Então eu encontro outro blog dela, citando outra amiga, a Anfíbia.
Anfíbia escreveu o Manifesto Madre Pérola assim:
1. Nós nos comprometemos a atuar em rede e em favor de todas as mulheres, evitando criticar de forma depreciativa qualquer uma de nossas irmãs, evitando deslegitimar suas posturas, momentos de vida e opiniões, e ao invés disso, oferecendo bases de identificação, compreensão e abertura ao diálogo mesmo quando não concordamos com elas;
2. Nós nos comprometemos a apoiar de forma pessoal, emocional, moral ou qualquer outro tipo possível, mulheres passando pro processos de gravidez, parto, puerpério, amamentação e criação de filhos, compreendendo a tarefa de acolher e nos responsabilizar de forma coletiva por nossas crianças como um todo;
3. Nós nos comprometemos a trocar com outras mulheres, nossos conhecimentos de qualquer espécie, nosso tempo, o produto de nossos ofícios, objetos e serviços sem o uso de moeda corrente;
4. Nós nos comprometemos a debater em profundidade todos os assuntos de interesse da mulher, sejam de ordem privada ou pública, preservando o respeito e a legitimidade de todas as vozes femininas em seus discursos;
5. Nós nos comprometemos a buscar visões mais femininas acerca de nossos próprios corpos, acerca da imagem de nossos corpos na sociedade e na mídia, e acerca de processos físicos particulares como menstruação, gravidez, amamentação e menopausa, visando acima de tudo diminuir a patologização e a homogenização desses processos e promover o conforto da mulher em seu corpo;
6. Nós nos comprometemos a buscar soluções de saúde e de cura, para nós e o planeta, que ao mesmo tempo resgatem conhecimentos antigos privilegiando os transmitidos por outras mulheres e inovem de forma holística superando a visão fragmentada e mecanicista de saúde e bem-estar;
7. Nós nos comprometemos com o momento atual da terra e com a busca de soluções cooperativas, relacionais, amorosas e de cuidado, abandonando os comportamentos exploratórios e depredatórios da sociedade atual;
8. Nós nos comprometemos com as plantas, animais e toda a vida na terra, com a proteção de espécies e habitats naturais, com a proteção da água e com um crescente senso de respeito em relação à soberania e direito à existência de todas as formas de vida;
9. Nós nos comprometemos com nossos filhos e filhas, rompendo com a transmissão fácil dos paradigmas vigentes e com a terceirização de nossas crianças, contando para isso com uma rede de suporte educativo entre todas as mulheres interessadas;
10. Nós nos comprometemos com o desmantelamento de tudo o que é nocivo na sociedade em que vivemos, e com a criação e suporte a todo tipo de redes paralelas que valorizem uma existência sem consumismo, competição ou comportamentos predatórios;
11. Nós nos comprometemos com a acolhida -especialmente mental e emocional- de outras participantes do manifesto, independente de diferenças individuais e do ponto em que estejam no processo de retorno ao feminino;
12. Nós nos comprometemos com a queda de estereótipos sobre o feminino, superação de falsas dicotomias (positivo-negativo, natureza-cultura, sexual-espiritual entre outras) que localizam o feminino em oposição ao que simboliza o bom, desejável ou normal.
Como mulheres e mães, nós passamos muito tempo alimentando e dando suporte ao que nem sempre corresponde às nossas escolhas, preferências, crenças ou anseios. em nosso cotidiano uma grande parte de nossa personalidade fica à parte, sem ser apreciada por nós mesmas ou outras pessoas. o madrepérola surge como um espaço onde tudo isso ficará de fora; quer ser um local de encontro para mulheres de qualquer orientação religiosa, filosófica ou sexual, interessadas em fortalecerem laços de amizade e apoio.
O madrepérola está idealizado como um ambiente livre de competitividade, agressividade e individualidade que são tão preciosas ao mundo do trabalho e das relações atuais, mas que dilapidam a mulher em seu íntimo e já se mostraram nocivas enquanto método de lidar com vidas e com o planeta. o nosso grande objetivo é promover a interação simples e cooperativa entre mulheres, enquanto partilham seus interesses e dialogam sem combatividade.
As regras de convivência do madrepérola se pautam essencialmente em respeito ao sagrado feminino, legitimidade de todas as suas vozes e vontade de fazer coisas juntas, não umas contra as outras. dessa forma queremos valorizar e multiplicar as formas de aproximação entre as mulheres, desenvolvendo não uma irmandade calcada em regras e dogmas onde todas pensam e fazem igual, mas em uma multiplicidade de contatos válidos que depende das possibilidades de cada uma das participantes e sempre visa transpor o virtual, trazendo experiências que podem ser tão simples como um chá ou um passeio compartilhado com uma nova amiga.
Ao se identificar com os compromissos do manifesto, mesmo que apenas alguns deles, qualquer mulher já se coloca como viajante do caminho de retorno ao sagrado feminino e está, por isso, automaticamente convidada a integrar o chat de reuniões do grupo. estamos convidando você não apenas a ser signatária de mais um documento de intenções, mas a participar mesmo que de forma muito simples, de uma ação que quer efetivamente unir mulheres.
Original: http://manualpraticolf.blogspot.com/2009/06/manifesto-madre-perola.html
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