Ao primeiro olhar, as divindades da bruxaria podem parecer bastante atraentes. Elas não exigem um padrão de santidade, elas aceitam qualquer um, mesmo se elas não forem chamadas pelo nome certo ou nenhum nome em absoluto e elas são tanto masculinos como femininos. Elas parecem ser mais simpáticas e íntimas do que Jesus. Entretanto, se você examinar as ofertas dessas divindades pagãs junto com o que Jesus tem a oferecer, torna-se rapidamente bem claro que Jesus tem muito mais a oferecer do que qualquer outro deus ou deusa pagãos tem a oferecer. As ofertas das divindades pagãs, como todas as mentiras de Satan, tem muito brilho e pouca substância. Para o propósito desse artigo, eu irei me referir às divindades pagãs como a Deusa, uma vez que muitos pagãos crêem em uma deusa e é mais fácil escrever de um jeito que inclua todas as possibilidades.
Interessante como os cristãos falam em 'padrões de santidade', como se apenas Jesus ou o Cristianismo fossem as únicas fontes da moral humana. A autora convenientemente esquece que muito do que sabemos e pensamos a respeito da moral veio dos Gregos e Romanos, todos politeístas e pagãos. Não é verdadeiro, portanto, a alegação que nossos Deuses sejam amorais. Um pagão, bruxo ou wiccano sabe que 'padrões morais' variam muito conforme a época, a cultura e o povo, portanto, nós preferimos ter uma conduta ética, uma vez que consideramos essa padronização um absurdo arbitrário.
A Deusa não pode prover uma conclusão à história humana.
Muito dos não-cristãos vêem a idéia do retorno de Jesus como horrivel. "Nossa Deusa não é um deus vingativo que um dia irá acabar com a Sua criação", eles ridicularizam. "Ela nos ama o suficiente para deixar que nós façamos as nossas escolhas". Esta é uma afirmação sustentada pela emoção que esconde a verdadeira situação.
Jesus põe um limite no mal. Ele não deixará que a guerra, a doença, a tristeza e a morte reine para sempre. Ele tem um plano para para a história humana. Não importa o que aconteça, por mais horrivel, ele está no controle e ele não irá deixar tudo em nossas mãos.
Nós todos sonhamos com um mundo onde um dia todos irão viver em paz e harmonia. Mas a forma da Deusa tornar isto possível é através da ação humana. Ela não oferece uma promessa de interferir na história humana. Ela permitirá, se quisermos, que nos destruamos. Sem intervenção divina, a única forma de mudar esse mundo é através da política. Pense, por um instante, o quanto isso é assustador. Mesmo se acabarmos com os problemas humanos, ainda teríamos os desastres naturais. Ainda teríamos a dor dos relacionamentos onde as pessoas se machucam e traem. Ainda teríamos as doenças. Ainda teria a morte. O objetivo do Paganismo não é a perfeição - a Deusa não observa esse ápice em Sua criação. A visão da Deusa para o mundo sempre inclui o sofrimento humano.
Com todo o respeito à autora, mas nem mesmo Jesus conseguirá dar uma conclusão à história humana. Não constitui como uma solução plausível, se apenas aos que crerem em Jesus terão direito a viver em um possível 'mundo novo', igualmente utópico e idílico do Cristianismo. O próprio surgimento do Cristianismo se dá dentro de um processo histórico, recheado de guerras, doenças, tristezas e morte. Muitas dessas ocorrências foram causadas por pessoas que supostamente representavam a Jesus, portanto, se Jesus não é capaz de controlar seus próprios sacerdotes, de jeito algum controlaria o mundo. Quais mudanças existiram no mundo sob o domínio da Igreja? Nenhum, toda a ciência, arte, cultura e medicina só voltaram a existir no Ocidente depois que a Igreja perdeu seu poder. De onde os pesquisadores e cientistas do século XVIII desenvolveram a tecnologia, a matemática, a história, o pensamento, a medicina? Dos mesmos Gregos e Romanos, pagãos. O Cristianismo parece ser mais uma imposição desse ideal de perfeição, o ideal asséptico e estéril da virtude hipócrita, uma vez que não agrega os indivíduos nem propõe as mudanças necessárias no sistema da sociedade.
Ela não pode amar ou ser amada.
