sexta-feira, 31 de março de 2023

Mitologia e sexo sem consentimento

Lendo o blog do Paulo Lopes, eu me deparei com um texto, traduzido de um texto escrito originalmente em 2014, de autoria de Valerie Tarico. Eu vou deixar de lado que ela não é conhecida, nem foi apresentado seu Currículo Lates. Eu vou citar e analisar o texto.
O conceito principal é que os mitos antigos retratam estupros.

"O estupro de mulheres humanas por deuses e semideuses é uma constante na história das religiões, e isso, ainda hoje, é considerado normal. Quase ninguém se dá conta."

Vamos começar com algo que faz parte do senso comum. Mito é sinônimo de fantasia, mentira. Aquilo que conhecemos por mitos antigos, foram compilações feitas a partir de tradições orais. Hesíodo, Heródoto e Homero são os autores desses relatos, seus textos não são sagrados nem constituem os rituais que os Gregos Antigos executavam. Sim, chega a ser constrangedor o mito romano do rapto das Sabinas, mas nós não podemos ler e interpretar essas lendas conforme a ótica provinciana da Era Contemporânea.

"É como se, para a mulher, fosse uma honra ser possuída por um ente divino. Talvez por isso o deus de plantão não se preocupa em obter o consentimento dela. Ele chega e, a seu modo, a possui, como se ela não tivesse direito sobre o seu próprio corpo."

Na verdade, era. Ainda que escondido, omitido e negado por celebridades do Paganismo Moderno, existia na Antiguidade a prostituição sagrada, os hieródulos e as hetairas. Para o falso moralismo de nossa época, é escandaloso falar que as mulheres ficavam no templo de Afrodite (entre outras), dispostas a terem relações sexuais com quem fizesse uma oferenda.

"Outro estupro já tinha sido cometido por Zeus, conforme relata a mitologia grega."

Essa é uma interpretação tendenciosa. Zeus recorre a várias estratégias para conquistar a mulher que ele escolheu, mas em nenhum mito a donzela escolhida demonstra rejeição, muito pelo contrário, entrega-se de bom grado. O mesmo pode ser dito de seu semelhante romano, Júpiter (Jove) ou de Marte e seu relacionamento com Rhéia ou de Hermes que gerou Pan ao se relacionar com a ninfa Pelenopeia. Mas a fonte usada pelo Paulo é tão ruim que inverteu, dizendo que Hermes era filho de Pan, depois que ele (segundo a autora) violentou uma pastora. A citação do mito de Shiva e Madhura também está errado.

"Há outros casos de deuses que tiveram cópula com mulheres, conforme a tradição religiosa — pagã ocidental ou oriental ou ainda cristã. A rigor, na interpretação moderna, trata-se mesmo de estupro."

Essa é uma afirmação feita pela autora. Mas até no mito cristão, existe um indício de que houve consentimento. Talvez não nos termos de nossa petulante civilização.

"A escritora e psicóloga americana Valerie Tarico escreve que esses relatos de subjugação da mulher e de concepção milagrosa têm raízes na pré-história, mas se reforçaram com a Idade do Ferro, a partir do século 12 a.C."

Eu não encontrei esse trecho no texto original, que eu encontrei graças ao Wayback Machine. Eu imagino que aqui é uma inserção (interpolação?) do Paulo. Quase certo, a noção de propriedade privada e de linhagem paterna apareceram na Idade do Ferro, mas os mitos remontam a eras muito mais longínquas. Curiosamente, nem o Paulo, nem a Valerie comentam sobre a necessidade (inclusive política) do rei de casar-se (transar) com uma Deusa (Cavalo/Serpente). Estupro inverso não é problema, pelo visto.🤭😏

Março, marcha, Marte

Finda o mês de Marte, vem Abril, mês da abertura, da primavera (hemisfério norte) e o mês que o Brasil começa a trabalhar, afinal, temos o Carnaval e a Quaresma 🤭😏.

Nem parece que tivemos o ataque de terroristas em Janeiro. Aliás, quase metade dos golpistas foram liberados pelo Xandão.

Justiça? Esquece. A Lava Jato, a farsa e circo fomentados pela Grande Imprensa, que aplainou o caminho para o mandato do fascista genocida fujão, mostra a seletividade da Justiça, prendeu um por causa de um sítio em Atibaia e um triplex no Guarujá que nem eram dele, mas nada fazem contra o contrabandista de jóias que valem dez vezes mais.

Enquanto as páginas do conservadorismo e do fundamentalismo cristão batem palma para Nikolas Ferreira dançar e dizer insanidades, as mesmas páginas estão em polvorosa. Os católicos conservadores (redundância?) estão com medo do resultado do Caminho Sinodal da Alemanha.

O que? De novo? O Protestantismo começou ali e rachou o Cristianismo, que nunca teve realmente uma unidade, salvo pela força das armas. Quem conhece a história dessa religião sabe o quanto foi múltipla e divergente as denominações. O Cristianismo, que surgiu de uma heresia do Judaísmo, teve que se adaptar com as mudanças e assimilou muito das religiões antigas (que aqui eu chamo de Paganismo).

Em muitas postagens eu clamo: mude a igreja ou mude dela. A Igreja vai mudar ou rachar. Quem não gostar, pode assumir que é arcaico e obsoleto, fazer uma vertente mais radical, o que só vai confirmar a rachadura. O tempo, inexorável, vai relegar isso à poeira. Ossos e relíquias são observadas com curiosidade, mas não são mais relevantes.

Que venha o Novo Aeon.

quinta-feira, 30 de março de 2023

Até quando ser eu será um problema?

Autor: Amiel Vieira.

Há cinco anos esta revista Fórum publicou meu primeiro texto sobre intersexualidade. Ainda era um texto de uma pessoa em processo de decisão sobre seu futuro como pessoa e identidade. Aquele foi um texto meio catártico, depois de meses de pesquisa e de desconfianças que tomavam o meu ser e depois se cumpriram.

"Eu sou, Intersexo" foi um daqueles textos que reclamava por uma liberdade de ser, castrada por anos de uma prisão chamada endosexualidade. Essa palavra, que já é muito usada pela militância intersexo mundo afora e que sou o único a defini-la em português, significa um regime normativo muito mais amplo do que a própria heteronorma. Este é um regime em que, inclusive, a perfectibilidade do corpo está ligada a uma ideia de saúde interna e externa do próprio corpo que cumpra o que se espera do homem ou da mulher cisgênera.

Esta teoria que ainda está em constante produção, e sairá em artigo científico em breve, acredita que ser mulher ou homem corresponda a formações corporais resultantes de características e hormônios definidos como partes essenciais do corpo masculino ou feminino. Níveis corretos de produção de estrogênio ou testosterona, além de cromossomos que biogeneticamente façam o corpo corresponder aos genes XX ou XY.

Até a descoberta dos hormônios e dos cromossomos, conforme assevera Alice Dreger (1998), os corpos dissonantes da norma eram um desafio que os corpos intersexos e os questionamentos por eles gerados impuseram à medicina, sendo um dos contribuintes para o surgimento da mesma como ciência . Os corpos “anormais”, tema do curso de Foucalt (2001) no College de France, ainda carregam o caráter de monstruoso que legitima a cirurgia para adequação sexual e de “gênero” dos corpos intersexuais até hoje.

O nome e o lugar da diferença que me colocaram a medicina lá no meu nascimento não foram corretamente explicados aos meus pais. O que foi transmitido a eles era que eu era uma menina com cromossomos XX e um “genital incompletamente formado”, do mesmo modo que Sandrine (2008) notou em sua etnografia em distintos hospitais onde tratar a intersexualidade era uma prática cotidiana. Trinta e oito anos depois, com uma análise mais aprofundada para minha tese de doutorado, percebo com ajuda de especialista em endocrinologia que minha operação foi realizada pela ideia de que o futuro de uma funcionalidade do meu genital de 1 cm era questionada no sentido de cumprir o ato da reprodução e, segundo, por causa de minha uretra finalizar na base do pênis, o que colocava a dúvida/certeza de que meu futuro psicológico seria afetado pela impossibilidade de urinar em pé.

Como disse em texto no meu blog sobre a afirmação da endossexualidade de que menino veste azul e menina veste rosa, na realidade é a afirmação da história social planejada pela heterossexualidade desde o ultrassom que aventa a impossibilidade de ser e existir da criança intersexo. A intersexofobia cala a discussão da mutilação genital intersexo pela sociedade. E a mesma sociedade elimina a intersexualidade com o calar e o permitir da invisível transformação do bebê intersexo em ser endosexo. Apesar de ter passado cinco anos desde o último texto na Fórum, ainda me pergunto quando a sociedade vai olhar pra nós, intersexos, não permitindo a IGM (Intersexual Genital Mutilation) e a ignorância "planejada" da nossa existência.

Há um ano e seis meses, completados no ultimo dia 25 desse mês, passei por um atropelamento e fiquei entre a vida e a morte. Mesmo assim, apesar de ter nome e gênero retificados e colocados em minha identidade, a intersexofobia continuou a ser exercida e foi preciso a ajuda de amigos e família para que a equipe médica e enfermagem me chamassem pelo nome e gênero que escolhi. Há 5 anos faço a mesma pergunta e deixo para sua reflexão: até quando a norma continuará a ignorar a nossa existência e a medicina a nos nomear e tentar nos erradicar? Até quando ser eu será um problema?

Eu reafirmo: sim, eu sou Intersexo!

Fonte: https://revistaforum.com.br/debates/2021/7/16/intersexo-instersexofobia-ate-quando-ser-eu-sera-um-problema-por-amiel-vieira-100517.html

Nota: pessoas ignoradas e negadas pelo conservadorismo e pelo fundamentalismo cristão.

quarta-feira, 29 de março de 2023

Discussão de meninos

Vossa Insolência, Vossa Excrescência, graça e paz.

Eu vos escrevo surpresa e indignada. Aqui na minha região, Alexandria, tem circulado uma mensagem que a mulher não pode ter o sacerdócio.

Não foi Cristo que nos chamou a todos? Homem, mulher, gentio, judeu? Não foram as mulheres quem primeiro testemunharam a ressurreição de Cristo? O Ensinamento não era dado a todos e a todos não foi dado o apostolado? Não tiveram vós ciúme de Magdalena por ser mais próxima de Cristo a ponto de esmolar os mistérios que ela conheceu?

Eu sei, vós sois territoriais, mas vós chegastes por último na caravana e querem pegar a fila da frente. Esse é um erro que começou desde que o Povo de Israel saiu do Exílio. Estava confuso, nosso povo espalhado e havíamos esquecido de nossas crenças originais. O Sinédrio se encarregou de preencher o vácuo, apresentando o culto apenas a Jeová, divorciando-o de sua Consorte e eliminando os cultos aos outros Elohim. Quase conseguiram, mas a crença que o sangue tem memória não se apaga. Os profetas tentaram escandalizar, mas ninguém nunca deu ouvidos e o povo continuou a celebrar a Rainha dos Céus. Bem, nem todos. Alguns mantiveram a crença de nossos ancestrais.

