Atualmente, as 216 peças sobreviventes estão sob a guarda do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL). Embora tenham sofrido desgaste com o tempo, os objetos estão preservados de modo geral. Entretanto, há a necessidade de ações de conservação e restauração para garantir sua preservação a longo prazo.

Após serem tombados pelo Iphan como patrimônio cultural brasileiro, a responsabilidade do órgão incluirá a preservação e acautelamento dos bens, bem como ações de conservação, restauração e estudo da historiografia. Além disso, planos para a difusão da história desses objetos, incluindo exposições virtuais, estão sendo considerados como parte do processo de reparação da memória.

Lideranças religiosas e pesquisadores têm clamado por ações de reparação da memória e reconhecimento da resistência das religiões de matriz africana envolvidas no episódio, evidenciando a necessidade de tombar a coleção Perseverança como parte desse processo de reconhecimento. A memória do ataque e a luta dos ancestrais continua a ser reverenciada, e esforços estão sendo feitos para difundir mais amplamente a história desses objetos e de suas comunidades.

Fonte: https://anoticiaalagoas.com.br/2024/02/02/brasil-iphan-podera-realizar-tombamento-de-objetos-sagrados-roubados-em-1912-o-maior-ataque-a-religioes-de-matriz-africana-no-brasil/amp/

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