Uma das crenças do Paganismo é que a Deusa não é separada de sua criação de forma alguma. Ela é tudo e tudo é Ela. O poder da Deusa está em tudo e em nós, tudo que a magia faz é evocar e direcionar esse poder.
O problema com isso é: se a Deusa está em nós, se a Deusa é nós no sentido mais prático, é impossível ter um relacionamento com Ela.
O amor é um conceito relativo. Para amar alguém, deve existir dois aspectos: a pessoa que ama e a pessoa que é amada. Se a Deusa é tudo e não está separa disto, então dizer que Ela me ama é o mesmo que dizer que uma pedra me ama, uma árvore me ama ou meus pés me amam. Essas coisas não são pessoas. Eu não posso ter um relacionamento com coisas.
Um preconceito contra o Cristianismo é que distinto significa distante, mas isso não é verdadeiro. Algo pode ser distinto de você, mas ser mais próximo que seu fôlego. De fato, a distinção de Jesus de nós permite a ele nos amparar, nos ouvir, nos aconselhar de uma forma que ele não poderia fazer se ele fosse apenas um outro aspecto de nossa existência.
Esse é um preconceito comum entre os cristãos. Mal conhecem a própria doutrina e acham que sabem alguma coisa de Paganismo. O Paganismo, assim como o Cristianismo, possui diversas tendências e denominações e nem todos acham que a Deusa é tudo. A magia não está apenas presente no Paganismo, mas igualmente no Cristianismo, seja na liturgia, seja na leitura dos evangelhos.
A autora esquece que para amar é preciso que a pessoa que é amada corresponda ao sentimento e isso não acontece com Jesus. Eu devo lembrar que, para início de conversa, nos evangelhos se afirma que quem não crer em Jesus está condenado... que tipo de amor é esse? Em muitas partes do evangelho também se pode ver esse lado de Jesus que não ama, mas condena, como quando ele chamou os Judeus de filhos de Satanás, os fariseus de raça de víboras ou quando ele expulsou os cambistas do templo a bordoadas. Toda a tônica dos evangelhos está nesse preconceito de que todos nascemos pecadores e que, por isso, precisamos ser salvos crendo e aceitando a Jesus... isso é amor?
Ela não pode dar orientação moral.
O Paganismo afirma que não há verdade absoluta. Esta afirmação por si só exclui qualquer forma de verdade – se não há verdade absoluta, então as pessoas que crêem que existe uma verdade absoluta estão erradas. Se não há verdade absoluta, então não há moralidade absoluta – não há um padrão de certo ou errado. Entretanto, é quase (senão completamente) impossível agir de uma forma que não afetem outros. O efeito pode não ser imediato, ou pode não ser perceptível, mas a chance de nós fazermos algo que não afete outra pessoa é muito baixo.
Segundo, se não há valores absolutos de certo e errado, então a afirmação ‘não prejudicar os outros’ não tem mais validade que outras afirmações morais. Se a Deusa não tem um padrão e regras morais (e se um jeito é tão bom quanto outro, Ela não tem – uma vez que a moral de cada sistema de pensamento e religião diferem) então não há um padrão externo de moral para o Pagão e então, nenhuma orientação moral.Em contraste, Jesus nos dá uma clara orientação moral de como ele quer que vivamos nossa vida. Nós podemos não gostar de tudo que ele diz, mas isso não significa que não seja bom para nós. Nós temos uma mente limitada e nós não podemos entender sua perspectiva celestial de nossa perspectiva terrena. Mas não é porque nós não gostamos ou não entendamos que signifique que não está certo.Deus nos dá não apenas orientação moral, ele nos dá o desejo de fazer o bem. Deus não apenas mostra o que fazer, através do Espírito Santo, Ele nos dá a vontade e a habilidade de fazê-lo. Agora, nós como Cristãos nem sempre tiramos vantagem disso, mas a ajuda está ali.
A autora tenta conduzir o leitor à uma visão preconceituosa sobre o Paganismo e o Pagão. Para o Pagão, a questão é ética e verdades só existem quando estão comprovadas e corroboradas por outras verdades, mas as verdades existem, o que é bem diferente de pegar um padrão e querer que tudo mais se encaixe nele.
A autora confunde a dialética necessária para a convenções de verdades com moral, assuntos distintos, pois nem toda verdade é moral, nem toda moral é verdade. A autora também confunde ações ou atos com moral ou padrões de certo e errado. Atos ou ações são categorizados como certos ou errados por suas conseqüências e, dentro de um padrão cultural, são discriminados moralmente segundo opiniões subjetivas.