Vós não atentastes? Não foi dito pelos profetas que Cristo viria da linhagem de Jessé? Não é ele descendente de Boaz com Rute, a Moabita? Os partidários do Jeovismo não disseram que a descendência vinda de Moabe era maldita?
Digo mais, vós mesmos não distribuíram a mensagem supostamente escrita por Mateus que declara que a descendência de Cristo vem de Salmom, que gerou Boaz, cuja mãe foi Raabe? Não foi dito que Cristo nasceu de Miriam, chamada de Maria pelos gentios, pela ação do Espírito de Deus, indicando que nossa irmã Miriam concebeu Cristo pelos ritos ancestrais? A linhagem de Cristo, queridos meninos, é uma linhagem materna, não paterna. A Mensagem da Restauração do Reino de Israel é a restauração do nosso povo, bem como da religião antiga, na qual nós voltaremos a entoar cânticos para Asherat, Anat, Astarte, Ishtar e Inanna.

Vossos pregadores tentaram consertar o erro, distribuindo a mensagem, dizendo: Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas, e nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs. Também foi distribuído a mensagem dizendo: Nem se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora.

Consertem esse erro, ou eu não vos convidarei mais aos meus ágapes, onde vós ficastes bem enrolados entre minhas coxas.

terça-feira, 28 de março de 2023

Dragão de sete cabeças


Este é um selo de Tell Asmar, datado de 2200 AC. Ele retrata um dragão de sete cabeças (besta com corpo de leão e sete cabeças de cobra) com raios de calor do sol irradiando de suas costas, sendo perfurado por dois deuses (heróis).

Como Gary A. Rendsburg aponta, este é um dos selos mais notáveis ​​já encontrados e um dos mais discutidos.

Por que? Porque o tema mítico de um herói (deus) matando o dragão de 7 cabeças continua aparecendo de novo e de novo em diferentes culturas na Eurásia.

Por exemplo, o monstro ugarítico Lotan (que significa "enrolado"), também chamado de "o poderoso com sete cabeças", era uma serpente do deus do mar Yam. Ou o próprio Yam, como também era chamado de "a serpente". Este monstro foi derrotado pelo deus da tempestade Hadad-Baʿal no Ciclo Ugarítico de Baal.

Hadad derrotando Lotan, Yahweh derrotando Leviatã, Marduk derrotando Tiamat, Zeus matando Typhon, Heracles matando Hidra, Perun matando Veles, Thor lutando contra Jörmungandr.

Esta história é uma descrição alegórica do clima local da Mesopotâmia, onde o ano é dividido em duas estações: verão quente e seco (abril/maio-outubro/novembro) e inverno frio e úmido (outubro/novembro-abril/maio).

Portanto, o deus do trovão lutando e matando o dragão é uma representação simbólica da estação das chuvas após a estação seca. E a veneração dos deuses do trovão e todos os sacrifícios e orações dedicados a eles são meios para garantir que essa sucessão de estações realmente aconteça.

Por exemplo, veja Yam-Lotan. Por que o deus do mar era chamado de "a serpente"? Bom, Yam era irmão de Mot, deus ugarítico da morte, que era identificado como o sol.

A temporada de navegação (estação governada por Yam) no antigo Mediterrâneo Oriental começava em abril/maio, no início da parte quente e seca do ano e terminava em setembro/outubro, no final da parte quente e seca do ano.

É por isso que Haddad (deus da parte fria e úmida do ano) está lutando contra Yam (deus da parte quente e seca do ano). Yam, que é auxiliado em seu governo durante o verão por seu irmão, Mot, deus da morte, Sol, que transforma tudo em deserto.

A chave para entender tudo isso foi inexplicavelmente preservada no folclore eslavo, de todos os lugares.

A cobra está diretamente associada ao sol. É um animal solar, porque segue o sol. Está em nosso mundo durante a parte quente e seca do ano, quando o sol também está em nosso mundo.

E é no "submundo" durante a parte fria e úmida do ano, quando o sol também está no "submundo". É por isso que a cobra é erroneamente identificada como um animal "ctônico".

A cobra é o símbolo do calor do sol. E como expliquei no meu post " Dragão que roubou a chuva " o dragão cuspidor de fogo é o símbolo do calor destrutivo do sol do meio e final do verão.

O calor do sol que "rouba" e depois "guarda" a água. E a única forma de liberar a água é matando o dragão. Dragão é a descrição simbólica do calor do verão que causa secas e morte. É por isso que muitas vezes é erroneamente identificado como criatura de água e não de fogo.

Como prova de que os mesopotâmios equiparavam cobra e dragão com o calor do sol, pode ser visto no selo Asmar. O dragão tem cabeças de cobra e os raios do sol (calor) irradiam de suas costas. Raios do sol (calor) geralmente irradiando do deus sol Utu (Shamash).

No selo de Tell Asmar, o dragão está sendo perfurado na cabeça e nas costas por dois "heróis" (deuses???). Gary A. Rendsburg aponta em seu artigo "UT 68 e o selo de Tell Asmar" que na descrição ugarítica da luta de Haddad contra Yam, Haddad derrota Yam usando "dois tacos".

Com um ele acerta Yam nas costas, mas Yam não cai. Então, com a outra clava, ele atinge Yam na cabeça e isso finalmente mata Yam... Então, basicamente, esta é a descrição textual da cena visualmente representada no selo de Tell Asmar.

As duas divindades (heróis?) que atacam o dragão são na verdade uma divindade, o deus da tempestade. Seus "ataques" nas costas e na cabeça do dragão simbolizam o fim da estação das chuvas e o início da estação das chuvas. Basicamente o início e o fim do verão, a época dos dragões.

Agora, aqui está a parte interessante (finalmente 🙂): ninguém tem ideia do por que 7 cabeças. Há muito tempo suspeito que isso tenha algo a ver com a duração da estação quente e seca da Mesopotâmia, a estação da cobra e dragão.

E hoje me deparei com "O debate entre o inverno e o verão" ou Mito de Emesh e Enten, um mito sumério da criação, escrito em tabuletas de argila em meados do terceiro milênio AC.

E nele, depois que o inverno acusa o verão de levar todo o crédito pelo trabalho árduo do inverno, o verão diz: "No meu período de trabalho, que é de sete meses do ano".

É por isso que o dragão no selo de Tell Asmar tem 7 cabeças. E por que seu equivalente ugarítico também tem 7 cabeças. Estas 7 cabeças representam 7 meses do verão levantino e mesopotâmico: abril/maio/junho/julho/agosto/setembro/outubro/novembro.

Que esta interpretação está correta é realmente enfatizado no selo. O dragão tem 4 cabeças apontando para baixo (mortas) e 3 cabeças apontando para cima (vivas)... Isso representa o ponto no tempo... O ponto no final de os 4 meses de verão Abril/Maio/Junho/Julho/Agosto.

Como nós sabemos disso? Porque esta é a hora em que Sirius nasce com o sol. E adivinhe: Há uma estrela retratada no céu acima da cena. Estrela que só pode ser Sirius.

Sirius, cuja ascensão helíaca marca a parte mais quente do ano no hemisfério norte. A parte do ano também marcada com um Leão. A propósito, o corpo dos dragões sumérios e acadianos, e o dragão no selo de Tell Asmar, geralmente é o corpo de um leão.

Oh sim. Esqueci-me quase completamente de explicar por que este exato momento no ano solar (meados de Leão) foi retratado neste selo 🙂 O deus da Tempestade simbolicamente "morto pela metade" (ou 4/7 mortos, para ser mais preciso 🙂, bem, talvez na verdade apenas metade morto quando a 4ª cabeça está em processo de morte 🙂) o dragão do verão e seu poder está diminuindo. Este é o momento exato em que o aquecimento do hemisfério norte para e o resfriamento do hemisfério norte começa.

Fonte (editado e citado parcialmente): https://oldeuropeanculture.blogspot.com/2020/07/seven-headed-dragon.html
Traduzido com Google Tradutor.

segunda-feira, 27 de março de 2023

Árvore da Vida

Estive pensando em algo hoje. 

O esperma de um pai faz parte do pai quando está dentro de seu corpo? E quando o esperma deixa seu corpo? Deixa de fazer parte do pai? O ovo da mãe é parte da mãe quando está dentro do corpo da mãe? E o bebê que se desenvolve a partir do esperma do pai e do óvulo da mãe? É parte do pai e da mãe? Afinal, é apenas uma conseqüência de suas células. Este bebê é parte da mãe quando está dentro do corpo da mãe? E quando sai do corpo da mãe? Deixa de fazer parte da mãe?

As células do nosso próprio corpo mudam completamente a cada 7 anos ou mais. No entanto, ainda estamos nos chamando de nós mesmos. Por que? Bem, uma das razões é que o material genético nas novas células é o mesmo das células antigas. E que tenhamos uma continuação da consciência de nós mesmos, a experiência contínua de nós mesmos.

Os genes de nossos filhos são os mesmos que nossos genes, uma combinação dos genes da mãe e do pai. Eles são a continuação do desenvolvimento de nossos genes. Basicamente, nossos filhos são a continuação física e genética de nós. Além disso, nossos filhos, pela vida conosco, pelo fato de serem moldados pela vida conosco, tornam-se, pela consciência que têm de nós, uma continuação de nossa própria consciência de nós mesmos. Passamos para nossos filhos nossa própria experiência, nossas memórias, nosso conhecimento, da mesma forma que nossos pais passaram suas experiências, suas memórias, seus conhecimentos para nós. Então, onde paramos e onde nossos filhos começam? Cada nova geração é apenas um próximo ramo da mesma família, clã, tribo, raça, árvore de espécies. Nossos filhos são como novos brotos da mesma antiga árvore genealógica.

Mas se voltarmos ainda mais no tempo, percebemos que somos apenas parte de uma árvore da vida ainda mais antiga, cuja raiz está enterrada em algum lugar ainda mais profundo no passado e cujos galhos todos nós, todos os seres vivos, somos. Nossos ancestrais realmente sabiam de tudo isso, ou pelo menos tinham algum tipo de consciência disso. É daí que vem o culto aos ancestrais em geral. E é daí que vem o culto à mãe terra e ao pai céu, a expressão máxima desse culto aos ancestrais. É daí que vem nossa necessidade inata de procriar, de garantir a continuidade de nós mesmos, mas, em última análise, de garantir o crescimento contínuo da árvore da vida.

É daí que vem nossa crença no karma. Cada nova geração é uma nova encarnação da mesma árvore genealógica. Cada nova geração tem a chance de se desenvolver em algo novo e bonito. Mas cada geração é limitada pelo fato de estar crescendo nos galhos, que crescem no tronco, cujas raízes alcançam as profundezas do passado. E a energia usada para o crescimento dos novos brotos é extraída dessas raízes. Cada nova geração é, com efeito, uma nova manifestação da acumulação das experiências de todas as gerações anteriores. E cada nova geração ou encarnação acrescenta novas experiências à sempre crescente coleção de experiências da árvore genealógica viva. Experiências que são passadas para a próxima geração ou encarnação... 

As últimas pesquisas genéticas e epigenéticas mostraram que essa experiência cumulativa, as coisas que fazemos ou são feitas para nós, sentimos, pensamos. realmente afetam nossos genes e toda essa experiência é registrada em nossos genes. Essas mudanças são transmitidas aos nossos filhos e afetarão muito suas vidas. Quanto mais mudanças epigenéticas ruins acumularmos, mais doente nossa árvore genealógica ficará. Nossos filhos vão sofrer, mas esse é basicamente o nosso próprio sofrimento. Da mesma forma, quanto mais boas mudanças epigenéticas acumularmos, mais saudável será nossa árvore genealógica. Nossos filhos vão prosperar, mas isso é basicamente nossa própria prosperidade. Porque os nossos filhos são apenas a nossa próxima encarnação, a próxima encarnação da árvore genealógica que faz parte da grande árvore da vida...

