quinta-feira, 24 de março de 2016

A origem babilônica da Quaresma

O cristão observa a Quaresma antes da Páscoa e é bem interessante como existem diversas referências ao período de quarenta dias em diversos mitos bíblicos. Em sua forma original, a Quaresma e a Páscoa ocorrem na mesma época do Pessach. A narrativa mítica, compilada de diversas tradições orais, conta que a Pessach ocorreu durante o Êxodo do povo Judeu do Egito, no entanto estes fatos não possuem confirmação histórica, portanto é bem provável que os rabinos do Sinédrio, ao compilarem a Torah, na época do Segundo Templo, convenientemente encaixaram o Êxodo e a Pessach na mesma data das festividades babilônicas.

O povo Judeu tem origens em comuns com diversos povos do Oriente Médio e seus ancestrais, os Hebreus, eram politeístas. O povo Judeu é uma das Doze Tribos descendentes de Jacó, descendente de Isaque e Abraão, apenas para ficarmos com alguns patriarcas míticos. Pelo texto compilado, a árvore genealógica de Abraão remonta até aos filhos de Noé, assim os Judeus explicam miticamente seu parentesco em comum com os Cananeus e outros povos antigos do Oriente Médio. Ainda que tenham se tornado monoteístas, os Judeus guardaram muito de sua herança cultural, então não é de todo surpreendente que, durante seu Cativeiro na Babilônia, tenham facilmente adotado as crenças e cultos babilônicos, o que deve ter deixado os rabinos com o problema de encaixar a religião oficial do Sinédrio na religião popular.
Assim como os padres cristãos, os rabinos judeus fizeram uma piedosa fraude e encaixaram o calendário babilônico nas tradições judaicas. Eis o calendário babilônico que compreende o tempo da Pessach:

Ressurreição de Tammuz, 20 de março e Morte de Tammuz, 21 de julho, onde se observava quarenta dias de lamentação. [Assyrian Voice][link morto].

De acordo com os Evangelhos, Cristo estava celebrando a Pessach, não a Quaresma ou a Páscoa, estas foram santas fabricações posteriores da Igreja. No entanto, quando o Cristianismo tornou-se, graças ao Império Romano [Constantino e Teodósio], a única religião oficial, os padres da Igreja imitaram os rabinos do Sinédrio e cristianizaram uma celebração judaica que tinha origens pagãs.

A Pessach, assim como a Quaresma, tem suas raízes na celebração do Akitu, o Ano Novo Babilônico, celebrado durante o equinócio de primavera (que ocorre nos dias 20 ou 21 de março), durava 12 dias e culminava no Festival de Ishtar [hoje o domingo de Páscoa], celebrado no primeiro domingo, após a primeira lua cheia, após o equinócio vernal. O Akitu era a celebração do renascimento da natureza, o Festival de Ishtar era a celebração da fertilidade e fecundidade da Deusa Mãe, quem gerou todos, bem como a ressurreição de seu filho/consorte Tammuz, o “Filho de Deus Encarnado”. O período de quarenta dias foi decretado como um período de lamentação antecipando a morte de Tammuz, período que era acompanhado por restrições alimentares.
Estudiosos da religião e do mito de Tammuz reconhecem que as mitologias babilônicas e bíblicas são a mesma história: a descrição da concepção do Deus (o casamento sagrado no Akitu no equinócio vernal) e o nascimento do Deus no solstício de inverno, cerca de nove meses depois, por volta de 25 de dezembro, a morte do Deus no solstício de verão e então o renascimento como o Filho de Deus, no equinócio vernal. [Speak Assyria][link indisponível]

Em suma, a Quaresma é pagã, a Páscoa é pagã.

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