Mais uma vez insisto: para o Pagão, a questão é ética e muito do que a cultura Ocidental possui como padrão moral se deve ao pensamento de filósofos Gregos e Romanos, todos pagãos. Para que haja ética, necessariamente se considera as relações individuais e coletivas sobre valores e padrões morais, então o Paganismo possui uma orientação mais equilibrada que a pretendida pelo Cristianismo.
Quais são as orientações morais que o Cristianismo pretenda ou arroga apenas a si, se toma apenas seu padrão como o único? Por que o cristão ignora as passagens bíblicas amorais e imorais? Por que o cristão ignora certas passagens dos evangelhos que mostram o lado amoral ou imoral de Jesus?
Ela não pode ser testada de forma objetiva.
Quando a Wicca (uma forma de Paganismo) começou, acreditava-se que se possuía uma religião que era transmitida intocada desde o tempo do Paleolítico. Por causa da perseguição, a religião ficou na clandestinidade, mas alguns mantiveram os Velhos Caminhos e isto finalmente voltou à tona.
A antiguidade da Wicca se provou falsa. Mas para muitos wiccanos, isso não tem importância. Muitos fatos históricos afirmados pela Wicca se provaram falsos, mais notavelmente a ideia que as culturas matriarcais honravam as mulheres e o número de pessoas mortas na Caça às Bruxas. Mais uma vez, isso não importa. Por que?
Paganismo e, portanto, a Deusa, não é uma religião histórica. Não há maneira alguma de um pesquisador testar se a Wicca é verdadeira de forma objetiva, empírica. A pessoa que quiser verificar se o Cristianismo é verdade, pode ver para as enormes evidências históricas, arqueológicas e cientificas que sustentam a bíblia. A bíblia faz certas afirmações sobre a natureza divina, a pós-vida que experimentaremos, a moralidade que devemos viver e as escolhas que devemos fazer nessa vida. A bíblia afirma ter testemunhas oculares para a ressurreição de Jesus. Existem fontes que você pode consultar fora da bíblia que a confirmam. Agora, nem toda questão ou dúvida será resolvida e para realmente saber que a bíblia fala a verdade, você tem que dar um passo de fé e acreditar nela tal como está escrita.
Nenhum outro conhecimento pode ser obtido da Deusa senão o subjetivo. Não há conhecimento objetivo algum que se possa ter dEla, nada senão o que você experimenta. Imagine se, o que você está experimentando é incorreto, ou se você está perdendo alguma coisa, ou se há alguém que sabe mais que você e pode te dizer que o que você pensa estar experimentando é bom? Que pena. Não há nada objetivo no que embasar sua crença.
Essa, sem dúvida, foi a parte mais hilária do texto. Eu sei que tem muito Pagão mal-informado, mas a autora está generalizando. Algo que é incrível é a afirmação da autora que o Cristianismo tem mais embasamento histórico do que o Paganismo e a Wica, ou mesmo que existem ‘provas históricas, arqueológicas e científicas’ que comprovam a bíblia. A autora mostra total desconhecimento de qualquer outra fonte efetivamente científica, histórica ou arqueológica, senão não teria afirmado algo assim a respeito do Cristianismo. Eu gostaria de entrar mais no mérito, mas basta apenas salientar que a própria autora admite que é necessário crer na bíblia para que esta seja verdade.
O conhecimento iniciático da Wica não são simples experimentos aleatórios arbitrários. Assim como na metodologia científica, as experiências possuem coerência e eficiência, portanto não são subjetivos.
Ela não pode te dar vida eterna.
Existem certas coisas em mim que eu posso mudar e ainda ser eu. Mas ainda sou eu se não fosse fêmea? Não. Muitas partes das experiências que me fizeram como eu sou teriam ido embora. Ainda seria eu se tivesse pais diferentes? Não. Muito da minha vida teria sido totalmente diferente. Mesmo se eu esquecer depois de sofrer um terrível acidente, essas coisas ainda estariam moldadas no que eu sou e eu ainda teria consciência delas. Se todas as minhas experiências forem mudadas, eu não sou mais eu, eu sou outra pessoa. Há algo em mim que não se encontra em outra pessoa.