Finalmente, também é daí que vem a crença de que somos todos um. Porque, em última análise, todos nós fazemos parte de uma árvore da vida, de um organismo vivo antigo, em constante crescimento e em constante mudança. Fazer o bem a si mesmo, ao próximo e ao mundo em geral faz muito mais sentido agora, não acha?

Fonte: https://oldeuropeanculture.blogspot.com/2016/04/tree-of-life.html
Traduzido com Google Tradutor.

domingo, 26 de março de 2023

Os mistérios de Eleusis reencenado

Antigas liras gregas, liras cretenses de mão, tambores e um clarinetista sentam-se em fila nos degraus do Templo de Deméter. Sete mulheres flanqueiam os músicos de ambos os lados, todas vestidas de preto, envoltas em longos xales e vestidos até o chão que ondulam etéreos ao vento enquanto outras quatro esperam atrás, em trajes tradicionais do Épiro. As colunas do Templo, quebradas mas belas, e a caverna de Perséfone servem de pano de fundo para apresentações de lamentações: dançarinos e cantores se fundem para contar histórias de mortalidade.

Canções catárticas da Grécia antiga anunciaram o Equinócio da Primavera no último fim de semana em Elêusis, Grécia, no antigo local de Elêusis. Embora completamente destruído pelos cristãos em 395 EC, o local inclui os restos dos templos de Deméter, Perséfone e Hécate.

Nos tempos antigos, este era o local de peregrinação final para muitos gregos e romanos, onde o conto da descida de Perséfone ao submundo era comemorado nos Grandes Mistérios a cada equinócio de outono, e seu retorno a cada primavera era celebrado nos Mistérios Menores na primavera.

Platão, Marco Aurélio, o imperador Adriano e seu amante que virou divindade Antínous, Augusto César e outras figuras famosas da história foram todos iniciados nos mistérios aqui em Elêusis. A natureza exata das celebrações não é conhecida, pois eram, como o nome indica, mistérios fechados. Nos tempos antigos, os terrenos do templo eram cercados por albergues e acampamentos para os peregrinos dormirem, pois acreditava-se que os Mistérios duravam vários dias antes e depois do equinócio na época do Anthesterion, “o mês das flores”.

Os templos estão voltados para o leste, para ver o nascer do sol. O primeiro e maior templo é o Templo de Deméter e Kore , um epíteto de Perséfone, que significa “filha”, às vezes traduzido como “donzela”. Atrás do templo principal está um templo para Hecate, a escolta de Perséfone de e para o submundo. O templo de Hecate guarda a caverna de onde Perséfone viaja, e um poço pensado para se conectar ao submundo ainda é visível, apesar dos danos consideráveis ​​do templo. Oferendas de flores e romãs eram deixadas na entrada da caverna. As romãs são sagradas para Perséfone como um símbolo de vida e morte. Em algumas versões de sua história, ela estava presa em seu casamento com Plouton (Hades) quando desceu ao submundo porque comeu três sementes da fruta.

Uma igreja ortodoxa grega tem vista para os antigos templos do topo da montanha atrás do local. Em locais antigos da Grécia e da Itália, os templos eram frequentemente destruídos e as peças usadas para fazer uma igreja no local; é o caso de Elêusis, onde uma torre de mármore do templo é visível de cada parte do local: uma lembrança do domínio cristão, buscando apagar práticas e memórias pagãs. Mas as coisas estão mudando em Eleusis, como evidenciado pela comovente apresentação de domingo.

Elefsina, a cidade onde se encontra o templo, foi escolhida este ano como uma das três Capitais Europeias da Cultura, juntamente com Timisoara na Roménia e Veszprém na Hungria.

Esta performance teve curadoria de Lambros Liavas e direção de Grigoris Filidis, para “reunir rituais de lamentação por meio da música”. As danças vêm da Capadócia, na atual Turquia, e a música da região do Épiro, na Grécia. O tema da apresentação foi “A Grande Deusa Mãe”, em homenagem às associações de Deméter com a fertilidade e o ciclo das estações.

Os três produtos sagrados da Grécia – vinho, azeite e trigo – são combinados com a “tríade tradicional de 'fala-música-dança', para evidenciar o núcleo da experiência humana: o “Ciclo da Vida” e o “Ciclo da Tempo." Nesse tema, as canções eram lamentações por entes queridos perdidos e contos de nascimento, casamento e morte. Entre cada peça, um leitor contava sobre as personagens femininas de cada música e o sofrimento por que passavam, aumentando o efeito das emoções da música.

A catarse é frequentemente atribuída como o maior propósito para os cultos de Mistério, e também para esta performance. Depois que a última música terminou, uma mulher da platéia se levantou e chorou explicando a todos os presentes que ela era do Épiro e nunca tinha ouvido essas músicas tocadas com emoção tão crua e real. Muitos outros silenciosamente concordaram com a cabeça, igualmente comovidos às lágrimas.

Os organizadores deixaram claro que esta apresentação visa abraçar as culturas compartilhadas nos Bálcãs, em terras que já foram a Grécia antiga e além, para que toda a humanidade compartilhe a aceitação da morte e a experiência do luto por meio da música. Isso foi conseguido, como o público diversificado pode atestar. Mais de cem pessoas vieram assistir a esta apresentação de todo o mundo: entre os participantes estavam pessoas dos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Espanha, Alemanha e de toda a Grécia.

Apresentações, palestras, workshops e outras atividades continuarão ao longo do ano em Elefsina, incluindo vários museus e exposições de arte. Muitas atividades são gratuitas. Mais informações estão disponíveis no site da Eleusis – Capital Europeia da Cultura 2023 .

Fonte: https://wildhunt.org/2023/03/the-eleusinian-mysteries.html

Símbolos das estações

Se olharmos para o círculo do zodíaco, podemos ver que cada uma das estações começa ou termina com um signo que representa um grande animal.

A primavera termina com Áries (carneiro). O símbolo do carneiro marca o fim da estação de parto das ovelhas selvagens da Eurásia na Europa.

O verão começa em Touro (touro). O símbolo do touro marca o início da estação de parto do gado selvagem eurasiano na Europa.

O outono começa em Leão (leão). (O símbolo do leão) marca o início da época de acasalamento dos leões eurasianos na Europa.

O inverno termina em Capricórnio (cabra). O símbolo da cabra marca o início da estação de acasalamento da cabra íbex alpina selvagem europeia.

Então esses quatro animais são símbolos das quatro estações.

Eu me pergunto se esta é a razão pela qual os aquemênidas fizeram seus rhytons, bebidas cerimoniais, vasos de libação, com as cabeças desses 4 animais?

Curiosamente, três em cada quatro desses animais são grandes herbívoros selvagens da Eurásia. Há mais um grande herbívoro eurasiano selvagem, um cervo. É possível que de alguma forma se encaixe nessa imagem? Bem, é. Agosto, o início do outono é a época em que os gamos persas e os veados europeus começam sua temporada de acasalamento.

Fonte (editado e citado parcialmente):
https://oldeuropeanculture.blogspot.com/2019/10/symbols-of-seasons.html
Traduzido com Google Tradutor.
Nota: também pode ser visto esse simbolismo na marca da mudança do Aeon, ligado à precessão do planeta. O símbolo (animal) do novo Aeon sempre remete à morte ou sacrifício do (animal) velho Aeon.

sábado, 25 de março de 2023

A luta entre a águia e a serpente

A Verdade foi Escondida da Humanidade. Os verdadeiros significados foram mantidos em segredo para nos manter na escuridão.

A Águia representa a conquista militar e o governo.

A Serpente, ou o Dragão representa o Conhecimento Sagrado e o Equilíbrio com a Natureza.

Esses símbolos representam o confronto entre duas facções antigas.

No Oriente e na América do Sul, a Serpente/Dragão era um símbolo de sorte, sabedoria e benevolência. (Sejam sábios como as serpentes)  

Na Europa e na Civilização Ocidental, a Serpente/Dragão é Descrito como o Mal.

A Águia Romana da Conquista Devora tudo em seu Caminho, Especialmente a Serpente. Pois os Reis que Servem à Águia devem

Destrua esse Conhecimento Secreto para Governar. As massas devem ser mantidas ignorantes da verdade.

O Símbolo da Serpente não é indicativo da Semente da Serpente, já que a Elite de ambas as Facções tem suas origens nessas Linhagens Antigas.
Os Romanos e os Druidas são um exemplo perfeito desta Guerra Antiga. Os Druidas foram violentamente vilipendiados pelos romanos. Roma governou através da conquista militar e do poder. Os Druidas Governavam através do conhecimento dos Santos Sábios que eram Professores e Curandeiros. Esta foi uma ameaça perigosa para a Autoridade e Regra de Roma. É por isso que eles foram tão cruelmente exterminados.

Uma vez que você está ciente desta Batalha Antiga, é muito mais fácil entender o que realmente estava acontecendo nessas Guerras e no Choque entre suas Culturas.

Por milhares de anos existiu uma batalha pelo futuro da humanidade que foi disputada entre as facções opostas da águia e o conhecimento da serpente. Fortes evidências dessa luta podem ser encontradas em todo o mundo, como visto em bandeiras, brasões de família e até inscrições e escritos antigos. Aqueles países que retrataram a águia em sua bandeira ou brasão sempre se tornaram superpotências de guerra conquistadoras.

Muita controvérsia e mistério ainda cercam a verdade sobre nosso passado antigo. Por que os símbolos da águia, serpente, pinha e bolsa são encontrados em diferentes civilizações em todo o mundo se eles não tiveram contato um com o outro? Quem eram esses “Guardiões do Conhecimento” … e que papel eles desempenharam ao longo da história?

Fonte (citado parcialmente):
https://m.beforeitsnews.com/alternative/2022/02/war-of-the-eagle-and-the-serpent-profound-secrets-and-ancient-symbold-that-have-been-hidden-from-the-modern-world-leakproject-with-mathew-lacroix-3767886.html

Já se perguntou por que este (a águia) é o símbolo de Zeus/Júpiter? Tem tudo a ver com a distribuição anual de tempestades na Europa e o ciclo de vida anual de cobras e cobras-águias...

A águia cobra-cobreira (Circaetus gallicus) é uma ave de rapina de tamanho médio, encontrada em toda a bacia do Mediterrâneo, na Rússia e no Oriente Médio, em partes da Ásia Ocidental e no subcontinente indiano.

Esta águia, como o próprio nome diz tem dedos curtos 🙂 E come cobras...

E na Europa é uma ave migratória, partindo para a África em Set/Out e retornando em Abril/Maio. Então essa águia desaparece com cobras (vai para o submundo 🙂) e reaparece com cobras (volta do submundo).

A única vez que você pode ver esta cena é durante o verão e o outono, início de abril-maio início do verão. O que é interessante, porque na Europa, abril-maio também é o início da temporada de trovoadas.

A cobra é o símbolo do calor do sol. O único verdadeiro animal solar. As cobras estão em nosso mundo quando o sol está em nosso mundo (dia e parte quente do ano) e no submundo quando o sol está no submundo (noite e parte fria do ano).

Então, enquanto a cobra é um símbolo bastante universal do sol e do calor do sol, a águia é um símbolo bastante universal da chuva.

Daí a Águia (deus do Trovão) lutando contra a Serpente (o calor do Sol).

No Crescente Fértil, onde esses marcadores do calendário animal se desenvolveram, o ano climático é dividido em verão quente e seco (abril/maio-outubro/novembro) e inverno frio e úmido (outubro/novembro-abril/maio).

