domingo, 14 de novembro de 2021

Falseabilidade do Cristianismo

Falseabilidade é uma filosofia da ciência.

“Falseabilidade ou refutabilidade, é a propriedade de uma asserção, ideia, hipótese ou teoria poder ser mostrada falsa. Conceito importante na filosofia da ciência (epistemologia), foi proposto pelo filósofo austríaco Karl Popper na década de 1930, como solução para o chamado problema da indução.

Para uma asserção ser refutável ou falseável, é necessário que haja pelo menos um experimento ou observação factíveis que, fornecendo determinado resultado, implique a falsidade da asserção”.

[https://pt.wikipedia.org/wiki/Falseabilidade]

A falseabilidade foi estipulada como solução para o problema da indução.

“O problema da indução é a questão filosófica sobre se o raciocínio indutivo (uma generalização ou uma previsão não dedutiva) leva ao conhecimento. Uma generalização é qualquer argumento não dedutivo cuja conclusão é mais geral do que as premissas. Ou seja, o problema da indução refere-se a:

Generalizar sobre as propriedades de uma classe de objetos com base em algumas observações do número de instâncias específicas da classe (por exemplo, a inferência de que "todos os cisnes que temos visto são brancos e, portanto, todos os cisnes são brancos", antes da descoberta do cisne negro).

Pressupor que uma sequência de eventos no futuro ocorrerá como sempre foi no passado (por exemplo, que as leis da física manifestar-se-ão como sempre foram observadas).

Segundo a linha indutivista, a ciência começa com a observação. A observação, por sua vez, fornece uma base segura sobre a qual o conhecimento científico pode ser construído, e o conhecimento científico é obtido a partir de proposições de observação por indução”.

[https://pt.wikipedia.org/wiki/Problema_da_indu%C3%A7%C3%A3o]

Isso posto, a falseabilidade é um teste para que uma teoria seja provada verdadeira ou válida cientificamente. “A falseabilidade serve para separar o conjunto de informações de carácter falso como a pseudociência dos campos da ciência. Toda pseudociência tende a não ser falseável, não há como provar falsa devido ao fato de não ser possível identificar o suposto agente por trás de tal processo”. [Wikipédia]

Então uma pergunta surge de minha curiosidade ao ler um texto cristão que afirma que o Cristianismo é falseável, mas por ser baseado na realidade, não é falseável.

Por que um cristão usa a filosofia da ciência para endossar sua crença, se o método científico e a filosofia da ciência demonstram as inúmeras falhas do Cristianismo?

Eu respondo: desonestidade intelectual.

O que não faltam são páginas de cristãos divulgando achados arqueológicos que, para eles, provam a veracidade da Bíblia. Se bem que as mesmas “provas” são descartadas quando acabam demonstrando hipóteses e teorias que contrariam a doutrina cristã.

Por exemplo, no Wikipedia, no verbete da Bíblia, se afirma que, com a descoberta da biblioteca de Nag Hammadi e dos Manuscritos do Mar Morto, que este livro tem 99% de fidelidade. Entretanto os livros do Nag Hammadi estão mais vinculados ao Gnosticismo e os Manuscritos do Mar Morto estão vinculados aos Essênios e a livros considerados apócrifos.

Quem, como eu, estudou pelo menos um pouco sobre a história do Cristianismo e da Bíblia, sabe das incongruências, contradições, interpolações, censuras, fraudes e péssimas traduções que aconteceram na construção desse livro.

“No século IV, a Igreja se reuniu em Concilio em Nicéia, e uma das tarefas era organizar o "cânon", ou a lista de livros sagrados considerados autênticos. Neste Concilio, os livros foram estudados e se investigou quais os que sempre foram lidos nos cultos e sempre foram considerados legítimos. E se estabeleceu a ordem ainda hoje conservada. O motivo pelo qual alguns livros foram postos em dúvida era a grande quantidade de livros apócrifos, que fazia com que se duvidasse dos verdadeiros. Havia muitos livros que os judeus não aceitavam. Então os Ss. Padres ponderaram os prós e contras e definiram a lista que foi aprovada”.

[https://www.bibliacatolica.com.br/conhecendo-a-biblia-sagrada/3/]

Ou seja, os Católicos assumem que cometeram esse “crime”. Os protestantes não são diferentes, Lutero retirou sete livros para formar a Bíblia que é usada até hoje pelos Protestantes e Evangélicos em geral. Isso sem contra os inúmeros textos considerados apócrifos.

Conclusão: A Bíblia não pode servir como base para fazer pregações. A Bíblia, entretanto, tem servido para justificar e desculpar o discurso de ódio disseminado principalmente por pastores neopentecostais. Nenhuma crença pode ser usada para justificar a ignorância, a intolerância e o preconceito.

A historicidade de Jesus é extremamente discutível e questionável. Ainda que esta pessoa tenha existido, os ensinamentos começaram a ser transcritos posteriormente. Na época em que esse personagem existiu, Judá tinha os Fariseus e os Saduceus. Além destes, nós podemos citar os Essênios e os Zelotes. Não muito conhecidos, eu posso citar o Movimento Messiânico e os Nazarenos.

Judá vivia sob o domínio da dinastia Selêucida, o Oriente Médio estava sob o efeito do Helenismo e fortemente influenciado pela religião Persa, o Mazdeísmo. O Helenismo favoreceu o aparecimento de inúmeras religiões de mistério, entre estas o Orfismo e o Mithraismo, duas grandes concorrentes do Cristianismo ainda em formação que, em sua origem, se manifesta de diversas formas, o que é estranho, se considerarmos que deveria ser baseado nos ensinamentos de uma pessoa.

Vamos a alguns fatos: metade da Bíblia é consistida no Velho Testamento, que é uma cópia muito mal traduzida da Torah. Ali diz bem claro que esse Deus é o Deus de Israel e de nenhum outro povo. Ali diz bem claro que Cristo é um anjo de Deus [não o Filho] e foi enviado para redimir o Povo de Israel e nenhum outro povo.

A outra metade é constituída pelos Evangelhos. Em várias partes fica claro a distinção entre o “Povo de Deus” e os “Gentios”. Em alguns textos, os ensinamentos são muito semelhantes aos que se encontra no Gnosticismo e dão a entender que o Deus que Jesus anuncia não é o do Velho Testamento. Comparando os Evangelhos e o Velho Testamento, Jesus não preenche os pré-requisitos para ser considerado Cristo. A conclusão óbvia é que o cristão está acreditando em uma falsa promessa.

Pergunta rápida ao eventual e caro leitor para matutar até a próxima postagem: o Cristianismo é Socialista ou Capitalista?

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