A Deusa tira isso de você. Ela apenas deixa você experimentar por um curto período de tempo e então acaba. Muitos Pagãos acreditam em reencarnação e eles vêem isso como uma forma de vida eterna- e ainda assim aquilo que decidiu ser Pagão não está mais lá.
Muitos Pagãos tentarão explicar dizendo que o corpo muda, mas a pessoa dentro continua a mesma. Isso não é possível, primeiro porque o corpo dá a forma ao que a pessoa é por dentro e, segundo, porque não há algo como uma vida após a outra.
O que faz você ser você não são pequenas coisas que os Pagãos dizem ser carregado de uma vida a outra, estas coisas são as combinações de seu corpo físico, seus pensamentos e estados emocionais, sua personalidade, suas experiências, todas essa coisas. Isto não são coisas que você pode isolar e dizer que faz você ser você. Existem muitas coisas na alma humana para dizer que podem ser isoladas e serem passadas adiante. A Deusa não respeita isso.
Mas Jesus sim. Indivíduos humanos significam tanto para ele que ele veio e morreu na cruz para que eles possam estar com ele para sempre no Paraíso. Ele respeita tanto a humanidade que ele deu a eles a escolha de rejeita-lo e não estar com ele. Você não pode fazer isso com a Deusa. Uma vez que todos os caminhos conduzem para as mesmas divindades, você não tem escolha senão em crer em tal divindade, porque se todas as formas conduzem para o mesmo caminho, mesmo se não crer em nada você estará crendo em algo. Jesus não exige que você gaste seu tempo de vida ‘queimando’ o karma, sem que você se lembre o que você fez para merecer este karma (e devido a reencarnação, o karma para todos os propósitos irá punir ou recompensar uma pessoa diferente). Jesus exige que nós abandonemos nossa vontade egoísta a ele, nosso orgulho, nossa arrogância, nosso egoísmo, mas ele nunca exigiu que desistíssemos do que somos. Ele quer moldar isto da forma como ele sempre quis que fosse. Jesus te criou para a perfeição e ele não aceitará nada senão o melhor daqueles que ele ama.
Os deuses da bruxaria não exigem coisa alguma. Eles não estão preocupados com santidade, conhecimento certo, justificação ou perfeição. Muitos dos mitos Pagãos usam para construir de suas divindades para mostrar seres caprichosos. Os deuses dos mitos são obcecados com sexo, eles matarão seus desafetos e eles estão muito envolvidos com seus próprios assuntos para cuidar dos humanos. Resumindo, eles são como nós – e, portanto, não merecem honras ou adoração.
Jesus exige que você morra. Ele exige que você morra para si mesmo. Ele pede para que você coloque de lado sua duvidas contínuas, seu orgulho, sua crença de que você é bom demais e ver você através dos olhos de Deus.
Para um Deus Santo, mesmo o melhor de nossos feitos são trapos sujos. Deus deu um padrão: santidade perfeita. Um santo bom Deus não poderia fazer por menos. Mas por nossa escolha, pelo orgulho, nós escolhemos não segui-lo. Mesmo se nunca cometermos erros, nós pecamos. Isso o que pecado é: perder a marca. Mas Jesus pagou o preço por nosso pecados. Nós temos que vestir a justiça que ele nos deu para sermos capazes de participar do banquete.
Pode ser doloroso aceitar a Cristo. Para alguns significa abrir a mão de algo que eles valorizam, ou mesmo suas vidas. Significa nos ver como somos e admitindo a Deus que precisamos de Sua ajuda. Mas ele oferece muito mais. Ele dá tanto que, o que quer que sacrifiquemos, não é nada comparado ao Seu amor e sacrifício.
Para um texto confuso e preconceituoso, o encerramento foi lamentável. Nós somos não apenas um conjunto de sentimentos, experiências e emoções, senão não haveriam tantas personalidades e identidades diferentes. Cada um de nós é o que é por que a resultante desses conjuntos sofrem uma interpretação de algo que está previamente existente, a alma. Cada conjunto de interpretação é útil para aquele corpo, em um determinado espaço-tempo, em um determinado meio social. Padrões que irão mudar conforme as reencarnações e que, portanto, não são carregados por motivos óbvios, mas o principal que é o crescimento espiritual é resguardado porque são valores constantes. O conceito de karma não é unanimidade entre os Pagãos, para muitos a questão do karma é algo a ser resolvido pelo indivíduo na vida atual, não na futura.