Como a metade quente e seca do ano começa com o acasalamento das cobras (abril/maio) e porque a metade fria e úmida do ano começa com o acasalamento dos abutres (outubro/novembro), a luta entre a águia e a cobra na Mesopotâmia é curta, e a vitória da águia nunca está em dúvida.

Mas na Europa onde a época mais quente do ano é também a época com mais trovoadas, a luta entre a águia (chuva) e a cobra (sol) é longa e árdua.

Essa luta se intensifica com o passar do verão, atingindo o auge no final de julho, a época mais quente e estrondosa do ano na Europa.

Fonte (citado parcialmente):
https://oldeuropeanculture.blogspot.com/2021/11/eagle-snake-struggle.html

Nota: eu citei as semelhanças entre diversos mitos, de diversos povos e épocas, envolvendo a vitória de um Deus ou um herói contra um monstro, dragão ou serpente. Não existe coincidência.

sexta-feira, 24 de março de 2023

Os Lombardos

Os lombardos ( /ˈlɒmbərdz, -bɑːrdz, ˈlʌm-/ ) [1] ou Langobardos ( latim : Langobardi ) foram um povo germânico [2] que governou a maior parte da Península Itálica de 568 a 774.

O historiador lombardo medieval  Paulo, o diácono,  escreveu na  História dos lombardos  (escrita entre 787 e 796) que os lombardos descendiam de uma pequena tribo chamada Winnili, que morava no norte da Alemanha antes de migrar em busca de novas terras.

Historiadores da era romana anterior escreveram sobre os lombardos no  século I  dC como sendo um dos  povos suevos, também situados no que hoje é o norte da Alemanha, perto do rio Elba. Eles migraram para o sul e, no final do século V, os lombardos haviam se mudado para a área que coincide aproximadamente com a moderna Áustria e  Eslováquia  ao norte do  Danúbio. Aqui eles subjugaram os  Heruls  e mais tarde travaram guerras frequentes com os  Gepids. O rei lombardo  Audoin  derrotou o   líder  gépida Thurisind  em 551 ou 552, e seu sucessor  Alboin  acabou destruindo os gépidas em 567.

Os lombardos se estabeleceram na atual Hungria, na Panônia. Arqueólogos desenterraram locais de enterro na área de Szólád de homens e mulheres lombardos enterrados juntos como famílias, uma prática que era incomum para os povos germânicos na época. Traços também foram descobertos de gregos mediterrâneos e de uma mulher cujo crânio sugere ascendência francesa, possivelmente indicando que migrações para o território lombardo ocorreram da Grécia e da França.

Após a vitória de Alboin sobre os gépidas, ele liderou seu povo no nordeste da Itália, que havia se tornado severamente despovoado e devastado após a longa Guerra Gótica (535–554) entre o Império Bizantino e o Reino Ostrogótico . Os lombardos foram acompanhados por numerosos saxões , hérulos , gépidas, búlgaros , turíngios e ostrogodos , e sua invasão da Itália foi quase sem oposição. No final de 569, eles conquistaram todo o norte da Itália e as principais cidades ao norte do rio Pó, exceto Pavia, que caiu em 572. Ao mesmo tempo, ocuparam áreas no centro e no sul da Itália. Eles estabeleceram um reino lombardo no norte e centro da Itália, mais tarde chamado de Regnum Italicum ("Reino da Itália"), que atingiu seu apogeu sob o governante do século VIII, Liutprando. Em 774, o reino foi conquistado pelo rei franco Carlos Magno e integrado ao Império Franco . No entanto, os nobres lombardos continuaram a governar as partes do sul da península italiana até o século 11, quando foram conquistados pelos normandos e adicionados ao Condado da Sicília. Nesse período, a parte sul da Itália ainda sob domínio lombardo era conhecida pelos estrangeiros pelo nome Langbarðaland (Terra dos Lombardos), conforme inscrito nas pedras rúnicas nórdicas. Seu legado também é aparente no nome da região da Lombardia , no norte da Itália.

De acordo com suas próprias tradições, os lombardos inicialmente se autodenominavam Winnili . Após uma grande vitória relatada contra os vândalos no primeiro século, eles mudaram seu nome para lombardos. O nome Winnili é geralmente traduzido como 'os lobos', relacionado à raiz proto-germânica *wulfaz 'lobo'. O nome Lombard foi supostamente derivado das longas barbas dos lombardos. É provavelmente um composto dos elementos proto-germânicos * langaz (longo) e * bardaz (barba).

De acordo com suas próprias lendas, os lombardos se originaram na zona do norte da Alemanha/Dinamarca incluindo a atual Dinamarca. As origens germânicas dos lombardos são apoiadas por evidências genéticas, antropológicas, arqueológicas e literárias anteriores.

Um relato lendário das origens, história e práticas lombardas é a Historia Langobardorum ( História dos Lombardos ) de Paulo, o Diácono, escrita no século VIII. A principal fonte de Paulo para as origens lombardas, no entanto, é o Origo Gentis Langobardorum ( A Origem do Povo Lombardo ), do século VII.

O Origo Gentis Langobardorum conta a história de uma pequena tribo chamada Winnili morando na zona norte da Alemanha/Dinamarca (o Codex Gothanus escreve que os Winnili primeiro habitaram perto de um rio chamado Vindilicus na fronteira extrema da Gália). Os Winnili foram divididos em três grupos e uma parte deixou sua terra natal para procurar campos estrangeiros. A razão do êxodo provavelmente foi a superpopulação . As pessoas que partiram foram lideradas por Gambara e seus filhos Ybor e Aio e chegaram às terras de Scoringa, talvez a costa do Báltico ou o Bardengau nas margens do Elba. Scoringa era governada pelos vândalos e seus chefes, os irmãos Ambri e Assi, que concederam aos Winnili a escolha entre tributo ou guerra.

O Origo Gentis Langobardorum conta a história de uma pequena tribo chamada Winnili morando na zona norte da Alemanha/Dinamarca (o Codex Gothanus escreve que os Winnili primeiro habitaram perto de um rio chamado Vindilicus na fronteira extrema da Gália ). Os Winnili foram divididos em três grupos e uma parte deixou sua terra natal para procurar campos estrangeiros. A razão do êxodo provavelmente foi a superpopulação. As pessoas que partiram foram lideradas por Gambara e seus filhos Ybor e Aio e chegaram às terras de Scoringa, talvez a costa do Báltico ou o Bardengau nas margens do Elba . Scoringa era governada pelos vândalos e seus chefes, os irmãos Ambri e Assi, que concederam aos Winnili a escolha entre tributo ou guerra.

Os Winnili eram jovens e corajosos e se recusaram a pagar tributo, dizendo: “É melhor manter a liberdade pelas armas do que manchá-la com o pagamento de tributo”. Os vândalos se prepararam para a guerra e consultaram Godan (o deus Odin), que respondeu que daria a vitória àqueles que ele visse primeiro ao nascer do sol. [Os Winnili eram menos numerosos e Gambara procurou a ajuda de Frea (a deusa Frigg), que aconselhou que todas as mulheres de Winnili amarrassem os cabelos na frente do rosto como se fossem barbas e marchassem alinhadas com seus maridos. Ao nascer do sol, Frea virou a cama do marido para que ele ficasse voltado para o leste e o acordou. Então Godan avistou os Winnili primeiro e perguntou: "Quem são esses barbas compridas?" A partir desse momento, os Winnili passaram a ser conhecidos como Barbalonga (latinizados como Langobardi , italianizados como Longobardi e anglicizados como Langobardos ou Lombardos).

Quando Paulo, o diácono, escreveu a Historia entre 787 e 796, ele era um monge católico e cristão devoto. Ele achava as histórias pagãs de seu povo “bobas” e “risíveis”. Paul explicou que o nome “Langobard” veio do comprimento de suas barbas. Uma teoria moderna sugere que o nome “Langobard” vem de Langbarðr , um nome de Odin. Priester afirma que quando os Winnili mudaram seu nome para “Lombards”, eles também mudaram seu antigo culto de fertilidade agrícola para um culto de Odin, criando assim uma tradição tribal consciente. Fröhlich inverte a ordem dos eventos em Priester e afirma que, com o culto a Odin, os lombardos deixaram crescer a barba à semelhança do Odin da tradição e seu novo nome refletia isso. Bruckner observa que o nome dos lombardos está em estreita relação com a adoração de Odin, cujos muitos nomes incluem “o de barba longa” ou “o de barba grisalha”, e que o nome próprio dos lombardos, Ansegranus (“ele com a barba dos deuses”) mostra que os lombardos tinham essa ideia de sua divindade principal. A mesma raiz nórdica antiga Barth ou Barði, que significa “barba”, é compartilhada com os Heaðobards mencionados tanto em Beowulf quanto em Widsith, onde eles estão em conflito com o dinamarqueses . Eles eram possivelmente um ramo dos Langobardos.

De acordo com o padre cristão galaico , historiador e teólogo Paulus Orosius (tradução de Daines Barrington), os lombardos ou Winnili viveram originalmente no Vinuiloth (Vinovilith) mencionado por Jordanes, em sua obra-prima Getica , ao norte de Uppsala , na Suécia. Scoringa ficava perto da província de Uppland, logo ao norte de Östergötland.

Fonte (citado parcialmente):
https://thecomradegeneral.wordpress.com/2023/02/10/stray-bitch-the-wolf-tribes-of-vilkinaland/
Traduzido com Google Tradutor.

quinta-feira, 23 de março de 2023

Porco ao divã

Hellen é psiquiatra, psicóloga, psicanalista e terapeuta em Cartoonland. Ela atende junto com seus colegas cerca de vinte a trinta personagens por dia. A vida dos personagens em Cartoonland é estressante e os cidadãos têm crises de identidade e de ética constantemente.

Com pontualidade britânica, Hellen chega para mais um dia de atendimento. A clínica ainda nem abriu e tem uma longa fila de personagens aguardando serem atendidos. Mecanicamente, registra sua entrada no ponto biométrico e desfila, vaporosa e diáfana, pelos corredores da clínica, ignorando os olhares dos homens, seus uivos, assovios e sangramentos nasais. Inevitável, suas medidas 90 x 60 x 90 tiram qualquer homem do sério. Isso e seus dois olhos verde esmeralda e cabelos vermelhos.

O som elétrico e seco indica que a porta de entrada foi liberada. Passos, burburinho, a recepção faz o que pode para anotar os nomes e os dados. Alguns clientes protestam com alguma violência, diante da exigência de captura de retrato. Direitos de imagem ou para evitar os paparazzi. Felizmente jamais aconteceu de ser divulgada qualquer visita na clínica. Superado os ânimos mais exaltados, as fichas enchem os nichos dos profissionais, cada qual recebe, em ordem de chegada, quase a mesma quantidade de fichas. Só os clientes mais frequentes pedem preferência de atendimento e geralmente pedem por Hellen.

Por profissionalismo e ética, Hellen sempre deixa bem claro que atende conforme a ordem de chegada. Seu nicho tem vinte e cinco fichas e ainda são oito da manhã. Ela prepara seu consultório com música relaxante, atiça um incenso e liga as câmeras de segurança. Munida apenas com lápis e caderno de anotação, ela chama pelo cliente da primeira ficha.

– Senhor Squigley?

– Aqui!

– Por aqui, senhor Squigley.

