terça-feira, 21 de março de 2023

Um legado de sangue

Na semana passada, dois homens invadiram armados um bar em Sinop (MT) e promoveram uma chacina. Sete pessoas morreram, entre elas uma jovem de 12 anos.

A dupla queria vingança após perder uma aposta em um jogo de sinuca.

Um dos assassinos tinha registro de CAC.

O caso ainda causava comoção quando, a quilômetros dali, em Belo Horizonte (MG), um homem disparou quatro vezes a queima roupa contra um conhecido. A vítima morreu na hora. A razão? O assassino estava irritado porque o filho da vítima, uma criança autista, teria acionado a buzina de um automóvel.

Os dois episódios são dois exemplos de como ninguém está mais seguro no Brasil desde que o governo Bolsonaro decidiu flexibilizar as normas de acesso a armas de fogo no país. O argumento é que o cidadão de bem tem direito a andar armado e se proteger.

O que tem acontecido, porém, é que desde então as discussões mais banais têm resultado em finais trágicos para quem cruza o caminho de gente armada em um dia de fúria.

O crime em Belo Horizonte aconteceu no sábado, dia 25.

O homicida segue desaparecido desde então. Não há pistas de seu paradeiro.

Segundo testemunhas, o crime foi premeditado: irritado com o som da buzina, ele partiu pra cima do pai da criança. O bate-boca terminou com a promessa de que ele voltaria.

O assassino, então, foi até sua casa, pegou a arma e retornou de táxi até o local do crime. Teve, portanto, tempo o suficiente para pensar no que fazia.

Em seu governo, Bolsonaro editou mais de 40 decretos para facilitar a compra de armas pela população civil. No período, segundo o Instituto Sou da Paz, 1.300 armas foram adquiridas por dia no país.

Hoje o Brasil possui mais de 1 milhão de armas registradas nas mãos de civis.

Em alguns casos, histórico de violência não impediram o acesso a revólveres, pistolas e espingardas.

Caso de um dos assassinos de Sinop, que já havia respondido a um processo por violência doméstica.

O liberou-geral das armas no Brasil enriqueceu a indústria armamentistas e donos de escolas de tiro.

Mas deixou com legado um rastro de sangue.

Uma hora dessas, uma criança autista crescerá longe do pai porque alguém pensou que uma vida valia menos do que o seu direito ao silêncio.

https://www.pragmatismopolitico.com.br/2023/02/liberacao-armas-de-fogo-brasil-deixou-legado-rastro-de-sangue.html

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