A autora demonstra não conhecer a doutrina que ela mesma tenta elogiar. Nos evangelhos, bem como no texto da autora, está bem claro que a pessoa tem que mudar aquilo que a pessoa é, exatamente para se adequar a esse padrão moral que nada tem de divino, é puramente humano.
Em várias partes dos evangelhos afirma-se exatamente o oposto do que a autora alega, diz-se que é obrigatório a crer e aceitar apenas a Deus e a Cristo, qualquer outra forma de crença ou opinião é condenada ao Inferno por rebeldia a Deus.
O Paganismo admite que é apenas uma das muitas opções, sem jamais pretender ser a melhor, a mais certa, a mais perfeita, ou a verdadeira, como é de costume no Cristianismo e outras religiões monoteístas. Os mitos são apenas orientações, não escrituras sagradas indiscutíveis, são elementos que o Pagão trabalha para alcançar o auto-conhecimento e a iluminação.
Para isso, o Pagão rejeita a verdade da bíblia porque esta não se sustenta nem em si mesma. O Pagão rejeita a doutrina do pecado, bem como a doutrina da salvação. O Pagão rejeita a santidade do deus bíblico, bem como a divindade de Jesus. O Pagão rejeita o moralismo hipócrita e a perfeição idealizada. O Pagão rejeita a imposição de um credo estranho e estrangeiro. O Pagão sempre honrará os Deuses Antigos, os seus ancestrais, sua cultura e seu povo, mesmo que tenha que lutar contra a tirania e opressão desse deus.
A autora tenta conduzir o leitor à uma visão preconceituosa sobre o Paganismo e o Pagão. Para o Pagão, a questão é ética e verdades só existem quando estão comprovadas e corroboradas por outras verdades, mas as verdades existem, o que é bem diferente de pegar um padrão e querer que tudo mais se encaixe nele.
A autora confunde a dialética necessária para a convenções de verdades com moral, assuntos distintos, pois nem toda verdade é moral, nem toda moral é verdade. A autora também confunde ações ou atos com moral ou padrões de certo e errado. Atos ou ações são categorizados como certos ou errados por suas conseqüências e, dentro de um padrão cultural, são discriminados moralmente segundo opiniões subjetivas.
Mais uma vez insisto: para o Pagão, a questão é ética e muito do que a cultura Ocidental possui como padrão moral se deve ao pensamento de filósofos Gregos e Romanos, todos pagãos. Para que haja ética, necessariamente se considera as relações individuais e coletivas sobre valores e padrões morais, então o Paganismo possui uma orientação mais equilibrada que a pretendida pelo Cristianismo.
Quais são as orientações morais que o Cristianismo pretenda ou arroga apenas a si, se toma apenas seu padrão como o único? Por que o cristão ignora as passagens bíblicas amorais e imorais? Por que o cristão ignora certas passagens dos evangelhos que mostram o lado amoral ou imoral de Jesus?
Ela não pode ser testada de forma objetiva.
Quando a Wicca (uma forma de Paganismo) começou, acreditava-se que se possuía uma religião que era transmitida intocada desde o tempo do Paleolítico. Por causa da perseguição, a religião ficou na clandestinidade, mas alguns mantiveram os Velhos Caminhos e isto finalmente voltou à tona.
A antiguidade da Wicca se provou falsa. Mas para muitos wiccanos, isso não tem importância. Muitos fatos históricos afirmados pela Wicca se provaram falsos, mais notavelmente a ideia que as culturas matriarcais honravam as mulheres e o número de pessoas mortas na Caça às Bruxas. Mais uma vez, isso não importa. Por que?
Paganismo e, portanto, a Deusa, não é uma religião histórica. Não há maneira alguma de um pesquisador testar se a Wicca é verdadeira de forma objetiva, empírica. A pessoa que quiser verificar se o Cristianismo é verdade, pode ver para as enormes evidências históricas, arqueológicas e cientificas que sustentam a bíblia. A bíblia faz certas afirmações sobre a natureza divina, a pós-vida que experimentaremos, a moralidade que devemos viver e as escolhas que devemos fazer nessa vida. A bíblia afirma ter testemunhas oculares para a ressurreição de Jesus. Existem fontes que você pode consultar fora da bíblia que a confirmam. Agora, nem toda questão ou dúvida será resolvida e para realmente saber que a bíblia fala a verdade, você tem que dar um passo de fé e acreditar nela tal como está escrita.