A saia de Hellen faz menos barulho do que a salivação constante do cliente. Algumas portas da clínica ficam abertas para verem Hellen passar, a maioria, dos consultórios dos homens, mas também tem algumas mulheres.

– Por favor entre, senhor Squigley e sente-se.

O cliente tateia o consultório com as mãos, pois os olhos arregalados não conseguem desviar a atenção de Hellen. A língua do cliente está quase tocando o chão, onde baba começa a formar uma poça.

– Senhor Squigley, eu vejo por sua ficha que o senhor passou por esta clínica algumas vezes por causa de sua dependência à cannabis sativa e derivados. Como está sua reabilitação?

[baba]- Quê? Reabilitação? Ah, sim, eu estou sóbrio há sete semanas.

– Excelente, senhor Squigley. O que o traz a esta clínica hoje?

[sacudindo a cabeça]- Eh… hoje eu vim para tratar do meu vício… sabe… aquele vício.

– Não, eu não sei, senhor Squigley. Você tem que me dizer.

[baixando a cabeça]- Eu… eu admito… eu… [lágrimas] eu sou viciado… [cobrindo o rosto com as mãos] eu sou viciado em pornô!

– Eu acho que eu não entendi, senhor Squigley. Como o senhor chegou à conclusão que é viciado em pornô? Quando e como consumir pornô se tornou um problema?

– Ah, a senhora… [encarada] quer dizer, a senhorita sabe… a pornografia explora a mulher, a torna um objeto, uma coisa, um produto.

– Eu acho que estou começando a entender e perceber seu caso, senhor Squigley. Em algum momento de sua vida, pessoal ou profissional, o senhor passou por uma experiência que, de alguma forma, virou um trauma.

– Eu… hã… eu não entendi.

– Senhor Squigley, seres humanos [ou humanoides] produzem coisas e não existe produção sem alguma forma de exploração. Sempre haverá exploração, de matéria prima ou do trabalho.

– Ma… mas a pornografia… o corpo da mulher…

– Senhor Squigley, o corpo feminino em seu estado natural, a nudez, foi representado de diversas formas, por incontáveis eras e culturas. Por que só agora é um problema?

– Ma… mas… a indústria pornográfica… escraviza a mulher… como a prostituição.

– Senhor Squigley, meu índice de aproveitamento e aprovação sempre foi de 100%. O senhor tem que progredir, não regredir. O problema está no senhor ou na indústria pornográfica?

– Eeeh… em ambos?

[suspiro estressado]- Senhor Squigley, empresas e indústrias de inúmeras atividades existem porque atende uma necessidade, uma demanda. Simples assim. Se nós vamos criminalizar a pornografia por causa de uma suposta exploração e escravização da mulher, nós temos que criminalizar igualmente a indústria da moda, só para citar um exemplo. Então o problema não é a exploração, mas a exposição pública da nudez do corpo feminino, da insinuação sexual, da sugestão subliminar de que a mulher é uma fera sempre disposta a ter relações sexuais. Não me leve a mal, mas isso torna os homens seres inocentes, ingênuos, imaturos e influenciáveis. Pornô só atiça e estimula pré-adolescentes e adolescentes. Gente que não sabe o que é sexo, o que é uma mulher. Homem maduro não consome pornografia. Homem maduro faz pornografia com uma mulher.

– Ma… mas… eu… eu consumo pornô. Meu consumo alimenta a indústria da pornografia e da prostituição, que alicia e induz a mulher a se sujeitar a essa objetificação e sexismo que sustenta o [regime do] patriarcado.

– Eu vou deixar para outra sessão esse trabalho com sua pouca autoestima. Vamos nos ater ao problema imediato. Esse seu falso moralismo a respeito da pornografia e prostituição, que certamente foi assimilada ou adquirida após alguma experiência que se tornou esse trauma.

[indignado]- Fa… falso moralismo?

[séria]- Sim, senhor Squigley. O apelo à moral é recurso barato utilizado por conservadores e radicais para amealhar simpatizantes à causa. Mas a coisa é mais complicada do que isso. O discurso que tenta criminalizar a pornografia e a prostituição [tendo como base o falso moralismo] acaba criminalizando todos os profissionais do sexo, de todos os gêneros. Ou seja, atinge somente aquele [ou aquela] que supostamente é a vítima. Para começar, a falta de liberdade sexual, da liberdade de expressão, só favorecem aos grupos que supostamente as feministas radicais combatem. O discurso feito em cima da “exploração e escravização da mulher” apena escamoteia o falso moralismo que nega à mulher o domínio e vontade sobre seu corpo, endossando a opressão e repressão sexual. No fim das contas, o discurso radical só agrada aos grupos conservadores e religiosos.

[embaraçado]- E… eu não sabia…

[sorrindo]- Não fique embaraçado, senhor Squigley. O senhor apenas foi manipulado, induzido, doutrinado.

[envergonhado]- E… eu não tinha ideia… eu não tinha percebido…

[consolando]- Está tudo bem, senhor Squigley. Nós podemos deixar para outra sessão para explorar essa experiência que resultou em trauma.

[levantando a cabeça]- E… então… eu não tenho um problema? Consumir pornô não é um vício, um erro?

[surpresa]- Senhor Squigley, você parece um padre ou pastor falando.

[triste]- De… desculpe.

[suspirando]- Eu queria deixar para outra sessão, mas vamos lá. [levantando] O que você sente quando olha para o meu corpo?

[frases indecifráveis, entremeadas com salivação]

– Exatamente, senhor Squigley. O senhor é um homem [humanoide] normal, saudável, é mais do que natural você sentir atração sexual pelo meu corpo, por mim. Mas por algum motivo você se restringe e se inibe. Eu arriscaria dizer que isso é sintoma da repressão e opressão sexual advinda da cultura cristã, mas pode ter algo mais. Você consegue articular palavras para dizer como se sente, sem ser deselegante, indiscreto, inconveniente?

– Hã… a senhorita quer dizer aquelas frases requintadas e elaboradas que são ditas por galãs em filmes?

– Não é uma boa referência, mas tente algo nesse sentido.

[pigarro]- Se… senhorita Hellen… seu corpo é tão perfeito que deveria estar em uma galeria de arte.

[batendo palmas]- Parabéns, você conseguiu. Viu como não foi difícil? Viu como não machucou? O máximo que pode acontecer é você ouvir não. O melhor que pode acontecer é você ouvir sim. Mas criminalizar a pornografia tornaria a minha “performance” impossível na galeria de arte.

– E… eu acho que entendo.

– Ótimo. Podemos passar para a próxima fase [abre a blusa]. O que acha disso?

[com esforço, consegue controlar os impulsos]- Se… senhorita Hellen… seus seios… ahmeudeus… a senhorita está sem sutiã… eles… são… lindos, redondos, perfeitos…

– Muito bem, senhor Squigley, muito melhor. Você está mantendo autocontrole. Isso é importante. Confie em mim. Quer toca-los?

[olhos ficam vermelhos e inchados]- Se… senhorita Hellen… sim, eu quero… mas eu não sei se consigo me controlar.

– Você consegue, senhor Squigley. Eu confio no senhor. Vá em frente. Toque meus seios.

Lenta e cautelosamente Squigley estende e direciona sua mão [direita] para o seio [esquerdo] de Hellen. O coitado sente pela primeira vez o toque quente e macio de um seio. As pupilas dos olhos têm espasmos repentinos e repetitivos. Um volume se forma entre suas pernas.

– Excelente, senhor Squigley. Você está indo bem. Agora, mexa e massageie meu seio até que eu fique estimulada.

Obediente e aplicado, Squigley move o seio de Hellen. A mão esquerda rapidamente se encarrega do outro. O volume em sua calça só aumenta. Hellen começa a gemer e seu rosto começa a ganhar tons de rosados para avermelhados.

[geme]- E… excelente… [geme] senhor Squigley [geme]. O senhor conseguiu [geme] me deixar molhadinha… [geme] quer ver?

As orelhas de Squigley pareciam dois gêiseres prestes a explodir. Hellen removeu a saia e nada mais tinha para cobrir seu corpo. A calça do coitado não tinha mais para onde esticar.

[risos]- Deve estar incomodando o coitadinho preso aí. Deixe-me colocar seu amiguinho para fora, senhor Squigley. Eu quero ver o quanto o senhor aprecia meu corpo.

Com rapidez e habilidade, Hellen faz a calça de Squigley desaparecer e um troço brota grande, rígido, avermelhado.

[olhos brilhando]- Impressionante, senhor Squigley. Eu creio estar diante de um javali [risos]. Lembre-se, autocontrole. Senão a brincadeira acaba cedo. O senhor disse ser um consumidor contumaz de pornô. Está na hora de você por em prática o que aprendeu na teoria.

Por meia hora, Hellen e Squigley rolam pelo chão. Eu até diria que parece Jiu-Jitsu. Squigley está suando feito porco [piada não intencional], seus olhos estão embaçados, seus braços e pernas tremem. Hellen está em cima dele, satisfeita e triunfante. Algo dentro dela esguicha fartos jorros daquele líquido quente, gelatinoso e esbranquiçado que costuma causar aquele efeito colateral chamado gravidez.

[risos]- Excelente, senhor Squigley. Você se saiu bem. Nossa ginástica teria sido impossível se a pornografia fosse criminalizada. Essa minha terapia seria proibida se a prostituição fosse criminalizada.

[arfando]- Eu… morri e fui para o Paraíso?

[risos]- De certa forma, sim.

Hellen se levanta, fazendo com que o excedente do enorme volume de sêmen se esparramasse pelo chão.

[curiosa]- Ora… mas… que coisa.

[começando a retomar a consciência]- O que foi?

[maliciosa]- Senhor Squigley… não vai querer me dizer que você era virgem e eu fui sua primeira, vai?

[embaraçado]- Eueueueeueueu…

[risos]- Não fique assim. Você se saiu bem. Vejamos… quando você pode voltar na clínica? Afinal, para a terapia ser efetiva e eficiente, eu calculo que você vai precisar de, no mínimo, duzentas sessões.

[voltando a si]- Du… duzentas?

[risos]- Sim, senhor Squigley. Você ainda tem que desenvolver o autocontrole. E tem outros exercícios que você precisa praticar. Isso não será problema para o poderoso javali, será? Por agora, fica o aprendizado que a mulher gosta tanto de pornô [ver e fazer] quanto o homem.
Texto resgatado com Wayback Machine.
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Reparação histórica

Para promover a pesquisa de inquéritos policiais sobre apreensão de bens religiosos afro-brasileiros em terreiros de candomblé e umbanda no Rio de Janeiro, entre 1890 e 1946, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, assinou nesta segunda-feira (20) um Acordo de Cooperação Técnica em parceria com a Defensoria Pública da União (DPU) e o Museu da República.

Para mim é uma grande honra participar desse ato, é um privilégio estar vivo para presenciar um momento como esse. Só posso agradecer aos meus ancestrais que lutaram para que esse acontecimento fosse possível na medida em que eles também sofreram profundamente e foram vitimados por toda essa violência que agora se transforma em um símbolo de resistência”, declarou o ministro ao assinar o documento, em evento ocorrido no Rio de Janeiro (RJ).

Por meio do acordo, será possível a pesquisa e ampliação da coleção “Nosso Sagrado”, formada por 519 objetos, em exibição desde 2020 no Museu da República, no RJ, e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Rita Oliveira, ressaltou que a parceria é uma ação relevante para a sociedade brasileira. “Combina o debate de temas sensíveis com a obtenção de dados e informações para formulação e prática de políticas públicas, além da construção de memórias das religiões de matriz africana”, salientou.

