Eu escrevo estorias e, como bom escritor, não pretendo que aquilo que escrevo seja a mais cristalina verdade.
Como os antigos, eu faço meus próprios mitos e lendas, sem que isto queira dizer que eu minto.
Ainda por luxo, eu crio quadrinhos onde, tal como nos sonhos, eu posso ser quem, o que ou quando eu quiser. Eu não sou tão conhecido quanto Paulo Coelho ou Mauricio de Souza, mas continuo criando.
Historia é diferente, muitos personagens, poucos protagonistas, roteiro beirando o caótico. Teve um teórico que tentou explicar a marcha da história em termos do materialismo dialético. Uma dicotomia muito pobre para descrever a colorida nuância da história. Consequência: sua teoria ficou na história e caducou com o tempo. Podemos perceber isso claramente nos países socialistas ou comunistas, onde a "Ditadura do Proletariado" tornou-se um tipo de monarquia ou caudilhismo. No Brasil então, nem se fala, reina o mais absoluto pragmatismo eleitoreiro.
Nós temos uma criatividade admirável. Construímos nossa cultura e seus produtos. Construímos seus templos, sacerdotes e oficiantes também. Não obstante, não conseguimos tornar reais tantas idéias e ideais, nossa vida diária e social é extremamente medíocre. Por algum estranho complexo, não acreditamos ser merecedores da mesma sorte, fortuna, sucesso e felicidade que nossos personagens imaginários têm. Todos temos um vislumbre de como devia ser uma sociedade ideal, a Utopia, o Paraíso Terrestre. Mas na hora de abrir mão de alguns hábitos, costumes, confortos e comportamentos, desistimos fácil de construir nosso Nirvana.
Do jeito que falo parece fácil, mas não é. Criamos um ambiente artificial para habitarmos e este sistema, este meio de vida, tornou-se tão parte de nós que não damos conta que está nos asfixiando.
Paradoxo interessante este. Para que eu me torne uma pessoa melhor, eu tenho que me matar. Para que, da minha morte, eu renasça e recupere minha essência.
Um comentário:
Estórias utópicas baseadas em histórias caóticas. Muito bom o conteúdo; Recíproco o blog, em geral.
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