Por Aurelio do Amaral Peixoto Garofal a propósito dos comentários [feitos ao texto-NB] de Arcebispo anglicano apoia união gay e diz que rei Davi gostava de homem.
Sou professor de grego de seminários, também lecionei no seminário teológico da igreja evangélica e posso dizer que a homofobia católica e evangélica me surpreende por diferentes e inaceitáveis motivos.
A traduções (traições), como o próprio provérbio italiano lembra (traduttore, tradittore), foram ao longo dos séculos discricionariamente destinadas a colocar no mesmo crime etimológico, categorias de criminosos sexuais que na Antiguidade distinguiam-se mais (sobretudo na cultura grega) por critérios totalmente opostos aos nossos.
O que o pseudoepígrafo que se nomeia Paulo condenava eram os indivíduos de costumes torpes, infames, os quais se infiltravam em comunidades para perverter mocinhas e rapazinhos sob pretexto de "discipulado" e com fins de proveito sexual.
Nada diferente de hoje, por isso vemos que a origem da efebofilia e pedofilia católica e evangélica é milenar.
O fato de haver homens autorizados a praticar o sexo entre iguais COMO SE FOSSE MULHER -- uma pedra de tropeço no pé dos tradutores homofóbicos e teólogos cheios de sevícias mentais reprimidas -- nada tinha a ver com deitar-se de forma passiva, menos ainda com outro homem "na horizontal", ou no populacho escrachado "de quatro".
Antes se referia ao costume dos prostitutos cultuais de VESTIREM-SE COMO MULHERES, hábito litúrgico trazido de Babilônia (pois a Bíblia foi realmente finalizada depois do exílio) e que os ortodoxos ABOMINAVAM, tanto que colocaram a palavra abominação ao Senhor (na verdade abominação pra eles) e algumas traduções até hoje lhes chamam de RAPAZES ESCANDALOSOS...(prostituição sagrada).
Os homens moles, os homens dados à cama, homens macios, e várias outras traduções possíveis para os termos que o falso Paulo nomeia ARSENOKOTAI E MALAKOI, podem abranger desde prostitutos masculinos de homossexuais (michês, na linguagem gay de hoje) até a simples preguiçosos ou parasitas que se querem sustentar por mulheres carentes ou homens mais velhos solteiros.
Não é justo hoje aplicar tais conceitos aos gays, cidadãos respeitáveis, trabalhadores e honestos, obedientes aos pais, fiéis nos contratos, alguns até muito educados, como se fossem todos criminosos sexuais por simplesmente gostarem de pessoas do mesmo sexo que eles.
Eu testemunhei ao longo dos anos que muitos deles, casados ou celibatários, formaram-se em clérigos ou reverendos, e foram e são excelentes profissionais da alma, conselheiros, padres e pastores.
O fato de os pastores se casarem compulsoriamente, como exigem as igrejas evangélicas, não os "modifica" na sua homossexualidade, que permanece latente, assim como a sua homossexualidade, latente ou conscientemente praticada e aparente, não os desabilita em nada na fidelidade da fé religiosa e na vida profissional eclesiástica.
Os casos patológicos e anômalos de desrespeito à prudência mais elementar, tanto por parte de padres quanto de pastores, devem-se não ao fato de serem homossexuais, mas ao de não se aceitarem, não se resolverem bem, e, pela própria vida sexual dupla e escondida, tornarem-se doentes emocionais e posteriormente, doentes sociais.
O fato de a maioria das pessoas que comentam aqui os verdadeiros absurdos que lemos deve-se não propriamente à homofobia, mas à ignorância e baixa escolaridade. Além do total desconhecimento da língua grega, da cultura e da história antropológicas, da antropologia sexual e cultural, enfim, do obscurantismo pré-medieval em que se encontra quem pouco ou mal lê.
Os absurdos também se devem ao fato de os supostos líderes cristãos homofóbicos serem tão veemente contra algo em que eles estão atolados até o talo. Até o mais elementar senso comum consegue descobrir o porquê.
Fonte: Paulopes
Nota da casa [aproveitando um comentário que eu fiz no Paulopes]:
O mais engraçado e curioso é que essa habilidade "transcendente e inefável" dos cristãos em citar a bíblia sempre se esquece de ler o contexto.
Primeiro que esta lei foi dada ao povo de Israel.
Isso é um tiro no pé para os cristãos, afinal, a promessa de salvação e da vinda do messias foi feita exatamente debaixo da Lei Mosaica que eles dizem não precisar mais obedecer por estar "debaixo da graça" - um tiro no pé duplo, visto que o discurso de ódio contra os homossexuais e a homossexualidade vem também da Lei Mosaica.
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