Presente na cerimônia, a Ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum falou em nome de todos os representantes das religiões e expressou alegria com o ato. “Estou muito feliz pelo nosso trabalho ter sido reconhecido, pelo nosso sagrado estar sendo sagrado. Quero agradecer a todos os orixás por essa vitória. É apenas o primeiro passo”, frisou a Ialorixá.

O presidente do Museu da República, Mário Chagas, explicou que a iniciativa é um ato de reparação pelas perseguições sofridas pelas religiões de matriz africana. “É crime cultuar os orixás? Claro que não. Mas, por cultuar o sagrado, o povo de santo foi perseguido. Hojeestamos aqui para avançar nas práticas concretas de reparação”, salientou.

Já o defensor público-geral federal, Fernando Mauro Barbosa, apontou que o acordo servirá para elaborar dossiês e contribuir para o combate ao racismo religioso. “A DPU atua na defesa de quaisquer pessoas e grupos que sofrem qualquer tipo de perseguição ou intolerância religiosa”, ressaltou.

Ainda no Rio, o ministro Silvio Almeida participou do lançamento do catálogo impresso “Moda de terreiro” do Ilê Omolu e Oxum e da inauguração da Exposição “Marielle Marés”. As iniciativas marcam a semana de 21 de março, Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas.

Fonte: https://www.brasil247.com/regionais/sudeste/ministro-silvio-almeida-assina-acordo-para-reparacao-historica-em-favor-das-religioes-de-matriz-africana?amp

quarta-feira, 22 de março de 2023

Enderece o problema apropriadamente

Infelizmente o ateu se parece muito com o cristão. Ao serem contestados, são igualmente intolerantes e dogmáticos.

A partir do texto escrito por James Haught, na coluna de Adam Lee, no OnlySky, de título "Deuses Imaginários".

Citando (traduzido):

Alguém hoje acha que esses deuses eram reais - ou apenas produtos da fértil imaginação humana?

Já que milhares de antigas divindades agora são vistas como fantasias, por que alguém deveria pensar que os deuses sobrenaturais de hoje são reais?

James lista uma série de ações feitas (por humanos) supostamente por ordem ou em nome de tais seres.

Vamos usar a lógica básica. Considerando que Deuses são Imaginários, portanto, inexistentes, a conclusão óbvia é que não tem como eles terem ordenado isso. O problema, eu adianto, não é a existência de tais seres, mas as afirmações que uma pessoa (ou um grupo religioso) faz como se fosse porta-voz de tais seres.
As pessoas fazem coisas horríveis em nome do seu time preferido, mas não vejo ninguém pleiteando pelo fim do futebol ou negar que existam campeonatos, times e torcedores.

Eu apenas fiz uma pergunta:

Também temos literatura, poesia, teatro e música que vêm da imaginação. Você está propondo se livrar de todos eles?

Nos comentários, a mesma ladainha de evidência e existência. Gente reclamando que está incomodada com gente mandando nelas.

Eu apontei exemplos que demonstram que a interpretação do que é real a partir de evidência é falho, insuficiente e limitado.
Nós temos muitas coisas que tomamos como bem reais, mas não possuem evidência.
Como nossos sentimentos, emoções e preceitos morais.

Como eu sou um pagão moderno, o mundo é uma manifestação dos Deuses. Eu só tenho as minhas experiências pessoais, não é algo demonstrável, não é algo que tenha evidência. Outra pessoa teria que ter passado pelas mesmas experiências e sensações para ter tal conhecimento, mas mesmo assim, poderia ter tido outra conclusão. Isso não torna menos reais as minhas experiências.

Uma pergunta que eu fiz e eu escrevi algo sobre isso em algum lugar:
Como você explica a um cego a existência da cor vermelha?

A resposta:
Discutir na internet é como correr nas Olimpíadas Especiais. Mesmo se você ganhar, você ainda é retardado.

Uma melancia mística

Diz o ditado: Se você quer aparecer coloca uma melancia na cabeça.

Então veio a internet, as redes sociais e aplicativos de mensagens, imagens e vídeos. As pessoas não vivem mais de ver a vida alheia, quer mostrar uma vida que não tem.

Os moradores de Alvorada espicharam os olhos quando chegou a nova moradora, mas ficaram de olhos arregalados quando viram a inusitada decoração colocada no muro.

O comum é ver estátuas de santos nas outras casas, instalar uma estátua de uma cabra preta, sentada em um trono e adornada com símbolos, foi algo que exige muita coragem, principalmente em um país dominado pelo Cristianismo e marcado pela intolerância religiosa.

A nova moradora, chamada de Mãe Michele da Cigana, tem boas razões. Ela, seguidora das religiões afro brasileiras, declamou, intimorata:
-Ele é o senhor dos meus caminhos.

Chamado pelo povo da umbanda e candomblé de Belzebu, nome que tem origem na demonologia cristã, embora esse nome tenha um histórico originário da demonologia judaica - algo que eu escrevi sobre isso em algum lugar - a figura em si, que foi igualmente apossada pelo satanismo ateista, tem sua origem no Baphomet, o Deus que a Igreja acusou os Templários de adorar e foi descrita em primeira mão por Eliphas Levi.

A parte que eu mais gosto das religiões afro brasileiras é a chamada Gira da Esquerda, dedicada à Exu e Pomba Gira. Coisa que é usada e explorada (de forma prejudicial e sensacionalista) pelas igrejas neopentecostais para causar pânico moral.

Eu acho que causaria desmaios se vissem o meu santuário, contendo uma estátua do meu Doce Senhor, outra de minha Deliciosa Senhora e uma quartinha para representar meus ancestrais.

terça-feira, 21 de março de 2023

Dia Nacional das Matrizes Africanas

O ano começou com uma grande vitória para as religiões de matrizes africanas. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que reconhece 21 de março como o Dia Nacional de Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé.

Nos últimos anos, o número de denúncias de intolerância religiosa disparou, de acordo com dados divulgados pelo Ministério dos Direitos Humanos. A ação do atual governo traz esperança para uma gestão de diálogo e trabalho na tentativa de inibir e punir os crimes praticados por racismo religioso.

Ontem, 20 de março, em uma celebração pela data no Palácio do Catete, o ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida em parceria com a Defensoria Pública da União e o Museu da República, assinaram um acordo em favor das religiões de matriz africana. A iniciativa visa promover a pesquisa de inquéritos policiais sobre a apreensão de bens religiosos pela polícia em Terreiros de Candomblé e Umbanda, no Rio de Janeiro no século passado.

“Nós temos que lutar contra a violência que atinge os povos de terreiros. Temos trabalhar para que quem vier depois de nós viva uma vida melhor, como os nossos ancestrais fizeram. A liberdade é aquilo que se exerce sempre em conjunto com a solidariedade”, afirmou Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e Cidadania.

A assinatura do ministro foi acompanhada por candomblecistas e autoridades do poder público.

Seguindo com as comemorações pela data, a Universidade de Vassouras promove hoje um evento que debate o racismo religioso e a importância da criação do Dia Nacional de Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. O evento reúne sacerdotes de matriz africana, religiosos e alunos comprometidos com o combate ao preconceito.

‘’Trazer a discussão da valorização dos povos de terreiro para a universidade reforça a importância de lutarmos pelo nosso espaço em todos os âmbitos da sociedade. Teremos irmãos de axé nas escolas, nas faculdades e no mercado de trabalho. A data de hoje e manifestações como a nossa soam como um recado de que não vão nos calar’’, disse Renzo Curty, presidente do Diretório Central dos Estudantes da Univassouras e organizador do evento.

Lààyè Ọjọ́ ti Orílẹ̀-èdè ti Àwọn àṣà ti àwọn ẹkàn ti àwọn ètò Áfíríkà àti àwọn Ílú ẹ̀ní ti Candomblé! (Via o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé!)

Axé!

Fonte: https://extra.globo.com/blogs/pai-paulo-de-oxala/post/2023/03/celebrando-hoje-e-o-dia-nacional-de-tradicoes-de-raizes-de-matrizes-africanas-e-nacoes-do-candomble.ghtml

Um legado de sangue

Na semana passada, dois homens invadiram armados um bar em Sinop (MT) e promoveram uma chacina. Sete pessoas morreram, entre elas uma jovem de 12 anos.

A dupla queria vingança após perder uma aposta em um jogo de sinuca.

Um dos assassinos tinha registro de CAC.

O caso ainda causava comoção quando, a quilômetros dali, em Belo Horizonte (MG), um homem disparou quatro vezes a queima roupa contra um conhecido. A vítima morreu na hora. A razão? O assassino estava irritado porque o filho da vítima, uma criança autista, teria acionado a buzina de um automóvel.

Os dois episódios são dois exemplos de como ninguém está mais seguro no Brasil desde que o governo Bolsonaro decidiu flexibilizar as normas de acesso a armas de fogo no país. O argumento é que o cidadão de bem tem direito a andar armado e se proteger.

O que tem acontecido, porém, é que desde então as discussões mais banais têm resultado em finais trágicos para quem cruza o caminho de gente armada em um dia de fúria.

O crime em Belo Horizonte aconteceu no sábado, dia 25.

O homicida segue desaparecido desde então. Não há pistas de seu paradeiro.

Segundo testemunhas, o crime foi premeditado: irritado com o som da buzina, ele partiu pra cima do pai da criança. O bate-boca terminou com a promessa de que ele voltaria.

O assassino, então, foi até sua casa, pegou a arma e retornou de táxi até o local do crime. Teve, portanto, tempo o suficiente para pensar no que fazia.

Em seu governo, Bolsonaro editou mais de 40 decretos para facilitar a compra de armas pela população civil. No período, segundo o Instituto Sou da Paz, 1.300 armas foram adquiridas por dia no país.

Hoje o Brasil possui mais de 1 milhão de armas registradas nas mãos de civis.

Em alguns casos, histórico de violência não impediram o acesso a revólveres, pistolas e espingardas.

Caso de um dos assassinos de Sinop, que já havia respondido a um processo por violência doméstica.

O liberou-geral das armas no Brasil enriqueceu a indústria armamentistas e donos de escolas de tiro.

Mas deixou com legado um rastro de sangue.

Uma hora dessas, uma criança autista crescerá longe do pai porque alguém pensou que uma vida valia menos do que o seu direito ao silêncio.

https://www.pragmatismopolitico.com.br/2023/02/liberacao-armas-de-fogo-brasil-deixou-legado-rastro-de-sangue.html

segunda-feira, 20 de março de 2023

Resistência colorida

Milhares de pessoas foram às ruas em Milão neste sábado (18) para protestar contra as medidas do governo da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, para restringir os direitos dos pais homossexuais.

Batizada de "Tirem as mãos de nossos filhos e filhas", a manifestação aconteceu na Piazza della Scala, em frente à sede da prefeitura de Milão, e foi convocada pelas associações LGBTQIA+.

A cidade no norte da Itália estava registrando crianças nascidas no exterior filhas de genitores homossexuais e que foram geradas por meios de reprodução medicamente assistidas. No entanto, precisou interromper a prática nesta semana, após, de acordo com a prefeitura, o Ministério do Interior do governo Meloni enviar uma carta na qual insiste que este tipo de decisão deve ser tomada pelos tribunais.

Nesta semana, um comitê do Senado da Itália votou contra o plano da União Europeia para obrigar os Estados-membros a reconhecer os direitos dos pais homossexuais concedidos em outros países do bloco e voltou a provocar polêmica. Desta forma, o registro só é permitido agora quando for feita uma "adoção tradicional".

