Um dos assuntos mais comentados nessa virada de ano tem sido a ameaça feita por um policial civil à jornalista da GloboNews, Natuza Nery. Segundo o policial, emissora e Natuza são responsáveis pela situação do país e jornalistas como ela “merecem ser aniquilados”.
Evidentemente, agressões e ameaças são condenáveis. Porém, esse caso (longe de ser exceção) revela que a grande mídia realmente é uma das responsáveis pela situação do país. Não no sentido que pensa o policial. É responsável por tirar o fascismo da coleira, o que, ironicamente faz com que situações como a relatada neste texto sejam cada vez mais comuns.
Para entender o presente contexto, podemos voltar uma década, mais precisamente ao mês de junho de 2013. Na época, para engrossar as manifestações que tomavam conta do país (a princípio centradas em questões municipais, mas em pouco tempo direcionadas para a atacar o governo Dilma), a grande imprensa convocou todos os setores antipetistas para saírem às ruas, independentemente do direcionamento ideológico. Como dizia um famoso jargão: o importante era tirar o PT.
No caso da extrema direita, o cálculo era claro. A cadela do fascismo (sempre no cio, lembrando Brecht) seria retirada da coleira para morder o PT. Assim que o Partido dos Trabalhadores saísse do Planalto, com a direita tradicional retornando ao poder, a cadela do fascismo voltaria para a coleira.
Como sabemos, tal estratégia não deu certo. Dilma foi reeleita e a cadela do fascismo se tornou um ator relevante no espaço público. Diante dessa realidade, não se poderia aceitar mais um mandato do PT. Se a via eleitoral não deu certo, era preciso recorrer a clássica tática do golpe de Estado. Em mais uma oportunidade, a cadela do fascismo foi convocada para morder o PT, dessa vez vestindo verde e amarelo nos atos pelo golpe contra Dilma.
Concretizado o golpe, a cadela do fascismo, já como força hegemônica na direita brasileira, queria voos mais altos: chegar à presidência da República.
Foi o que aconteceu em 2018, com a eleição de Jair Bolsonaro. A mídia, por sua vez, apoiou o mito. Lembrando o mantra: o importante é tirar o PT. Acreditava-se que, na presidência, a cadela do fascismo seria domesticada.
Não foi o que ocorreu. Muito pelo contrário. No poder, a cadela do fascismo ficou mais empoderada ainda. Qualquer um que fosse minimamente contrário às ideias de Bolsonaro, seria mordido pela cadela do fascismo. Como a grande mídia adota a agenda woke do imperialismo estadunidense, logo é contra os valores da tradicional família cristã, merece ser repudiada. Jornalistas que criticaram a postura negacionista de Jair Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19 foram atacados em todo país. E assim por diante.
Hoje, a cadela do fascismo está fora do poder. Mas se engana quem acredita que a grande mídia rompeu com o extremismo de direita. Se preciso for, para derrotar Lula ano que vem, jornalistas como Natuza Nery vão abraçar a cadela do fascismo novamente. Seja com Zema, Tarcísio ou qualquer outro que morda a esquerda.
Como diz o mantra: o importante é tirar o PT.
Fonte: https://revistaforum.com.br/opiniao/2025/1/2/midia-liberal-ajudou-tirar-fascismo-da-coleira-agora-mordida-por-ele-171877.html
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