Nenhum outro conhecimento pode ser obtido da Deusa senão o subjetivo. Não há conhecimento objetivo algum que se possa ter dEla, nada senão o que você experimenta. Imagine se, o que você está experimentando é incorreto, ou se você está perdendo alguma coisa, ou se há alguém que sabe mais que você e pode te dizer que o que você pensa estar experimentando é bom? Que pena. Não há nada objetivo no que embasar sua crença.
Essa, sem dúvida, foi a parte mais hilária do texto. Eu sei que tem muito Pagão mal-informado, mas a autora está generalizando. Algo que é incrível é a afirmação da autora que o Cristianismo tem mais embasamento histórico do que o Paganismo e a Wica, ou mesmo que existem ‘provas históricas, arqueológicas e científicas’ que comprovam a bíblia. A autora mostra total desconhecimento de qualquer outra fonte efetivamente científica, histórica ou arqueológica, senão não teria afirmado algo assim a respeito do Cristianismo. Eu gostaria de entrar mais no mérito, mas basta apenas salientar que a própria autora admite que é necessário crer na bíblia para que esta seja verdade.
O conhecimento iniciático da Wica não são simples experimentos aleatórios arbitrários. Assim como na metodologia científica, as experiências possuem coerência e eficiência, portanto não são subjetivos.
Ela não pode te dar vida eterna.
Existem certas coisas em mim que eu posso mudar e ainda ser eu. Mas ainda sou eu se não fosse fêmea? Não. Muitas partes das experiências que me fizeram como eu sou teriam ido embora. Ainda seria eu se tivesse pais diferentes? Não. Muito da minha vida teria sido totalmente diferente. Mesmo se eu esquecer depois de sofrer um terrível acidente, essas coisas ainda estariam moldadas no que eu sou e eu ainda teria consciência delas. Se todas as minhas experiências forem mudadas, eu não sou mais eu, eu sou outra pessoa. Há algo em mim que não se encontra em outra pessoa.
A Deusa tira isso de você. Ela apenas deixa você experimentar por um curto período de tempo e então acaba. Muitos Pagãos acreditam em reencarnação e eles vêem isso como uma forma de vida eterna- e ainda assim aquilo que decidiu ser Pagão não está mais lá.
Muitos Pagãos tentarão explicar dizendo que o corpo muda, mas a pessoa dentro continua a mesma. Isso não é possível, primeiro porque o corpo dá a forma ao que a pessoa é por dentro e, segundo, porque não há algo como uma vida após a outra.
O que faz você ser você não são pequenas coisas que os Pagãos dizem ser carregado de uma vida a outra, estas coisas são as combinações de seu corpo físico, seus pensamentos e estados emocionais, sua personalidade, suas experiências, todas essa coisas. Isto não são coisas que você pode isolar e dizer que faz você ser você. Existem muitas coisas na alma humana para dizer que podem ser isoladas e serem passadas adiante. A Deusa não respeita isso.
Mas Jesus sim. Indivíduos humanos significam tanto para ele que ele veio e morreu na cruz para que eles possam estar com ele para sempre no Paraíso. Ele respeita tanto a humanidade que ele deu a eles a escolha de rejeita-lo e não estar com ele. Você não pode fazer isso com a Deusa. Uma vez que todos os caminhos conduzem para as mesmas divindades, você não tem escolha senão em crer em tal divindade, porque se todas as formas conduzem para o mesmo caminho, mesmo se não crer em nada você estará crendo em algo. Jesus não exige que você gaste seu tempo de vida ‘queimando’ o karma, sem que você se lembre o que você fez para merecer este karma (e devido a reencarnação, o karma para todos os propósitos irá punir ou recompensar uma pessoa diferente). Jesus exige que nós abandonemos nossa vontade egoísta a ele, nosso orgulho, nossa arrogância, nosso egoísmo, mas ele nunca exigiu que desistíssemos do que somos. Ele quer moldar isto da forma como ele sempre quis que fosse. Jesus te criou para a perfeição e ele não aceitará nada senão o melhor daqueles que ele ama.
Os deuses da bruxaria não exigem coisa alguma. Eles não estão preocupados com santidade, conhecimento certo, justificação ou perfeição. Muitos dos mitos Pagãos usam para construir de suas divindades para mostrar seres caprichosos. Os deuses dos mitos são obcecados com sexo, eles matarão seus desafetos e eles estão muito envolvidos com seus próprios assuntos para cuidar dos humanos. Resumindo, eles são como nós – e, portanto, não merecem honras ou adoração.