Durante o protesto, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, que a princípio havia dito que não participaria do ato, apareceu surpreendentemente na praça.

"Estou sempre com vocês, estou desde o primeiro momento", declarou ele.

A mobilização também conto com a presença de Elly Schlein, secretária do Partido Democrático (PD), maior legenda de esquerda do país, além da líder do PD no Senado, Simona Malpezzi, e do secretário de cultura de Milão, Tommaso Sacchi.

"É uma praça bonita que clama e pede direitos. Milão fez a sua parte", disse Sacchi, em referência aos 10 mil manifestantes que saíram às ruas.

No encontro na Piazza della Scala todos os participantes foram convidados a levar canetas esferográficas para serem erguidas no ar durante um flashmob para pedir direitos a todos, principalmente para os filhos de casais do mesmo sexo.

As canetas "representam as assinaturas que não podem mais ser feitas", explicou o fundador do "I Sentinelli" Luca Paladini, enfatizando que todos têm "um problema enorme representado por esse governo".

Fonte: https://www.brasil247.com/mundo/italia-tem-ato-contra-limitacao-de-direitos-de-pais-homossexuais

Dogma

Dogma é princípio que se convenciona não discutir e, muitas vezes, que não se aceita discussão. Uma doutrina dogmática é um sistema oficial de princípios que devem ser aceitos tais como são, sem discussão.
Embora se imagine que o dogma é basicamente religioso, sua propagação atingiu todos os aspectos da percepção e avança com passos largos para regulações que acometem a sociabilidade em níveis cada vez mais profundos.

Nesse sentido, o formato da terra, a teoria da evolução, a gravidade, a desigualdade social, as hierarquias sociais, cada um dos elementos que orientam nossa percepção da realidade é um dogma, portanto indiscutível.
Qualquer um que ouse discordar dessas verdades universais será cancelado, ridicularizado, exilado e seu nome será riscado da aceitação que os grupos definem como adequados a participar da vida comum.
O meio acadêmico, certamente, é o mais dogmático e emite seus sinais de adequações e pertencimentos rotineiramente. Como reproduz as mesmas cátedras, independente da área a que pertence, é um mundo restrito em suas bases, mas que influencia muito amplamente.

Todas as disciplinas acadêmicas são dogmáticas em seus princípios e desdobramentos. São ensinadas como verdades e cobradas como avaliações.
As mídias reproduzem as condenações e destroem antecipadamente qualquer tentativa de contrapor idéias dogmáticas gerais e específicas.
Vivemos um momento histórico em que o dogma pode ser conferido a cada novo ataque da consolidação de novas verdades que modificam o passado e se impõem a todos.
As questões de gênero, de raça, de sexualidade, a nomenclatura que passa a regrar o falar das gentes, as denúncias e a vigilância contra defecções podem nos dar uma idéia do poder dogmático como norma social emergente.

No princípio o dogma é parte de uma regra intolerante, mas baseada num sentimento de justiça ou correção histórica. Parece sempre razoável alterar os mecanismos de relação, pois avançamos para um tempo positivo, de melhora e evoluções diversas. Depois ele se naturaliza e as gerações que perderam sua origem, acreditam na eternidade de sua manifestação.
O dogma exige concordância absoluta, pois todas as teorias científicas, baseadas nas verificações fazedoras de verdades são dogmáticas. Todos os livros também o são, pois se apresentam como fruto da concordância geral das verdades fundamentais ali inscritas.
A história é a mais dogmática ciência, pois naturaliza a desigualdade na biologia humana e impõe sua soberania como dada. Daí que a racionalidade é o lócus onde se alojam todos os dogmas.

A racionalidade dogmática sobressai por imaginar ser o dispositivo que distingue o homem das outras espécies, cuja classificação foi ele mesmo quem concebeu.
Não deixa de ser irônico que o homem investigue a vida, propõe uma classificação hierárquica e se coloca no topo da cadeia alimentar da inteligência, negando a todas as outras formas de vida qualquer vestígio de inteligência.
Esse pensamento unívoco, capaz de determinar como são as coisas, os seres, os entes e até mesmo os vastos multiversos espirituais está ancorado num princípio dogmático fundamental.
O adjetivo unívoco diz do que só tem uma explicação ou interpretação; que não é ambíguo; evidente; inequívoco, que é do mesmo gênero e possui a mesma explicação ou sentido, mas pode ser aplicável a coisas diferentes, da função que associa a cada ponto do domínio somente um ponto do contradomínio e que designa com o mesmo som coisas diferentes, que é homônimo.
Essa forma ubíqua de entender a vida, o mundo e os seres é o que chamo primordialmente de dogma, pois não pode ser contestado de princípio, pois o princípio é o verbo e seu suporte, a linguagem, comanda tudo, penso, logo existo.

Desse modo inaugural, a dúvida será erradicada em seu conjunto de possibilidades e as certezas assumirão a forma fascista de verificar a realidade. Globalmente se imagina saber de tudo e cada indivíduo, considerando ser único, pode compor uma célula da verdade universal.
Os que destoam, por sua vez, se ancoram em outros conjuntos de verdades universais igualmente válidos e a discordância é parte do jogo mental binário que confirma fundamentalmente o conceito. Então se concorda ou discorda, amparados pelo mesmo dogma, apenas colocado no extremo oposto da ferradura.

Fonte: https://www.pragmatismopolitico.com.br/2023/02/dogma.html

domingo, 19 de março de 2023

Juristas que atropelam a lei

Eu tento levar a sério o artigo onde a Anajure comemora seu sucesso em remover uma campanha do governo da Bahia contra a intolerância religiosa.

A associação descreve a ação:

"A razão do pedido se dá em função do post ter tom preconceituoso contra cristãos, e, inclusive, ter gerado inúmeras reações negativas."

Analisemos o mérito do pleito.
A campanha do governo da Bahia apenas expressou uma realidade social: a intolerância religiosa (e o racismo religioso) que procede dos cristãos, não faltam páginas e jornais voltados à comunidade evangélica que atestam isso. Então não é preconceito.

Tentando embasar o absurdo de sua petição, apresentam o seguinte argumento:

"Em seu pedido de remoção, a ANAJURE menciona que a liberdade religiosa encontra proteção em diplomas normativos diversos, como a Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH), o Pacto de San José da Costa Rica e a Constituição Federal de 1988. De modo elucidativo, a DUDH dispõe que 'todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular'".

Juristas que parecem desconhecer a lei e a justiça. A Declaração Universal dos Direitos Humanos não é um privilégio ou monopólio do Cristianismo. Ou seja, todos têm os mesmos direitos de liberdade religiosa. E o Estado tem o dever de resguardar esse direito contra uma ação ou palavra que ofenda, diminua ou impeça o exercício desse direito.

O argumento apresentado na sequência serve como analogia para refutar o pleito:

"A ANAJURE também destaca que a liberdade religiosa envolve a proteção ao proselitismo, de forma que a mera tentativa de convencimento do outro não constitui, por si só, uma intolerância. O abuso desse direito, entretanto, teria lugar apenas em ocasiões nas quais o discurso fosse utilizado de forma coercitiva ou em meio a agressões ao ouvinte. Afirmar, todavia, que alguém precisa de Jesus não é uma ameaça, uma agressão nem um menosprezo, considerando que os cristãos entendem que todos são necessitados de Cristo."

Interpretação equivocada e tendenciosa. A liberdade religiosa não protege o proselitismo. Afinal, a prática do proselitismo é baseada na convicção de que só há uma única religião certa e que todos devem ser convertidos, o que constitui uma ofensa, uma agressão, uma arrogância e uma prepotência. O proselitismo é um crime contra a liberdade religiosa. O seu conteúdo, por si só, é intolerante e coercitivo, como a mensagem da associação admite ao afirmar "que todos são necessitados de Cristo."

Enfim, fazem um péssimo arremedo:

"Ademais, a entidade reforça que o Estado brasileiro adota a laicidade, nos termos do art. 19, inciso I, da Constituição Federal, do que resulta a obrigação de não embaraçar as atividades religiosas. Isso também abrange a liberdade teológica dos religiosos, de modo que não cabe ao Estado tomar para si a função de sacerdote e decidir estabelecer quais crenças são válidas ou não, numa espécie de criação de uma teologia própria."

O Estado tem a obrigação de garantir os direitos de todos. Quando o hábito de um grupo afronta a lei, o Estado, sendo laico, não pode se eximir de aplicar a lei, mesmo que esse seja o grupo de uma religião majoritária. Afinal, a intolerância religiosa parte da comunidade evangélica exatamente estabelecendo quais crenças (e sexualidades) são válidas, uma afronta e ofensa aos direitos dos outros.

A Anajure deve sofrer o mesmo mal de Janaína Paschoal. Aquilo que fala sobre lei e justiça só vale quando aplicado aos interesses próprios.

Furando a bolha

O macho brasileiro inseguro vê tutorial para ser macho, frequenta curso para se dar bem com mulheres e tem até representante na tribuna da Câmara dos Deputados.

Nunca antes o macho brasileiro de direita, com vocação para o machismo explícito, foi tão preocupado com a própria fragilidade. Sempre foi assim, mas piorou.

O macho está inseguro e agressivo. Os homens jovens e maduros do século 21 não se sentem à vontade diante da ascensão do poder feminino.

Esse macho também está abatido diante da imposição do direito de cada um de exercer na plenitude sua condição de diferente em relação aos modelos considerados consagrados e superados de gênero e de sexo.

O macho inseguro teme gays, lésbicas, trans. Pessoas LGBTQI+ são uma ameaça real ao macho que não consegue conquistar mulheres e precisa de um mestre esperto para orientar suas decisões.

Por isso ele recorre aos tutoriais online do coach e youtuber Thiago Schutz, que ficou famoso por aconselhar os homens a não se submeterem às escolhas das mulheres numa mesa de bar.

Schutz deu um exemplo em podcast recente. Viralizou nas redes ao contar que recusou uma cerveja oferecida por uma mulher. Ele estava bebendo Campari e queria só beber Campari.

Ao rejeitar a sugestão da moça, evitou que ela o subjugasse. “A mulher tem muito essa coisa de tentar moldar o cara, colocar o cara debaixo dela”, disse Schutz.

O coach tem milhares de seguidores. São 300 mil no Instagram. Todos querem ver seus ensinamentos no perfil chamado “Manual Red Pill”.

Red pills seriam os homens que, entre outras virtudes, não se submetem ao poder das mulheres. Eles precisam se impor. Porque assim se consideram machões. E por isso tomam Campari quando bem entendem.

Red pill tem referências do filme Matrix. Em determinado momento, o protagonista tem de escolher uma pílula vermelha, que vai levá-lo à verdade, ou uma pílula azul, que vai fazê-lo submergir na ignorância.

O macho que agora desconfia das mulheres seria o sábio da pílula vermelha. É uma apropriação grosseira de uma alegoria da ficção.

É por isso que o deputado federal Nikolas Ferreira, do PL de Minas, tenta convencer que pessoas trans são apenas homens que desejam se passar por mulher.

No seu raciocínio torto, o que aparece como bravura é na verdade o temor de ser confrontado com o poder do diferente, e nesse caso o diferente representa, na verdade, o poder do que lhe é estranho.

Nikolas, como o homem do Campari, vestiu uma peruca e se apresentou na tribuna da Câmara como Nicole. Tentou fazer humor com o próprio medo de ser confrontado com a sua impotência de macho hétero.

Uma impotência total, e não só sexual. Uma incapacidade de enfrentar quem desafia suas fraquezas de homem de moral molenga, mas que se considera, como seu guru Bolsonaro, um ser imbrochável.

As pessoas trans, os gays e todos os que o macho inseguro não consegue decifrar e aceitar perturbam suas fragilidades.

O macho do Campari já não segura as pontas com as mulheres. E pessoas trans apenas complicam ainda mais a situação deste homem bobão e babão.

Mulheres são um problema sempre a resolver. É preciso receber orientação de especialistas em conquistas para entendê-las.

E aí chegamos ao terceiro exemplo da insegurança do machão. Muitos deles, todos com dinheiro, todos jovens, participaram em fevereiro de uma festa em São Paulo, num casarão do Morumbi.

Dois americanos, que se anunciavam como choaches, iriam treinar os brasileiros a conquistar mulheres.

Os alunos pagaram de R$ 60 mil a, acreditem, até R$ 260 mil por um pacote de viagens e atividades diversas.

O pacote mais caro incluía viagens com aulas em seis países. Por isso a etapa brasileira tinha estrangeiros.

Os americanos lotaram a casa de homens e mulheres e ministraram aulas práticas. Um curso intensivo para rapagões bem de vida. Como ‘pegar’ mulheres.

O macho inseguro precisa até de um kit, fornecido pelos americanos, com perfumes com feromônios, que exalariam odores irresistíveis mesmo para mulheres consideradas difíceis.

Os ensinadores foram denunciados à polícia e ao Ministério Público. Moças que participaram do evento, sem saber que se tratava de uma armadilha para a prostituição, procuraram ajuda.

Os machos que usam peruca para dizer que não temem pessoas trans, que continuam bebendo Campari para dizer que são fortes e que frequentam cursos para virarem homens, todos esses machos são parte de um contexto mais amplo.

O pretexto dos movimentos dos machos inseguros (são várias ramificações) é o de que os homens devem defender seus direitos, porque se sentem ameaçados pelo avanço das mulheres em todas as áreas.

Tudo isso em meio ao aumento da violência cotidiana contra a mulher no mundo todo, principalmente contra as mulheres pobres.

O que se trata é de misoginia e sexismo de classe média e de homens ricos, num contexto de crueldades e feminicídios.

E assim se combinam machismo e fascismo como manifestações inseparáveis de um mundo de extremismos com forte militância no Brasil.

Os homens da nova direita odeiam gays, trans, lésbicas, negros, índios. E temem as mulheres. O macho fascista parece ser uma criança carente, mas é um adulto cruel, violento e covarde.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-macho-inseguro-pede-socorro-por-moises-mendes/

sábado, 18 de março de 2023

A substância da pessoa

Vossa Excrescência, graça e paz.
Tem circulado entre as comunidades uma questão provocada por uma mensagem falando sobre a natureza de Cristo, sua pessoa e qual a relação substancial deste com Deus.

Eu não sei quem é o autor dessa mensagem, mas a questão proposta é se são duas pessoas, uma e mesma pessoa e se tem a mesma substância ou uma substância semelhante. Tem sido usados dois termos: Homoousios ou Homoiousios.

Em matéria de conhecimento e interpretação das Escrituras, vosso povo, os Gentios, perdem para nós, o Povo Eleito. Eu estou ciente que cada partidário cita trechos da Escrituras conforme convém, na maioria das vezes, partindo das péssimas traduções ou dos materiais (pergaminhos) de origem e autenticidade duvidosa e discutível.

Nós, que muitos chamam de Nazarenos, porque começamos um novo ramo que brotou da religião de Abraão, depois de rompermos com as tradições judaicas limitantes (eu estava presente quando foi anulado a obrigação da circuncisão e as restrições alimentares), passamos a nos apresentar como o Povo do Caminho, enfim adotamos o nome de Cristãos como os incrédulos nos chamam.

Eu tentei avisar a Tiago que a admissão de Gentios acarretaria no esquecimento do que realmente as Escrituras ensinam. A ideia original, de uma religião de mistérios, foi tomando outro aspecto e incorporando outros conceitos.

Esses papéis que vosso povo tira da manga, essas traduções espúrias, não podem negar aquilo que está escrito. Só há Um Deus, Verdadeiro e Único. Este, que nos foi enviado, Cristo, como o nome diz, é um mensageiro de Deus. Como foi previsto, Cristo veio para ser um líder secular e espiritual, Cristo tanto é rei quanto sumo sacerdote. Então a linhagem apostólica é uma linhagem de sangue.

Então vós podeis rasgar esse papel onde vosso povo escreveu que o apóstolo Simão teve o nome mudado para Cephas e que Cristo afirmou que sobre esta Pedra a Igreja será edificada. Que vergonhosa fraude! Quem distorceu a palavra "Ecclesia" que usamos para falar de nossa Assembléia? Não fomos todos nós chamados por Cristo, nomeados apóstolos e não somos todos iguais em Cristo?

Esta é o fundamento crucial na Boa Nova. Todos devem receber o Evangelho e, seguindo o Caminho, tornarem-se o Cristo, não somente um seguidor. Esse é o núcleo do Conhecimento: Cristo não é a pessoa de Yeshua, mas a Consciência do Eu Superior que consiste na Mente da humanidade.

Assim, nós fomos libertos das grades da formalidade dogmática e da interpretação literal da Lei. A salvação não vem dos apóstolos, nem da denominação, mas do conhecimento e prática dos ensinamentos. Sejamos o Cristo e façamos a Vontade de Deus.

Evento no Catete

Dentre os muitos eventos pelo Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, acontecerá nesta segunda-feira, 20 de março, uma comemoração que objetiva levar o povo de santo ao Museu da República, no Catete – Rio de Janeiro.

Desde que a lei foi assinada em janeiro pelo presidente Lula e pelas ministras da Cultura, Margareth Menezes, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, o dia 21 de março será comemorado pela primeira vez pelas religiões de matriz africana.

Na ocasião será assinado o acordo de cooperação técnica entre o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a Defensoria Pública da União e o Museu da República.

O objetivo desse acordo é a realização de ações conjuntas de pesquisa e prática jurídica relacionadas aos processos e inquéritos criminais relativos à repressão contra praticantes das religiosidades afro-brasileiras, que configuram práticas de Estado repressivas e racistas.

Em 2021, o Museu do Catete passou a resguardar peças sagradas das religiões de matriz africana que foram confiscadas pela polícia em uma época de perseguição religiosa.

Esta ação só foi possível, graças a luta de vários sacerdotes e sacerdotisas das religiões afro, bem como, instituições lideradas por Mãe Meninazinha de Oxum na campanha ‘Liberte Nosso Sagrado’.

Iyá Egbé Nilce Naira, uma das lideranças, comemora a data e fala do lançamento do catálogo ‘Moda de Terreiro do Ilê Omolu e Oxum’ que acontecerá durante o evento.

“É um momento único poder comemorar um dia dedicado à nossa religiosidade. Já Moda de Terreiro é o resultado de um trabalho que realizamos no Ateliê Obinrin Odara dentro do Ilê Omolú e Oxum há muitos anos, mas que durante a pandemia tivemos oportunidade de iniciar os ensaios fotográficos e que, somente agora, com o apoio do Fundo Elas, tivemos a oportunidade de finalizar essa produção e imprimir este catálogo. O nosso maior objetivo é divulgar, preservar e valorizar o nosso aprendizado ancestral.”

Já Roberto Braga Tata Luazemi do Abassá Lumyjacarê Junçara também comemora a data e fala da visita ao Acervo e ao Jardim Nosso Sagrado.

“É um marco. Depois de tanta luta, tanta discriminação, tanta intolerância e preconceito, nós temos um dia para chamar de nosso. Eu aproveito para convocar todo o povo de santo para ir ao Palácio do Catete e juntos comemorarmos esse momento de suma importância. Vamos visitar as nossas peças sagradas e desfrutar também do Jardim das nossas Divindades”.

(Okòó kan oṣu ẹ̀rẹ̀nà ọjọ́ wa!)

Vinte e um de março, nosso dia!

Axé!

Fonte: https://extra.globo.com/blogs/pai-paulo-de-oxala/post/2023/03/palacio-do-catete-recebera-o-povo-do-santo.ghtml

sexta-feira, 17 de março de 2023

Na beira da praia

Sucesso em sua época e considerada como jazz brasileiro, a Bossa Nova é música de pequeno burguês.
Tom Jobim e Vinícius eternizaram a Garota de Ipanema. Nos dias de hoje, estariam presos por terem erotizado uma menor de idade.
A Vila dos Deuses tem praias também, onde Deuses e heróis passam férias. Da mesma forma que acontece nas praias do Mundo Humano, tem flerte, briga e confusão.
Eu estava cumprindo jornada tripla em meu serviço no Cafeteria Pantheon, que abriu quiosques na beira mar para aproveitar o fluxo de turistas.
De repente, tudo aquele alvoroço parou, toda aquela população de seres iluminados ficaram como que congelados.
Duas beldades tinham a atenção de todos os presentes. A morena, trazia quatro cães na coleira e era seguida por cinco guarda-costas. A loira, carregava seis espetos em cada mão. Mas nada as impediu de sentar em uma das mesas. Rapidamente, eu fui atendê-las.

- Boa tarde, senhoritas. O que vão querer?
(Loira) - Aqui serve espetinho de herói?
(Morena) - Por Oceano, nosso avô! Tenha modos Caribde. Nós estamos tentando passar pela reabilitação. Olha, querido, pode trazer o prato da casa.
- Excelente escolha. E para beber?
(Loira) - Sêmen.
(Morena) - Mais tarde, titia. O que recomenda, espectro?
- Nós temos uma excelente cerveja babilônica , mas se preferem algo destilado, nós temos hidromel nórdico.
- Traga um de cada.
- Perfeito. Querem dividir a conta ou cada uma paga a sua?
(Morena) - Por Equidna! Conta separada. Eu não quero ter prejuízo.
- Certo. Qual nomes eu devo usar em cada conta?
- Verdade. Eu não me apresentei. A loira é Caribde e eu sou Cila.
Depois de seis rodadas, Cila pede a conta. Caribde parece faminta.
- Titia, se formos ficar aqui até você ficar saciada, nós vamos ficar aqui o mês inteiro.
- Eu ainda quero sêmen.
- Sabe, espectro? Você é um morto vivo legal. Você nos serviu sem julgamentos. Sabe quem somos?
- Eu devo ter lido alguma lenda.
- Sim, nós fomos retratadas nas sagas de Jasão e Ulisses. Os humanos não souberam lidar com as entidades que precederam os Deuses da Terceira Geração. E nós ficamos do lado dos vilões. Sabe esses caras? São hipostases minhas, assim como os cachorros que eu conduzo. Todos esses que ficam babando, desejando nossos corpos, trocariam a líbido por horror assim que vissem como realmente somos.
- Talvez, para entidades medianas. Eu sou um espectro e vejo beleza em toda forma feminina.
- Mesmo? Nesse caso, poderia nos alimentar com sêmen?
Eu não tive tempo para responder. Eu fui arrastado ao motel mais próximo e lá ficamos os três. Eu perdi totalmente a noção de tempo. Eu somente tive permissão de ir embora depois que Caribde ficou saciada.
Evidente, eu só não fui demitido porque as duas pagaram pela conta.