Jesus exige que você morra. Ele exige que você morra para si mesmo. Ele pede para que você coloque de lado sua duvidas contínuas, seu orgulho, sua crença de que você é bom demais e ver você através dos olhos de Deus.
Para um Deus Santo, mesmo o melhor de nossos feitos são trapos sujos. Deus deu um padrão: santidade perfeita. Um santo bom Deus não poderia fazer por menos. Mas por nossa escolha, pelo orgulho, nós escolhemos não segui-lo. Mesmo se nunca cometermos erros, nós pecamos. Isso o que pecado é: perder a marca. Mas Jesus pagou o preço por nosso pecados. Nós temos que vestir a justiça que ele nos deu para sermos capazes de participar do banquete.
Pode ser doloroso aceitar a Cristo. Para alguns significa abrir a mão de algo que eles valorizam, ou mesmo suas vidas. Significa nos ver como somos e admitindo a Deus que precisamos de Sua ajuda. Mas ele oferece muito mais. Ele dá tanto que, o que quer que sacrifiquemos, não é nada comparado ao Seu amor e sacrifício.
Para um texto confuso e preconceituoso, o encerramento foi lamentável. Nós somos não apenas um conjunto de sentimentos, experiências e emoções, senão não haveriam tantas personalidades e identidades diferentes. Cada um de nós é o que é por que a resultante desses conjuntos sofrem uma interpretação de algo que está previamente existente, a alma. Cada conjunto de interpretação é útil para aquele corpo, em um determinado espaço-tempo, em um determinado meio social. Padrões que irão mudar conforme as reencarnações e que, portanto, não são carregados por motivos óbvios, mas o principal que é o crescimento espiritual é resguardado porque são valores constantes. O conceito de karma não é unanimidade entre os Pagãos, para muitos a questão do karma é algo a ser resolvido pelo indivíduo na vida atual, não na futura.
A autora demonstra não conhecer a doutrina que ela mesma tenta elogiar. Nos evangelhos, bem como no texto da autora, está bem claro que a pessoa tem que mudar aquilo que a pessoa é, exatamente para se adequar a esse padrão moral que nada tem de divino, é puramente humano.
Em várias partes dos evangelhos afirma-se exatamente o oposto do que a autora alega, diz-se que é obrigatório a crer e aceitar apenas a Deus e a Cristo, qualquer outra forma de crença ou opinião é condenada ao Inferno por rebeldia a Deus.
O Paganismo admite que é apenas uma das muitas opções, sem jamais pretender ser a melhor, a mais certa, a mais perfeita, ou a verdadeira, como é de costume no Cristianismo e outras religiões monoteístas. Os mitos são apenas orientações, não escrituras sagradas indiscutíveis, são elementos que o Pagão trabalha para alcançar o auto-conhecimento e a iluminação.
Para isso, o Pagão rejeita a verdade da bíblia porque esta não se sustenta nem em si mesma. O Pagão rejeita a doutrina do pecado, bem como a doutrina da salvação. O Pagão rejeita a santidade do deus bíblico, bem como a divindade de Jesus. O Pagão rejeita o moralismo hipócrita e a perfeição idealizada. O Pagão rejeita a imposição de um credo estranho e estrangeiro. O Pagão sempre honrará os Deuses Antigos, os seus ancestrais, sua cultura e seu povo, mesmo que tenha que lutar contra a tirania e opressão desse deus.
Repostado. Texto original publicado em 24/12/2007, resgatado com o Wayback Machine.
Nota posterior. Eu vou dizer o que a Deusa pode fazer.
A Deusa é a geradora.
A Deusa é quem recebe o sacrifício.
A Deusa é quem concede as bênçãos.
A Deusa é a fonte e a origem do Amor.
A Deusa é quem nos nutre.
A Deusa nos concede o prazer e o êxtase.
A Deusa é a Vida e a Natureza.
A Deusa é quem acolhe as almas.
A Deusa é quem nos concede a Vida Eterna.
Um comentário:
Hum... a Terra, o Bem e o Mal, o Paraíso de Astarte [embora eu goste mais de Ishtar]. Mais ideias sugeridas pelos leitores. };)
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